O cantor e compositor paranaense Fernandes, tem quatro álbuns lançados: Modernas (2009), Sobre Outras Coisas (2012), Paralelo (2014) e Café 25 (2019), além dos singles Alma (2020), Outro Dia (2021), Me Alivia e Lugar Nenhum (2023) e Everything Around You (2024).
Atuou como guitarrista e vocalista nas bandas Casamata, Koma, A Casa, trabalhos esses mais voltados ao rock n’ roll. Entre 2013 e 2015 atuou na banda Os Waldicks, que entre outros trabalhos se apresentou na Virada Cultural Paulistana de 2015.
E entre 2015 e 2022 guitarrista e vocalista da banda Mon Amour, que se apresentou na Virada Cultural de 2017 e Circuito Cultural de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura, tanto Os waldicks, quanto a banda Mon Amour foram trabalhos de tributo a música “brega”.
Com cerca de 500 apresentações espalhadas pelos estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo, o artista tocou no Festival Jhonny Rock em São Thomé das Letras em Minas Gerais em junho de 2018 e SESC Sonora no SESC do Paço em Curitiba – PR em junho de 2019.
O trabalho do artista tem influência de toda a gama da música brasileira, com composições fortes sobre o prisma humano, sobre sentimento e sociedade. Presente em mais de 70 plataformas musicais e redes sociais, o artista tem uma produção musical contínua.
As canções: Cotidiano e Queda, Lugar Comum, Marcas, O Silêncio, Alma, Outro Dia, foram ao ar em cerca de 90 emissoras de rádio do território brasileiro – Fonte Playax.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Fernandes para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 14.08.2024:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Fernandes: Nasci no dia 19/11/1965 em Nova Santa Bárbara – PR. Registrado como Fernandes Moreira.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Fernandes: Ouvia as emissoras de Londrina – PR as velhas canções caipiras e os grandes cantores da MPB e também a música mais popular que chamavam de brega como Reginaldo Rossi, Odair José, etc.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Fernandes: Já em São Paulo, comecei no início dos anos 90 estudando no violão e logo depois também canto.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Fernandes: Muita coisa, o rock nacional dos anos de 1980, como Barão Vermelho, Paralamas, Ira, a galera da MPB como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, os mais populares como Reginaldo Rossi, Odair José, Diana, o blues, o jazz, as bandas de rock do exterior, enfim.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Fernandes: Ainda nos anos de 1990, montei os primeiros trabalhos musicais, como a banda Limite Humano em 1990, Vórtice em 1992/94, General Zen em 1995, bandas que atuavam em bares da zona norte de São Paulo.
Em 1996 iniciei um trabalho solo, em que toquei em várias casas de São Paulo, em 1999 juntamente com outro músico (Roberto Sérgio) montamos a banda Koma em que tocamos em vários locais da grande São Paulo, atuei em outros trabalhos como as bandas Os Waldicks e Mon Amour, de tributo a música brega e bandas de rock como as bandas Casamata (2003/2007) e A Casa (2010/2015), em 2007 iniciei meu trabalho autoral atual.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Fernandes: Tenho quatro álbuns lançados – Modernas (2009), Sobre Outras Coisas (2012), Paralelo (2014) e Café 25 (2019), além de singles como Alma (2020), Outro Dia (2021), Me Alivia e Lugar Nenhum (2023) e Everything Around You (2024).
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Fernandes: Não sei definir meu estilo musical, mas tenho muita influência de toda gama da música brasileira, além do rock e o soul.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Fernandes: Sim, nos anos 2000, na extinta escola Sintaxe de música.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Fernandes: Sempre tive muitos cuidados com a voz, sempre evitei coisas geladas, drogas, etc. enfim, acho importantíssimos os cuidados com a voz.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Fernandes: Muitos, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Rita Lee, Cazuza, Marina Lima, Waldick Soriano, Odair José, Ney Matogrosso, Lenine, Zeca Baleiro, Paulinho Mosca, Zélia Duncan, enfim, tenho que me desculpar, pois, ficaram vários que não citei o nome.
11) RM: Como é seu processo de compor?
Fernandes: Escrevo uma letra, sobre algo social ou que me chama atenção, sobre sentimento, enfim. Minha última canção escrita e lançada em junho/2024 – Everything Around You é sobre sentimento. Geralmente meu processo é o inverso da maioria dos compositores, primeiro componho a letra e depois a melodia, mas geralmente vou lapidando a letra conforme a composição da melodia.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Fernandes: Não tenho parceiro musical, sempre compus sozinho.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Fernandes: Os prós é que a carreira se desenvolve conforme você mesmo decide, os contra é que você não tem apoio de ninguém.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Fernandes: O planejamento é sempre lançar um trabalho novo, e sempre divulgar esse trabalho, seja nas redes sociais ou nas plataformas e sempre estar antenado no que acontece na música. Sempre fazer shows e divulga-los muito, estar sempre fazendo algo novo, alguma invenção, live, vídeos, etc. divulgar tudo nas redes sociais e no youtube, minhas redes sociais são todas voltadas ao trabalho musical.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Fernandes: Tenho uma empresa, a Casamata Discos, que participo também de editais e fecho shows com contratos assinados, de tudo que ganho com música, parte é revertida para investimento em gravações, vídeos, divulgações, etc.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Fernandes: A internet ajuda muito a divulgação e a construção de uma gama de fãs, mas também produz um emaranhado de trabalhos e que muitos artistas não serão notados.
