More Eliseu Carvalho »"/>More Eliseu Carvalho »" /> Eliseu Carvalho - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Eliseu Carvalho

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O compositor, pianista gaúcho Eliseu Carvalho aos três anos de idade despertou interesse para a música, e teve sua primeira aula de piano em julho de 1991, fazendo seu primeiro recital meses depois.

Desde os 15 anos de idade, quando ganhou seu primeiro PC, trabalha com MIDI, e em 2001 começou a se interessar por gravação digital multipista e produção de música eletrônica. Graduou-se Bacharel em Composição pelo Instituto de Artes da UFRGS em 2012, dando ênfase à música experimental. Durante esse período teve aulas com os professores Celso Loureiro Chaves e Eloy Fritsch, este último sendo sócio-fundador da banda de rock progressivo Apocalypse.

Eliseu já passou por vários grupos, dos mais variados gêneros: Grupo Minueto (instrumental, 1997-98), Central Samba (pagode, 1999), Monos (rock, 2006), Phonica (pop rock, 2007), Necessidade Humana (pop rock, 2007-2009), BettyFull (cover – festas e eventos, 2009-2011), Malian (prog metal, tributo ao Dream Theater, 2012), Mr. Breeze (Southern rock, tributo ao Lynyrd Skynyrd, 2013), Tavahua (pop reggae, 2016-2017), Lucky Scar (Southern rock, 2017-2023), Instinto Roots (reggae, 2018-2022), A Rud (2019; trabalhos esporádicos) e No Vacancy (2019), e também foi membro da banda do cantor Binho Ribeiro (pop reggae, 2022-2023).

Hoje é integrante das bandas Friday Lovers (gothic rock, tributo ao The Cure, 2017-), Mary & The Dudes (pop rock, festas e eventos, 2021-) e Wishmoon (symphonic metal, tributo a Nightwish, 2023-). Também já exerceu trabalho musical voluntário na Associação Legato e na ACADEF (ambas em Canoas-RS) até 2009.

Durante sua carreira, Eliseu possuiu inúmeros instrumentos musicais, das mais variadas marcas, como Casio, Yamaha, Roland, Korg, Technics, GEM, E-MU, dentre outras. Gosta dessa mistura de marcas e modelos para dar mais variedade e criatividade ao seu trabalho.

Eliseu foi diagnosticado em 2008 com Síndrome de Asperger (o atual autismo nível 1, de acordo com o DSM-5) e tem lutado muito pela causa autista, buscando o empoderamento daqueles que estão dentro do espectro, chamando a atenção da sociedade para essa questão e combatendo o capacitismo.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Eliseu Carvalho para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 01.05.2023:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Eliseu Carvalho: Nasci no dia 24 de agosto de 1983, em Porto Alegre – RS. Registrado como Eliseu Cendron Carvalho.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Eliseu Carvalho: Meu primeiro contato com a música foi muito cedo, quando, ainda na primeira infância, ganhei da minha mãe (irma Cendron Carvalho) um pequeno Xilofone Hering. Com o tempo, minha mãe me observou brincando bem mais com o Xilofone do que com qualquer outro brinquedo. Então, segundo o que minha mãe me conta até hoje, chegou um momento no qual eu tentava acompanhar com o Xilofone as músicas que tocavam na antiga Rádio Guaíba, uma emissora FM que costumava transmitir música Orquestral / Instrumental.

Aí, algum tempo depois (1990), o Xilofone deu lugar a um pianinho infantil, também Hering. Então comecei a ficar muito mais interessado no pianinho do que em qualquer outra coisa. No dia 01 de junho de 1991, meus pais (meu pai Carlos Afonso da Silva Carvalho faleceu de câncer no dia 6 de junho de 2020) me matricularam no extinto Instituto Frédéric Chopin, em Canoas – RS, sob coordenação do professor César Augusto Pedreira (in memoriam). Não deu outra: o pianinho Hering deu lugar a um Piano elétrico Palmer, depois a um piano acústico Fritz Dobbert, e aí começou toda a minha história dentro da música.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Eliseu Carvalho: Possuo Bacharelado em Música com Habilitação em Composição pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IA-UFRGS).

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Eliseu Carvalho: Meu ídolo máximo é o compositor, produtor e multi-instrumentista grego Vangelis. Foi muito por influência dele que, com o tempo, comecei a incorporar teclados e sintetizadores no meu trabalho. Lamentei muito sua partida em 2022. Outras influências incluem os brasileiros Eloy Fritsch (que, inclusive, foi um dos meus professores no IA-UFRGS – fiz com ele várias disciplinas de tecnologia aplicada à música) e Cesar Camargo Mariano, além de Rick Wakeman, Jean-Michel Jarre, Keith Emerson, dentre outros grandes nomes dos sintetizadores pelo mundo. Nenhuma dessas influências, que são tanto do passado quanto do presente, deixou de ter importância.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Eliseu Carvalho: Minha primeira apresentação ao vivo foi no Conjunto Comercial Canoas (Canoas – RS), em outubro de 1991 (oito anos de idade), ainda como aluno de Piano do saudoso professor César Augusto Pedreira. Avançando no tempo, no início de 1996 (13 anos de idade), fiz minha primeira apresentação solo para um grande público, num evento da Prefeitura Municipal de Osório – RS – ainda na condição de estudante de Piano/Teclado.

Já no dia 5 de dezembro de 2000, aos 17 anos de idade, participei pela primeira vez de um espetáculo completo, um musical chamado “Saudade”, que contava a história do Samba, e que foi encenado no foyer do Theatro São Pedro, dentro da Casa de Cultura Mário Quintana (Porto Alegre – RS). Esse espetáculo foi o projeto de graduação de uma colega minha na época, a professora Renata Flores da Silva, e envolvia um elenco formado por cantores/atores de uma vasta faixa etária, que ia desde crianças até idosos.

Na época, esse espetáculo era considerado um “musical escolar”, devido à presença de estudantes de várias escolas públicas e privadas no elenco, mas, devido a tudo o que precisei fazer naquele tempo, que não era apenas tocar, mas também criar todos os arranjos, coordenar o grupo instrumental. Detalhe: não havia banda, era apenas eu com um Teclado arranjador Technics e um pequeno grupo de percussionistas, editar todas as partituras das músicas etc., considero essa apresentação específica como o marco zero da minha carreira profissional. Sendo assim, esse ano, no dia 5 de dezembro 2023, completarei 23 anos de carreira.

06) RM: Quantos CDs lançados? Cite os CDs que já participou como Tecladista/Pianista?

Eliseu Carvalho: Meu trabalho solo até o momento conta com nove álbuns, oito coletâneas de singles / reedições / sobras de estúdio etc. O nono álbum será lançada em breve. Cinco EPs e algo em torno de 100 singles, além de um disco não-oficial.

Desde 2002 venho trabalhando com criação e produção musical, bem antes de me formar em Composição em janeiro de 2012, mas infelizmente a vasta maioria desse material antigo se perdeu. Tenho hiperfoco em música, o que me dá a necessidade de estar sempre criando/produzindo. A maioria dos meus álbuns é conceitual, pois gosto muito dessa coisa da continuidade, de todas as músicas interligadas, uma levando à outra, como uma forma de contar uma história.

