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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Celia e Celma

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As cantoras, compositoras, educadoras e atrizes mineiras Celia e Celma que são irmãs gêmeas e foram influenciadas pelo pai, Celidonio Mazzei, que antes de se tornar um renomado fotógrafo da região, tocava Bombardino na banda de rua local.

Celia e Celma aos cinco anos de idade encararam o público pela primeira vez, em um concurso promovido por um circo armado na cidade. Levaram o primeiro lugar, cantando em dueto – e em italiano – a música “babbo non vuole”. O pai delas sempre as ensinou as canções de sua saudosa Itália.  Na Rádio Educadora, no programa “A Hora do Guri”, as pequenas cantoras se tornaram a grande atração, cantando ao vivo os “jingles” do refrigerante local, o “Abacatinho”.

Cresceram em uma família numerosa – com mais nove irmãos – em uma casa com um grande quintal. Mas, a grande aventura era subir nas árvores do pomar vizinho; da família do compositor Ary Barroso, para “pegar” as frutas. Com o barro, no quintal, gostavam de fazer fogão e panelinhas, brincando de cozinhar; ainda no terreiro, montavam os cenários dos teatros que elas criávamos e se “exibiam” para os amiguinhos. E com ingresso pago! Essas apresentações e as novelas na Rádio foram as suas primeiras experiências como atrizes.  Em virtude da formação religiosa que receberam, participavam ativamente das encenações litúrgicas, do coro da igreja – cantando inclusive em latim – e do coral do Colégio Sacrè-Coeur de Marie, onde estudaram e se formaram professoras. Nos intervalos das aulas, elas criaram o grupo instrumental “Garotas”, sucesso em toda a região. Celma tocava Contrabaixo acústico e percussão; Celia, bateria, tendo aulas em Juiz de Fora – MG com Miltinho, que fez parte do Quinteto Onze e Meia no programa do Jô Soares.

No colégio, com as freiras francesas e com a mãe, que era habilidosa na costura, aprenderam o bordado, o “rabo-de-gato” e outras artes. Do artesanato popular, a confeccionar bruxinhas de pano, petecas de palha de milho, papagaios (pipas) de papel de seda, os presépios de Natal.

Desde meninas, acompanhavam as manifestações folclóricas de Ubá – MG e arredores. Eram as Folias de Reis e do Divino, os Congados – estes, até hoje em atividade e com nossa presença, quando possível. Nas festas populares, elas dançavam quadrilha no mês junino, observando os calangueiros e os tocadores de cateretê nos bailes da roça. Aprenderam os passos do catira e reproduziam o desenho sonoro dos instrumentos de percussão típicos dessas festas. Desse convívio com o povo, recolheram algumas relíquias da literatura oral, como advinhas, lendas e “causos” do imaginário popular.  Um costume que havia na região era falar “de-trás-pra-frente”. Consiste em inverter as sílabas das palavras. Até hoje elas se divertem conversando uma com a outra assim e até cantamos algumas canções conhecidas nessa “língua”.

Elas deixaram a cidade natal Ubá para continuarem os estudos no Rio de Janeiro. E pelo Instituto Villa-Lobos, elas concluíram o curso de Licenciatura Musical. O catedrático de folclore, Edison Carneiro, foi quem as despertou para o conhecimento mais profundo do folclore brasileiro. Depois de formadas, chegaram a lecionar música para turmas de ensino médio, no Rio de Janeiro.

Mesmo longe de minas gerais, elas souberam conservar todo o conhecimento adquirido na infância e adolescência. E até hoje, sempre visitam o estado natal, quando aproveitam para pesquisar e registrar as riquezas folclóricas que ainda resistem por lá, além das raízes de nossa música popular e regional, transformando aos poucos esse acervo cultural em produtos de consumo.  Outro tesouro que elas receberam foi o contato diário com a arte culinária. A mãe delas cozinhava em fogão a lenha, em pesadas panelas de pedra, ritual que elas repetem até hoje fazendo comidas típicas mineiras.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Celia e Celma para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistadas por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 06.11.2017:

01) RM: Qual a data de nascimento de vocês e cidade natal?

Celia e Celma: Somos gêmeas, nascidas com três horas de diferença uma da outra no dia 2 de novembro … em Ubá – Minas Gerais.

02) RM: Fale do primeiro contato de vocês com a música.

Celia e Celma: Em casa, a família ouvia pelo grande rádio que ficava sobre a cristaleira da sala, os programas musicais da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro. Nosso pai, italiano, constantemente punha pra rodar, na eletrola da casa (Vitrola), seus discos de óperas; nossas irmãs mais velhas gostavam de cantar os sucessos radiofônicos e as marchinhas carnavalescas do ano. Assim, a música esteve sempre presente em nossas vidas, desde crianças.

03) RM: Qual a formação musical de vocês?

Celia e Celma: Licenciatura em Música, pelo Instituto Villa-Lobos, do Rio de Janeiro. Estudamos também violão, sanfona e percussão.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Celia e Celma: Sempre tivemos ouvidos abertos para a música, do samba de raiz à bossa-nova, a regional, a folclórica e a caipira. Os cânticos sacros também foram importantes em nossa vida. Quando começamos a carreira cantando em bailes e depois em boates, fazia parte do abrangente e diversificado repertório, a música estrangeira: standars americanos, românticas italianas, canções francesas, boleros. As que deixaram de ter importância, não se fixaram em nossas memórias.