Uma quantidade muito grande de trabalhos é difícil uma divulgação dar resultado se não for efetiva, mas mesmo assim a internet é muito mais democrática do que antigamente que o mercado musical era comandado pelas grandes majors, que apenas tinha chance quem tinha muitos recursos ou conhecesse algum poderoso do meio musical.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Fernandes: Muitos home estúdios têm qualidade discutível, mas a maioria são bem qualificados e se consegue realizar boas gravações.
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Fernandes: Acho que quando você segue o modismo, você desperdiça um perde grandes oportunidades de se diferenciar da concorrência, não sigo a moda de estilos musicais, eu faço aquilo que é verdadeiro, minhas composições são verdadeiramente autorais, desse modo vou construindo um público que ouve minhas canções e consome meu trabalho.
19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileira. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Fernandes: Acho que aqueles que permaneceram foram os que se renovaram, mas continuaram com sua essência, não vejo hoje muitas revelações, porque a mídia brasileira é retrógrada, existem bons artistas, mas com trabalhos restritos, pouco conhecidos. Os artistas que regrediram com certeza foram os que assumiram modismos.
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?
Fernandes: Muitas situações complicadas, falta de estrutura em muitos shows como aparelhagem, locais com desrespeito ao artista, falta de pagamento de cachê, casas sem público. Já aconteceu de tudo.
21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Fernandes: O que me deixa mais feliz é sentir que minha música está sendo consumida por um público, e o que me deixa mais triste é a falta de profissionalismo de algumas pessoas que estão dentro da música ou de aventureiros, isso atrapalha o ser artista, o ser músico.
22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Fernandes: Acho que o dom é muito pouco, talvez uns 5% no máximo, o restante é suor e luta.
23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Fernandes: Em alguns momentos pode-se usar o improviso, mas tem que ter conhecimento para isso.
24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Fernandes: É algo estudado antes de ser aplicado, não existe improviso 100%
25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
A improvisação é feita em cima de campos harmônicos e escalas, tudo isso tem que ser muito estudado antes, os métodos que não são sobre esses estudos, são ilusórios.
26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Fernandes: Quando o método é sobre campos harmônicos, escalas, improvisos, tem muitos prós, se forem métodos incompletos podem ter alguns “contra”, pois a criação se desenvolve menos.
27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Fernandes: Tive algumas músicas que tocaram em emissoras de rádio do território brasileiro, mas são emissoras menos potentes, pois as mais potentes só tocavam com o famigerado jabá, eu creio que se não fosse isso minhas músicas talvez tocassem nessas emissoras maiores.
28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Fernandes: Seja verdadeiro, desenvolva um trabalho sem assumir modismos.
29) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Fernandes: Acho que o Festival de Música não revela mais talentos.
30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Fernandes: Existem muitos “especialistas” na mídia que só enxergam os modismos, por isso a mídia está perdida e não consegue ver realmente o que está acontecendo em termos de música brasileira.
31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Fernandes: São ótimos espaços, só que são espaços muito restritos para conseguimos nos apresentar.
32) RM: Quais os seus projetos futuros?
Fernandes: Estou em um processo de divulgação de novos trabalhos e em processo de montagem de uma turnê por algumas cidades do sul e sudeste, estou iniciando contatos com casas de shows dessas cidades.
33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Fernandes: (11) 91408 – 6958 | [email protected]
Facebook – https://www.facebook.com/fernandesmusicaoficial/
Instagram – https://www.instagram.com/fernandesmusica/
Youtube – https://www.youtube.com/channel/UC40eiO7Mkf9RxqRn74mU90w
Fernandes – Alma: https://www.youtube.com/watch?v=AFcpSqCpK4w
Café 25 – 25 Anos Sob Influência da Música Brasileira: https://www.youtube.com/watch?v=K9pbBbvTbv0
Spotify – https://open.spotify.com/intl-pt/artist/4MVEQhD2hpg9lNIePR0Dr0
Fernandes – Canções Astrais: https://open.spotify.com/playlist/3LVoK8DwR3PBKDZKyxtRbl?si=4db12ed88ec04cbe&nd=1&dlsi=dfd62956137340ab
Ótima entrevista! Me agrada muito a influência da música brasileira, com composições voltadas ao aspecto humano e sentimentos. Parabéns!