Nascido no dia 09 de fevereiro de 1985, Denis Biavatti começou a se interessar pela bateria aos 7 anos de idade, quando via apresentações musicais na televisão e tentava reproduzir os ritmos batendo em caixas de papelão, almofadas e nas próprias pernas.
Seu primeiro contato com uma bateria de verdade foi apenas em 1998, na casa de um colega de escola chamado Talvani Cabral, que já sabia de sua admiração pelo instrumento. Foi nessa bateria que Denis iniciou suas primeiras práticas e passou a entender melhor a dinâmica do instrumento.
Autodidata e mais voltado para o estilo rock e suas variações, teve sua primeira banda em 2003, chamada Mostarda Cenozóica, um projeto que combinava sons autorais e versões estilo Hard Core de músicas como “I Will Survive” (Gloria Gaynor) e “Medo da Chuva” (Raul Seixas).
Em 2005 foi chamado para assumir as baquetas da banda Litium (autoral) e no mesmo ano assumiu o posto na Penttagrama – Metallica Cover, banda que faz parte até hoje.
Também fez parte de outros projetos como: Carvão de Pedra (Covers diversos), B-Side (Covers diversos), Smells (Pop/Rock anos 90), Sarjeta (covers diversos), Maria Tonteira (Raimundos Cover). Também tem participações em diversas apresentações de bandas da cena Rock de Porto Alegre – RS.
Toda essa movimentação de projetos e participações o levaram a buscar aprimoramento de suas técnicas, tendo feito aulas com Bruno Giordano, Francis Cassol, Ébano Santos.
Durante a pandemia do Covi-19, gravou alguns drum covers trazendo uma proposta de som o mais orgânico possível (com o mínimo de plugins e edições) e também com o conceito de take único. Esses vídeos estão disponibilizados em seu canal no Youtube.
Atualmente, além da Penttagrama – Metallica Cover, Denis é integrante das bandas Lavô Tá Novo – Raimundos Tributo e D.A.N.T.E. (Pop/rock).
Segue abaixo entrevista exclusiva com Denis Biavatti para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 28.07.2023:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Denis Biavatti: Nasci no dia 09 de fevereiro de 1985 em Panambi – RS, mas aos 6 anos me mudei para a capital Porto Alegre, onde vivo até hoje. Registrado como Denis Spanemberg Biavatti
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Denis Biavatti: Eu já gostava de música desde pequeno. Lembro de, aos 4 anos de idade já mexer sozinho no toca-discos da minha mãe (Fátima Leci Spanemberg), onde eu colocava sozinho os discos para tocar. Mas foi aos 7 anos que eu comecei a me interessar mais pela bateria, quando ao ver apresentações musicais na televisão, passei a tentar acompanhar o ritmo batendo em caixas, almofadas ou nas próprias pernas.
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Denis Biavatti: Não possuo formação musical, sou autodidata. Minha formação acadêmica é Educação Física, Pós-Graduado em Educação Física Escolar.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Denis Biavatti: O Rock sempre me atraiu mais, e sempre tive muita admiração por bateristas como Lars Ulrich (Metallica), Marky Ramone (Ramones), Stewart Copeland (The Police), João Barone (Paralamas do Sucesso), Serginho Herval (Roupa Nova) e Fred (ex Raimundos), entre outros. Não vejo nenhum que tenha “perdido a importância”, embora eu tenha passado a escutar menos um ou outro, todos me influenciaram e ainda influenciam na minha forma de tocar.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Denis Biavatti: Meu primeiro contato com uma bateria de verdade foi aos 13 anos de idade (1998), na casa de um colega da escola chamado Talvani Cabral. Foi ali que eu comecei a entender melhor a dinâmica do instrumento e ali foi a virada de chave, onde eu vi que eu queria mesmo tocar bateria.
