More Clebson Ribeiro »"/>More Clebson Ribeiro »" /> Clebson Ribeiro - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Clebson Ribeiro

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Clebson Ribeiro é um músico versátil com uma carreira multifacetada. Ao longo de seus anos de atuação, ele acumulou experiência como instrumentista, arranjador e escritor.

Sua habilidade como instrumentista é evidente em sua dedicação à guitarra e, mais notavelmente, à viola brasileira, na qual se destacou tanto em interpretações de clássicos da música caipira quanto em experimentos inovadores em diferentes gêneros musicais.

Além de suas proezas como instrumentista, Clebson Ribeiro também é um talentoso arranjador, capaz de criar novas perspectivas para músicas tradicionais. Seu compromisso em preservar as raízes musicais brasileiras e, ao mesmo tempo, adicionar uma abordagem contemporânea a esses clássicos é evidente em seus arranjos.

Em 2023, ele deu um passo adiante em sua carreira, lançando seu livro de partituras, demonstrando suas habilidades como escritor e compositor. Este livro apresenta arranjos contemporâneos para clássicos caipiras, destacando ainda mais sua paixão e contribuição para o cenário musical brasileiro.

Conhecido por sua paixão por experimentos musicais, ele tem usado sua experiência tocando diversos ritmos em bailes para inserir a viola brasileira em outros contextos, mostrando como esse instrumento pode se adaptar a diferentes gêneros musicais. Com suas composições e interpretações, Clebson Ribeiro vem se destacando no cenário da viola instrumental brasileira, buscando mostrar como a tradição e a inovação podem caminhar juntas.

Em 2024, lançou o álbum “Mantras e Amiúdes”. Não poderiam faltar as colaborações especiais com alguns amigos talentosos – Mel Moraes & Claiton Scouto na música “Chamamé a Bailar” e Marina Ebbecke com “Violas Jam Blues”, que deram um toque extra de magia a algumas faixas.

O álbum apresenta uma coleção de músicas inspiradas, cada uma contando sua própria história e evocando uma ampla gama de emoções. Desde a nostalgia evocativa de “Nostalgia e os Acordes da Memória” até a energia de “Chamamé a Bailar”, e as violas apimentadas de “Violas Jam Blues” com a talentosa Marina Ebbecke. 

Segue abaixo entrevista exclusiva com Clebson Ribeiro para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 16.08.2024: 

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Clebson Ribeiro: Nasci no dia 25 de dezembro de 1974, em uma manhã de natal, na cidadezinha de Terra Roxa, no interior do Paraná. Registrado como Clebson Ribeiro Nunes.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Clebson Ribeiro: Quando era criança, costumava passar dias na casa de meus tios no sítio, eu e meu primo tínhamos pequenos violões de brinquedo, e saímos cantando músicas como, menino da porteira, boiadeiro errante e por aí vai. Mas na adolescência me tornei um rebelde guitarrista de banda de rock.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Clebson Ribeiro: Administração e Licenciatura.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Clebson Ribeiro: Acredito que nenhuma influência musical deixou de ter importância, todos fazem parte da minha construção musical. Dos violeiros da infância aos guitarristas da minha adolescência, até os bluesman e compositores da minha maturidade, todos ainda me influenciam, mesmo que alguns eu não ouça mais com tanta frequência.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Clebson Ribeiro: Ainda muito jovem já fazia parte de bandas de baile, depois acompanhei vários artistas por um tempo, aí se foram 25 anos mais ou menos.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Clebson Ribeiro: Tenho dois álbuns lançados nas plataformas e uns 10 singles.

07) RM: Como você se define como Violeiro?

Clebson Ribeiro: Minha música é como se fosse a história de um caipira, que percorreu diversos gêneros musicais, absorvendo novas sonoridades, e retornou para casa com um tesouro de “novidades”.

08) RM: Quais afinações você usa na Viola?

Clebson Ribeiro: Cebolão em D (A – D – Fá# – A – D) e Rio Abaixo (G – D – G – B – D).

09) RM: Quais as principais técnicas o violeiro tem que conhecer?

Clebson Ribeiro: Convencionalmente o rasqueado, pessoalmente o dedilhado. Tocar as cordas individualmente com os dedos, permitindo uma maior precisão e complexidade melódica.

