Emcee Lê é uma figura proeminente do Dancehall e Sound System no Brasil, conhecido por hits como ‘Kunyaza’ e ‘Mexe o Rabão’.
Seu talento foi evidente desde o lançamento do EP ‘No Estilo Raggamuffin’, marcando sua ascensão nos bailes Sound System e Hip-hop. Colaborações inspiradoras e lançamentos bem-sucedidos, incluindo o ‘Dancehall EP’ e ‘MR. LOVERMAN’, solidificaram sua posição na cena musical brasileira.
Reconhecido nacional e internacionalmente, participou do filme ‘FYA’ e de eventos como BOILER ROOM. Em breve, lançará seu primeiro álbum, ‘ASCENÇÃO’, prometendo uma nova perspectiva do Dancehall brasileiro.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Emcee Lê para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 21.06.2024:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Emcee Lê: Não quero informar meu nascimento, estou renascendo mais uma vez em 2024. Minha cidade natal é Osasco em São Paulo, sou cria do bairro Metalúrgicos.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Emcee Lê: Sempre tive contato com música, meu pai era violonista, minha mãe sempre nos presenteou com CDs, além da minha família ser composta por muitos tios, tias e primos que fazem música profissionalmente ou por hobby.
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Emcee Lê: Sou Técnico em Edificações, Projetista e Técnico em Marketing.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Emcee Lê: Artistas do Samba de lamento e do Reggae nos anos 70, me mostraram que não preciso ser galã pra cantar músicas de amor e ser poeta. Passei a querer cantar Dancehall depois de conhecer o grupo Engajaduz e o Black Alien. Toda minha influência tem importância pra minha formação como artista.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira profissional?
Emcee Lê: No meu bairro, Metalúrgicos. Comecei rimando em todas de freestyle com amigos no FUNK e no RAP, posteriormente passei a fazer parte das rodas de Samba onde me desenvolvi e resolvi unir isso ao Ragga pra criar minha identidade.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Emcee Lê: Lancei alguns EPs, de Dancehall e RAP. Mas meu maior trabalho “ASCENSÃO” será lançado em 2024. Um álbum com várias participações grandiosas do cenário musical.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Emcee Lê: Dancehall e RAP.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Emcee Lê: Estudei técnica vocal, mas não procuro um canto lírico, já que minha arte é urbana e periférica.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Emcee Lê: O estudo da técnica vocal é importante para preservação das cordas vocais.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Emcee Lê: Hoje vou falar Garnet Silk, o que eu ouvi assim que acordei. Ele tem um timbre foda!
11) RM: Como é o seu processo de compor?
Emcee Lê: Duas formas. Gosto de criar ouvindo o BEAT da música às 10h da manhã ou criar no estúdio enquanto o BEAT também é feito.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Emcee Lê: Não costumo ter parceiros nas composições.
13) RM: Quem já gravou as suas músicas?
Emcee Lê: Prod. Vago, kNomoh, Glória Ghetto, Zoombido e diversos produtores e estúdio de São Paulo e Brasil a fora.
14) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Emcee Lê: A falta de reconhecimento e valorização, isso mexe muito com a nossa autoestima.
15) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Emcee Lê: Ser acessível e real, mostrar para o público que sou como eles, principalmente para o público negro/preto.
16) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?
Emcee Lê: Sou sócio de um Bar, faço produção cultural e direção artística. Mas meu maior sustento é sendo MC.
17) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Emcee Lê: A internet ajuda na divulgação, mas atrapalha com a padronização da arte e dos artistas que as grandes mídias impõem.
18) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Emcee Lê: Vantagens do home estúdio: torna sonhos possíveis. Desvantagens: ainda não conheci.
19) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Emcee Lê: Procuro manter minha identidade em 90% ou mais de tudo que faço sozinho ou com outras pessoas. Meu trabalho tem um diferencial de todos os outros, pois é feito pelo único e original, EMCEE LÊ.
21) RM : Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Emcee Lê: A Urias, ela faz uma música original, com visuais e conteúdos únicos. No Brasil ela é uma das mais diferenciadas, por isso gosto tanto.
22) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?
Emcee Lê: Fui cantar em Santos – SP no início da minha carreira e o produtor faltou todo dinheiro da estadia, se não fosse minha tia eu e meus amigos dormiríamos na rua. O produtor dormiu na rua, no outro dia eu estava saindo da equipe.
23) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Emcee Lê: Feliz que fui a lugares que jamais imaginei, fiz um filme e conheci muita gente importante que ensinou e ensina a solidificar minha carreira. Triste que ainda não consegui um cachê de cem mil.
24) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Emcee Lê: Não.
25) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Emcee Lê: Eu digo pra ser realista e mantenha os pés no chão. Sonhar é legal, mas ter noção das possibilidades que a realidade traz é muito melhor.
26) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Emcee Lê: Feita através de likes e jabá, não contempla o meio artístico musical de um modo geral.
27) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Emcee Lê: Sempre falo que esses são os melhores lugares para artistas fazerem suas apresentações, pois em lugares como esse o tratamento com o artista é o que todos deveríamos ter.
28) RM: Como você analisa o cenário do reggae no Brasil. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Emcee Lê: O cenário Reggae no Brasil não pertence a quem realmente o merece, por tanto eu não quero opinar. Acho tudo muito branco.
29) RM: Você é Rastafári?
Emcee Lê: Minha fé é em JAH Rastafári, mas não sigo todos os dogmas filosóficos.
