More Cris Lemos »"/>More Cris Lemos »" /> Cris Lemos - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Cris Lemos

Compartilhe conhecimento

A cantora, violonista e compositora paulista Cris Lemos nasceu numa família de músicos, na qual iniciou seus primeiros estudos e trabalhos musicais.

Em 1976 foi morar em Taubaté – SP e lá começou a estudar violão clássico, aos 11 anos de idade. Em 1981 chegou em Curitiba – PR aos 16 anos e logo deu continuidade aos estudos de música, iniciados da UFPR – Universidade Federal do Paraná e em seguida na Faculdade de Educação Musical (hoje Faculdade de Artes do Paraná, UNESPAR).

Cantou no Coro de Curitiba, com Gerardo Gorozito e no Coral da UFPR com o maestro Jorge Garau. Formou-se Arte-Educadora musical, e como projeto de conclusão de curso, criou o grupo infantil Coro Cabeludo, com o qual produziu diversos espetáculos, gravou dois álbuns e escreveu um livro de atividades de Educação Musical, com a educadora Solange Maranho Gomes!

Atuou como musicalizadora nas escolas Israelita Salomão Guelmmann, Anjo da Guarda e Palmares. Atuou como regente do Coro do Instituto Paranaense de Cegos e como Regente e Diretora Musical no Templo Batista Bíblico.

Em 1995 fundou o Tao do Trio com Helena Bel e Suzie Franco, que segue até hoje, em sua segunda formação (Cris Lemos, Fernanda Sabbagh e Suzie Franco), sob a batuta do arranjador Vicente Ribeiro. Também integrou o grupo Nymphas, onde cantou de 1993 até meados de 2012. Foi professora de Rádio nos cursos de Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade, na UFPR e na PUCPR. Coordenou e apresentou o programa Infantil Musicando na Rádio Educativa do Paraná. Em 2010, implementou e coordenou o curso de Música da PUCPR.

Cris Lemos tem um álbum solo gravado, três aálbuns com o Tao do Trio e diversos espetáculos apresentados e coleciona participações em álbuns de compositores paranaenses como Iso Fischer, Lydio Roberto, Renato Lucce, Zé Oliva.

Integrou o grupo Vocal Brasileirão de 2009 a 2012. Já dividiu o Palco com Zezé Mota, Leny Andrade, Cida Moreira, Arrigo Barnabé, Joyce, Zé Rodrix, MPB4, Zé Renato (Boca Livre), Sá e Guarabyra, Tavito, Célia e Toninho Horta.

Em 2016, residindo em Atlanta, na Geórgia, mergulhou nos estudos de fisiologia e técnica vocal. Voltando ao Brasil, assume por quatro anos a disciplina de Canto Popular no curso de bacharelado em Música Popular da UNESPAR e a preparação vocal dos cantores da OLA-Orquestra Latino-americana, ao lado da regente Simone Cit.

Atualmente, Cris Lemos se dedica à preparação vocal e à regência assistente do Grupo de MPB da UFPR ao lado do maestro Vicente Ribeiro, com o qual coproduziu diversos espetáculos musicais temáticos, focados na diversidade musical brasileira. Como preparadora vocal, também atende, individualmente, atores e cantores profissionais interessados no aperfeiçoamento de suas performances vocais, participando da pré-produção e produção de shows e de gravações em estúdios.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Cris Lemos para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa 05.04.2024:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Cris Lemos: Nasci no dia 08/05/1965 em Santo André, SP. Registrada como Cristina Lemos.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Cris Lemos: Em casa. Pais, tios, avós, tios-avôs muito musicais, aprendi a cantar antes mesmo antes de falar.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Cris Lemos: Sou licenciada em Música, pós graduada em fundamentos estéticos da arte, mestre em Comunicação e Linguagens da Arte.

Fiz o primeiro ciclo de 4 anos violão clássico, dos 11 aos 15 anos de idade. A partir dos 16 anos, meu interesse se voltou mais ao canto. Regi, desde essa época os coros de jovens nas igrejas que frequentava e resolvi cursar Música na Faculdade.

