O violonista mineiro Celso Faria iniciou seus estudos musicais de maneira autodidata aos dez anos de idade. Em 1994, ingressou no “Curso de Formação Musical” da Escola de Música da UFMG, estudando violão na classe do professor José Lucena Vaz. Obteve o título de bacharel em música (habilitação em Violão) na mesma instituição, sob a orientação do professor Fernando Araújo.
É especialista em Música Brasileira (Práticas Interpretativas), pela Universidade do Estado de Minas Gerais e Mestre em Música (Performance Musical), pela Universidade Federal de Minas Gerais. Também foi aluno de violão de Beto Davezac, na Fundação de Educação Artística (Belo Horizonte) e de música de câmara de Norton Morozowicz, na UERJ, parceria UERJ/Universidade de Música de Karlsruhe – Alemanha (Rio de Janeiro).
Celso Faria obteve várias premiações, dentre elas: menção honrosa no “VII Concurso Nacional de Violão Souza Lima” (São Paulo, 1996), vencedor do “IX e XIV Concurso Jovens Solistas” da Escola de Música da UFMG (Belo Horizonte, 1998 e 2004, respectivamente), vencedor do “III e IV Concurso Jovem Músico BDMG” (Belo Horizonte, 2002 e 2003, respectivamente), vencedor do “Concurso Bianca Bianchi” (Curitiba, 2003), vencedor do concurso “Música da Universidade para a Comunidade” (Belo Horizonte, 2003), semifinalista do “I Concurso Furnas Geração Musical” (Belo Horizonte, 2004) e semifinalista do “II Concurso de Violão Fred Schneiter” (Rio de Janeiro, 2005).
Celso Faria possui destacada atuação como recitalista de violão solo, integrante em diversificadas formações camerísticas ou ainda como solista orquestral. O número de obras a ele dedicadas, encomendadas, transcritas ou arranjadas já supera 180 títulos.
Dentre os compositores que já lhe dedicaram obras, podemos destacar: Ricardo Tacuchian, Calimério Soares, Eustaquio Grilo, Lourival Silvestre, Alexandre Piló, Harry Crowl, Antonio Celso Ribeiro, Pauxy Gentil-Nunes, Marcos Lucas, José Orlando Alves, Alexandre Schubert, Marcelo Carneiro, Rodrigo Marconi, Jônatas Reis, Ronaldo Cadeu, Ivan Lyran, Paulo Dantas, Tiago Prado e Rafael Calaça. Já gravou diversos programas para rádio, televisão e internet, e foi responsável também por várias primeiras audições.
É o idealizador, produtor e apresentador do ciclo de entrevistas “O Charme do Violão Mineiro”, que é transmitido pelo seu canal do YouTube. Frequentemente é convidado para participar de festivais de música no Brasil.
Da produção fonográfica/audiovisual de Celso Faria, relacionamos os seguintes álbuns: Romancero Gitano, com o Coro Madrigale (selo independente, 2006); 100 anos de Arthur Bosmans (selo “Minas de Som”, 2011); Recital Mineiro – obras de Carlos Alberto Pinto Fonseca e Arthur Bosmans (selo independente, 2019), Manuscritos de Buenos Aires – Obras de Francisco Mignone, com o soprano Mônica Pedrosa e o violonista Fernando Araújo (selo “SESC-SP”, 2021), Radamés Gnattali – Sonatinas e Serestas, com a flautista Militza Franco e Souza e o pianista Mauricio Veloso (selo independente, 2022) e Le Miroir Invisible – Músicas para violão de Lourival Silvestre, com solistas de Minas Gerais (selo independente, 2023).
Além do DVD que acompanha o livro Caminhos, encruzilhadas e mistérios, de Turíbio Santos (selo “Artviva”, 2014). Foi condecorado com a medalha “300 Anos de Minas Gerais”, pelo Priorado dos Inconfidentes e a “Ordem do Mérito Legislativo”, pela Câmara Municipal de Passos – MG.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Celso Faria para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 06.05.2024:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Celso Faria: Nasci no dia 14 de fevereiro de 1979 em Passos – MG. Registrado como Celso Silveira Faria.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Celso Faria: Desde criança tenho fascínio por música, pelo som! Para a minha realidade à época, vivendo no interior do país, o primeiro gênero musical que tive contato foi o da canção popular. Lembro-me das que eram ouvidas na casa de meus pais e familiares: música sertaneja, jovem guarda, músicas de novelas e MPB. Lembro-me não só das letras ou melodias, mas também dos arranjos (instrumentais e vocais).
