Felipe Ramos é bacharel em Violão pela Universidade Estadual Paulista – UNESP, músico intérprete, compositor e professor de violão.
Apaixonado pela arte de dedilhar o violão, Felipe teve Masterclass com grandes músicos de renome Nacional e Internacional como Johan Fostier (Bélgica), Duo Orellana-Orlandini (Chile), Robert Trent (EUA), Arthur Kampela (Brasil), Tal Hurwitz (Israel) e muitos outros.
Nascido em família de músicos amadores, Felipe começou a estudar música no Teatro Municipal do Guarujá aos 12 anos de idade por influência de seu tio Davi quando o viu pela primeira vez dedilhar a música “Nesta Rua” do nosso folclore Brasileiro ao Violão. Aos 18 anos, sua paixão por dedilhar o Violão o levou a estudar em diversos centros de formação musical como Conservatório de Música de Cubatão, Conservatório de Música de Tatuí, Escola de Música do Estado de São Paulo – EMESP. Em 2014, Felipe foi aprovado para o Bacharelado em música numa das Universidades mais conceituadas do país, a UNESP – Universidade Estadual Paulista.
Desde o início de sua jornada na música, Felipe sempre foi encantado pelo som do Violão Brasileiro e tal fascínio era inflamado mais e mais à medida que este caminho desenhava sua profissão. Incentivado por seus professores, Felipe participou de diversos concursos de Violão (performance musical) e foi finalista e ganhador de concursos nacionais de violão de tradição como Souza Lima, Musicalis, Fito. Sobre sua vertente como professor, lecionou em várias instituições como ONGs, Associações, Caecs e Secretaria de Cultura de Guarujá, somando mais de 12 anos de experiência em aulas de Violão.
Atualmente é integrante do Coletivo Contratempo que se dedica a interpretações autorais e populares do repertório do violão Brasileiro e, professor particular de música em Guarujá.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Felipe Ramos para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado pelo Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 12.11.2021:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Felipe Ramos: Eu nasci no dia 15 de março de 1993 em Guarujá, São Paulo.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Felipe Ramos: Meu primeiro contato com a música foi aos 8 anos quando meu pai Marco Antônio Lemos de Ramos me matriculou em um curso de Piano próximo de casa. De início o curso de Piano não me chamou atenção porque as aulas eram muito teóricas e eu como criança estava ansioso para tocar, então eu acabei desanimando. Quando eu estava por volta dos 12 anos de idade, teve um belo dia em que fui na casa da minha avó e vi meu tio Davi dedilhando a música “Nesta Rua” no Violão. Aquele jeito de tocar o Violão, dedilhando, me deixou hipnotizado pelo Violão e logo já quis aprender a tocar. Foi aí que comecei a tocar Violão, com meu tio e posteriormente tive aulas com o professor dele e muitos outros músicos.
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Felipe Ramos: A partir dos meus 18 anos, eu estudei música em alguns Conservatórios de Música como o Conservatório de Música de Cubatão, Conservatório de Música de Tatuí, Escola de Música do Estado de São Paulo. Aos 25, eu me formei como Bacharel em Violão na UNESP – Universidade Estadual Paulista.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Felipe Ramos: Eu sempre fui apaixonado por música brasileira, tanto que a música que me fez olhar para o Violão com mais atenção foi uma música folclórica brasileira. No início dos meus estudos fui muito influenciado pelas obras de Dilermando Reis, João Pernambuco, Garoto, Pixinguinha, Jacob do Bandolim. Quando passei a estudar em conservatórios conheci muitos outros músicos e compositores de variados estilos músicas que foram de grande influência: Paco de Lucia, Yamandu Costa, Steve Vai, Villa-Lobos, Agustín Barrios, Guerra Peixe, Leo Brouwer, Ernesto Nazareth, Frédéric Chopin, Franz Liszt, Robert Schumann, Johann Sebastian Bach, Claude Debussy, entre outros. Todos estes ainda são minhas influências musicais.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Felipe Ramos: Minha carreira musical começou como instrutor de música aos 15 anos de idade (2008), quando eu estudava música no Teatro Municipal de Guarujá, o professor tinha o hábito de convidar os alunos a tocar alguma música na frente de todos os colegas da turma como um exercício de apresentação em público, e eu costumava sempre tocar. Consequentemente, acho que de tanto tocar nas aulas, alguns colegas começaram a me perguntar se eu poderia dar aulas de reforço particulares. Posteriormente que comecei a carreira como intérprete fazendo recitais pela baixada santista.