Em 2018 integrei via concurso, ao quadro de professores do curso de bacharelado em Música Popular na Faculdade de Artes da UNESPAR, como professora substituta de Canto Popular, aonde atuei até 2022.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Cris Lemos: Desde os parentes até os artistas todos que me chegaram ao ouvido. Desde muito pequena conheci os nossos artistas da música brasileira: Tom Jobim, Chico Buarque, Edu Lobo, Trio Esperança, Elis Regina, Gal Costa, Rita Lee, Elizeth Cardoso, Ângela Maria, Adoniran Barbosa, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Beatles, Frank Sinatra, Bee Gees, Manhattan Transfer. E até mesmo os eruditos clássicos e os mais pops, entraram na minha vida pelos discos, rádio e televisão. Minha mãe é minha maior influência estética, geralmente conheci as músicas todas primeiro na sua voz e na de meus tios.

Ninguém deixou de ter importância, não, mas foi cedendo lugar a outros artistas e nomes da música, sei que Boca Livre, Djavan, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Edu Lobo, Zé Renato, Zé Luiz Mazziotti, Maria Bethânia, Elis Regina, Chico Buarque, Tom Jobim, Gilberto Gil imperaram na minha adolescência e seguiram comigo até aqui.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Cris Lemos: Muito cedo. Mas oficialmente a partir dos 22 anos de idade (1987), quando ganhei meu primeiro festival de intérprete, em Curitiba – PR.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Cris Lemos: Lancei um álbum! Várias (não sei mesmo dizer quantas) participações em álbuns de outros artistas curitibanos. Com o Tao do Trio são três álbuns: Uns Caetanos, indicado ao prêmio da música brasileira em 2002 ao lado dos queridos Sá, Rodrix e Guarabyra. E o histórico Rosa que te quero verde – em homenagem a Cartola.

Flor de Dor, 2017 indicado ao prêmio da música brasileira, como melhor grupo de MPB. Ao lado dos influenciadores e padrinhos musicais do Tao do Trio, o MPB4 e Quarteto em Cy.

Produzi, dirigi, arranjei e regi os álbuns do Coro Cabeludo, intitulados: “Coro Caneludo” e “Musicando” para este coro cênico infantil que criei e mantive por 15 anos.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Cris Lemos: Sou da MPB. Não me foco num só estilo, amo cantar Samba, Bossa Nova, Baladas, Valsas, Choro, Forró, Fandango, Xote, Baião, Rock…

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Cris Lemos: Sim, primeiro na Faculdade, nos grupos de estudo musical, e aulas particulares. A partir de 2015 resolvi sistematizar melhor esses estudos e fiz uma imersão quando vivi nos Estados Unidos.

Ao voltar ao Brasil em 2018, já me integrei via concurso, ao quadro de professores do curso de bacharelado em música popular na Faculdade de Artes da UNESPAR, como professora substituta de Canto Popular, aonde atuei até 2022.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Cris Lemos: São vários os âmbitos dessa importância, mas destaco o interpretativo e estético e o técnico e fisiológico como os principais na vida útil do cantor. Importante estar consciente de suas possibilidades criativas ampliadas nesse processo de estudo.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Cris Lemos: Atualmente Maíra Manga, MG, Vanessa Moreno, SP, Mônica Salmaso, SP, Marianna Leporace, RJ, Rogeria Holtz, PR, Suzie Franco, PR, Iria Braga, PR, Ana Paula, SC, Consuelo de Paula, MG, Sérgio Santos, MG, Zé Luiz Mazziotti, SP, Breno Ruiz, SP, Ana Cascardo, PR/SC, Tônia Medeiros, RJ, Roberta Sá, PA/RJ.

Tem mais gente, posso incluir o Yan Lemos e Yuri Lemos, meus filhos que estão trilhando seus caminhos com trabalhos autorais mais pops, e bem feitos!

11) RM: Como é seu processo de compor?

Cris Lemos: A melodia vem como um rio, invade e sai sem letra, fica escondida por anos. É cíclica a fase de composição, ela vem e vai. Eu e meu violão, sempre. É nele que as melodias experimentadas vão ganhando forma e harmonização. Não sei se é um processo, mas é o mais usual. Quando fico com alguma melodia na cabeça longe do violão, eu gravo no celular só a melodia, depois harmonizo.