Até hoje sou capaz de cantarolar centenas, ou milhares de canções, nacionais e internacionais e, algumas dessas, quando as ouço (atualmente), me recordo de onde estava quando as escutei pela primeira vez. Sem dúvidas, o material sonoro foi, é, e acredito que continuará sendo muito impactante na minha vida!
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Celso Faria: Sou concertista de violão: estudei com José Lucena Vaz no Curso de Formação Musical da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte – MG); com Fernando Araújo no Curso de Graduação em Música (bacharelado em violão) na Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte – MG).
Fiz o Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” Música Brasileira: Práticas Interpretativas na Escola de Música da Universidade do Estado de Minas Gerais (Belo Horizonte – MG); Curso de Mestrado “Stricto Sensu” em Performance Musical na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte – MG); Curso de Extensão em Música na Universidade do Estado do Rio de Janeiro em parceria com a Universidade de Karlsrule (Alemanha), sob a orientação dos professores Norton Morozowicz e Fany Solter (Rio de Janeiro – RJ); Curso sobre “Música Renascentista e Barroca”, ministrado por Beto Davezac, na Fundação de Educação Artística (Belo Horizonte – MG).
Curso de Extensão “Vida e Obra de Villa-Lobos”, ministrado por Maurício Pereira, promovido pela Fundação Clóvis Salgado (Belo Horizonte – MG); Curso “O Timbre, agente ativo da estruturação da música do século XX”, ministrado por Didier Guingue, promovido pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte – MG).
Master-class de violão com o professor Fábio Monteiro (Brasil/Alemanha), promovida pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte – MG); Master-class de violão com o professor Marcus Llerena, promovida pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte – MG); Master-class de violão com o professor Fábio Zanon, promovida pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte – MG).
Master-class de violão com o professor Marcos Vinicius (Brasil/Itália), promovida pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte – MG); Master-class de violão com o professor Ivan Rijos (Porto Rico), promovida pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte – MG); Master-class de violão com o professor Thomas Patterson (Estados Unidos), promovida pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte – MG); Master-class de música de câmara com a professora Odette Ernest Dias (França/Brasil), promovida pela Fundação de Educação Artística (Belo Horizonte – MG); Master-class de música de câmara com a professora Neyde Thomas, promovida pela Fundação Clóvis Salgado (Belo Horizonte – MG).
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Celso Faria: Todas as influências que eu tive deixaram marcas, das mais diferentes maneiras – e isto é importante. Os cantores de música popular, os violonistas clássicos e os demais intérpretes da música de concerto.
Atualmente, penso muito no trabalho de alguns violonistas, aos quais fui apresentado ainda na minha infância/adolescência: Andrés Segovia, Julian Bream, Turíbio Santos, principalmente. Estes foram os primeiros que eu tive contato com parte de sua produção fonográfica, no início do meu estudo sistemático do violão e, as influências que eles deixaram em mim foram fundamentais para o direcionamento dos meus estudos, minha carreira, etc.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Celso Faria: De fato, só me envolvi com o violão quando me mudei (junto com minha família) para Belo Horizonte – MG – por volta dos dez anos de idade, no final da década de 1980. Havia métodos de violão na minha residência e, aos poucos, fui decifrando (sozinho) seus conteúdos.
Logo em seguida, aprendi, também sozinho, a ler partitura e a ler notação musical no violão. A partir daí, fui tomando gosto, me aprofundando no universo da música de concerto e, mais especificamente, do violão, assistindo apresentações, master-classes, até que, no dia 28 de janeiro de 1994, fiz minha primeira apresentação pública – e já se vão 30 anos!
06) RM: Quantos CDs lançados? Cite alguns CDs que já participou como violonista?