Mas fui montar a minha primeira banda apenas cinco anos depois (2003). Era uma banda chamada Mostarda Cenozóica, que mesclava produções autorais e versões “hard core” de músicas como “I Will Survive – Gloria Gaynor” e “Medo da Chuva – Raul Seixas”. Essa banda não gravou nenhum disco, tampouco temos registros fonográficos de qualidade durante os curtos dois anos de existência da banda, mas me trouxe um pouco de visibilidade e me abriu outras portas importantes na cena local.
Em 2005, fui chamado pra assumir a bateria da banda Litium, um projeto totalmente autoral e independente. Fui baterista do Litium de 2005 a 2007, quando a banda acabou por conta de mudança de cidade de alguns integrantes. Após isso, participei de inúmeros projetos de bandas cover (bandas de festa) e projetos tributo também.
06) RM: Quantos discos lançados com sua banda?
Denis Biavatti: Em 2006, tive a oportunidade de gravar apenas um álbum ao vivo com a banda Litium, chamado Aurora Precursora.
07) RM: Como você define seu estilo como Baterista?
Denis Biavatti: Eu me vejo como um baterista com muito feeling, um baterista que toca forte, mas sabe mudar a dinâmica quando necessário. E me entendo como um baterista que toca para a música, sem exageros ou virtuosismos. Não que eu veja isso como algo ruim, simplesmente não faz o meu estilo.
08) RM: Quais as principais técnicas que o Baterista deve se dedicar?
Denis Biavatti: Rudimentos é algo sempre importante de ser estudado, praticado e dominado. E eu acrescentaria a técnica de “pivot” como algo a mais.
09) RM: Quais os principais vícios técnicos ou falta de técnicas têm bateristas alunos e alguns profissionais?
Denis Biavatti: Eu vejo muitos bateristas que colocam a força e a velocidade à frente da musicalidade e da dinâmica. Entendo como um erro se limitar a isso.
10) RM: Quais são os Bateristas que você admira?
Denis Biavatti: São tantos, mas vou destacar Lars Ulrich (Metallica) e Fred (ex Raimundos), e também acrescento Ringo Star (The Beatles). São exemplos de bateristas que sofreram e sofrem críticas por sua técnica (ou falta dela na visão de alguns), mas que eu destaco a criatividade, o vigor e a musicalidade, respectivamente.
11) RM: Existe uma indicação correta para escolher uma Bateria?
Denis Biavatti: A indicação mais correta é: Se você gostou do som, do visual e entende que essa bateria pode te atender no teu estilo de tocar, essa é a bateria certa pra ti. Não sou apegado a marcas, nem entro na onda de que “A é melhor que B” ou “instrumento importado é melhor que instrumento Nacional”. Pelo contrário, vejo o mercado nacional atualmente com produtos de altíssima qualidade, mas que ainda sofrem pelo “preconceito” por ser um produto nacional. Então a minha indicação é: Se o músico gostar e esse instrumento o atende, esse é o melhor instrumento.
12) RM: Quais os gêneros musicais que necessitam de uma bateria especificam?
Denis Biavatti: Essa é uma pergunta muito boa, pois tem alguns estereótipos históricos que andam se modificando atualmente. Por exemplo: Baterias com muitos tambores e dois bumbos são pra tocar rock/metal. Isso pode ter sido verdade até alguns anos atrás, mas atualmente vemos bateristas de metal usando kits mais básicos, com apenas 1 bumbo e até apenas um tom, ao passo que vemos bateristas como o Walmar Paim (Bell Marques) com um kit cheio de tons e percussões. Então não acho que há uma bateria específica para cada estilo, vai da característica de cada baterista.
13) RM: Qual a marca de Bateria da sua preferência?
Denis Biavatti: Não tenho uma marca de preferência, acho que tem diversas marcas que me agradam e que eu usaria. Atualmente tenho uma bateria Adah Classic Wood, e sou muito satisfeito com o que ela me proporciona a nível de som, visual e qualidade.
14) RM: Existe marca ideal para cada gênero musical ou é preferência pessoal?
Denis Biavatti: No meu entendimento, preferência pessoal.
15) RM: Quais os prós e contras de ser professor de Bateria?
