Digão O Militante, nome artístico de Rodrigo Francisco Messias, é um músico com 21 anos de carreira. Criado na zona Sul de São Paulo, ele teve seu início no cenário do RAP.
Ao longo desses anos já se apresentou em shows e festivais do município com nomes como Leci Brandão, Jair Rodrigues, BNegão & Seletores de Frequência, DMN, Criolo, Pentágono, Edu Ribeiro, Banda Diébanus e Banda Big UP.
Além de ter sua carreira solo, Digão também fez parte da banda Cabanis, entre 2009 e 2017, como vocalista. Junto com o grupo, expandiu suas influências, compondo canções de gêneros como reggae, ragga, rock e hip-hop. Suas letras falam sobre assuntos sociais que vê em seu dia a dia, mas sempre com um foco positivo, mais voltado aos sentimentos e emoções. Depois de 14 anos desde seu último grande projeto individual, o artista lançou o single inédito “Sonhador”, marcando uma retomada que contará com uma série de novas músicas.
A Sonhador foi escolhida para representar essa nova fase devido à sua temática e história. Após passar alguns anos como vocalista da banda Cabanis, Digão resolveu interromper os seus trabalhos para repensar sua presença no cenário musical. Nesse período, conheceu o máximo de referências possível e estudou, inclusive se especializando em produção audiovisual, sua segunda paixão. Porém, a música e a poesia falaram mais alto.
A pandemia de Covid-19 também influenciou a sua decisão de retornar. O isolamento fez crescer ainda mais sua necessidade de se expressar. Com mais de 400 textos escritos, entre canções e poemas, experimentou voltar ao estúdio com composições novas e antigas. Em 2020, lançou dois singles: “Covid-19” e “Bota pra quebrar”, vozes gravadas em casa e mixado e masterizado no Estúdio. Ambas as músicas o ajudaram a ter uma visão clara de seu projeto para 2021 e assim seguir com sua carreira solo e lançar outras músicas que podem ser conferidas aqui: Digão O Militante.
A apresentação artística Digão O Militante consiste em um show musical com duração entre 30 e 50 minutos. As canções misturam elementos do reggae jamaicano com levadas de hip hop e influências da música brasileira. O objetivo das músicas é conscientizar pessoas de diferentes origens sobre direitos e igualdade social por meio de letras que falam sobre temas comuns a todos: sonhos, conquistas, derrotas, superação e autoestima.
Ele acredita nesse poder educativo da música. Por isso, sua apresentação busca contemplar escolas públicas, projetos sociais e outras instituições que trabalham com a formação intelectual e artística de jovens e adultos, em especial nas comunidades. Ele retomou sua carreira solo com vontade de usar suas experiências e vivências, em forma de poesia e música, para ajudar a criar um mundo mais justo e melhor. Depois de assumir a direção musical de seu show, Digão O Militante sobe aos palcos acompanhado do DJ Sandro Soares nos tocas discos e com possibilidade de uma back vocal.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Digão O Militante para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 11.11.2022:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Digão O Militante: Nasci dia 30/01/1982 em São Paulo, um paulistano de raiz e registrado como Rodrigo Francisco Messias.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Digão O Militante: Comecei ouvindo Música/ Rap aos 6 anos de idade na casa de uma senhora que cuidava de crianças e o filho dela era bem mais velho e já ia aos bailes black e escutava muito RAP americano, Funk das antigas.
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Digão O Militante: Não tenho formação musical, mas sou formado em produção Audiovisual e tenho pós-graduação em Direção de Arte Cinema.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Digão O Militante: Escuto de tudo, quem vem do Cultura Hip Hop, usa muito sample e melodias de artistas da antiga nacionais e internacionais. Mas me influenciou muito: Bob Marley, Racionais MCs, GOG, Public Enemy, Run DMC, KRS One, Mad Lion, Born Jamericans, Ini Kamoze, Cypress Hill. Hoje em dia a gama abriu muito e o meu estilo mudou também, mas hoje escuto muito Afura, Alborosie, Matisyahu, Damian Marley, Cidade Verde Sound System, Rael, Síntese, Big Upe, a lista é enorme.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Digão O Militante: Comecei aos 16 anos de idade (1998) escrevendo minha primeira letra com um colega de escola cantando em cima da instrumental do Cypress Hill, o grupo se chamava “Renascentes”, não vingou e segui solo e já fazem 21 anos e passei dos 500 textos: letras, poesias, reflexões.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Digão O Militante: Em 2006 lancei um EP com cinco singles (A luta continua, Queima, Cultive, Vagabundo, Babilônia) e vendi de mão em mão. Em 2019 voltei carreira solo e já lancei oito singles (Bota pra quebrar, Covid 19, Sonhador, Menina eu ganhei o céu, Leão na selva, A Proposta, Tentativa de Libertação) nas plataformas digitais.