Celso Faria: Gravação para selo independente do CD “Romancero Gitano, op. 152”, de Mário Castelnuvo – Tedesco, para coro e violão com o Coro Madrigale, realizado ao vivo na Sala Sérgio Magnani (Fundação de Educação Artística), no dia 25 de junho de 2006, Belo Horizonte – MG.
Gravação para o selo Minas de Som, da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais do CD “100 anos de Arthur Bosmans”, Belo Horizonte, 2011.
Participação no DVD que acompanha o livro “Caminhos, encruzilhadas e mistérios”, de Turíbio Santos. Artviva Editora, Rio de Janeiro, 2014.
Gravação para selo independente do CD “Recital Mineiro – obras de Carlos Alberto Pinto Fonseca e Arthur Bosmans”, Belo Horizonte, 2019.
Gravação para o selo SESC São Paulo do CD “Manuscritos de Buenos Aires”, com o soprano Mônica Pedrosa e o violonista Fernando Araújo, São Paulo, 2021.
Gravação para selo independente do CD “Radamés Gnattali – Sonatinas e Serestas”, com a flautista Militza Franco e Souza e o pianista Maurício Veloso, Belo Horizonte, 2022.
Gravação para selo independente do CD “Le Miroir Invisible – Músicas para Violão de Lourival Silvestre”, com solistas de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2023.
07) RM: Como você define o seu estilo musical?
Celso Faria: Música de concerto.
08) RM: Como é o seu processo de compor?
Celso Faria: Sou intérprete de música de concerto, não sou compositor.
09) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Celso Faria: Prós: autonomia para criar e executar projetos que representam mais as nossas concepções artísticas, quer seja na vertente solo, em grupos camerísticos, ou ainda no contexto de solista orquestral.
Contras: abraçar vários trabalhos simultaneamente, sacrificando, assim, certos momentos de lazer em prol do desempenho positivo junto a todos os projetos.
10) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Celso Faria: Procuro planejar bem o estudo. Em grande parte, este planejamento das obras que serão executadas vem da ordem das demandas. Desta forma, preparo o repertório que é a “bola da vez”.
Agora, independente dessas demandas, eu procuro manter uma rotina de estudos que contempla determinadas abordagens de técnica instrumental, bem como o estudo de obras de diferentes períodos estilísticos. Encaro esta rotina como um treinamento de atleta, para estar “em dia” com as demandas instrumentais/musicais. Obviamente, este estudo auxilia, e muito, no momento da performance no palco.
11) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Celso Faria: Como um intérprete de violão, ligado à música de concerto, procuro diversificar minhas ações em três nichos: Tenho um repertório de violão solo que contempla vários períodos estilísticos e, por consequência, vários compositores. Sempre procuro fazer música de câmara – prática que considero essencial para todo musicista, principalmente para os que executam o violão (que é um instrumento que atua, na maioria das vezes, sozinho). Também realizo solos frente a orquestras.
12) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?
Celso Faria: Acredito que a internet só ajuda. Vou citar dois exemplos: Faço a divulgação dos meus trabalhos (recitais, concertos, entrevistas e postagens diversas) pelas redes. A utilizo para estreitar contatos de alguns músicos que, de outra forma, seria bem mais difícil.
13) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Celso Faria: Acredito que hoje em dia a grande questão não seja mais em gravar, e sim, a distribuição de conteúdo, mostrar seu trabalho. Como bem colocado na pergunta, antigamente, gravar um álbum, fonograficamente, era muito difícil. As empresas possuíam um departamento de divulgação e distribuição muito eficiente – algumas contavam com escritórios em diferentes países para melhor atender ao mercado local.
Hoje em dia, além de gravar, o artista também faz o papel de divulgador e isto é muito complicado. Não basta ter o produto, o público tem que saber onde está este produto! Eu procuro estar em contato com diversos músicos e mostrar, a eles, meus trabalhos. Desta forma, novas possibilidades de trabalho vão surgindo.
14) RM: Como você analisa o cenário da música instrumental no Brasil. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Celso Faria: O cenário da música instrumental brasileira é muito positivo. A todo momento, nos deparamos com novos talentos e parcerias interessantes revelando, por exemplo, novas sonoridades ou releituras de standards. Não gostaria de citar nomes pois, com certeza, iria injustamente deixar alguém de fora.
15) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Celso Faria: Vou puxar a “brasa” para os violonistas brasileiros: Turíbio Santos, Sérgio, Eduardo Abreu, Fábio Zanon, Sérgio e Odair Assad, Edelton e Everton Gloeden.
16) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?
Celso Faria: Vou relatar uma: determinada vez, fui convocado para ir a um teatro. Chegando lá, observei que estavam todos ensaiando uma grande obra. Quando me viu, o maestro disse: “sente aí, nesta obra tem um solo de violão. Fulano, vá buscar a partitura para ele tocar”. Sentei, esperei a minha entrada e toquei! Nem preciso dizer que foi um sufoco, mas deu certo.
17) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Celso Faria: O que me deixa feliz são as realizações: concertos; palestras, CDs, DVDs, interação com os músicos e o público, etc. Por outra parte, eu procuro aprender com o que não saiu da melhor forma possível, melhorar e “bola pra frente”!
18) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Celso Faria: Se você gosta e acredita muito… faça! Agora, toda atividade, artística ou não, irá apresentar dificuldades. Esteja preparado, também, para estes percalços.
19) RM: Quais os violonistas que você admira?
Celso Faria: Andrés Segovia, Julian Bream, John Williams, A Família Romero, Ida Preti e Alexandre Lagoya, Turíbio Santos, Sérgio e Eduardo Abreu, Eduardo Fernandez, Manuel Barrueco, David Roussel, Sérgio e Odair Assad, Edelton e Everton Gloeden e Fábio Zanon.
20) RM: Quais os compositores eruditos que você admira?
Celso Faria: Para valorizar a produção brasileira, gostaria de citar: Heitor Villa-Lobos, Mozart Camargo Guarnieri, Oscar Lorenzo Fernandez, Francisco Mignone, José Antônio de Almeida Prado, Edino Krieger, Radamés Gnattali, Marlos Nobre, Cláudio Santoro, César Guerra-Peixe, Ronaldo Miranda, Edmundo Villani-Côrtes, Ricardo Tacuchian, Calimério Soares, Eustaquio Grilo, Lourival Silvestre, Ernani Aguiar, Oiliam Lanna, Nelson Salomé, Alexandre Piló, Harry Crowl, Antonio Celso Ribeiro, Marcos Lucas, Pauxy Gentil-Nunes, Alexandre Schubert, Marcelo Carneiro, José Orlando Alves, Rodrigo Marconi, Ronaldo Cadeu, Jônatas Reis, Ivan lyran, Tiago Prado, Rafael Calaça, Paulo Dantas, Dimitri Cervo, Leonardo Martinelli e Marcus Siqueira.
21) RM: Quais os compositores populares que você admira?
Celso Faria: Vou privilegiar, nesta lista, os mineiros: Ary Barroso, Luiz Cláudio, Milton Nascimento, Beto Guedes, Lô Borges, Toninho Horta, Wagner Tiso, João Bosco, Tunai, Flávio Venturini, Edinho Santa Cruz e Marcus Viana.
22) RM: Quais os compositores da Bossa Nova você admira?
Celso Faria: Tom Jobim e Carlos Lyra.
23) RM: Apresente sua metodologia de ensino do Violão e seus métodos.
Celso Faria: No momento, não estou lecionando violão.
24) RM: Quais as diferenças técnicas entre o Violão Erudito e Popular?
Celso Faria: Esta é uma pergunta muito complicada de ser respondida. Não há uma separação clara, oito ou oitenta. Há sim, diversas correntes coexistindo, e estas aproximam e afastam os universos dos “dois violões”. Por exemplo: há violonistas populares que possuem uma técnica esmerada, construída sobre pilares sólidos do violão erudito (como o estudo sistemático da mão esquerda, por exemplo).
Por outro lado, observamos instrumentistas, ligados ao violão popular, que buscam outros caminhos e não possuem este “cuidado” – isto acaba fazendo parte da linguagem desenvolvida por ele. Ambos têm seu valor. Da mesma forma, observamos violonistas eruditos que abrem mão de uma escola ortodoxa para executarem determinado repertório. Este é um assunto que “dá pano pra manga”!