Denis Biavatti: Essa pergunta eu não tenho como responder, pois não sou professor. Mas eu devo ter testado bastante a paciência dos meus queridos Francis Cassol e Ébano Santos, com quem tive o prazer de fazer algumas aulas.
16) RM: Existe o Dom musical? Qual seu conceito de DOM?
Denis Biavatti: Acho que sim, existe o DOM. Acredito que, não somente na área musical, mas em todas as áreas existam pessoas que “nasceram para aquilo”, que tem mais facilidade para assimilar e/ou executar algo. Esse é meu conceito de dom. Ao mesmo tempo, acho que qualquer pessoa que se dedicar a algo, pode executar algo de forma no mínimo satisfatória. Todos têm a capacidade de aprender, com maior ou menor facilidade, mas todos podem.
17) RM: Quais os prós e contras de ser baterista freelancer acompanhando artista ou grupo?
Denis Biavatti: Vejo como pró a visibilidade e a possibilidade de explorar universos diferentes, de mostrar versatilidade. Como contra, vejo a falta de identificação com algo ou alguém.
18) RM: Quais os prós e contras de ser músico de estúdio de gravação?
Denis Biavatti: Particularmente, eu não trocaria os palcos pelos estúdios. Gosto da interação, da sinergia, da energia que o público emana. O palco deixa a música mais orgânica. O estúdio, ao meu ver, deixa as coisas muito frias e mecânicas.
19) RM: Quais grupos você que já participou?
Denis Biavatti: Foram várias bandas, entre bandas fixas e substituições, todas da cena de Porto Alegre – RS. Mas cito principalmente: Mostarda Cenozóica, O Litium, Penttagrama – Metallica Cover, Carvão de Pedra, B-Side, Smells, Maria Tonteira – Raimundos Tributo, Sarjeta, Lavô Tá Novo – Raimundos Tributo. Atualmente toco com a Penttagrama – Metallica Cover, Lavô Tá Novo – Raimundos Tributo e um projeto novo chamado D.A.N.T.E.
20) RM: Quais principais dificuldades de relacionamento que enfrentou em grupos?
Denis Biavatti: É difícil que todos os integrantes tenham exatamente a mesma linha de pensamento. Particularmente já passei por projetos em que haviam conflitos relacionados ao tamanho da agenda (onde alguns queriam tocar muito e outros queriam tocar poucas vezes), ao valor de cachê e também conflitos relacionados a mulheres; não é exclusividade dos Beatles (risos).
21) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Denis Biavatti: A internet ajuda muito mais do que atrapalha. Através da internet, podemos fazer nosso material atravessar o mundo com apenas alguns cliques. Entretanto, há de se ter inteligência emocional, pois ao mesmo tempo que seu trabalho atinge mais e mais pessoas, as críticas podem vir com a mesma facilidade. E muitas vezes não são críticas construtivas. Então, há de se saber filtrar o que serve e descartar o que não serve.
22) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Denis Biavatti: A principal vantagem é o custo da gravação, que acaba reduzindo. Ao mesmo tempo, há de se qualificar para que possa realizar um trabalho satisfatório de qualidade profissional e isso demanda tempo e dinheiro também.
23) RM: Como você analisa o cenário do rock no Brasil de 1960 a 1999? Em sua opinião quais foram às revelações musicais nas últimas décadas e quais artistas e bandas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Denis Biavatti: Eu vejo que o Rock teve sua afirmação no período citado (1960 a 1999), com o surgimento de muitas bandas de diversas vertentes do Rock. Entretanto, penso que atualmente as bandas estão mais preocupadas em surfar na onda de bandas que já fizeram ou ainda fazem sucesso, do que criar uma identidade própria e trazer uma renovação para o cenário. Isso fica mais evidente ao vermos a quantidade de bandas que já estavam inativas voltando com shows de “reencontro”, pois perceberam que as coisas novas não conseguiram suprir sua falta ou mesmo tomar seu lugar.
