O cantor, compositor e violonista cearense Edilson Barros iniciou a vida artística mais ou menos em 1983 quando começou a participar das CEBS – Comunidades Eclesiais de Bases.
Foi aí que se apaixonei perdidamente pelo violão e em seguida já começou a tocar. Compôs a primeira canção em 1984, uma canção religiosa (Salve ó Maria). Uma das suas músicas mais tocadas é NO ALPENDRE LÁ DE CASA (CD de mesmo nome, 2002) em parceria com a poetisa Teresinha Lima (minha esposa e somos parceiro em várias canções). Artistas que já regravaram No Alpendre Lá de Casa: Onildo Barbosa e Abdias do Acordeon…
Sua Discografia: SEMENTE BOA (2002); NO ALPENDRE LÁ DE CASA (2012); SAGA DE UM CANTADOR (final de 2016).
Ele tem outros projetos futuros com músicas românticas e músicas para o meio ambiente. “Da minha saudade fiz poesia, da minha alegria, uma canção. Aí fui tecendo essa partitura, tocando no fundo de um coração. E vou levando a vida, com sabedoria e fé, Sigo o norte de uma estrela, Até onde Deus quiser” (Versos de Saga de um Cantador, Edilson Barros e Teresinha Lima).
Segue abaixo entrevista exclusiva com Edilson Barros para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 28.11.2023:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Edilson Barros: Eu nasci no dia 23 de outubro de 1965, em Miguel Antonio, município de Nova Russas, Ceará. Registrado como Antonio Edilson da Silva e filho de Maria Alves da Silva e José Elias Filho e com oito irmãos.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Edilson Barros: A minha mãe (Maria Alves) sempre cantava para os filhos ouvirem. O meu pai (José, Seu Zé de Barros, como era conhecido), tocava pífaro, e eu adorava aquele som agudo das notas musicais que saiam daquele pedacinho de bambu. Este foi o meu primeiro contato com a música. Em 1981, eu comecei a participar das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).
Naquele ano, veio um senhor de nome Zé de Matos visitar a minha comunidade. Ele trouxe um violão tocava e cantava muito bonito. Foi a aí que me apaixonei perdidamente por aquele instrumento mágico. Em seguida comprei um violão, e, em poucos meses já estava tocando nas novenas do mês de maio.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Edilson Barros: Comecei como músico popular. Aprendi muitas coisas sozinho e depois com a ajuda de alguns amigos. Aprendi afinar o violão sozinho. Depois estudei um pouco. Ensino médio completo. Concluí o Ensino Médio.
Ano passado fiz o Curso TTM – Transformando Teoria em Música, com o grande João Alexandre e um outro com o violonista Nelson Faria, do “Fica a Dica Premium”.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Edilson Barros: Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Nando Cordel, Nonato Luiz, Djavan, Amelinha, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Jobim, Toquinho, Conrado Paulino, Nelson Faria, Heriberto Silva (meu irmão), Flávio José, Flávio Leandro, Milton Nascimento, Dilermando Reis, Lulu Santos, Pixinguinha, Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho, Maria Bethânia, Inezita Barroso, Gal Costa, Elomar Figueiras, Rolando Boldrin, Fernando Mendes, Walter Lajes, Jeremias Macário, Geraldo Amâncio, Geraldo do Norte, Pena Branca e Xavantinho, Adelson Viana… Estes são eternos! Os que não curto mais, nem vou falar, pois são vários!05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Edilson Barros: Como já falei, comecei em mais ou menos em 1981. Em 1984 eu compus a minha primeira canção, Salve Ó Maria (música católica); Local: na localidade de Cachoeirinha, hoje, município de Ararendá, região norte do Estado do Ceará.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Edilson Barros: SEMENTE BOA (2002); NO ALPENDRE LÁ DE CASA (2012); SAGA DE UM CANTADOR (2016/2017).
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Edilson Barros: Vindo de muitas vertentes: Forró pé de serra, romântico, folclore, costumes, meio ambiente, do repente, religioso…
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Edilson Barros: Estudei e ainda estudo. Canto em um coral (Moenda de Canto, aqui de Fortaleza).
