Cezar Ribeiro é músico multi-instrumentista, natural de Belo Horizonte e atualmente reside em Conceição do Mato Dentro em Minas Gerais.
Iniciou seus estudos na música aos 10 anos de idade por influência de seu pai. Mais tarde graduou em viola de orquestra na Universidade do Estado de Minas Gerais onde foi aluno de viola do professor Vitor Abreu e estudou sobre o universo da rabeca com o professor Alexandre Gloor. Foi aluno da masterclass da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, tendo como orientador o violista da Orquestra Gilberto Paganini.
Já foi membro da Orquestra Sinfônica de Betim, Orquestra do Núcleo de Acervos da UEMG, Orquestra Experimental de Repertórios da universidade e da Orquestra Escola Criarte, onde além de músico instrumentista foi professor e diretor da escola.
Ganhou o prêmio “Contribuição Cultural” em 2020 em Belo Horizonte – MG pela criação do Duo que MOVE, que foi um dueto de música instrumental itinerante que atuou na capital mineira durante cinco anos se apresentando nos transportes coletivos das linhas MOVE.
Já participou de diversos seminários e festivais de música, dentre eles o “1° Festival de Música Instrumental de Brumadinho” onde como solista apresentou suas adaptações de choros brasileiros para Viola de Orquestra feitas para o projeto “O Choro da Viola Alto”, o “Projeto Matriz” e o festival internacional “Tabuleiro Jazz Festival” em Conceição do Mato Dentro – MG.
Além de performer também trabalha como educador musical em projetos sociais atendendo pessoas de diversas faixas etárias. Produziu o violão sete cordas do single “Ai quem me dera” do compositor Talmer Regis e atualmente iniciou a idealização da produção do seu primeiro álbum que irá conter suas adaptações de músicas brasileiras instrumentais para viola de orquestra.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Cezar Ribeiro para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 06.03.2024:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Cezar Ribeiro: Nasci no dia 18/06/1994 em Belo Horizonte – MG, mas atualmente resido em Conceição do Mato Dentro – MG. Filho de Cezar Junior Mendes Vicente e Cristina Ribeiro de Cristo e registrado como Cezar Ribeiro Vicente Neto.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Cezar Ribeiro: Comecei a estudar música aos 10 anos de idade com professor particular que morava em frente à minha casa em Belo Horizonte – MG por influência do meu pai (Cezar Junior Mendes Vicente).
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Cezar Ribeiro: Sou formado em música pela Universidade do Estado de Minas Gerais com habilitação em Viola de Orquestra. Já fiz cursos na área de regência coral e de grupos Instrumentais, técnica vocal e violão de 7 cordas.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Cezar Ribeiro: Minha família e bem eclética, escutam desde o sertanejo raiz até o rock. Lembro-me da minha avó (Vânia Dinorá Ribeiro) ouvindo Creedence, Elvis, ABBA e meu avô (Rivaldo Ciriaco de Cristo) escutava muito Milionário e José Rico, Tonico e Tinoco, entre outros. Meus pais são do rock, escutam muito Bom Jovi, Erick Clapton, Jim Morrison, Led Zeppelin, entre outras lendas do rock. Sempre fui influenciado por eles e ouvi muito tudo isso. Na adolescência descobri a música de concerto os grandes compositores brasileiros de Choro e passei a me interessar muito pelos estilos.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Cezar Ribeiro: Comecei a trabalhar com música aos 18 anos em Belo Horizonte – MG, tocando em bandas e grupo de música popular.
06) RM: Quantos álbuns autorais lançados? O conceito de cada álbum? Cite alguns álbuns que participou tocando Viola ou outro instrumento?
Cezar Ribeiro: Em 2020 produzi o Violão de 7 cordas para o single “Aí quem me dera” do compositor Talmer Regis de Ribeirão das Neves. Atualmente estou trabalhando na produção e lançamento do meu primeiro álbum musical composto de adaptações de choro e músicas brasileiras Instrumentais para viola de orquestra.
07) RM: Você toca outro instrumento musical?
Cezar Ribeiro: Além da viola de orquestra toco violão de 7 cordas, guitarra e bandolim.
08) RM: Quais as principais técnicas que o violista deve se dedicar?
Cezar Ribeiro: Na minha opinião os Violista devem se dedicar em golpes de arco e escalas e arpejos.
