Corciolli iniciou seus estudos de música aos 13 anos de idade com Nair Tabet, discípula da renomada pianista e educadora musical Magdalena Tagliaferro.
Ainda adolescente, seu interesse crescente pelos sintetizadores eletrônicos, o levou ao universo do rock, do jazz e da música eletrônica. Em 1993 lançou o primeiro álbum solo “All That Binds Us”, fundando a gravadora Azul Music. Nos anos seguintes, desenvolveu uma prolífica carreira artística, produzindo álbuns emblemáticos tais como: Unio Mystica (1995); The New Moon Of East (1996) – com os monges tibetanos de Gaden Shartse; Unio Celestia (1999); Coleção TudoAzul (2001); Nosso Lar (2007); Lightwalk (2009); Infinito (2015) e Ilusia (2017).
Suas músicas estão presentes em diversas coletâneas internacionais, ao lado de artistas como Hans Zimmer, Vangelis, The Alan Parsons Project, Sarah Brightman e Luciano Pavarotti, entre outros; Também produziu, com grande repercussão, duas coleções de CDs para a revista Caras, totalizando cerca de doze milhões de álbuns comercializados.
Atualmente, além de dirigir a gravadora Azul Music e o Music Delivery – serviço de sonorização para ambientes comerciais, com autorização direta dos titulares – Corciolli vem produzindo outros artistas e se dedicando à composição de trilhas sonoras para cinema. 2018 será um ano especial, em que acontecerão muitas coisas importantes: Comemoração de seus 25 anos de carreira (e 50 de idade), um novo álbum com material inédito, clipes exclusivos e um singular show com formação “cinemática”, composta por piano, sintetizadores e sequencers, mais cello, violino, percussões e vozes.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Corciolli para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 08.01.2018:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Corciolli: Nasci no dia 08 de janeiro de 1968, São Paulo (SP).
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Corciolli: Acho que foi ouvindo os discos de música clássica da minha mãe… Lembro especialmente do “Brandenburg Concerto nº3”, de Bach, que me impressionava todas às vezes.
03) RM: Qual a sua formação musical e\ou acadêmica fora da área musical?
Corciolli: Na música, fui bastante autodidata, mas tive aulas de Piano Erudito com Nair Talbet (discípula de Magdalena Tagliaferro) e de Piano Popular, harmonização e improvisação com o querido Cacho Souza, a quem devo muito do que sei… Fora da área musical, me formei em Arquitetura.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Corciolli: Sempre gostei muito de rock progressivo, rock e música feita com sintetizadores, mas também música erudita e bastante jazz. Todas essas influências ainda são muito importantes, pois, ainda que tenha ampliado meus interesses em outros gêneros musicais, ainda ouço muita coisa que foi feita no passado, pois se tornaram clássicas.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Corciolli: Em 1986, ao entrar na Faculdade, dava aulas de Piano e Teclado, além de tocar em Bares e Restaurantes.
06) RM: Quantos CDs lançados, quais os anos de lançamento (quais os músicos que participaram nas gravações).? Qual o perfil musical de cada CD? E quais as músicas que estraram no gosto do seu público?
Corciolli: Com 25 anos de carreira (solo) que se completam em 2018, já gravei mais de uma centena de álbuns, sendo trinta e três autorais. Foram inúmeros músicos, engenheiros de som e parceiros que tive o privilégio de trabalhar, com os quais aprendi muito. Meu álbum mais recente, “ILUSIA” é uma revigorante aventura pelo rock progressivo instrumental.
Unio Mystica (1995); The New Moon Of East (1996) – com os monges tibetanos de Gaden Shartse; Unio Celestia (1999); Coleção TudoAzul (2001); Nosso Lar (2007); Lightwalk (2009); Infinito (2015) e Ilusia (2017).
07) RM: Como você define o seu estilo musical?
Corciolli: Fazendo trilha sonoras de filmes, descobri que pode ser tudo e ao mesmo tempo… (risos)
08) RM: Como é seu processo de compor?
Corciolli: Totalmente intuitivo, às vezes vem em um zilhão de ideias, às vezes é osso… (risos)
09) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Corciolli: Não tive muitos, sempre trabalhei sozinho, em especial no processo de composição, que é muito pessoal e individual… Espero mudar isso no futuro e compartilhar mais experiências.
10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Corciolli: Como tudo na vida, nós não somos completamente “independentes”… Mas sem dúvida alguma, é preciso ter foco.
11) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Corciolli: Compreender que música é um “negócio”… Não exatamente na hora de compor ou tocar, onde acontece a “mágica”… Mas saber o que fazer com isso, administrar etc… É fundamental. O artista/músico não pode achar que a vida gira em torno de seu umbigo e que as coisas vão acontecer somente porque ele quer assim.
12) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver sua carreira?
Corciolli: Fundei a gravadora Azul Music em 1993, sem dúvida esta foi uma decisão fundamental, que me auxiliou (e auxilia) a desenvolver minha carreira e também a de outros artistas. Proporcionou-me um senso de responsabilidade, respeito e constância no processo criativo, transformando-o em resultados.
13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Corciolli: A internet viabilizou o acesso à informação, mas também ajudou a dissipar o sentido crítico para as novas gerações. Informação não é conhecimento, ambas são coisas distintas. Tudo hoje gira em torno do básico, do supérfluo e do “hype” momentâneo. Acho que temos que manter a coerência em nossas crenças e usar a rede como uma ferramenta e não como fim em si. Se não tiver wi-fi disponível, não deve ser o fim do mundo…
14) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso a tecnologia de gravação (home studio?
Corciolli: A viabilidade de se produzir músicas com altos padrões de qualidade e tornar-se competitivo no mercado. Não existe desvantagem, apesar de essa facilidade ter possibilitado a produção de uma infinidade de conteúdo inexpressivo, equivocado ou malfeito. Mas isso faz parte…
15) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar o disco não é mais o grande obstáculo, mas a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Corciolli: Continuo trabalhando e mantendo o foco na excelência, na qualidade e na verdade musical em que acredito. Dessa forma o próximo trabalho fica sempre um pouco melhor que o anterior.
16) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Corciolli: Bom, agora ficou osso (risos). Acho que está bem ruim, musicalmente deixando muito a desejar. Sempre temos um ou outro artista que se eleva e que traz novas referências, mas são raros, é um garimpo. Como acredito que a música que estamos ouvindo/consumindo nas rádios é fruto direto do que somos, acho que o público é quem regrediu.
17) RM: Qual ou quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Corciolli: Aqueles que não se acomodam, acordam cedo (mesmo dormindo tarde), batalham e amam o que fazem. Nomes conhecidos? Não sei. Não me parece relevante pensar em nomes consagrados, pois, se supõe que profissionalismo e qualidade seja um pré-requisito, não é?
18) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?
Corciolli: Tocar para uma só pessoa em um Piano-bar, ser elogiado, e no final receber uma gorjeta que correspondia a meu salário de dois meses (risos).
19) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Corciolli: Músico comprometido, que dá o melhor de si em tudo que faz me deixa feliz. E ao contrário, aquele que não pensa assim…
20) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Corciolli: Se Deus quiser!
21) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Corciolli: Tenha foco e seja consistente. Perseverança. E faça de tudo para sempre oferecer seu melhor.
22) RM: Quais os Pianista e Tecladista que você admira?
Corciolli: Realmente são muitos em diversos gêneros. Mas acho o Vangelis sobrenatural (músico grego dos estilos neoclássico, progressivo, música eletrônica e ambiente. Suas composições mais conhecidas são o tema vencedor do Oscar de 1981, com o filme Carruagens de Fogo). Gosto mais de guitarristas (risos).
23) RM: Quais as técnicas são importantes para dominar para ser um bom Tecladista?
Corciolli: Prática diária, estudo e aprimoramento constante. Não existem regras, mas os fundamentos (estudar Hanon, escalas, arpejos, etc) são sempre úteis para qualquer estilo.
24) RM: Qual a importância dos conhecimentos tecnológicos para o Tecladista?
Corciolli: Hoje em dia, é quase indissociável o “tocar bem” com o “timbre certo”. Precisamos deixar de ser preguiçosos e ir além dos “presets” dos Teclados modernos, tentar sempre dar um toque pessoal nos timbres, quando possível…
25) RM: Quais os principais V.S.T (Virtual Studio Technology) que você indica para os Tecladista?
Corciolli: Gosto muito do Omnisphere e do Keyscape – ambos da Spectrasonics – e também o Collection V, da Arturia.
26) RM: Quais os Teclados mais versáteis atualmente?
Corciolli: Têm vários… A Clavia (Nord) tem feito coisas muito boas nesse sentido… Em termos de controladores com preços acessíveis, a Studiologic é surpreendente.
27) RM: Quais os seus projetos futuros?
Corciolli: Poderia simplesmente dizer: novo álbum, novas trilhas sonoras, mais shows etc… Mas espero que seja muito mais.
28) RM: Corciolli, Quais os seus contatos para show e para os fãs?
Corciolli: [email protected] | Azul Music: (11) 5181 – 0610 | www.corciolli.com