06) RM: Quantos CDs lançados? Cite alguns CDs que já participou e tocando que instrumento?
Felipe Ramos: Atualmente eu não tenho nenhum álbum lançado, mas estou trabalhando em dois álbuns que pretendendo lançar ainda neste ano. Um deles nasce de uma parceria em duo de Violões com um grande amigo e compositor onde vamos apresentar arranjos em Duo inéditos e composições solo autorais. O segundo álbum, é um álbum em conjunto com o Coletivo Contratempo que está na produção do seu segundo álbum. Estou bem ansioso, pois serão meus primeiros álbuns e a primeira vez que irei mostrar algumas de minhas composições para o mundo!
07) RM: Como você define o seu estilo musical?
Felipe Ramos: Honestamente, eu procuro não dar nome para o estilo musical que me define, pois assim tenho mais liberdade para ser um pouco de tudo. Acredito que isso transparece de certa forma em minhas composições também.
08) RM: Como é o seu processo de compor?
Felipe Ramos: Meu processo de composição é variado, as vezes ele nasce de uma melodia que veio na minha cabeça, as vezes de uma harmonia que eu acho bonita, as vezes um pouco de instinto e improvisação. Entretanto, eu gosto muito de compor melodias/harmonias que provocam lembranças visuais ao ouvinte. Mesmo que cada pessoa tenha uma interpretação diferente dos sons quando em relação a paisagens, acho que esse é o meu jeito de me comunicar com ouvinte através dos sons.
09) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Felipe Ramos: Até o momento não tive parceiros de composição. Acredito que compor do jeito que gosto em busca de evocar paisagens na mente do ouvinte seja bem difícil de compartilhar com um parceiro de composição…, mas estou aberto a tentativas e propostas.
10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Felipe Ramos: Os prós estão relacionados a liberdade de fazer toda produção de carreira do jeito que você quer nos mínimos detalhes e os contras estão relacionados a sobrecarga de tarefas que isso pode trazer, ou seja, algo que precisa ser calculado estrategicamente pra não comprometer o desempenho.
11) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Felipe Ramos: Penso em fazer um pouco de tudo que a música pode oferecer! No momento estou no processo de criação/finalização de composições, porém em breve planejo divulgar e vender este trabalho. Assim como venho fazendo com minhas aulas particulares de Violão no qual tempos depois me rendeu a criação do meu curso de violão online… ou seja, criar, divulgar, vender, e o meio mais forte para essas finalidades tem sido a internet.
12) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Felipe Ramos: Minhas ações são: estudar estratégias de gerenciamento de redes sociais, estudar idiomas, fazer postagens frequentes sobre meu trabalho nas redes sociais, parcerias com estúdios e compositores letristas no qual escrevo arranjos para violão. Atualmente estou produzindo meu segundo curso online de violão que ficara disponível em breve nas redes.
13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?
Felipe Ramos: A internet tem me ajudado muito no alcance de novos ouvintes, alunos e seguidores do meu trabalho. Um caso curioso, por exemplo, é que meu amigo violonista e compositor Rodrigo Procknov me conheceu através de um vídeo que postei no Instagram onde eu estava mostrando como é minha rotina como professor de Violão. A partir daí nos conhecemos, tocamos em alguns projetos musicais e agora estamos com um grande projeto de gravação em andamento, ou seja, o retorno que a internet pode trazer através de um simples vídeo pode ser gigantesco. Agora falando sobre os prejudiciais, acho que é a inconstância… se você for ausente você é “esquecido”.
14) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Felipe Ramos: As vantagens do home estúdio é que tudo está sobre controle, muita praticidade, custo menor que um estúdio profissional, com a alta de lives na internet o home estúdio te abre novas portas de trabalho e com alta qualidade. As desvantagens são de estrutura, as vezes fica difícil projetar uma sala acústica para gravação e os equipamentos de alta qualidade são caríssimos.
15) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Felipe Ramos: Eu apenas procuro compor melodias e harmonias que são confortáveis para mim, sons que eu mesmo que gosto de ouvir. Desta forma, acredito que minha identidade musical ficará cada vez mais impressa nos meus trabalhos.
16) RM: Como você analisa o cenário da música instrumental no Brasil. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quem permaneceram com obras consistentes e quais regrediu?
Felipe Ramos: O cenário da música instrumental tem crescido cada vez mais e a internet também tem ajudado muito nisso. Diante tantos artistas de qualidade no cenário, eu apenas vejo evolução e jamais regressão nesse âmbito.
17) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Felipe Ramos: Yamandu Costa, Ulisses Rocha, Hamilton de Holanda, entre outros…
18) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?
Felipe Ramos: Eu passei por muitas situações ruins como estas citadas na pergunta e sempre procuro meios para evita-las novamente. Porém uma situação engraçada que passei uma vez foi quando fui tocar numa cidade vizinha e por conta do trânsito cheguei muito em cima da hora. Quando eu subi no palco para tocar eu percebi que tinha colocado minhas meias do avesso e acabei falando isso para o público sem querer, então após eu falar o público caiu na risada. Eu percebi a importância da interação com o público numa apresentação musical, pois eu tinha uns 14 anos de idade nessa época. Por conta disso, eu fiquei conhecido como “Garoto da meia” por um tempo naquela cidade (risos).
19) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Felipe Ramos: O que me deixa mais feliz é a música por si própria! Poder mostrar meu trabalho e ver um retorno positivo do público e dos colegas é imensamente gratificante. O que me deixa triste é que a música instrumental ainda é pouco apreciada pelo público geral em comparação as músicas de massa e também a falta de reconhecimento do musico de modo geral.
20) RM: Você acredita que sem o pagamento do Jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Felipe Ramos: Acredito que não, porém na atualidade existem outros meios, inclusive gratuitos pra divulgar seu trabalho, como a internet.
21) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Felipe Ramos: Tenha amor pelo seu trabalho. Estude. Seja profissional. Olhe para música como seu meio de sobreviver. Aprenda sobre tecnologias e afins que contribuam para ampliar seu trabalho. Ouça os conselhos do seu professor e de músicos experientes. E por fim, seja persistente.
22) RM: Quais os violonistas que você admira?
Felipe Ramos: Paco de Lucia, Yamandu Costa, Juliam Bream, Jorge Caballero, Garoto e muitos outros virtuosos!
23) RM: Quais os compositores eruditos que você admira?
Felipe Ramos: São muitos pois tenho apreço por diversos estilos e sonoridades como: Johann Sebastian Bach, Claude Debussy, Frédéric Chopin, Franz Liszt, Villa-Lobos, Gabriel Fauré.
24) RM: Quais os compositores populares que você admira?
Felipe Ramos: Jacob do bandolim, Pixinguinha, Hermeto Paschoal, Ernesto Nazareth, Dilermando Reis, Américo Jacomino, João Pernambuco e outros!
25) RM: Quais os compositores da Bossa Nova você admira?
Felipe Ramos: Tom Jobim, Chico Buarque, Vinicius de Moraes.
27) RM: Quais as diferenças técnicas entre o Violão Erudito e Popular?
Felipe Ramos: Ambas são similares, porém esteticamente falando, existem algumas técnicas que são mais evidentes em ambas, afim de criar uma sonoridade mais fiel ao objetivo final da composição. Entretanto, a técnica usada na música popular costuma ser mais livre na minha visão, o que eu acho excelente!