Aliás, algo que se perdeu nesse mundo ansioso e ultra-corrido de hoje, onde as pessoas mal tem tempo para respirar, quanto mais escutar um álbum musical inteiro. Minha música não é exatamente comercial – não no sentido de ter que mostrar um produto cheio de arestas polidas, pasteurizado, sem identidade, apenas para poder atingir um grande público. Claro que há o aspecto comercial aí, pois todo esse material está nas plataformas e tal, mas falo a respeito de eu tratar a música como ARTE, não como mercadoria descartável.

Agora, a lista de todos os meus lançamentos até o momento: Álbuns: “Dreamlike Countenances” (2021), é um álbum conceitual, contando em forma de música instrumental a história de um homem que, durante uma noite de sono, tem um sonho, onde vai parar no futuro e, a partir daí, precisa buscar um novo sentido em sua vida.

“Lost and Found” (2021), é um apanhado de composições antigas em novas versões. O título tem a ver com o conteúdo do disco. “Lost” porque eram composições que, no estado em que estavam, não teriam condições de serem lançadas; “Found” porque, após regravar todo esse material, finalmente foi possível lança-lo.

“Human” (2021), foi inspirado no ciclo da vida humana, com cada faixa representando uma etapa, do nascimento à fase adulta. Esse é meu álbum de maior duração até o momento, mais de 01:23 m – a versão física é distribuída em CD duplo.

“One World, Many Faces” (2021), foi composto durante as Olimpíadas de Tóquio e inspirado nesse grande evento esportivo; resumidamente, é a história de um personagem que sonha com o topo do mundo e, anos depois, torna-se atleta. É meu álbum mais curta duração, com pouco mais de 33 minutos – a versão física inclui uma música bônus para melhor aproveitamento do espaço físico do CD.

“Infinities…” (gravado em 2021, lançado em 2022), é um álbum em duas partes, uma representando a morte (da música 1 a 6), outra o renascimento (da música 7 a 12) e foi composto durante um período no qual andei com sérios problemas de saúde em 2021, e aquilo me fez refletir sobre minha própria mortalidade, mas o disco também encerra de maneira feliz.

“Intimate” (2022), é, até o momento, meu único álbum de piano solo – são 10 novas músicas e três reedições de materiais antigos nesse formato.

“Zero Gravity” (2022), pode ser considerado o mais eletrônico dos meus álbuns até o momento – a propósito, a meta era simplesmente criar o álbum mais eletrônico possível com os recursos que eu tinha, sem nada pré-determinado, a não ser algumas anotações que eu tinha feito tempos antes da gravação. Ele possui as músicas conectadas, mas não é um disco conceitual. Aliás, escrevi em paralelo os materiais de “Intimate” e “Zero Gravity”, mas, na hora de gravar, foi primeiro um, depois o outro.

“Alien” (2022), é um álbum muito denso, inspirado na minha condição de autista. O título desse álbum não tem nada a ver com ETs e/ou vida extraterrestre, e sim com “Alienação” – por muitas vezes eu me sentir alienado em relação ao mundo, como se eu não me encaixasse no mesmo. Foi um disco dificílimo de fazer, tamanha a carga emocional que eu estava, ao realmente colocar o dedo em todas as feridas internas. Fazer esse álbum foi terapêutico, e hoje, dentre todas as produções que já fiz, essa é minha favorita.

“Notes of Freedom” (2023), é minha produção mais recente, foi um grande contraste não só em relação ao “Alien”, por ser um álbum bem mais livre e leve, mas também em relação a todas as minhas produções anteriores, pois troquei de computador, mudei as ferramentas de gravação e produção, então tive que me adaptar – o resultado foi um disco bem solto, com uma sonoridade diferente. Também incluí novas versões de duas músicas do álbum “Lost and Found” – o disco foi inspirado na liberdade, e percebi que essas duas músicas em questão se encaixavam perfeitamente.

Coletâneas: “Some Bits of Music” (2021). “Keys for Life” (2021 – inclui todas as faixas do EP “Unexpected”). “The Unexpected Maze” (2021) é uma junção dos EPs “The Maze” e “Unexpected” na íntegra + músicas-bônus). “Flying Away” (2021).  “Reality” (2021). “Green” (2022). “Crossing Walls” (2022). “Skies” (2022). “Above the World” (será lançada em 2023).

EPS: “The Maze” (2020). “Unexpected” (2021).“Experimental and Noise Works” (2021). “Origins” (2022). “In December” (2022).

Disco não-oficial: “Performer – Vol. 1” (2023), álbum de covers instrumentais, não está nas plataformas, nem no Bandcamp, nem na minha loja virtual, por questões de direitos autorais; acessível somente por link específico de download do MEGA ou solicitando cópia física em privado.

As coletâneas e EPs, em sua maioria, são junções de singles, sobras de estúdio, versões alternativas etc., apenas com o intuito de poder lançar oficialmente esse material – a exceção é o EP “The Maze”, de 2020, minha primeira produção “séria”, após anos lançando músicas individuais no SoundCloud e no YouTube. Esse EP reúne quatro faixas gravadas entre 2018 e 2020, todas com vários elementos em comum (tom, andamento, uso de arpejador etc.). O EP foi incluído nas plataformas no ano seguinte.

Fora a carreira solo, também participei da gravação do único álbum da banda Necessidade Humana, “Primeira Estória” (2008). Essa foi uma banda autoral, da qual participei entre 2007 e 2009, cujo som era uma mistura eclética de vários elementos dentro de um universo pop rock, e cujas letras geralmente eram inspiradas na literatura. A banda não existe mais há um bom tempo, mas todos os membros ainda mantêm contato uns com os outros até hoje. Fiz algumas breves participações em outros trabalhos também.

07) RM: Qual seu conceito sobre rock progressivo? 

Eliseu Carvalho: Essa pergunta é bem complicada, pois não vejo nenhum “conceito” nesse sentido. Rock progressivo, a meu ver, não se trata de uma fórmula certa a ser seguida. Não é uma receita como “faça músicas longas, com fórmulas de compasso complexas, e cheias de solos intermináveis, cujas letras, se houverem, falem sobre mitos e fantasias”.

Nem costumo usar muito a palavra “progressivo” no meu dia-a-dia; aliás, nem costumo colocar música em rótulos. Para mim, rock progressivo é mais uma dentre várias formas de arte, e era isso. Se for falar do meu trabalho, ele nem sequer se classifica como rock progressivo. Apesar de poder haver uma ou outra influência ali – no começo eu usava mais o termo “música instrumental eletrônica”. Mas atualmente nem uso mais termo nenhum, pois, quando se remove rótulos, a criatividade flui de uma forma muito mais natural.

08) RM: Como é o seu processo de compor?

Eliseu Carvalho: Depende. Na maioria das vezes começo com a melodia, escrevendo a mesma num caderno pautado. AINDA componho à mão – esse é o método mais infalível de todos, e já está aí há pelo menos uns seis séculos, se não muito mais. E quase sempre durante a noite, já deitado na cama, quando não há nenhuma tarefa por fazer, e quando me sinto livre para escrever tudo aquilo que me vem à mente na hora.