10) RM: Quais os violeiros que você admira?

Clebson Ribeiro: Me inspiro em Rogério Gulin, Ivan Vilella e Neymar Dias.

11) RM: Como é seu processo de compor?

Clebson Ribeiro: Não sigo uma metodologia ou regra definida. Às vezes, uma melodia simplesmente surge e se desenrola em minha mente; nesses momentos, eu a gravo no celular para posteriormente desenvolver a música. Em outras ocasiões, a música inteira chega até mim pronta, e eu simplesmente a executo enquanto vou produzindo. Resumindo, o processo é totalmente orgânico e guiado pela emoção do momento.

12) RM: Quais as principais diferenças técnicas entre a Viola e o Violão?

Clebson Ribeiro: Olhando para meus estudos digo que foi o uso da palheta, venho de uma formação mais blues que sempre mescla palheta e uso dos dedos o fingerpicking, e já na Viola não uso nem dedeira. Isso pelo timbre que busco tirar.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Clebson Ribeiro: Uma resposta simples diante da complexidade desta pergunta (risos), os prós são a total independência de composição e produção, e os contras são as despesas com produção e divulgação.

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Clebson Ribeiro: Neste momento da minha vida, busco apenas ser ouvido, então o foco é compor, gravar e divulgar.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

Clebson Ribeiro: Procuro sempre fazer parcerias com curadores de playlists, blogs e músicos, mantendo um trabalho contínuo de divulgação. Em seguida, mensuro os resultados e aprimoro as ações. É um ciclo constante de melhoria.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Clebson Ribeiro: Resumidamente, a tecnologia facilita o acesso à informação, porém pode prejudicar a capacidade de manter o foco.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Clebson Ribeiro: Neste momento, não consigo imaginar a desvantagem, a liberdade de produzir em casa é apaixonante.

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar o CD não é mais o grande obstáculo. Mas concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Clebson Ribeiro: Realmente, ser ouvido hoje em dia representa um grande desafio. Mais de 100 mil músicas são lançadas diariamente nas plataformas, e muitas delas não são produzidas por artistas no sentido tradicional, são apenas “subidores de conteúdo”. Diante disso, o grande desafio é se destacar e ser ouvido. Por isso, sigo sempre o ciclo de trabalho mencionado na resposta à pergunta 15.

19) RM: Como você analisa o cenário da música Sertaneja. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Clebson Ribeiro: Não estou totalmente atualizado sobre esse cenário para poder opinar com precisão.

20) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Clebson Ribeiro: Fico feliz em poder compor, gravar e produzir tudo em casa no meu home estúdio, no meu próprio tempo, sem pressões, e principalmente, ao criar música instrumental. Como disse Antônio Abujamra: “O que ouço e me faz silencioso são as frases ditas sem palavras”.

Por outro lado, me entristece ter que competir tão intensamente por ouvintes devido à enxurrada de músicas descartáveis que são colocadas na internet todos os dias”.

21) RM: Quais os outros instrumentos musicais que você toca?

Clebson Ribeiro: Guitarra, viola, Contra baixo, ukulele e piano.

22) RM: Como você analisa o cenário da música Sertaneja Caipira/Raiz. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Clebson Ribeiro: Sem nominar, o cenário da música sertaneja caipira/raiz tem demonstrado uma capacidade notável de se renovar e manter sua relevância cultural. As revelações musicais das últimas décadas conseguiram equilibrar a tradição com a inovação, enquanto artistas consagrados continuam a produzir obras consistentes. No entanto, a competição e as mudanças no gosto do público representam desafios contínuos para todos os envolvidos no gênero.

23) RM: Quais os vícios técnicos o violeiro deve evitar?

Clebson Ribeiro: O maior vício e o mais gostoso é brincar com as cordas soltas e seus acordes abertos.

24) RM: Quais os erros no ensino da Viola?

Clebson Ribeiro: Acredito que um equívoco de alguns professores de música é não reconhecer e cultivar a singularidade da personalidade musical do artista em potencial que estão ensinando.

25) RM: Tocar muitas notas por compasso ajuda ou prejudica a musicalidade?