Tenho só uma música minha gravada em um álbum em parceria com Etel Frota e algumas outras solo prontas e esperando registro, há outras com letristas, ainda sem conclusão. Recentemente fiz uma com o letrista paulista radicado em Curitiba – PR, Marcelo Amorim, mandei uma segunda melodia para parceira Etel Frota, outra para Consuelo de Paula, mas ainda não voltaram, a ideia é juntar isso tudo num próximo álbum solo mais autoral.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Cris Lemos: Etel Frota, Marcelo Amorim, Xanda Lemos.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Cris Lemos: Puxa vida! Os prós são muitos, a alegria de gerir o próprio trabalho, acho que é o mais importante, mas os desafios, são coisa pra botar a gente meio maluco atrás de financiamento pra realizar os projetos. Estar à margem da mídia tradicional é um problema. As novas mídias digitais mudaram muito o mercado, mas ainda assim, transpor barreiras e tornar o trabalho reconhecido é uma função, por vezes desanimadora, mas a gente vai em frente!

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Cris Lemos: Sou professora universitária, o que durante muitos anos me sustentou financeiramente e possibilitou caminhos profissionais paralelos. A vida nos bares depois da maternidade, também não me apeteceu muito. A coisa em Curitiba anda por conta da Lei de Incentivo à Cultura. Desde 1996 temos esse mecanismo à mão.

Participo de editais com projetos aprovados desde então. O último projeto que aprovei foi para a ocupação do Teatro Paiol, com o Tao do Trio convidando Toninho Horta, em maio de 2023.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Cris Lemos: Como artista, fico no conceitual, na criação, na elaboração e implementação do projeto. Isso é, todo o processo vivenciado entre alegrias e agruras. Confesso estar patinando nesta questão é necessitar de ajuda nesse sentido. Recentemente Marianna Leporace da Zênita Produções tem conversado muito comigo para trabalhar melhor minhas redes sociais.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Cris Lemos: Sou uma imigrante digital de 58 anos. Uso pouco, mas uso como posso. Acho que mais ajuda. Principalmente no alcance de público. Não saberia dizer no que é prejudicial. Talvez o fato de não receber direitos conexos e a legislação para as redes ainda ser um mistério. Sei que sou falha nesse aspecto.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Cris Lemos: Vantagens: Todas. Sou produtora musical desde 1990, acompanhei a transição do analógico pro digital dentro de estúdio. Desvantagens: qualquer um pode se tornar cantor, instrumentista, arranjador mesmo sem nenhum conhecimento técnico musical mais apurado.

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Cris Lemos: Mantenho meu trabalho visível em minha comunidade local. Invisto na professora, descubro novos talentos. Apresentações públicas. Participações em shows e álbuns. Participo de programas de entrevistas, tv, rádio, web rádio, palestras e pocket shows em universidades ligadas à música. Faço pouco.

19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Cris Lemos: O cenário da Música Popular Brasileiro é Riquíssimo. Aonde quer que a gente vá, eles estão lá, os novos talentos, ilustres desconhecidos do grande público.

Vanessa Moreno, é a atual genialidade na interpretação da canção brasileira! Temos vários artistas que estão aí na lida há uns 20 e poucos anos. Tem a Tônia Medeiros, do Ordinárius que é mocinha de tudo, um tesouro nosso!

Regredir na carreira? Eu não vejo dessa forma. Não sei dizer se artistas como Milton Nascimento, Gal Costa, Leny Andrade, regrediram, pois o que fizeram foi feito e estará na história até que a humanidade se acabe. Ainda que suas vozes tenham perdido a cor, que suas performances sejam prejudicadas por questões orgânicas, são monstros sagrados da nossa música. Não caíram num ostracismo nem perderam a importância por estarem fora dos circuitos de shows e produzirem novas gravações.

20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?

Cris Lemos: Coleciono gafes. Duas delas muito terríveis. Adaptações às adversidades têm que existir sempre. Já fiquei em hotel ruim, já deixei de receber cachê de contratante picareta.