Mas também há alguns momentos nos quais um certo padrão rítmico me inspira. Por exemplo: o ímpeto para o meu álbum mais recente, “Notes of Freedom”, foi um áudio que alguém me enviou pelo WhatsApp, no qual escutei bem ao fundo o que parecia ser um loop de bateria de algum Teclado Casio – consegui isolar aquele loop, eliminando a maior parte dos ruídos do áudio, e criar a primeira música do álbum toda em cima dele.

E, em outros casos, a inspiração pode vir de formas muito mais inesperadas – exemplo: um dia desses acordei cedo, acho que por volta das 6:00 h, e a primeira coisa que ouvi foi uma gritaria generalizada de centenas de passarinhos. Ali devia ter pardal, rolinha, sabiá, sebinho, carruíra etc., tudo junto. Foi o que bastou para eu já ter criado a primeira música do meu futuro décimo álbum, “The Power of Nature”, que, como o título já diz, será todo inspirado na natureza.

Também, muito acontece de eu presenciar certas situações e, de alguma forma, aquilo se traduzir como música na minha mente – só para citar um exemplo: toda a primeira metade do meu álbum “Infinities…” me veio à cabeça quando precisei ir às pressas ao Hospital da PUCRS (Porto Alegre – RS) devido a uma grave infecção urinária. Naquele momento me lembrei de outra situação, bem mais terrível, quando no início de 2004 estive entre a vida e a morte, internado no Hospital Beneficência Portuguesa (Porto Alegre – RS), devido à Síndrome de Guillain-Barrè, uma doença degenerativa que vai paralisando o organismo e, se a mesma chega nos pulmões, mata. Posso dizer que esse álbum é uma reflexão sobre minha própria mortalidade em forma de música instrumental.

Resumidamente, meu processo de composição é bastante simples, intuitivo e instintivo. Tudo depende do momento, do que acontece à minha volta…

09) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Eliseu Carvalho: Se o assunto for meu trabalho solo, no momento, nenhum. Faço tudo sozinho. Mas já compus em parceria com outras pessoas em outras áreas. Por exemplo: aqui em Canoas-RS, há a Igreja Matriz, São Luís Gonzaga, e, nas comemorações do centenário da mesma em 2018, foi lançado um kit contendo livro e CD – o livro sobre a história da Igreja Matriz em si e o CD contendo várias faixas de diferentes artistas, todas exaltando o centenário da mesma. Uma dessas faixas tem letra de uma das minhas irmãs, Edileine Bisinella, e melodia minha, com interpretação de Juliano Pereira da Rosa.

Outro exemplo: no único álbum – “Primeira Estória” (2008) da banda Necessidade Humana, uma das músicas teve letra do vocalista Pedro Longes e melodia minha em parceria com o guitarrista Kiko Oliveira.

Mais outro exemplo: num projeto mais recente entre, eu e esse guitarrista (A Banda e o Vinícius, que durou entre 2016 e 2017), criei a sequência harmônica para uma de suas letras. Falando em letras: não sou letrista, nas minhas músicas, sou o melodista.

10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Eliseu Carvalho: Há tantos prós quanto contras. Um dos maiores prós é o fato de poder direcionar minha carreira do jeito que quero, sem nenhuma imposição de empresários, gravadoras ou quaisquer outros agentes que determinem o que deve ser feito. Quem é compositor, assim como eu, certamente adora o fato de conseguir lançar seu material de forma totalmente independente – é como faço e, dessa forma, crio e lanço exatamente aquilo que quero.

Agora, um dos maiores contras é a falta de apoio por parte de muitas pessoas e organizações. Basta dizer que é um artista independente e pronto: a maioria das portas se fecha. É muito difícil se manter sendo um artista independente – nisso as redes sociais têm ajudado um pouco, mas não o ideal, pois não é um algoritmo que ajuda um artista a pagar suas contas de água, luz, telefone, despesas com manutenção de instrumentos e equipamentos etc…

11) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Eliseu Carvalho: Não penso muito nisso. Vou fazendo meu trabalho à medida em que surgem as oportunidades. Não sigo nenhuma cartilha, cronograma, lista de tarefas etc. à risca; faço aquilo que está na minha consciência, e se isso significa tocar com várias bandas para conseguir um ganho mais consistente, que é o que faço atualmente, assim será. Quando se trata de composição/produção, também não penso muito em planejamento nenhum – faço essas coisas quando sinto que devo. Ainda levo muito a sério o antigo conceito de ser artista: fazer cada coisa a seu tempo, seguindo seu coração, deixando a inspiração fluir naturalmente, sem aquela rotina fixa típica de um escritório. “Ah, quando falta a motivação, vem a disciplina”. OK, isso pode funcionar em outras tantas áreas, mas definitivamente NÃO nas artes – e música é, em tese, uma dentre várias artes.

12) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Eliseu Carvalho: Minha cabeça é de ARTISTA, não de empreendedor. Portanto, prefiro contar com outras pessoas para essa parte.

13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?

Eliseu Carvalho: A Internet tem me ajudado muito a lançar meu material – eu diria que, se não fosse pela Internet, dificilmente eu teria lançado tantos álbuns, coletâneas e EPs em tão pouco tempo. Aliás, eu provavelmente nem mesmo teria lançado meu primeiro, pois até conseguir contrato com uma gravadora especializada (que, no caso do meu tipo de trabalho, nem existe no Brasil), falar com investidores, orçar duplicação de milhares de cópias… Nem gosto de pensar.

Acho que a distribuição via plataformas digitais veio para ficar em definitivo, e é uma forma muito mais democrática de se lançar novos conteúdos musicais.

Uma curiosidade: atendendo a pedidos de algumas pessoas, em especial aquelas que, em geral, não costumam lidar com Spotify e esses outros aplicativos de streaming, e que, de alguma forma, ainda preferem álbuns físicos, também passei a distribuir meu material em CD.

Mas de um jeito diferente: gravo o CD, imprimo toda a arte gráfica, monto o pacote e envio. É muito mais em conta que mandar fazer 1000, 2000, 5000, 10000 cópias e nem ter certeza se todas seriam vendidas. A alta grana que eu gastaria com isso poderia muito bem ser investida em outras coisas, como, por exemplo, melhorias no meu home studio.

14) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Eliseu Carvalho: Sinceramente? Não vejo desvantagem alguma. Aliás, PREFIRO. Prefiro ter o controle total de todos os processos: composição, gravação, produção, mixagem, masterização, finalização. Botei na minha cabeça desde muito jovem que eu queria ter meu próprio estúdio – lembro que, durante minha adolescência, cheguei a desenhar vários “diagramas” de como seria esse espaço, como eu faria todas as conexões etc.

O meu home estúdio passou por muitas mudanças com o tempo, e continua em pleno funcionamento. Aliás, já estou pensando nas reformas seguintes do mesmo – quero torná-lo um espaço muito mais acolhedor, não só para mim, mas também para eventuais visitas.

15) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Eliseu Carvalho: Faço minha música conforme meu coração e minha consciência, não conforme as regras mercadológicas vigentes. Nem penso nesse assunto, só vou criando meu material e pronto.

16) RM: Como você analisa o cenário do Rock no Brasil? Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Eliseu Carvalho: O cenário atual do rock no Brasil é muito complicado. Há muita gente com excelentes trabalhos, com uma sonoridade incrível, cheios de identidade, de qualidade e, principalmente, de verdade em seus conteúdos, mas infelizmente o mercado não está nem aí para nada disso.