Clebson Ribeiro: A chave está em encontrar o equilíbrio certo, sabendo quando usar sextinas e quando fazer pausas, permitindo que a música respire e flua naturalmente.

26) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Clebson Ribeiro: Estude muito, não só música, mas também sobre gestão da sua carreira.

27) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?

Clebson Ribeiro: Acredito que um equívoco de alguns professores de música é não reconhecer e cultivar a singularidade da personalidade musical do artista em potencial que estão ensinando.

28) RM: Existe o Dom musical? Qual a sua definição de Dom musical? 

Clebson Ribeiro: Minha definição de dom musical é a combinação inata de habilidades e sensibilidade que permite a uma pessoa compreender, criar, e interpretar a música com facilidade e profundidade.

Este dom envolve uma série de aptidões naturais, como a percepção auditiva aguda, a capacidade de reconhecer e reproduzir melodias e ritmos, e uma intuição musical que facilita a expressão artística.

Embora o dom musical possa ser aprimorado com estudo e prática, ele se manifesta inicialmente como uma predisposição natural para a música, diferenciando-se pela facilidade com que a pessoa se conecta e interage com o mundo sonoro.

29) RM: Qual a sua definição de Improvisação?

Clebson Ribeiro: Acredito que a improvisação é a arte de criar e executar música espontaneamente, sem preparação prévia ou partitura escrita. Envolve a habilidade de compor e adaptar melodias, harmonias e ritmos no momento, frequentemente em resposta ao ambiente musical e emocional presente.

30) RM: Existe improvisação de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Clebson Ribeiro: A improvisação é um processo que integra ambos os aspectos: preparação e espontaneidade. Músicos estudam e praticam para desenvolver as habilidades necessárias, mas a verdadeira improvisação acontece quando esses elementos são combinados de maneira criativa e intuitiva no momento da performance.

31) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Clebson Ribeiro: Cada método de improvisação musical tem seus próprios benefícios e desafios. Um equilíbrio entre teoria, prática de padrões, escuta ativa e experimentação livre geralmente proporciona a abordagem mais completa e eficaz para desenvolver habilidades de improvisação. Músicos podem escolher ou combinar métodos de acordo com suas necessidades, níveis de habilidade e objetivos musicais.

32) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Clebson Ribeiro: O estudo de harmonia musical é mais eficaz quando equilibrado entre teoria tradicional, prática auditiva, análise de repertório e experimentação. Cada método tem seus pontos fortes e fracos, e a escolha ou combinação dos métodos deve depender dos objetivos do estudante, seu nível de habilidade e suas preferências de aprendizagem. Uma abordagem integrada que incorpora elementos de todos esses métodos tende a proporcionar uma compreensão mais completa e aplicável da harmonia musical.

33) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia do cenário musical brasileiro?

Clebson Ribeiro: Os canais de expressão para divulgar boa música, música de qualidade para aqueles com ouvido seletivo, estão diminuindo a cada dia.

34) RM: Qual a importância de espaço como SESC, Itaú Cultural, Caixa Cultural, Banco do Brasil Cultural para a música brasileira?

Clebson Ribeiro: Vejo com bons olhos esses projetos, pois eles mantêm viva a música independente e frequentemente são uma salvação para artistas e público. Esses espaços oferecem oportunidades essenciais para a divulgação e valorização da música brasileira, proporcionando um palco para artistas emergentes e consolidados que muitas vezes não encontram apoio em outras plataformas.

35) RM: Quais os seus projetos futuros?

Clebson Ribeiro: Tenho planos simples, mas desafiadores: compor, gravar, tocar e ser ouvido.

36) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Clebson Ribeiro: https://clebsonribeiro.com.br

Instagram – https://instagram.com/clebsonrn 

YouTube: https://youtube.com/c/ClebsonRibeiroNunes 

Nostalgia e os Acordes da Memória: https://www.youtube.com/watch?v=TPI6uPzHb2E 

Playlist Viola Instrumental Contemporânea – https://abrir.link/CCQuH

Spotify – https://abrir.link/mUBlw


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Comments · 2

  1. Adorei a entrevista! Um artista musical e escritor, que maravilha! Viola brasileira é tudo de bom mesmo. Pude notar que ele é um grande artista.

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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.