09) RM: Quais os principais vícios técnicos ou falta de técnicas têm violistas alunos e alguns profissionais?
Cezar Ribeiro: Acredito que isso é muito individual de cada instrumentista. Vai depender do que estuda mais e o que deixa as vezes a desejar. A viola por ser um instrumento com uma dimensão maior que o violino e possuir um timbre mais grave, as vezes é um pouco mais difícil de afinar as notas.
10) RM: Quais são os violistas que você admira?
Cezar Ribeiro: Por incrível que pareça, violistas mesmo não são muitos, mas admiro muito a sonoridade da alemã Tabea Zimmermann e do brasileiro Alexandre Razera.
Como atualmente tenho me dedicado a inserção da viola de orquestra na música popular brasileira instrumental, tenho pego algumas referências de violinistas, como o Nicolas Krassik, Ricardo Herz, entre outros novos que tem aparecido.
11) RM: Qual o naipe que a Viola faz parte na Orquestra?
Cezar Ribeiro: A viola faz parte do naipe de violas, instrumentos de cordas com timbres contraltos e tenores.
12) RM: Quais os prós e contras de tocar Viola em Orquestra?
Cezar Ribeiro: Os prós, na minha opinião é a estabilidade financeira que algumas orquestras proporcionam; são grupos gostosos que tocar pelo grau de dificuldade de algumas obras; tocar em grupos assim ajuda a fazer contatos. O contra na minha opinião é apenas engessamento das obras que limita um pouco o processo de criação, por ser parte de um naipe, impede a improvisação.
13) RM: Existe o Dom musical? Qual seu conceito de Dom?
Cezar Ribeiro: Não acredito em dom. Existem pessoas que tem sim uma condição de aprender música mais rápido, as vezes por questões ou cognitivas ou genéticas, outras por terem desde cedo uma aproximação ao meio musical, mas sem estudo e dedicação, isso não vale de nada. Ninguém nasce sabendo, todos aprendem ao decorrer da vida.
14) RM: Quais os prós e contras de ser violista freelancer acompanhando artista ou grupo?
Cezar Ribeiro: Os prós é a condição de fazer os próprios horários, selecionar nos grupos as pessoas com quem toca, o repertório, onde tocar, a liberdade de criar e improvisar podendo pegar de estilos e gêneros diferentes da proposta. Os contras são alguns contratantes que as vezes não querem pagar o preço do serviço; as vezes tem muitas apresentações em sequência outros momentos nem tanto.
15) RM: Quais os prós e contras de ser músico de estúdio de gravação?
Cezar Ribeiro: Em estúdio não pode ter erro, isso é bom porque faz o musico se dedicar aos estudos e é ruim porque as vezes faz ficar preso a um determinado trecho ou música por um tempo considerável.
16) RM: Quais grupos que você já participou?
Cezar Ribeiro: Fui professor e músico da Orquestra Escola Criarte, fui membro do naipe de violas da Orquestra Sinfônica de Betim, Orquestra do Núcleo de Acervos da UEMG que tocava música do período colonial mineiro e das antigas rádios de Minas Gerais. Fui criador do Duo que Move que levou música Instrumental para dentro dos transportes coletivo em Belo Horizonte, atualmente faço parte do Grupo Itamarã que trabalha as adaptações de música brasileira instrumental para viola de orquestra.
17) RM: Quais principais dificuldades de relacionamento que enfrentou em grupos?
Cezar Ribeiro: O artista em si, por trabalhar com arte que depende de estudo, esforço, dedicação, vivências, adquiri um ego um pouco acima do normal e isso as vezes pode gerar problemas de convivência.
18) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Cezar Ribeiro: A internet contribui muito no processo de divulgação dos trabalhos artísticos, mas as plataformas streaming pagam muito pouco pelos acessos.
19) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Cezar Ribeiro: Algumas das vantagens são: poder produzir os próprios trabalhos sem precisar de muitos investimentos financeiros; poder trabalhar produzindo os trabalhos de outras pessoas. Se o usuário souber utilizar bem o equipamento não vejo desvantagem.
20) RM: Como você analisa o cenário da música instrumental brasileira. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Cezar Ribeiro: Vejo que o cenário da música instrumental brasileira tem muitos nomes de relevância internacional como o Hermeto Pascoal, Yamandu Costa, entre outros.