Se formos observar o que está nas paradas do sucesso atualmente, o que vemos é muito lixo musical. Muitos produtos descartáveis. Muita letra que não diz nada com nada, mas que consegue “zilhões” de plays no Spotify. E geralmente, quem faz sucesso hoje não é exatamente quem faz a melhor música, e sim quem tem mais “likes” nas redes, quem engaja mais seus perfis, quem consegue ter o algoritmo mais a seu favor.

O que vemos? Festivais com line-ups cada vez mais parecidos, pois não há mais o critério da música, e sim o de quem aparece mais. Mas acredito que um dia esse jogo será virado – sei por mim, pois, recentemente, assisti a um GRANDE espetáculo envolvendo rock’n’roll raiz + poesia de Shakespeare, apresentado pelo cantor e ator Gabriel Braga Nunes, pela cantora Luíza Lapa e por uma competentíssima banda de apoio. Foi aqui perto da minha casa, no Teatro do SESC – Canoas – RS, e o ingresso nem foi tão caro.

Viu? Podemos conhecer ao vivo trabalhos magníficos sem ter que pagar tão caro por isso, nem ter que viajar quilômetros. Pena que a cena musical atual não entende isso. Indo ao mainstream, não conheço uma única banda de rock nacional que se destaque atualmente. Porque o mainstream não quer saber de rock.

17) RM: Fale sobre o empoderamento do autista na vida profissional e pessoal.

Eliseu Carvalho: É sempre muito importante falar sobre esse assunto. O conhecimento atual sobre os diferentes níveis de autismo (1, 2, 3) é bem superior ao da época em que recebi meu diagnóstico. Porém, a sociedade não só brasileira, mas mundial, ainda está muito tomada pelo capacitismo, pela não-aceitação das diferenças, pelo não-entendimento do jeito de ser de cada um.

Ainda há muita insistência em padronizar e pasteurizar os seres humanos, tornando-os todos rigorosamente iguais, seja em suas atitudes, em suas crenças, em seus pensamentos etc. Nós autistas muitas vezes nos sentimos verdadeiros “ETs” no mundo porque não conseguimos nos encaixar naquilo que a sociedade determinou como “normal”. Isto é: seja popular, ganhe rios de dinheiro, resolva sua vida antes dos 30 anos, não dependa de ninguém, e assim por diante.

Aliás, meu álbum “Alien” é exatamente sobre isso: o fato de eu me sentir totalmente fora de contexto num mundo ridiculamente padronizado. O título “Alien” em NADA tem a ver com “ETs”, “vida extraterrestre” e afins, e sim com “alienação” – muito embora várias vezes eu me sinta realmente como “um alien na Terra”.

As músicas desse disco refletem todos os meus sentimentos em relação a ser autista – realmente coloquei o dedo na ferida mesmo. Eu diria que, musicalmente falando, essa foi minha produção favorita – porque descarreguei todos os meus demônios internos através da música instrumental feita com sintetizadores. Foi terapêutico.

Sim, o tema autismo ainda causa muita polêmica, pois há aqueles que simplesmente se recusam a aceitá-lo. Acreditam que todo mundo tem que seguir à risca uma cartilha predeterminada de como a vida deve ser, sem levar em consideração que cada pessoa no mundo é única – os autistas, em especial, são mais únicos ainda, pois não há dois autistas iguais. Cada um tem suas próprias peculiaridades, e, por isso mesmo, o diagnóstico é extremamente difícil.

Por exemplo: uma das minhas peculiaridades é a extrema dificuldade com relações interpessoais. Não consigo olhar nos olhos das pessoas quando converso – isso é muito desgastante para mim, por algum motivo que nem eu mesmo conheço. Mas isso não quer dizer que eu não esteja prestando atenção; apenas não me sinto confortável olhando diretamente nos olhos das pessoas. Só que fui muito forçado a olhar nos olhos de todo mundo quando criança, e isso acirrou ainda mais minhas dificuldades nesse sentido.

E, justamente devido a tantas dificuldades com relacionamentos interpessoais, não consigo entrar num relacionamento amoroso, mesmo querendo muito. Tenho medo de chegar perto da mulher com quem supostamente eu teria interesse em me relacionar e acabar cometendo gafes irreversíveis, fazendo com que ela pense que eu seja alguém muito “infantil”. Então, acabo me sentindo muito só, e, de alguma forma, canalizo isso para a música – se for observar todo o meu catálogo, há várias baladas românticas, espalhadas aqui e ali entre os álbuns e coletâneas.

É minha forma de dizer que, mesmo com tantas dificuldades nesse sentido, ainda acredito no amor – o puro, verdadeiro, aquele que realmente conecta duas almas. É mais uma das muitas dificuldades que enfrento como autista: acreditar no amor, mas também ter medo do mesmo, principalmente medo de preconceito, justamente por ser diferente.

Ser autista é ser guerreiro o tempo todo, numa batalha interminável, onde, entre mortos e feridos, não se salva ninguém, mas a gente ainda tenta se arrastar debaixo dos escombros. O empoderamento autista é de extrema importância, assim como o empoderamento feminino, o empoderamento LGBTQIA+, o empoderamento preto, o empoderamento indígena etc.

Ninguém sabe quando alguém é autista apenas pela aparência, pois nossa diferença é no cérebro, que funciona de um jeito completamente diverso. O termo usado para os autistas é “neurodivergente” ou “neurodiverso”. A pessoa ao seu lado pode ser autista e você nem sabe. E sim, por mais que haja quem chie com isso, é muito importante para os autistas conseguirem certas conquistas, como, por exemplo: documento atestando sua condição (a carteira de autista).

Atendimento preferencial em lojas, supermercados e farmácias; vagas especiais em estacionamentos; desconto em ingressos para cinema, teatro e outros eventos; dentre outras. Ainda estamos muito longe do ideal – reconhecer que somos todos diferentes de alguma forma, e que não adianta querer que autistas se adequem a um modelo de vida tão padronizado, como se fosse linha de produção -, mas sinto que, de alguma forma, já avançamos bastante no que se diz respeito a conquistas.

18) RM: Como você se sentiu ao receber o diagnóstico da síndrome de Asperger?

Eliseu Carvalho: Isso foi em meados de 2008 que tive o diagnóstico da síndrome de Asperger, pouco antes do meu aniversário – não sei bem ao certo, mas deve ter sido entre maio e julho daquele ano. Na hora me senti como se eu fosse ser excluído a qualquer momento – o diagnóstico foi como uma bomba atômica explodindo bem ao meu lado. Foi só com o passar dos anos que comecei a entender melhor minha condição e, graças a muitas sessões de terapia e muita conversa com pessoas da família.

Hoje falo tranquila e abertamente sobre ser autista, e ainda incentivo outras pessoas dentro do espectro a serem quem são, sem tentarem moldar-se àquilo que a sociedade neurotípica espera delas. Sigo fazendo sessões de terapia até hoje – aliás, recomendo fortemente, terapias assim são super saudáveis, ajudam a curar muitas feridas internas – e, recentemente, na clínica onde faço essas sessões, tenho recebido visitas de pais de crianças autistas que não sabiam o que fazer com essa informação. Muitos achavam que era “doença”; outros estavam totalmente desinformados.