Como revelações desse período, posso citar Raul Seixas, Titãs, Paralamas do Sucesso, RPM, bem como Raimundos nos idos dos anos 90 que nos brindou com o Rock Nordestino. Em contrapartida, sinto uma regressão em bandas como Raimundos, por exemplo, seja por conta da saída do Rodolfo, seja por conta das letras que nos dias de hoje não seriam muito bem aceitas como em outrora.
24) RM: Como você analisa o cenário do rock no Brasil a partir dos anos 2000? Em sua opinião quais foram às revelações musicais nas últimas décadas e quais artistas e bandas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Denis Biavatti: Entendo o cenário a partir dos anos 2000 com uma grande carência de novidades. Como revelações, posso citar Pitty, por trazer a voz de uma mulher nordestina para o rock, CPM22 por ser uma das principais bandas de um movimento que reaproximou os jovens do rock, e Matanza, que trouxe o fato novo em suas letras ébrias e instrumentais que misturam hard core com uma pegada country, folk e um pouco pirata. Ao mesmo tempo, não consigo ver bandas que se tornem “atemporais”, como tantas outras que encantam diferentes gerações.
25) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?
Denis Biavatti: Nesses 20 anos de palco, muita coisa aconteceu. Certa vez um rapaz fala comigo na pista da casa onde tocamos e comenta que ele ainda guarda consigo uma baqueta que eu havia jogado para a plateia naquela mesma casa no ano anterior. O problema é que no ano anterior nós não havíamos tocado naquela casa (risos). Mas a cena mais inusitada com certeza foi, ao final de um show, um casal veio nos cumprimentar e em um dado momento da conversa o marido relata que adoraria ver sua esposa em um momento íntimo com a banda. Recusamos respeitosamente a proposta e com certeza guardamos essa história como uma das mais, senão a mais inusitada de todas.
26) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Denis Biavatti: O que me deixa feliz é ver o público se divertindo, comentando e recomendando a banda após os shows. O que me deixa mais triste é a falta de reconhecimento e valorização, principalmente por parte de contratantes.
27) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Denis Biavatti: Não é fácil, aparecerão inúmeros obstáculos, muitas frustrações, mas, metaforicamente falando, os melhores frutos só são alcançados por quem ousa subir ao alto da árvore. Tenha coragem e persistência.
28) RM: Quais os erros na metodologia do ensino musical?
Denis Biavatti: Existem três formas de aprendizado. Auditivo, Visual e Cinestésico. Algumas pessoas aprendem apenas ouvindo. Outras precisam visualizar para aprender. E outras precisam fazer para assimilar. O principal erro é achar que existe uma fórmula mágica e que todos aprendem da mesma forma e ignorar que cada um tem o seu tempo.
29) RM: Como surgiu o conceito que Bateria e o Baixo trabalham juntos? Já caiu em desuso esse conceito?
Denis Biavatti: Acredito que pela proximidade de sons graves e pelo casamento de marcações entre Bumbo e Baixo. Não acho que esse conceito tenha caído em desuso, apenas as expressões tem mudado conforme as tendências atuais.
30) RM: Quais os seus projetos futuros?
Denis Biavatti: Em um futuro próximo penso em voltar a atuar em projetos autorais.
31) RM: Quais os seus contatos para os fãs?
Denis Biavatti: https://www.instagram.com/denisbiavatti
Canal do Youtube: https://www.youtube.com/@denisbiavattidrummer6816
Enter Sandman by Penttagrama – Metallica Cover: https://www.youtube.com/watch?v=PBhBXuiZ79w
Te Quiero Puta – Rammstein (Drum Cover) – Denis Biavatti: https://www.youtube.com/watch?v=7-4kZIv7Qqk
Cachorros – Banda Litium: https://www.youtube.com/watch?v=ixKef4RFe7A
Ótima entrevista!
Sou fã deste trabalho incrível e enorme. Muito bom conhecer talentos através da Revista.
Parabéns, pela entrevista e pelo trabalho, nossa diversidade artística é gigantesca…