30) RM: Alguns adeptos da religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa tal afirmação?
Emcee Lê: Esses “alguns” tem seus motivos pra acharem isso, algumas pessoas se mantêm conservadoras e outras não. Por isso só “alguns” afirmam isso.
31) RM: Na sua opinião quais os motivos da cena reggae no Brasil não ter o mesmo prestígio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?
Emcee Lê: Por ser um monopólio com bandas, produtores e empresários que não se importam em coligar o Reggae nacional aos demais países.
32) RM: Quais os prós e contras de se apresentar com o formato Sound System?
Emcee Lê: Prós: acessibilidade e contato com o público. Contra: algumas pessoas veem como algo “não profissional” justamente pelo que eu disse serem os prós.
33) RM: Quais as diferenças de se apresentar com banda em relação ao formato com Sound System?
Emcee Lê: Não quero ser óbvio.
34) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae e o uso da maconha?
Emcee Lê: Preconceituosa e rasa.
35) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a cultura Rastafári?
Emcee Lê: Se não fosse o Rastafári e o Reggae, ninguém no mundo conheceria Etiópia, Haile Selassie, Emmanuel e nem Marcus Garvey e falaria disso até os dias de hoje.
36) RM: Apresente Savana Dub vol. 2.
Emcee Lê: Savana Dub vol. 2 é uma coletânea de reggae com 15 artistas reúne nomes como Marina Peralta e Solano Jacob. O álbum é a sequência de “Savana Dub vol.1” e traz um amplo panorama de artistas do reggae contemporâneo brasileiro.
“O Savana Dub é mais do que um simples álbum; é um projeto colaborativo que reflete a união e dedicação da equipe MUC SOUND em promover e amplificar a cultura sound system e a música reggae no Brasil. Através dessa colaboração, nasceu a proposta de transmitir mensagens significativas e profundas por meio de diferentes interpretações do reggae”. É assim que Gabriel GFya, DJ e fundador do coletivo paulistano MUC SOUND, define o projeto Savana Dub, que acaba de lançar seu segundo volume.
Em meio aos desafios sem precedentes enfrentados em 2020 durante uma pandemia mundial, nasceu a necessidade urgente de expressão e conexão. Neste contexto, surge o projeto Savana Dub, uma compilação multifacetada que se propõe a transmitir as experiências vividas em tempos turbulentos através da poderosa linguagem do reggae.
“Nós somos um coletivo inspirado diretamente pela cultura sound system, e traçamos um caminho que busca levar cultura, informação e entretenimento para as comunidades periféricas da grande São Paulo”, reforça Gabriel GFya.
O coletivo reuniu 15 talentosos artistas do movimento sound system de São Paulo para criar a coletânea “Savana Dub Vol.2”. Composto por 10 faixas cuidadosamente selecionadas, o álbum oferece uma jornada musical que convida os ouvintes a refletirem sobre uma ampla gama de temas, passando por questões sociais, econômicas e políticas.
Cada faixa de Savana Dub Vol. 2 é uma expressão vibrante de consciência social, amor, empatia e positividade. As músicas são um convite à reflexão e à ação, promovendo a união e o fortalecimento da comunidade. A coletânea traz nomes da nova geração do reggae brasileiro e também figuras já consagradas: Marina Peralta, Solano Jacob, Yagodu, Lillo de la Zikas, Mya Akoma, Ragg, Pump Killa, Caiuby, Funk Buia, Lanna, Sistah Mari, Emcee Lê, Winnit, Bestem e Éa Nilla.
37) RM: Quais os seus projetos futuros?
Emcee Lê: Lançar em 2024 meu álbum ASCENSÃO.
38) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Emcee Lê: (11) 97482 – 1827 | https://www.instagram.com/emceele
Canal: https://www.youtube.com/@EmceeLeyt
Emcee Lê “MR. LOVERMAN” (Video Clipe): https://www.youtube.com/watch?v=x-J047-CZBM
Emcee Lê “Black Party”: https://www.youtube.com/watch?v=V8uvUROWTdc
Emcee Lê “Provocar”: https://www.youtube.com/watch?v=Y21zccScGjU
Emcee Lê “Slowmotion”: https://www.youtube.com/watch?v=dfSuourQy0Y
Emcee Lê “KUNYAZA”: https://www.youtube.com/watch?v=napVm2Kjgiw
Emcee Lê “ELA MEXE O RABÃO” (Visualizer): https://www.youtube.com/watch?v=n-Xg3Pt9pyY
Brasil Grime Show x Tales Tabacaria: DINIBOY, EMCEE LÊ & SENA MC: https://www.youtube.com/watch?v=t0xUYXH2gLc
Savana Dub Vol. 2 já está disponível em todas as plataformas de streaming: https://onerpm.link/388793126342
Sobre MUC SOUND: MUC SOUND é uma equipe comprometida com a promoção e difusão da cultura sound system e da música reggae no Brasil. Com uma abordagem colaborativa e inclusiva, eles buscam criar espaços e oportunidades para artistas locais, promovendo a diversidade e o fortalecimento da cena reggae nacional.
Informações à imprensa – Minhocão Music – Dani Pimenta –[email protected] | (11) 97037 – 1591
IG: @minhocaomusic
Link: https://mapasoundsystembrasil.com.br
Adoro ler as matérias do Antonio Carlos, pois cada artista tem uma trajetória única e inspiradora. Parabéns, Antonio Carlos, pelo belo trabalho que você faz, valorizando os artistas e suas histórias.