Muitos desses pais saíram aliviados depois de tudo o que eu disse a eles: para incentivarem seus filhos a desenvolverem-se naquilo que tivessem maior interesse, fosse o que fosse. Não importa se o interesse da criança é música, esportes, literatura etc.

O importante é que a mesma seja feliz. Mas não falo dessa “ditadura da felicidade midiática” proeminente nas redes sociais, e sim de realmente ser feliz com suas escolhas, de se desenvolver segundo aquilo que lhe deixa mais realizado. Uma criança incentivada a se desenvolver segundo aquilo que lhe faz mais feliz, com total apoio dos pais, será um adulto realizado – isso é especialmente crucial quando se trata de crianças autistas.

19) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?

Eliseu Carvalho: Muitas situações inusitadas já aconteceram. Incontáveis. Lembro de situações especialmente malucas, como, por exemplo, o dia em que fui participar de uma apresentação no Instituto Pestalozzi de Canoas – RS em 2003 ou 2004, não sei ao certo do ano agora – era um espetáculo temático, não lembro qual o tema nesse momento, mas sei que envolvia banda, cantores, atores e vários alunos do Instituto. Eu estava tocando num piano digital naquele dia – um Yamaha P-80 – e lembro bem que, em dado momento, a estante arregaçou e, com isso, o piano caiu.

Mas, devido à minha forte concentração no espetáculo, simplesmente continuei tocando, com o piano no chão mesmo; depois, duas pessoas foram lá e conseguiram arranjar um apoio improvisado para o instrumento. Mas na hora nem percebi nada.

Outra situação – essa bem mais difícil – aconteceu muitos anos depois, em 2013, quando eu tocava numa banda de rock chamada Mr. Breeze, de Porto Alegre – RS. Naquele tempo eu tinha recém adquirido um piano portátil, Casio Privia PX-330, novinho em folha, e eu usaria o instrumento num show dessa banda. O problema foi que o instrumento estragou bem na véspera do show – o repertório exigia o uso de piano, e eu não tinha outro disponível, nem haveria tempo hábil para qualquer conserto.

Eu estava naturalmente desesperado, precisando urgentemente resolver essa situação, e aí fui contar aos meus pais o que havia ocorrido – eu também estava sem dinheiro naquele momento. Felizmente, eles entenderam bem a situação, e acabou que foi necessária a compra imediata de outro instrumento similar. Aí, compramos um Yamaha MOX8 e fui fazer o show logo em seguida, sem nem ter entendido direito como o instrumento funcionava, mas não havia tempo para ler manuais.

A sorte é que eu só precisava do timbre de piano, então era ligar e tocar. No fim, o MOX8 me foi uma ferramenta extremamente poderosa de performance e composição durante quatro anos – há imprevistos que, no final das contas, vem para o bem.

Aqui citei apenas dois exemplos de situações inusitadas, mas me aconteceram muitas mais. Quando essas coisas acontecem, o importante é manter a calma e ser o mais racional possível, deixando qualquer emoção de lado. Afinal, são situações que fogem ao nosso controle.

20) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Eliseu Carvalho: O que mais me deixa feliz sendo um profissional da área é a possibilidade de visitar diferentes lugares, conhecer diferentes públicos, interagir com diferentes músicos, ver os rostos das pessoas felizes após um show, dentre tantas outras coisas que muito não se valoriza, pois me parece que nos dias atuais se pensa quase que única e exclusivamente no cachê. Claro, o cachê é fundamental, pois é o ganho financeiro dos músicos, é o principal meio de sustento, mas é preciso entender que ser um músico profissional não é só sobre ganhar o cachê.

Já o que mais me deixa triste é, quando uma criança ou um jovem anuncia que quer seguir carreira musical, e então a família e a sociedade desprezam essa escolha, chegando até mesmo a fazer chacota com isso. Nenhuma receita é mais certa para depressão (e, em casos extremos, suicídio) do que desprezar as escolhas e os sentimentos das crianças e dos jovens, que acabam se sentindo anulados por serem quem realmente querem ser. Ou por não seguirem aquilo que lhes é ditado como “certo”, como se houvesse alguma convenção do que seria “certo” ou “errado” no que se diz respeito às escolhas da vida.

A essas crianças e jovens que querem seguir carreira musical, mas se sentem impedidos pelas suas famílias e/ou pela sociedade: não se abatam. Sigam seus corações. Um dia vocês colherão os frutos.

21) RM: Você estudou técnica vocal?

Eliseu Carvalho: Estudar técnica vocal é algo que eu sempre quis fazer, mesmo sem a intenção de ser cantor – quem consegue lidar com a entonação de sua voz tem mais vantagem na hora de solfejar durante o estudo de seu instrumento, por exemplo. Aliás, essa é minha maior dificuldade durante o estudo do piano: solfejar.

Mas, por outro lado, também tem o fator timidez – por alguma razão, não consigo me ver cantando, mesmo parecendo ser algo tão “natural” ao ser humano, já que a voz também é, de certa forma, um instrumento musical. Já usei vocoder em composições e arranjos, mas usar vocoder é diferente de cantar – porque, usando vocoder, você não precisa cantar, basta falar.

O vocoder é um recurso de certos instrumentos musicais eletrônicos que transforma a voz humana, da seguinte forma: você fala ao microfone, o qual captura sua voz e a envia ao instrumento; então, você toca as notas no instrumento e, com isso, sua voz será entoada exatamente com aquelas notas. Mas o timbre da voz se torna bastante sintético – não à toa esse recurso é muito usado para fazer “vozes robóticas” em música eletrônica.

Se já me sinto intimidado com a possibilidade de cantar, imagina cantar com muitos holofotes apontando para mim, e muita gente me olhando… Impensável… Seria um fiasco (!!!)

22) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e o cuidado com a voz?

Eliseu Carvalho: Extrema. Essa é a palavra mais correta. Sinto falta de fazer técnica vocal.

23) RM: Você acredita que sem o pagamento do Jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Eliseu Carvalho: Não penso na minha música como potencial conteúdo para as emissoras de rádio. Como mencionei antes, faço minha música seguindo meu coração e minha consciência. Mais nada.

24) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Eliseu Carvalho: Insista, persista e não desista. A escolha é sua. Tentarão lhe dissuadir: “larga disso”, “faz concurso que é melhor”, “olha aí o teu irmão ganhando dez salários mínimos por mês”, “ih, esse vai ser pobre” e coisas piores. Mas você sabe que esses supostos atalhos não o levarão a lugar algum, a não ser à frustração, à mágoa e ao sentimento de vazio. Seja fiel à sua estrada, mesmo que haja muitas pedras pontiagudas no caminho – afinal, são os caminhos mais difíceis que levam às maiores recompensas. Tenha consciência disso.

25) RM: Quais os Pianistas e Tecladistas que você admira?

Eliseu Carvalho: Mari Jacintho, a tecladista que toca com o duo Anavitória. Ela não tem só técnica; ela também tem uma expressividade fora do normal, que há muito não vejo nesse meio, onde o pessoal parece mais preocupado em ter o instrumento da moda e tocar “enecentas” notas por segundo.