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Edilson Barros: De muita valia. A descoberta da voz e de onde a gente pode chegar é incrível! Os cuidados com a voz são de muita importância.
10) RM: Como é seu processo de compor?
Edilson Barros: Muitas vezes é espontâneo. Mas geralmente eu vou acumulando as ideias, e depois vem e gosto muito de compor trabalhando, lavando as louças, em parceria… Também gosto de lê para incorporar outras palavras, escuto muita música. Compor em parceria é o que eu mais gosto. Por encomenda quase não rola.
11) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Edilson Barros: Vários: Teresinha Lima (minha amada companheira), Heriberto Silva (meu irmão), Osmar Alves, Jeremias Macário, Walter Lajes, Nonato Luiz, Onildo Barbosa, Hélio Marinho, Adelson Viana, Alfredo Coelho, Flávio Passos, Klévisson Viana, Paulo de Tarso, Geraldo do Norte.
12) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Edilson Barros: Falta de apoio financeiro, conseguir espaços para tocar as músicas, a gente é descartado no meio onde está inserido Exemplo: se eu sou dos movimentos sociais, geralmente eles não te veem como artista. Talvez a vantagem é que você é livre para criar.
13) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Edilson Barros: Espalhar o quanto puder as músicas nas redes sociais, feiras, reuniões, rádios comunitárias, fazer parceria.
14) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Edilson Barros: Continuar compondo, enviando as músicas para rádios, pessoas, amigos, amigas, fazendo parceria, dando entrevistas, participando de eventos musicais, festivais, ensaiando, estudando o violão (meu instrumento), fazendo técnica vocal…
15) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Edilson Barros: A internet ajuda no sentido da divulgação, a chegar bem mais rápido nos longínquos lugares, pessoas… Prejudica: quase que ninguém quer mais ouvir música em CDs, só vai mais longe quem tem dinheiro, pois compra os espaços, os jabás, você precisa ter uma produção (equipe) para ajudar a espalhar o seu trabalho…
16) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Edilson Barros: Uma das vantagens é que agora você faz quase tudo em casa. A desvantagem é que não tem muita qualidade, desemprega um monte de artista…
17) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Edilson Barros: Tento fazer algo de qualidade, desde a melodia, letra, arranjo, a voz, e ter um bom projeto Nada de adesão ao modismo desenfreado que estamos vivendo (LIXO MUSICAL).
A concorrência de mercado é uma das piores coisas. Quem tem dinheiro voa, e quem não tem fica para traz, mas não vou desistir por causa disso. Estou na luta!
18) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Edilson Barros: O cenário da nossa música é muito rico. Um dos problemas são os investimentos faraônicos feito pela grande mídia e pela indústria fonográfica. Neste caso aí, a qualidade musical não importa. Que pena!
Mas o que tem de cosias boas neste cenário é incrível! Nas últimas décadas eu cito: Adelson Viana, Flávio Leandro, Maciel Melo, Flávio José, Lenine, Adelmário Coelho, Zeca Baleiro, Marília Mendonça (apesar de não gostar deste tipo de música), ANAVITÓRIA, Marcos Lessa, Santana O Cantador…
Isso sem falar em um monte de gente boa que surgiu, mas no anonimato ainda:
Walter Lajes, Edilson Barros, Hélio Marinho, David Duarte, Chico Pessoa, Claudinho José, Nonato Lima, Destes, ninguém regrediu.
19) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?
Edilson Barros: Essa é boa. Cantar com som péssimo, ir cantar e o companheiro que vai cantar contigo está bêbado, cantar para apresentar o seu trabalho, um cache muito pequeno, cantar sem som…
20) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Edilson Barros: FELIZ: Quando vou fazer um show, quando vou fazer oficina, quando encontro espaço para divulgar as minhas canções, quando componho uma música nova, quando faço mais um parceiro musical, quando vou participar de programas de rádios, TVs, quando recebo um cachê justo, quando escuto as minhas músicas sendo tocadas por aí…
TRISTE: Quando não sou valorizado, quando não encontro espaço para divulgar as minhas músicas, quando vejo que não estou nas festas tradicionais do estado, município…
21) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Edilson Barros: Acho que não é dom. Toda pessoa tem essa habilidade. Se fosse Dom, só era para alguns, talvez seja mais uma vocação. Uns vão mais longe e outros param no caminho Deus não iria dá o “Dom” só para alguns!
22) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Edilson Barros: O improviso é mais uma coisa pessoal. Nem todo músico sabe improvisar.
23) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Edilson Barros: Boa parte é pensado antes. Mas existe uns grandes músicos que fazem isso na hora. Claro que já vem de uma prática. Ninguém sai improvisando sem saber nada sobre acordes diatônicos, escalas, condução de vozes.
O músico brasileiro é genial! Lá fora também tem muita gente boa, mas nós somos diferentes. Isso é a minha modesta opinião.
24) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Edilson Barros: Eu conheço alguns violonistas que são geniais nessa área da improvisação: Vou citar alguns: Nelson Faria, Conrado Paulino, João Alexandre, Toninho Horta, Guinga, João Bosco, Cainã Cavalcante, Nonato Luiz…
25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Edilson Barros: Todos os que eu conheço são bons e valem apena usar Os violonistas que eu citei na pergunta 24 tem um vasto trabalho nessa área.
26) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Edilson Barros: Este assunto é triste e sério! Eu sou totalmente contra o jabá, mas no Brasil hoje, na mídia que monopoliza, é quase impossível ser tocado/a sem o jabá. As rádios comunitárias e as webs são diferentes, mesmo sabendo que tem algumas que também cobram o famigerado jabá.
27) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Edilson Barros: Ter coragem! Não é fácil. Primeiro você tem que ter coerência e escrúpulo. Depois um projeto bom. Bom no sentido de não fazer música com a ideia do mercado (Lixo musical).
No meu caso, as minhas músicas todas são educativas, tentando sempre fazer uma poesia livre que dê sentido à vida, uma bela melodia, bons arranjos, bons intérpretes…
28) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Edilson Barros: Com certeza. Mesmo sabendo dos complôs que existem. Nem sempre a melhor música ganha. O bom dos festivais são o intercâmbio com outros artistas de outras regiões, de outras vertentes, com outras ideias…
Os festivais de música só não são lotados, por uma condição: O valor da ajuda de custo é muito pouco. Não estimula ninguém a ir. Era pra ser o seguinte: Recebe as músicas e seleciona x. Quem foi selecionado recebe x (um valor justo). E no final, pagaria x por cada música escolhida. Talvez assim diminuísse a competição. Eu nunca gostei da “COMPETIÇÃO” nos festivais.
29) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Edilson Barros: A cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira é UMA VERGONHA! Eu estou falando dos meios de comunicação dominantes. Eles fazem parte do modelo horroroso de projeto que só ver o lucro. Eles não querem saber de qualidade, beleza poética… Só visam o dinheiro, espalhar as suas ideias da moda, da cor e do tipo de pessoas que gostariam, do consumo, da riqueza, de quem pode mais…
30) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Edilson Barros: Aonde existem esses espaços são bons. Aliás, tudo que vier divulgar a boa música, o teatro, o cordel, o folclore, as danças tradicionais, os pontos de cultura, é louvável.
31) RM: Quais os seus projetos futuros?
Edilson Barros: Compor sempre, gravar música boa, continuar fazendo boas parcerias, ocupando espaços, participar de eventos para divulgar a nossa música…Enfim!
32) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Edilson Barros: [email protected]
| https://www.instagram.com/edilsom.barros
| https://www.facebook.com/edilson.barros.5
Canal: https://www.youtube.com/channel/UCrq21MoEYJW60Ac-0OxE40Q
DIA DE FEIRA-EDILSON BARROS E TERESINHA LIMA: https://www.youtube.com/watch?v=AwN3_LLcEiE
O QUE PODE SER-Edilson Barros e Alfredo S.V. Coelho: https://www.youtube.com/watch?v=9huROCO1qFo