Uma vez, há mais de 20 anos, fizemos um show com excertos de Clara Crocodilo com Arrigo Barnabé e Paulo Braga, em Curitiba – PR; o clima azedou e o Tao do Trio quebrou o maior pau no camarim, horas antes do show, foi hilária a reação dos dois, que fizeram um silêncio sepulcral e não interferiram na crise, mas até a hora do concerto tudo já estava amenizado.

Apresentei o músico queridíssimo, o Marcílio Fiqueiró, com nome de hospital (Marcílio Dias), na terra dele, com plateia lotada… até hoje não me desculpei o suficiente por essa gafe.

Mandei um Boa Noite, São Paulo, no Supremo Musical, um bar/restaurante aonde cabiam menos de 40 pessoas e havia umas 25 na casa. Claro que virei piada entre os músicos, hoje, isso certamente seria um meme.

21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Cris Lemos: Triste eu fico de ver que tem jovem que não conhece Edu Lobo, Leny Andrade, Mariza Gata Mansa, Maysa, Breno Ruiz, Paulo Cesar Pinheiro, João Bosco… Triste de saber que não há educação musical nas escolas, apesar de tanta luta e da conquista de uma lei de obrigatoriedade deste ensino, isso ainda não ser realidade no país!

Triste de ver músico explorado e mal pago por dono de bar, de ouvir pergunta ofensiva sobre com que trabalha, sendo músico atuante no cenário em que vive o infeliz ignorante. O fato de ser professora de música, me ajuda a sanar um pouco esse problema. Isso de descobrir novos talentos muito me alegra.

22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Cris Lemos: Existe dom sim, assim como para todas as áreas do conhecimento humano. São habilidades potenciais humanas que se desenvolvem primeiro por conta de aptidões. Mas o meio é mais influenciador. Acredito nisso. E sei que a prática e a disciplina de um artista podem fazer uma de pessoa comum, um musicista muito melhor do que aquela criatura talentosa, cheia de dom, indisciplinada e descuidada.

O talentoso fica patinando sem o aperfeiçoamento devido, e o normal cresce enormemente diante da prática! Mas há séria controvérsia aqui. Há de haver uma tendência musical na pessoa. Existem teóricos da educação musical que defendem que a música é atividade possível para todos, porém, os brilhantismos, tão exaltados na música, talvez não sejam dados a todos igualmente.

Existem algumas pessoas que querem muito ser cantor ou músico, mas não conseguem sequer afinar uma nota, ou manter o pulso numa célula rítmica simples.

Isso acontece porque a habilidade musical, que é considerada uma predisposição que todo ser humano apresenta potencialmente, precisa de desenvolvimento perceptivo, principalmente na primeira infância e no decorrer de sua vida, de modo a aprimorar e aprofundar em conteúdos técnicos musicais.

Ou seja, a prática musical deveria ser uma oferta obrigatória real desde a mais tenra idade, pois só assim, teremos chances de descobrir e desenvolver ambiente pra surgimento de novos gênios.

23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Cris Lemos: Domínio técnico para a exploração rítmica e melódica de um campo harmônico. Não há como improvisar sem se jogar na experimentação.

Exploração tímbrica na emissão de sílabas sonoras. Estudo frásico melódico com inversões de intervalos em diferentes andamentos.

Eu digo que é coragem o que mais necessita o improvisador. Saber usar o ouvido harmônico e ousar no jogo inventivo melódico é pra poucos. A liberdade criativa é a tônica, mais que a técnica, embora as duas coisas unidas seja o fator genial da aventura.

24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Cris Lemos: Existe sim. E isso vem com o domínio técnico e por meio da prática. Inclusive há exercícios variados com os variados modos musicais pra treino de mobilidade melódica dentro das tonalidades várias. Eu aprendi a improvisar estudando os modos gregos. Depois explorando as tonalidades nos modos maior e suas relativas tonalidades no modo menor.

As notas das melodias são sempre as 12 da música ocidental, mas combinações possíveis, somam-se quase incontáveis. Tudo de excelência na música só pode acontecer depois de muito dominar a linguagem. Para isso: Estudo (acompanhado por um tutor). Auto-avaliação (constante e desafiadora). Crítica (mostras de trabalho em processo, concertos sujeitos às leituras diferenciadas).