Mari Jacintho costuma postar diversos vídeos em seu perfil no Instagram, onde demonstra timbres e recursos de diferentes instrumentos – mas ao mesmo tempo ela consegue fazer esses vídeos de um jeito realmente musical e agradável, sem aquela característica puramente “demonstrativa”. Mari Jacintho é um dos pouquíssimos exemplos de tecladistas atuais que realmente admiro.

Em se tratando de pianistas atuais, admiro o trabalho do meu atual professor de piano, Eduardo Knob, músico erudito de respeito – ele consegue tornar o estudo de peças super complexas, como “La Campanella” (Franz Liszt), em algo divertido e prazeroso. Posso dizer que eu jamais teria estudado essa peça se não fosse por ele – foi ele quem me indicou o caminho certo para conseguir executá-la. Ainda há muito a ser feito, mas sinto, graças ao método de ensino do professor Eduardo, que estou no caminho certo.

26) RM: Quais os compositores eruditos que você admira?

Eliseu Carvalho: Amo música erudita em todas as suas épocas e fases. De J. S. Bach a Olivier Messiaen, muitos gênios da música passaram pela história – eles mudaram o mundo musical para sempre. O que dizer de Beethoven e da Nona Sinfonia? De Berlioz e da Sinfonia Fantástica? De Wagner e da ópera Tristão e Isolda? De Stravinsky e do balé Sagração da Primavera?

Mas também há diversos outros compositores (e, principalmente, COMPOSITORAS – atentem para o “RAS”) que, embora geralmente tenham passado despercebidos, também contribuíram demais para a revolução musical mundial. Dentre as mulheres: Clara Schumann, Amy Grant, Teresa Carreño, Chiquinha Gonzaga (compositora brasileira de mão cheia; pena que muita gente só ouviu falar da marchinha “Ó Abre-Alas”), só para citar alguns exemplos.

E no meio de todo esse bolo, um compositor comprovadamente autista: Charles-Valentim Alkan, judeu francês que viveu na mesma época de Chopin, Schumann, Liszt e outros do período romântico, e que se correspondia com todos esses e vários outros naquele tempo. Dizem até que a técnica pianística de Alkan deixava Liszt nervoso, só para constar. Por que será que tanto as mulheres compositoras quanto Alkan acabaram esquecidos com o passar dos anos? Ainda bem que finalmente o mundo erudito está fazendo justiça a todos esses nomes há muito deixados de lado, e que mereciam, mais do que nunca, terem suas obras revividas.

27) RM: Quais os compositores populares que você admira?

Eliseu Carvalho: Dentro da música brasileira: Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Zé Ramalho, Gal Costa, Nara Leão, enfim, toda essa geração dos anos 60/70 e início dos 80, além de alguns nomes mais recentes, como Zeca Baleiro, Edvaldo Santana, Marcos Jobim (que, aliás, é um amigo meu), Pedro Longes (idem), Bea Dummer, Lara Rossato, dentre diversos outros nomes. Dentro da música internacional: não consigo citar nomes, pois há uma longa lista de canções de várias épocas que curto muito, mas não sei dizer de memória quem as escreveu, pois presto mais atenção no arranjo e na mensagem que cada canção passa do que em seus autores.

28) RM: Quais os compositores do Rock que você admira?

Eliseu Carvalho: Todos os membros do Queen. Unir rock, teatro e performances memoráveis, como aquela no Live Aid em 1985, é para pouquíssimos iluminados. Além de cada integrante ser perito em seu instrumento, todos eram exímios compositores – o mesmo digo quanto aos membros do Rush. E, dentro do rock moderno, eu citaria todos os membros do Dream Theater – não é só sobre técnicas apuradas de execução, é sobre criar obras únicas, bem amarradas, com significado, que prendem o ouvinte do começo ao fim, e nisso esses caras são REIS.

Cito o álbum “Six Degrees of Inner Turbulence”, de 2002. É um CD duplo, cujo disco 2 é uma obra conceitual sobre questões mentais, e a música, “Solitary Shell”, falou diretamente a mim. A letra da música em questão trata-se do autismo nível 1 – à época, conhecido como Síndrome de Asperger – e a impressão que tive é que a mesma me descreveu por completo, sem tirar nem por. Levei um choque quando escutei essa música pela primeira vez (isso bem depois do lançamento do álbum, quando comprei o CD lá por 2012). Acho que, para ser um bom compositor de rock, assim como de qualquer tipo de música, é muito necessário despertar diferentes sentimentos nas pessoas. E todos esses caras o fizeram com maestria.

29) RM: Quais os compositores do Jazz que você admira?

Eliseu Carvalho: Chick Corea. Esse é, no momento, o único nome que me vem à cabeça. Com a Elektric Band, ele revolucionou o jazz, incorporando vários elementos de música eletrônica. O jazz-fusion já existia, mas, a meu ver, Chick Corea levou esse estilo muito mais longe.

30) RM: Você criou um método para o ensino do Teclado/Piano?

Eliseu Carvalho: Ainda não, mas pode ser um projeto para o futuro.

31) RM: Quais as principais diferenças entre as técnicas de Piano e Teclado?

Eliseu Carvalho: “Teclado” engloba diversos instrumentos: piano (acústico/elétrico/eletromecânico/digital), órgão (de tubos/valvulado/transistorizado/digital), sintetizador (analógico/digital/virtual analog), arranjador (básico/arranger workstation), controlador MIDI (DIN/USB), celesta, cravo…

“Teclado” é uma palavra muito genérica, que pode fazer até pensar que estamos falando do teclado de um computador. Sobre técnica: enquanto as teclas da maioria dos teclados é leve e permite tocar as notas sem muito esforço, o piano já possui teclas bem mais pesadas, que exigem desenvolver técnica, dinâmica e, principalmente, expressividade.

Muito se costuma, nas escolas de música, quando um aluno novato chega para começar a estudar, iniciar as aulas usando um teclado arranjador básico, depois passando para o piano (ou para instrumentos eletrônicos mais complexos, como sintetizadores, por exemplo – depende dos objetivos do aluno). Isso pode ser um ótimo método de entrada para quem quer ser tecladista, mas, se o objetivo é ser pianista, não considero esse um método muito eficiente, pois, em geral, quando se sai de teclas leves e se vai na sequência para as pesadas, isso pode gerar um grande incômodo.

Eu consideraria ideal, se a meta é aprender a tocar piano, começar diretamente pelo mesmo, a fim de já ir sentindo de fato como a coisa funciona, mesmo nunca tendo tocado um instrumento antes – compreender as muitas nuances das teclas pesadas é super importante para quem quer se tornar um bom pianista.

Não é preciso ter um piano acústico em casa – se puder, melhor, pois assim se descobre como funciona o mecanismo clássico de cordas e martelos com feltro, que ajuda a dar aquela sonoridade única, mas, se a casa ou o apartamento não comporta um instrumento desses, tem vários pianos digitais por aí por preços bastante em conta (dentro dos padrões atuais).

E, além do mais, os pianos digitais tem algumas vantagens, como não requerer afinação periódica e dar a possibilidade de estudar de forma privada com fones, por exemplo. O mais importante é ter a consciência de como lidar com as teclas de forma a tornar a execução musical o mais expressiva possível. E, lembrando: todo piano é um teclado, mas nem todo teclado é um piano. Leia isso de novo, quantas vezes for necessário.