25) RM: Quais as principais técnicas que o aluno deve dominar para se tornar um bom Violonista?
Celso Faria: O aluno deve dominar o máximo possível de procedimentos de técnica instrumental para se tornar um executante “mais completo”. Para mim, somente um pleno entendimento de diferentes abordagens composicionais, bem como sua realização, com uma proposição de dedilhado convincente, fluida e condizente com aspectos estéticos, inerentes à obra em questão, irão apontar para performance mais orientada e quiçá, melhor. Isto poderá fazer do aluno um bom violonista.
26) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?
Celso Faria: Falta de objetivos claros. Às vezes, observo que há falhas na construção de um plano para o desenvolvimento orgânico, musical e instrumental, para cada aluno – especificamente. Acredito que o professor deve identificar o que cada aluno almeja e, desta forma, acrescentar (conhecimentos) e direcionar (sua formação). Agora, por parte do aluno, ele deve acreditar na capacidade do seu professor e abraçar, indubitavelmente, este projeto!
27) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Celso Faria: Não saberia responder tal pergunta.
28) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical? Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical? Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Celso Faria: Não tenho conhecimento sobre este assunto.
29) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Celso Faria: Só vejo aspectos positivos no estudo de harmonia. Vou citar dois: É fundamental para o pleno entendimento do desenvolvimento da linguagem musical ocidental. Seu pleno entendimento pode oferecer alicerces para a construção de uma proposta interpretativa.
30) RM: Quais os prós e contras de ser multi-instrumentista?
Celso Faria: Sou um intérprete de violão de concerto, então não sei dizer – uma vez que me dedico integralmente a este instrumento.
31) RM: Apresente seu trabalho de mestrado.
Celso Faria: “A Collection Turíbio Santos – o intérprete/editor e o desafio na construção de um novo repertório brasileiro para violão”. Conjunto de onze obras para violão solo encomendadas, executadas em primeira audição mundial e editadas por Turíbio Santos na Max Eschig (mesma casa francesa que editou músicas de Heitor Villa-Lobos). Algumas destas obras, escritas nas décadas de 1970 e 1980 foram registradas fonograficamente por ele. Os compositores em questão são: Marlos Nobre, Edino Krieger, José Antônio de Almeida Prado, Claúdio Santoro, Francisco Mignone, Ricardo Tacuchian e Radamés Gnattali.
Após uma apresentação do Turíbio Santos intérprete e editor, procurei demonstrar o momento das referidas encomendas e relacionar o trabalho de Turíbio com o realizado por Andrés Segovia e Julian Bream.
Em seguida, fiz comentários sobre cada uma das músicas (duração, linguagem, ano de composição, data e local de estreia, etc.) e falei, mais detalhadamente, sobre a figura do intérprete/editor na história da música de concerto ocidental.
Por fim, procurei identificar o motivo de algumas obras terem tido recepção mais positiva que outras e figurarem, ainda hoje, no repertório do instrumento.
32) RM: Quais os seus projetos futuros?
Celso Faria: Um dos meus principais projetos em 2024 é o lançamento da biografia “O violão mágico de José Augusto de Freitas”, escrita a quatro mãos com Jorge Mello, que será lançada em diversas cidades brasileiras.
33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Celso Faria: [email protected]
| https://www.instagram.com/celsofariaoficial
Canal: https://www.youtube.com/@celsofaria4914
O Charme do Violão Mineiro – Entrevista 25 – Eustaquio Grilo: https://www.youtube.com/watch?v=BdTXpaKP6eM
O Charme do Violão Mineiro – Entrevista 36 – Antonio Justino Ribeiro: https://www.youtube.com/watch?v=XFFKs3AXdzo
O Charme do Violão Mineiro – Entrevista 35 – Celso Moreira: https://www.youtube.com/watch?v=Cq04Ixleye8
O Charme do Violão Mineiro – Entrevista 38 – Eduardo Campolina: https://www.youtube.com/watch?v=f4Psd0i6cMc