O violonista, guitarrista, compositor e produtor musical paulistano Felipe Roque é desbravador das novas gerações, buscando sempre o novo, somado com experiências em diversos ritmos como Rock, flamenco e a música regional Brasileira.
Tem forte gosto pela produção de trilhas sonoras e amante do Violão de 6 cordas e desde 2019 é músico da banda de Almir Sater. Tem um trabalho autoral com sua banda Suburbia formada por Rafael Cameron (Voz), Felipe Roque (Guitarra Base), Ian Sater (Guitarra Solo), Bento Sater (Contrabaixo), Pedro de Souza (Bateria) com cinco álbuns lançados. Montou seu HR Studios, onde produz trilhas sonoras para empresas, faço edição de áudios e componho minhas músicas.
Segue abaixo entrevista com Felipe Roque para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 19.06.2023:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Felipe Roque: Nasci no dia seis de julho de 1995 em São Paulo, mas morei com minha mãe em Limeira – SP dos dois aos 18 anos de idade. Registrado como Felipe Heflinger Roque.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Felipe Roque: Meu pai, apesar de não tocar nenhum instrumento, sempre foi um amante da boa música. Desde cedo me apresentou clássicos como Carlos Santana, Jimi Hendrix, Paco de Lucia, Miles Davis e etc. Quando completei 8 anos de idade (2003), ganhei de presente um violão e iniciei estudos com o maestro Luís de Bragança, amigo de meu pai. A partir deste momento também comecei a acompanhar algumas músicas no violão com meu tio materno, Franco. O tempo foi passando e no decorrer do aprendizado, vamos conhecendo novas pessoas e nos deixando somar e aprender com todas que convivemos.
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Felipe Roque: Musicalmente sou formado apenas como Produtor Musical. Na parte teórica e prática do instrumento musical em si, sou formado pela boa e velha escola da estrada. Fora da área sou formado em Saúde Pública na USP.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Felipe Roque: No meu passado rockeiro, minhas principais influências foram Jimi Hendrix, AC/DC, Lynyrd Skynyrd. Diria que nenhuma deixou de ter importância, apenas não escuto mais.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Felipe Roque: Comecei a trabalhar com música aos 10 anos (2005), quando conheci um grupo de meninos na Serra da Cantareira – SP, onde atualmente toda minha família mora. Entre os meninos que conheci estavam os dois filhos mais novos de Almir Sater: Ian e Bento e Pedro, sobrinho do escritor Maurício de Souza. Mas nenhum deles tocava um instrumento. Levava meu violão para casa deles, então o interesse geral de formarmos um grupo de rock chamado NOOSE. Começamos a fazer shows em escolas e pequenos bares de amigos de nossos pais.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Felipe Roque: Quando nossa banda NOOSE se desenvolveu mais, mudamos o nome para Suburbia e conseguimos concretizar cinco álbuns, sendo dois ao vivo. Formada por Rafael Cameron (Voz), Felipe Roque (Guitarra Base), Ian Sater (Guitarra Solo), Bento Sater (Contrabaixo), Pedro de Souza (Bateria).
07) RM: Como você define o seu estilo musical?
Felipe Roque: Extremamente diverso. Mas com fortes influências do Flamenco, Música Pantaneira e Rock.
08) RM: Como é o seu processo de compor?
Felipe Roque: Meu processo para composição passa principalmente pela inspiração espiritual que me atinge nos meus dias quando descanso e me conecto com a música. Assim as ideias acabam vindo do meu subconsciente musical de tudo que vivo e absorvo de música em geral. Depois que o tema surge, produzo ele em meu estúdio para criar uma sonoridade mais profissional e acrescentar mais elementos.
09) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Felipe Roque: Como principal parceiro de composição tenho desde meus 10 anos a companhia de Ian Sater. Juntos criamos mais de 30 músicas, sendo a maioria instrumentais.
10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Felipe Roque: A liberdade de decisão e criação são a maior vantagem. Para quem busca uma carreira independente, assim como eu, sempre terá a capacidade de produzir e se enveredar onde quiser no ramo musical. A carreira musical abrange desde Trilhas sonoras, até edições de áudio e música em geral. É um mercado enorme.
E justamente pelo fato de ser um grande mercado, o músico independente tem um trabalho triplicado quando almeja atingir o mainstream ou chegar em pessoas altamente influentes que o ajudariam na divulgação de seu trabalho, ou até mesmo na realização deste. Diria que a maior desvantagem do músico independente é o fato de ter que fazer todos os papéis de produtor, divulgador, compositor e interprete. Mas é um ser só.
11) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Felipe Roque: Não possuo estratégias. Muitos me chamam de louco, mas é algo espiritual que sempre tive. A certeza de que o que for para vir em minha vida, vai vir. Trabalho com alegria e desde sempre, tive prazer no que faço. Tenho certeza de que meu caminho será trilhado, não importa onde e com quem, mas que estarei feliz. No dia que a música não me trazer prazer e alegria, prefiro fazer outra coisa. O ser humano precisa que sua alegria e felicidade não esteja atrelada a ninguém específico ou carreira específica, pois no momento em que este centro deixar de cumprir suas expectativas, se tornará um ser triste. Minha intenção é viver em paz, trabalhando com música ou não.
12) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Felipe Roque: Desenvolvi uma marca durante a pandemia do covid-19. HR Studios, onde produzo trilhas sonoras para empresas, faço edição de áudios e componho minhas músicas. É um empreendimento que todo músico deveria experimentar, caso tenha condições.
13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?
Felipe Roque: A internet me ajudou a aprender a produzir, entender os softwares musicais e também como desenvolver minha criatividade para um cenário mais profissional da música. Diria que me prejudica na questão da distração que traz, com todas as tecnologias de marketing que surgiram com esta nova geração, é fácil deixar de fazer o que estava fazendo para prestar atenção em propagandas ou conteúdos que não te interessariam se não estivesse com os olhos na tela.
14) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Felipe Roque: Diria que as vantagens são enormes com home estúdio, a partir do momento que você entende como de fato gravar o seu som, achar o timbre e a sonoridade que busca com sua música, só vejo benefícios em poder sentar a hora que quiser e gravar, sem pagar a hora, e sem pressões externas para concretizar seu processo de criação. A desvantagem é que gravando em grandes estúdios, você lida com profissionais extremamente experientes que também tem muito para ensinar e acrescentar no seu trabalho. Mas como a música é feita de pessoas, muitas vezes elas podem não ter a intenção de acrescentar tudo que tem ao seu trabalho.
15) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Felipe Roque: Diria que é minha capacidade de compor e produzir para diversos nichos musicais. Não me vejo apenas como músico intérprete. Trabalhei também como técnico de áudio e de PA. Além disso, tem a alegria que citei anteriormente, tudo vem naturalmente em minha vida, e assim sempre será. Com alegria.
16) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Felipe Roque: Hoje o mercado da música no Brasil é extremamente voltado para o POP/FUNK. O próprio Sertanejo virou POP. Para ressaltar artistas que foram considerados revelações musicais, mas que tem seu trabalho consistente a muito tempo, cito: Mateus Assato, hoje conhecido mundialmente. E Gabriel Sater, que conheço pessoalmente e me identifico com seu estilo musical, sempre trazendo o traço erudito/flamenco para suas obras. Ao mesmo tempo que produz músicas voltadas para o público geral, agradando mais do que um nicho de ouvintes.
17) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Felipe Roque: Diria que Yamandu Costa é uma grande influência minha, grande parte por sua conexão com o instrumento, mas também pela capacidade de estar em diversos estilos musicais, sempre mantendo o alto padrão de apresentação que tem.
18) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?
Felipe Roque: Tocando com a banda Suburbia, em um show de estreia, casa lotada no bairro Vila Madalena em São Paulo, fui capaz de estourar três cordas da guitarra em menos de cinco músicas. Desde então, aprendi a sempre manter meu instrumento regulado. Assim como ter cordas sobressalentes em todas ocasiões que for tocar.
19) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Felipe Roque: Como disse, não pretendo ser sempre visto como músico, e sim como Felipe, ser humano. Quando deixamos de vestir esse rótulo, podemos pensar e agir com liberdade perante ao que se produz e acontece na indústria em geral. O que me deixa feliz é poder ser livre para tocar e criar o que bem sinto. O que me deixa triste, é ver músicos vestindo a carapuça de uma profissão extremamente desgastante, e tudo isso sem lembrar do lado humano da profissão, do prazer em conviver, das trocas. O ego quando se alimenta do consciente, com certeza é a parte mais triste de qualquer carreira.
20) RM: Você acredita que sem o pagamento do Jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Felipe Roque: Acredito que sim, mas com certeza com menos alcance.
21) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Felipe Roque: Faça pelo prazer, que o dinheiro será consequência. E cuidado com o Ego.
22) RM: Quais os guitarristas que você admira?
Felipe Roque: Jimi Hendrix, Santana, Eric Clapton, Tom Morello, Mateus Assato.
23) RM: Quais os compositores eruditos que você admira?
Felipe Roque: Tenho uma queda por Bach. Sempre me faz suspirar quando escuto suas obras.
24) RM: Quais os compositores populares que você admira?