32) RM: Quais as principais técnicas que o aluno deve dominar para se tornar um bom Pianista/Tecladista?

Eliseu Carvalho: Já falei antes sobre dinâmica e expressividade. Esses dois elementos são, para mim, os grandes segredos dos maiores pianistas e tecladistas do mundo. De nada adianta tocar tudo perfeito se a execução for idêntica à de um robô programado. Como dizia Beethoven, com toda razão: “tocar uma nota errada é insignificante, mas tocar sem paixão é imperdoável”.

33) RM: Qual a importância dos conhecimentos tecnológicos para o Tecladista?

Eliseu Carvalho: Isso é muito relativo. É bem provável que, se você é um tecladista pegador de estrada, que está sempre em turnê, percorrendo palcos por aí, talvez nem pense muito nisso, só leve seus instrumentos para o trabalho e já era. Agora, se você é um tecladista que trabalha em estúdio, como produtor musical, por exemplo, aí sim, é sempre importante ter conhecimentos sobre as novas tecnologias de geração de timbres, gravação etc.

Estou sempre de olho em tudo o que acontece nesse universo – inclusive, recentemente descobri algumas ferramentas em software que usam inteligência artificial para gerar timbres, padrões rítmicos, ambiências etc.. Fico pensando se um dia teremos no mercado algum sintetizador físico com inteligência artificial. Que tal informarmos ao instrumento o tipo de som que queremos e ele criar esse som na hora para você tocar? Sonhar não custa nada…

34) RM: Você é adepto ao uso de VST e VSTI? Quais você indica para o Tecladista?

Eliseu Carvalho: Não muito. Sou mais dos instrumentos “de verdade” mesmo. Mas uso alguns no meu dia-a-dia, dentre eles, um clone perfeito do Yamaha DX7 chamado Dexed – que, aliás, é totalmente compatível com o clássico sintetizador, além de ser gratuito e open-source. Ele dá a opção de você criar um banco personalizado de timbres e enviá-lo diretamente a um DX7. Legal essa interação entre clássico e moderno, não? E, claro, também funciona como VSTi.

Outro que cheguei a usar no passado foi o SuperWave P8, um típico sintetizador subtrativo, com vários tipos de ondas (quadrada, dente-de-serra, senoidal, enfim, as clássicas, mais gerador de ruído). Esse último cheguei a usar ao vivo nos palcos lá por 2010/2011.

Hoje, minha maior indicação em se tratando de instrumentos virtuais é justamente o Dexed, para aqueles que querem ter síntese FM em seus sets de instrumentos, mas não podem arcar com os altíssimos valores atuais dos sintetizadores FM físicos – se você tiver um laptop e qualquer Teclado com uma conexão MIDI/USB, instale o Dexed e pronto: você tem um “DX7 feito em casa”.

35) RM: Quais os Teclados que você indica atualmente?

Eliseu Carvalho: Isso depende muito de vários fatores: o tipo de trabalho que o tecladista pretende fazer, o orçamento disponível, os recursos necessários etc.. Não costumo indicar marcas e modelos específicos. Prefiro ouvir cada caso e, aí sim, sugerir algum instrumento. Em linhas gerais: respeite seu orçamento, teste o instrumento antes e, caso vá fechar a compra, certifique-se que isso é realmente o que você quer, a fim de evitar arrependimentos posteriores. Um instrumento bem escolhido é garantia de muitos e muitos anos de bons trabalhos; um instrumento mal escolhido é garantia de muitos e muitos anos de dores de cabeça e angústias.

36) RM: Quais os Pianos Digitais que você indica atualmente?

Eliseu Carvalho: Em se tratando de Pianos Digitais, minhas escolhas pessoais giram entre as marcas Casio, Yamaha e Kurzweil, pois possuem excelente qualidade e seus preços são geralmente mais em conta em relação a Pianos de outras marcas. Atualmente conto com três pianos em casa: Yamaha P-125 (para estudar piano, devido às suas ótimas teclas), Yamaha P-121 (versão de 6 oitavas do P-125, para uso em ensaios e shows) e Kurzweil KA-120 (usado principalmente em gravações, mas ocasionalmente também em certos shows). Não me vejo vendendo qualquer um deles. E minha recomendação para os pianistas que buscam um instrumento leve, fácil de carregar e com boas teclas é justamente o Yamaha P-121 – ele é bem compacto, cabe no banco traseiro da maioria dos carros, e não ocupa muito espaço nos palcos.

37) RM: Quais os principais vícios e erros que devem ser evitados pelo aluno de Piano/Teclado?

Eliseu Carvalho: Um deles é sobrecarregar-se de treino. Claro que é muito importante treinar, a fim de não perder a prática da execução, mas também é preciso respeitar os limites do corpo. Braços, punhos e dedos cansados, doloridos, jamais farão uma boa execução musical – e pior: a insistência em treinar mesmo com todas as dores, como “questão de honra”, pode causar lesões gravíssimas e, consequentemente, forçar o encerramento da carreira.

O outro é não prestar atenção ao dedilhado – isso prejudica muito o fraseado e, ainda por cima, em casos mais extremos, pode até causar tendinite. Mais outro: encurvar-se. É de extrema importância adotar a postura correta, com a coluna reta, com os dedos levemente encurvados, com os braços e ombros bem relaxados, enfim, é necessário tocar o instrumento da forma mais ergonômica possível. Para isso, é preciso que o instrumento esteja na altura certa – ou, no caso de um Piano Acústico, que a banqueta esteja na altura certa – para um treino confortável. Um Piano/Teclado posicionado numa altura muito baixa pode acarretar sérios problemas de coluna.

38) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?

Eliseu Carvalho: Um erro fatal é não colocar a música no currículo escolar. A música deveria ser disciplina da educação básica, não apenas uma atividade extracurricular. Por mais que nem todo mundo vá seguir carreira musical, a inclusão da música no currículo escolar ajudaria muito no desenvolvimento artístico, cultural e social dos alunos. Além do que, se for prestar atenção, música envolve matemática (durações das notas, fórmulas de compasso etc.), física (altura, intensidade, formas de onda, dentre outras coisas), linguagem/interpretação de texto (letras em português/inglês/outros idiomas), história (estilos, compositores, instrumentos etc.), dentre diversas outras disciplinas, tudo num mesmo pacote. Então, qual o motivo de não haver a disciplina de música na educação básica?

Outro enorme erro é não levar em consideração as reais necessidades dos alunos. O que se vê muito nas escolas de música é uma metodologia padronizada, pasteurizada, e eu diria até ultrapassada, que não atende nem um pouco àquilo que muitos dos alunos almejam. Um ensino musical personalizado é fundamental para que o aluno realmente se desenvolva, tendo destaque naquele instrumento e naquele estilo que ele escolheu.

Tenho um plano de começar a dar aulas de Piano e Teclado para crianças, jovens e adultos, mas passarei muito longe de qualquer metodologia convencional – meu intuito é observar aquilo que o aluno já sabe e ajudá-lo a potencializar suas capacidades a partir dali. Ou, se o aluno ainda não souber tocar, indicar alguns caminhos e ver o que ele acha; então, o estudo do instrumento partirá de sua escolha.

39) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Eliseu Carvalho: Não acredito nessa coisa de “dom”. O que acredito é que algumas crianças e jovens conseguem mostrar mais aptidão para certas coisas, mas não que os mesmos tenham “nascido com o dom”. Pois ninguém vem ao mundo já pronto; tudo é um processo, que pode – e deve – ser trabalhado com o tempo. Em tese, todo ser humano pode ser músico, basta escolher um instrumento (ou a voz) e praticar bastante.

Uns tem um ritmo de aprendizado mais rápido, outros aprendem de um jeito mais lento, mas, sinceramente, não acredito que alguém já venha ao mundo sabendo fazer qualquer coisa, a não ser chorar, mamar e dormir. Para mim, essa coisa de “dom” é só uma forma de desviar outras pessoas daquilo que elas gostariam de aprender – “ah, fulano nasceu com o dom, portanto, você jamais chegará lá”. Nada mais falso do que isso.

40) RM: Qual a sua definição de Improvisação?

Eliseu Carvalho: Improvisar não é tocar qualquer coisa – você precisa ter clara noção da sequência harmônica, do ritmo, do clima da música e, só então, criar a melodia, ou o fraseado, em cima. Por que vocês acham que os músicos de jazz improvisam tão bem? Porque eles têm plena ciência de tudo isso e muito mais. Nada ali é “qualquer nota tocada de qualquer jeito”.

41) RM: Existe improvisação de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Eliseu Carvalho: Com certeza isso foi estudado, ainda que não da forma convencional. Não existe improvisação realmente livre – mesmo as improvisações mais “livres” precisam ter uma certa coerência. Do contrário, não é música, é apenas um amontoado de notas.

42) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Eliseu Carvalho: A improvisação ajuda muito a sair do lugar comum, a ser criativo, a pensar rápido, a desafiar-se a encaixar as melodias e outras frases dentro do contexto geral da música tocada no momento. Trocando em miúdos, a improvisação é uma das formas mais intuitivas de composição – muitas canções famosas nasceram de jam sessions. Exemplo: “Helter Skelter” (The Beatles). Outro exemplo: “Born in the USA” (Bruce Springsteen). Realmente não vejo nenhum contra ao estudar improvisação.

43) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Eliseu Carvalho: Estudar harmonia é fundamental para qualquer compositor que se preze. Você pode ter uma excelente ideia melódica, mas isso de nada adiantará se você não souber encaixar os acordes certos ali. Do que adianta ter uma bela melodia em mãos se todos os acordes estiverem errados? Não à toa, Harmonia é uma disciplina básica nas faculdades de Música – e deveria sê-lo também nas escolas de música, ainda que num nível menos complexo. Assim como no caso de improvisação, também não vejo nenhum contra ao estudar harmonia.

44) RM: Quais os prós e contras de ser multi-instrumentista?

Eliseu Carvalho: O fato de se possuir diversos instrumentos ajuda muito a aumentar a paleta de timbres e recursos disponíveis, e também pode ser interessante do ponto de vista estético – um estúdio repleto de instrumentos chama muito a atenção. Mas é preciso cuidar bastante para que não sejam muitos instrumentos parecidos, porque aí é só muito volume ocupando espaço na sala.

Se você quer tornar-se multi-instrumentista, tenha em mente que os instrumentos precisam ser bem diferentes uns dos outros, pois, do contrário, é apenas jogar dinheiro fora. Falando em dinheiro, prepare-se para ter bons fundos, não apenas para adquirir o set de instrumentos, mas também para a altamente necessária manutenção preventiva dos mesmos, pois de nada adianta ter um grande set de instrumentos, mas com a maioria não funcionando.

Ser multi-instrumentista não é necessariamente usar todos os instrumentos ao mesmo tempo; é poder escolher aqueles mais adequados para cada ocasião. Esse é o maior pró de ser multi-instrumentista, principalmente em shows: você pode, dentro de um mesmo set de instrumentos, ter vários diferentes sets, um para cada evento específico.

Em se tratando de gravações, você tem uma chance muito maior de encontrar aquele timbre e/ou recurso específico quando se tem um grande set de instrumentos – é bem provável que um deles o possua.

Já o maior contra é o grande espaço ocupado no recinto, principalmente se você mora em apartamento (exceto se for do tipo “um por andar”, pois aí geralmente os cômodos são grandes) ou numa casa pequena – dependendo do local, pode ser até impossível contar com tantos instrumentos assim. Não recomendo ser multi-instrumentista se esse for seu caso. Não se esqueça de também contar com uma excelente mesa de som para mixar os sinais de todos esses instrumentos ao mesmo tempo.

45) RM: Quais os seus projetos futuros?

Eliseu Carvalho: No momento ando com a agenda bem cheia de compromissos, e também estou compondo e produzindo “The Power of Nature”, meu décimo álbum. Mas tenho vários projetos futuros: tocar em teatros; dar aulas de piano, teclado e tecnologia musical; criar um álbum em colaboração com um grande nome da música progressiva eletrônica nacional; encontrar um meio de levar minha música para um grande público através de performances ao vivo (isso seria bem interessante, acredito eu); compor trilhas sonoras para filmes e/ou séries; dentre outras coisas.

46) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Eliseu Carvalho: (51) 99958 – 0020 | www.eliseucarvalho.mus.br | https://www.instagram.com/eliseucarvalhokeys | www.facebook.com/eliseucarvalhokeys | Telegram: @eliseucarvalhokeys. 

Para shows, tem os perfis no Instagram das minhas bandas atuais, todas situadas na grande Porto Alegre (RS): Friday Lovers (new wave/post-punk/goth/tributo a The Curehttps://www.instagram.com/fridayloversthecure).

Mary & The Dudes (rock/pop rock/covers/arranjos – https://www.instagram.com/maryandthedudes), Wishmoon (symphonic metal/tributo a Nightwishhttps://www.instagram.com/wishmoonband) e SóDja (tributo a Djavan – https://www.instagram.com/acsodja)

Canal: https://www.youtube.com/channel/UCgyA9dkXlYIi9uuS6dm-s2Q 

The Freedom of Love [stripped version]: https://www.youtube.com/watch?v=FttfEiUlQB4 

Playlist Clássicos de Piano: https://www.youtube.com/watch?v=0BtKDa2GNno&list=PLPiTr72YDHgE_bu31G6uyjavggWmMM07o 

Playlist Performances: https://www.youtube.com/watch?v=ZAGdIwHoZz4&list=PLPiTr72YDHgELKRuVry7xsIoTUfoWn0ND 

Playlist: https://www.youtube.com/watch?v=DpXysARhAik&list=PLPiTr72YDHgHUi_5AEC5qQt7cz0nJ7T_6

Álbuns: https://eliseucarvalho.bandcamp.com


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Comments · 5

  1. Parabéns, uma superentrevista,genial, hoje nos sentimos alien só por o motivo de fazer algo diferente, lhe entendo perfeitamente, gostei da frase: arte não pode ser algo descartável ,parabéns pelo belíssimo trabalho…

  2. Parabéns Antônio, por nos presentear com essas pérolas, você é genial, por isso nos trás tantos gênios da arte e cultura, e que nos mantém fiel ao nosso objetivo…

  3. Há tesouros nessa revista, foi um grande ganho chegar aqui. Música é arte transcendente! E tem tantas formas com as quais nos presenteia!

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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.