Pode melhorar no sentido da popularização do consumo que é bem direcionado, mas a educação da população brasileira é mais voltada a música cantada, por ser mais fácil de entender a mensagem. A música instrumental é mais técnica, o discurso é instrumental, mais voltada a pessoas do meio.
Atualmente tenho acompanhado muito o trabalho dos violinistas Nicolas Krassik e Ricardo Herz, vejo eles como músicos bem versáteis pelo fato de conseguirem reproduzir a imensidão da música brasileira em seus violinos.
Não vejo como regressão dos artistas, as vezes o trabalho atende as expectativas do público, as vezes não, mas não quer dizer que perde a qualidade.
21) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?
Cezar Ribeiro: Uma vez fui tocar em um Studio Bar na cidade que moro com um grupo local. Um músico que estava visitando a cidade ligou o instrumento dele na nossa passagem de som. Até aí tudo bem.
Porém em um determinado momento da nossa apresentação ele voltou ao palco bêbado e no meio de uma música que estávamos tocando ele pegou seu violão aumentou bem alto e começou a tocar e cantar uma música nada a ver com o que estávamos apresentando.
22) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Cezar Ribeiro: O que me deixa feliz e ver o retorno positivo do público, quando tiramos sorrisos e lágrimas das pessoas. Fico satisfeito em poder tocar as músicas que gosto de ouvir dos compositores que fizeram e fazem parte da história da música brasileira. Triste fico quando um contratante não que pagar o preço do nosso trabalho.
23) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Cezar Ribeiro: Digo que é um caminho feliz, como todos, possuem seus desafios, mas é muito prazeroso quando fazemos com amor e dedicação.
24) RM: Quais os erros na metodologia do ensino musical?
Cezar Ribeiro: Em alguns contextos focam muito em leitura de partitura, repertório de músicas que não condiz com o nosso contexto.
25) RM: Apresente seu método para o ensino de Viola.
Cezar Ribeiro: Meu método de ensino de viola é baseado em métodos já utilizados nas academias, Mazas, Krewtzer, Kayser e busco sempre inserir músicas brasileiras adaptadas para o instrumento, como Choro, Valsa, Forró, etc e harmonia e improvisações…
26) RM: Quais os prós e contras em ser multi-instrumentista?
Cezar Ribeiro: Os prós é que ser multi-instrumentista possibilita ter um entendimento melhor de outros instrumentos, conhecer as possibilidades dos outros instrumentos ajuda a opinar em alguns aspectos interpretativos, facilita mostrar para algum outro músico alguma ideia musical de forma mais clara já direto no instrumento, dá mais opções de atuação em outros grupos musicais.
É importante saber estudar os instrumentos, dividir bem os horários, técnicas a serem estudadas. Buscar instrumentos da mesma família, também que possuem técnicas próximas que possam ser aproveitadas.
No meu caso dediquei um tempo ao violão e a guitarra que me ajudaram muito a desenvolver as habilidades da mão esquerda, independência dos dedos, formas de escalas, senso de afinação, interpretação, ideias para improvisar, depois quando fui estudar viola já não precisava tanto me preocupar com isso, foquei em adaptar esse conhecimento para viola, golpes de arco e na construção do repertório.
O bandolim possui uma afinação próxima da viola, sendo uma quinta acima, mas também em intervalos de quinta ascendente. Como já tinha uma técnica de mão direita aprimorada por causa da guitarra, facilitou desenvolver habilidades também nesse instrumento.
Os contras é que o tempo é curto, então mesmo que se tenha interesse em estudar mais de um instrumento, sempre teremos que dedicar mais a um do que em outro, mesmo dividindo bem os horários de estudos.
27) RM: Quais os seus projetos futuros?
Cezar Ribeiro: Meus projetos futuros são continuar fazendo as adaptações de músicas brasileiras Instrumentais para viola, seguir com os shows, gravar um álbum com essas adaptações e um álbum com composições autorais para viola de arco.
28) RM: Quais os seus contatos para os fãs?
Cezar Ribeiro: [email protected]
| https://www.instagram.com/cezar_viola
| https://www.instagram.com/grupoitamara
Canal: https://www.youtube.com/@cezar_viola