28) RM: Quais as principais técnicas que o aluno deve dominar para se tornar um bom Violonista?
Felipe Ramos: Todas as técnicas existentes no repertorio do violão são essenciais em algum momento de estudo ou criação musical, mas se eu fosse escolher eu diria: escalas, arpejos e ligados.
29) RM: Quais os principais vícios e erros que devem ser evitados pelo aluno de Violão?
Felipe Ramos: Acredito que os erros a serem evitados se resumem a pular etapas de estudo e isso é o que mais vejo na atualidade por conta da era da informação. Afim de evitar erros como este, eu sempre recomendo estudar música com um bom professor!
30) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?
Felipe Ramos: Conciliar o gosto/interesse musical do aluno com a metodologia de estudo é algo muito importante na atualidade e sigo essa metodologia pelo fato que quando eu comecei meus primeiros passos na música me deparei com esse obstáculo. O professor precisar ser flexível para conectar o aluno as diversidades metodológicas de estudo.
31) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Felipe Ramos: Eu não acredito no que chamam de dom musical, acredito que existam pessoas talentosas pra música, mas que mesmo assim precisam de estudo para desenvolver melhor suas habilidades.
32) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Felipe Ramos: Improvisar é a arte de combinar todo seu conhecimento musical como, harmonia, percepção, técnica do instrumento, instantaneamente em prol da criação de um ambiente sonoro.
33) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Felipe Ramos: Os métodos são pontos de partida bem organizados e com excelentes sugestões na construção desta habilidade, porém a improvisação é uma habilidade que mesmo que siga alguns padrões pré-estabelecidos ela ainda carece muito da criatividade em variação de recursos musicais. Cabe ao músico identificar estes pré-moldes improvisativos e buscar sua identidade pessoal na improvisação.
34) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Felipe Ramos: Eu acredito que exista a improvisação de fato! Apesar do improvisador está sempre se utilizando de materiais já previamente estudado, a organização dos mesmos materiais é infinita e aí que mora o improviso de fato.
35) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Felipe Ramos: Estudar harmonia é extremamente fundamental para o músico! Foi através do estudo da harmonia que eu pude perceber a genialidade de grandes compositores e foi também uma fonte de incentivo pra eu começar a compor. O contra é não estudar a harmonia e não aplicar ela na percepção musical.
36) RM: Quais os métodos que você indica para o estudo de leitura à primeira vista?
Felipe Ramos: Para leitura rítmica eu indico os métodos de Ettore Pozzoli, José Eduardo Gramani. Para leitura melódica eu indico os métodos de Sol Berkowitz.
37) RM: Como chegar ao nível de leitura à primeira vista?
Felipe Ramos: Resumidamente, seguindo um bom método e com orientação de um bom professor!
38) RM: Quais os prós e contras de ser multi-instrumentista?
Felipe Ramos: Eu só vejo como prós, ainda mais quando se é compositor devido amplitude de possibilidades que é possível empregar nas composições por ter intimidade com outros instrumentos. Eu sempre gostei de tocar Piano, Flauta Transversal, Gaita, Ukulele, porém, sempre me apresento como violonista!
39) RM: Quais os seus projetos futuros?
Felipe Ramos: Meus projetos futuros são; lançar um CD solo com minhas composições autorais lançar um novo álbum juntamente com o Coletivo Contratempo e lançar alguns cursos online que tenho planejado.
40) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Felipe Ramos: (13) 99798 – 0983 | [email protected]
| https://www.instagram.com/felipeviolao
Canal: https://www.youtube.com/c/FelipeRamosl
Lamentos do morro – Garoto [Felipe Ramos]: https://www.youtube.com/watch?v=4EQmHUQXLzM
Prelude 2 (Villa-Lobos) – Felipe Ramos: https://www.youtube.com/watch?v=JmXyLQIzEmA
3 solos populares pra você começar aprender a tocar violão com Felipe Ramos! https://www.youtube.com/watch?v=lNGnXOk_3QM
Canal Coletivo Contratempo: https://www.youtube.com/c/coletivocontratempo