07) RM: Como você define seu estilo musical dentro do RAP?
Digão O Militante: Como qualquer músico, eu venho evoluindo, tive passagem por banda, isso abriu bastante a minha mente e me deu um novo rumo. Faço minhas rimas que são poéticas e politizadas, com um flow rasgado que remete ao “Raga”, vertente do Reggae Jamaicano, com instrumentais com batidas do RAP e instrumentos do Reggae e muita Cultura Brasileira.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Digão O Militante: Não estudei nada, sou autodidata, meio que escuto a melodia e me encaixo, mas hoje em dia tenho amigos que me ajudam a conhecer tonalidade e dão dicas vocais.
09) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Digão O Militante: Lista é grande, Bob marley, Damian Marley, Alborosie, Matisyahu, Rael, Criolo, Racionais MC’s.
10) RM: Como é o seu processo de compor?
Digão O Militante: Há uns 10 anos (2012) escrevia em qualquer lugar, andava com um caderninho, gravava áudios pelo celular, cantava pela rua melodias e temas diversos. Hoje em dia, eu sempre penso em um tema, leio bastante livros para aumentar o vocabulário e caneta para cima, depois que virei pai e casei meus hábitos são noturnos com silêncio e calma.
11) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Digão O Militante: No RAP, não se tem muitos parceiros, se faz muitas collabs, se bate um papo sobre tal ideia, se escolhe uma métrica a seguir e cada um escreve uma parte e um refrão em conjunto.
12) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Digão O Militante: Músico independente você agrega muitas funções: empresário, social mídia, Produtor Musical, Fã, Seguidor. Único ( PRO)prol é fazer tudo 100% do jeito que quero.
13) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Digão O Militante: Sendo músico independente e não tendo produtor (a), tento seguir o fluxo dos músicos que estão na mídia. Estou em todas Plataformas Digitais e nas principais redes sociais, sempre postos novidades, projetos futuros, Collabs… No dia a dia e curto muito fazer versões novas das minhas músicas.
14) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?
Digão O Militante: Sempre tentando parcerias de estúdios, beatmakers e profissionais Audiovisuais e assim propagar mais as músicas e poesias.
15) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Digão O Militante: A internet dá uma salvada geral, voltei carreira solo na pandemia ( da Covid-19) do Covi-19 e tive um alcance bacana nas plataformas digitais sem ter feito show e nem live nenhuma. Ela mais ajuda do que atrapalha, sou muito a favor.
16) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Digão O Militante: Para artista independente está literalmente salvando os home estúdios, porém ainda é muito caro equipamentos e software aqui no Brasil.
17) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Digão O Militante: Estou voltando ao mercado musical e entendendo exatamente como ele funciona, mas o diferencial é sempre fazer o som que me identifico. E ser verdadeiro na minha mensagem e curtir em primeiro lugar o que estou fazendo. Não quero fazer som só por fazer ou só pensar em grana, ajuda muito a grana, mas não é tudo.
18) RM: Como você analisa o cenário do RAP brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Digão O Militante: Hoje já somos notados e estamos conseguindo entrar em rádios, Tvs e fazer grandes shows. Posso falar dos grupos que gosto e me identifico. Racionais MC’s, depois de 1993 com “Fim de semana no parque” entre outras, os caras não saíram mais da cena e agora voltaram a mil, vi a evolução de perto do Rael, Criolo, Emicida e Big Up a lista é grande. Falar de regredir acho pesado, o mercado mudou e ao mesmo tempo que se tornou fácil no geral, a competição aumentou. E muitas vezes ( Somos) somo engolidos por falta de informação, dinheiro e espaços para apresentação. E sem empresário, que abrem muito a porta, é muito difícil você trabalhar para manter sua família vivendo de música. E separar uma parcela disso para tentar sonhar com a música às vezes é cruel e desanimador ser músico, produtor, empresário e social mídia.
19) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Digão O Militante: Lista grande: Racionais MC’s, GOG, Rael, Criolo, Emicida, Cidade Verde Sound System, Planta e Raiz, Natiruts, Damian Marley, Alborosie, Matisyahu e geral da MPB das antigas que respeito muito entre outros que não mencionei.
20) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Digão O Militante: Estar vivendo esta arte que amo e não sei o que faria sem ela e ver a galera cantar suas músicas, pensamentos, palavras e sentimentos tão seus. Triste é ver cada vez mais a música se tornando produto barato e sem valor e as panelas entre muitos músicos que existem.
21) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Digão O Militante: Eu não acredito que minhas músicas toquem nas rádios sem pagar o Jabá. Só se alguma das minhas músicas virasse um sucesso mundial, assim talvez rolasse. E sempre músicos tiveram de pagar o jabá e deixar grande parte do seu cachê para alguém para estar em um tal evento, em uma rádio, na TV, em emissora tal. Sonho que um dia isso mude.
22) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Digão O Militante: Siga firme, não perca o foco e faça com amor, pois o caminho é muito doloroso, mas viva o momento, curta ao máximo.
23) RM: Quais os prós e contras do Festival de Música?
Digão O Militante: Eu sou a favor de qualquer festival de música, só falta em certos festivais, uma divulgação bacana, os grupos/bandas que estão no anonimato não irão trazer um grande público e precisa ter músicos famosos e as bandas independentes abrir os shows. Um festival com bandas independentes não chamará muita atenção do público.
24) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Digão O Militante: Quem tem fama sempre estará na grande mídia, quem é anônimo quase nunca aparecerá. A mídia independente funciona bem, a galera ajuda, chega para somar, acredita, corre junto. Quero agradecer a oportunidade a revista RitmoMelodia.
25) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI, Itaú, Banco do Brasil e CAIXA Cultural para cena musical?
Digão O Militante: Sempre que posso, eu frequento e acho muito bacana esses espaços citados. Eu, fiquei um tempo fora do circuito e estou voltando e buscando espaço para apresentações, então aceito convites também. Acredito que sozinho não saímos do lugar, mas juntos vamos longe e podemos voar, trazer cultura e entretenimento para quem necessita e precisa de dias melhores.
26) RM: O circuito de Bar na sua cidade é uma boa opção de trabalho para os músicos?
Digão O Militante: São Paulo tem muitos barzinhos para tocar, mas sou de músicas autorais e não entro no circuito de Bar, pois querem que toque toda semana e acaba limitando a abrangência do meu som e dos planejamentos que tenho, que é tocar em lugares diferentes.
27) RM: Quais os seus projetos futuros?
Digão O Militante: Em 2023, primeiro semestre lanço um EP com três músicas e no segundo semestre um acústico com diversas músicas autorais e alguns covers.
28) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Digão O Militante: (11) 97412 – 3110 | [email protected] |
www.digaoomilitante.com | https://web.facebook.com/digaoomilitante
| https://www.instagram.com/digaoomilitante
Spotify: Digão O Militante
Canal: https://www.youtube.com/c/Dig%C3%A3oOMilitante
Digão O Militante | Sonhador: https://www.youtube.com/watch?v=O8XEb-OIVCg
Digão O Militante & Rodrigo Motta | Menina eu ganhei o céu: https://www.youtube.com/watch?v=fYxC_CaeiQQ
Digão O Militante | Leão na selva: https://www.youtube.com/watch?v=4dLVS7w9tM8
Digão O Militante | A proposta: https://www.youtube.com/watch?v=Nuaa2UOmyvM
Digão O Militante | Tentativa de Libertação: https://www.youtube.com/watch?v=N5YdutlCbz0