25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Cris Lemos: Prós: perda de medo e timidez, coragem criativa, domínio técnico musical pelo treino e pela ousadia. Sem estudo de harmonia métodos de improviso podem não levar a lugar nenhum. Só aprender a dividir e entoar fonemas e silabações melódicas à esmo, sem compreender as inúmeras possibilidades de uso de intervalos, dentro da cadência harmônica, só usando o ouvido musical, pode ser limitador. Profunda demais essa questão.

26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Cris Lemos: Só vejo prós, mesmo naquelas referências mais tradicionais e antigas da época da minha faculdade. Harmonia é um estudo que não acaba nunca. Existem métodos simplificados, hoje em dia fujo deles, mas funcionam bem para estudantes novatos.

Recentemente tenho lido pesquisas de teóricos modernos norte-americanos, muitos dos métodos deles trazem áudios base pra invenção melódica do estudante, unindo teoria e prática. Uns melhores, outros menos, mas quem estuda quer mesmo testar e conhecer para depois classificar. No Brasil esse estudo é bem recente, ouso dizer que não chega a duas décadas, ainda assim, já existem excelentes pesquisas sobre o assunto.

27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Cris Lemos: Não vão tocar em rádios muito comerciais, nunca. O apelo estético do meu trabalho está muito distante dos padrões atuais.

28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Cris Lemos: Estude. Pratique. Troque nos coletivos musicais de que participa. Conscientize-se das suas potencialidades. Aprimore-se sempre.

29) RM: Festival de Música revela novos talentos?

Cris Lemos: O Festival de música revelou muitos talentos. Costumava ser uma porta de entrada para muitos na vida musical pública. Festival de música ainda existe? Só vejo The Voice Brasil e afins. Isso não é festival. Existem as premiações que não descobrem nada, só expõem o que temos por aí.

30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Cris Lemos: Sempre vejo mais dos mesmos, sempre tudo pasteurizado. O que é local não chega a outros centros. Vivi, vivo e viverei até o fim dos meus dias nessa exclusão… e constatei que furar a bolha talvez seja uma meta intransponível ao artista local, fora do eixo midiático.

31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Cris Lemos: Os editais são bons. Na maioria das vezes o artista tem de enfrentar uma concorrência absurda, com nomes de artistas mais midiáticos pleiteando o mesmo espaço… não é fácil. Acabei de perder um projeto lindo num edital de retomada da FUNARTE.

32) RM: Quais os seus projetos futuros?

Cris Lemos: Gravação do álbum Tao do Trio canta Toninho Horta de forma independente, coroando o mergulho do trio na obra do artista mineiro. Em maio de 2023 fizemos um lindo espetáculo com a presença dele, aqui no Teatro Paiol.

Estou na assistência de regência e preparação dos cantores do Grupo de MPB da Universidade Federal do Paraná pra a produção do espetáculo Todos os Tons Colorindo a Minha Escuridão Latino, apresentado em dezembro de 2023. Em fevereiro tivemos a seleção de cantores e instrumentistas para a temporada 2024 – Soy Loco por Ti America – que será dedicada à pesquisa da influência latino-americana impressa na música brasileira. Repertório riquíssimo!

33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Cris Lemos: (41) 99981 – 8105 | [email protected]

| https://www.instagram.com/crslms

| https://www.instagram.com/taodotrio

Canal: https://www.youtube.com/@taodotrio7304

DISFARÇA E CHORA – O TAO DO TRIO: https://www.youtube.com/watch?v=rmPEwQa33W0

O MUNDO É UM MOINHO – O TAO DO TRIO: https://www.youtube.com/watch?v=SMlv8ACaB6k

TERRA CANÇÃO – LYDIO convida CRIS LEMOS – PARTE 1: https://www.youtube.com/watch?v=ck7JBYYtmcU

TERRA CANÇÃO – LYDIO convida CRIS LEMOS – PARTE 2: https://www.youtube.com/watch?v=H-Yvt-b7d4M

Marianna Leporace Convida Nº 63 – Cris Lemos (PR): https://www.youtube.com/watch?v=9-NCx_8uoMM


Compartilhe conhecimento

Deixe um comentário

*

Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.