Felipe Roque: Os que mais escuto são Djavan, Zé Geraldo, Renato Teixeira, Almir Sater.
25) RM: Quais grupos e artistas de Forró que chamaram sua atenção?
Felipe Roque: Gosto muito da voz da Mariana Aydar. Além dela escuto muito as bandas: Falamansa e Bicho de Pé.
26) RM: Quais as principais diferenças e semelhanças de tocar Guitarra e Violão?
Felipe Roque: O fato do volume de som é uma diferença gritante, além dos pedais de efeito disponíveis para guitarra serem em número maior. Mas ao mesmo tempo, todos que aprenderam Guitarra, um dia aprenderam Violão como porta de entrada. As notas estão nos mesmos lugares.
27) RM: Quais os outros instrumentos que toca além de Guitarra e Violão?
Felipe Roque: Toquei Contrabaixo por muito tempo em Limeira – SP com uma banda de Samba-House, além disso toco percussão em geral, Gaita, Bateria, Viola Caipira.
28) RM: Quais as principais técnicas que o aluno deve dominar para se tornar um bom Guitarrista e Violonista?
Felipe Roque: Deve aprender o básico de teoria musical, assim como a disposição das notas e acordes no braço do instrumento. Depois disso, as escalas para improvisação e juntamente, o desenvolvimento de composições próprias deve ser sempre incentivado.
29) RM: Quais os principais vícios e erros que devem ser evitados pelo aluno de Guitarra e Violão?
Felipe Roque: Tocar rápido antes de tocar limpo. Clássico erro de ansiedade.
30) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?
Felipe Roque: Ter uma fórmula única de introdução musical para todos.
31) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Felipe Roque: Com certeza existe Dom. Diria que é uma sensibilidade maior para a música em geral, seja para compor, interpretar ou simplesmente ouvir. Muitos têm o dom de sentir, se emocionar com a música como ninguém.
32) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Felipe Roque: Livre criação dentro de temas.
33) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Felipe Roque: Creio que exista de fato a improvisação. Mesmo sendo estudado antes, na hora de aplicar, você não pensa em todas as notas que vai tocar, o que torna improviso em algo real. Principalmente quando se improvisa em temas que não foram ouvidos antes pelo músico.
34) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Felipe Roque: Assim como o ensino musical em geral, é fácil ser colocado em uma caixinha de métodos já existentes. Os que conseguem se livrar disso, experimentam uma sensação única que é a improvisação. Criar algo que nunca antes foi tocado, é uma sensação mágica.
35) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Felipe Roque: Diria que é algo necessário para todo músico entender o mínimo de Harmonia. Mas dependendo dos métodos, caímos na mesma situação do ensino em geral. Ficar preso em apenas um tipo de estudo, e não se aventurar nas diversas opções que temos.
36) RM: Quais os prós e contras de ser multi-instrumentista?
Felipe Roque: Depende do quanto se estuda os outros instrumentos. Eu por exemplo, estudo apenas o Violão de 6 cordas. Toco outros instrumentos na produção musical. Se você estuda muitos instrumentos, pode ser que não fique expert em nenhum. Ao mesmo tempo em que pode sempre ter trabalho em bandas diferentes, dependendo da necessidade das situações, pode tocar de tudo.
37) RM: Você estudou técnica vocal?
Felipe Roque: Estudei técnica vocal por 4 meses.
38) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidados com a saúde vocal?
Felipe Roque: Diria que deve ser algo obrigatório para todos que trabalham com a voz, como professores, cantores, oradores em geral. Muitas pessoas não tem o conhecimento técnico do uso das cordas vocais, e sofre com o desgaste das mesmas, cedo ou tarde.
39) RM: Quais os seus projetos futuros?
Felipe Roque: No momento, produzir um CD autoral Instrumental. Além de muitos shows com Almir Sater, o que sempre me fascina é conhecer pessoas na caminhada, aprender com outros músicos melhores que eu.
40) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Felipe Roque: [email protected] | https://www.instagram.com/feroqueee
| https://www.instagram.com/bandasuburbia
Canal: https://www.youtube.com/@OficialSuburbia
Suburbia – Olá, Como Vai (Estúdio Toca Ao Vivo): https://www.youtube.com/watch?v=PWhNkqTOhig
Suburbia – Seu Lar (Official Music Video): https://www.youtube.com/watch?v=UDBylCsilc0
Suburbia (on AudioArena Originals) – Full Show: https://www.youtube.com/watch?v=H13_2WRqNPY
https://www.palcomp3.com.br/suburbiaoficial
Que experiência rica! Parabéns.
Parabéns meu amigo !!! Vc e incrível