05) RM : Quando, como e onde vocês começaram a carreira musical?

Celia e Celma: Nossa história artística começou no Rio de Janeiro, no final dos anos de 1960. Fomos contratadas como cantoras e humoristas para um programa de muito sucesso na época, o Moacyr Franco Show, na TV Tupi; éramos as Gêmeas Bond e dali o Moacyr nos levou para a TV Globo. Depois, muitas portas se abriram: fizemos shows com Miele e Lennie Dale, acompanhadas pelo Som Psicodélico de Luiz Carlos Vinhas e participamos do célebre movimento da Pilantragem, com a Turma da Pesada – de Carlos Imperial, cantamos em orquestras de baile, boates que fizeram história, no Rio de Janeiro e em São Paulo, temporadas de shows com grandes nomes da música brasileira, como Cauby Peixoto, Emílio Santiago, Wilson Simonal, shows e gravações fora do Brasil, temporada no Japão, enfim, uma carreira bem movimentada.

06) RM :  Quantos CDs lançados, quais os anos de lançamento (quais os músicos que participaram nas gravações)?

Celia e Celma: Acabamos de lançar o 15º disco, o “Canto com C”, com um repertório focado na cultura popular das cinco regiões do Brasil. A ilustração é do grande artista Ziraldo e a arte gráfica do criativo Arthur Fajardo. O CD recebeu 4 indicações ao Grammy Latino 2017.

Começamos na época dos Long Play (LP) e Compactos e posteriormente passamos para os CDs. Desde o início da vida musical, estivemos sempre muito bem acompanhadas por excelentes músicos, não só em gravações como em shows, espetáculos teatrais, casas noturnas, programas de TV. Vamos citar alguns de grande importância em nossa carreira: o clarinetista Abel Ferreira, seu filho, o violonista e maestro Leonardo Bruno, os pianistas Luiz Carlos Vinhas, Pedrinho Mattar e Aluízio Pontes, os trombonistas Ed Maciel e Raul de Barros, o guitarrista Lanny Gordin, o percussionista Chacal, o baterista Bituca, o saxofonista Zé Carlos Bigorna e maestros como Orlando Silveira, Ivan Paulo, Daniel Salinas; importante citar os violonistas Geraldo Vianna e Edmilson Capelupi, arranjadores e diretores musicais dos dois CDs mais recentes.

07) RM :  Qual o perfil musical de cada CD? E quais as músicas que entraram no gosto do seu público?

Celia e Celma: Também diversificamos bastante no repertório dos discos e dos shows, sempre voltados ao resgate de nossas tradições culturais, um pé no passado, com o olhar no futuro. Dos últimos CDs, destacamos “Caipirarte”, composto de clássicos da música de raiz, com a participação de seus compositores, como João Pacífico, Mário Zan, Lourival dos Santos. Temos muito orgulho do “Ary Mineiro”, revelando a alma interiorana de nosso ilustre conterrâneo, Ary Barroso, autor do hino nacional popular brasileiro, “Aquarela do Brasil”; “Brasil na Mesma Toada” viaja por esse ritmo tão presente em nosso país, a toada – e suas variantes. Outro resgate é o “Receitas Cantadas”, que foi lançado como complemento do livro de receitas Do Jeitinho de Minas, este, premiado na China como um dos mais importantes da culinária regional do mundo, no ano de 2007. Ainda citamos “Lembrai-vos das Procissões e Devoções de Minas”, resgatando a música sacra da época em que vivíamos no interior de Minas Gerais e participávamos intensamente das solenidades da igreja, cantando ou simplesmente acompanhando de perto.

Agora, “O Canto Com C” que condensa em 14 faixas o resultado de nossas viagens para dentro do Brasil, em anos de pesquisa, aprendendo com esse nosso povo que tão bem sabe demonstrar sua arte. É um CD que nos dá muitas alegrias, até porque seu lançamento coincide com as cinco décadas de nosso trabalho em prol da cultura brasileira.

08) RM: Como definir o estilo musical de vocês?

Celia e Celma: Cantoras de MBB, ou seja, Música Bem Brasileira, mas também pode ser Música Boa Brasileira…

09) RM: Vocês estudaram técnica vocal?

Celia e Celma: Sim, na faculdade e posteriormente com Eliane Karan, nos anos de 1990, uma excelente professora que aumentou nossas possibilidades vocais. E nos anos 2000, fizemos aulas com Regina Machado, outra craque no assunto. Mas, acima da técnica vocal, o importante é manter as cordas vocais saudáveis e para isso, somos muito cuidadosas, nada de tomar gelados ou ficar ao sereno (risos).

10) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Celia e Celma: as cordas vocais, chamadas pregas vocais, se não se exercitam, ficam frouxas, como qualquer estrutura muscular do nosso organismo. Daí a importância da “ginástica” vocal, ou seja, de exercícios apropriados. Os cuidados básicos como não fumar, evitar gelados e álcool em excesso, mantêm a longevidade vocal. Usar corretamente a voz até para falar. E cantar sempre, é bom para a voz e para a alma!

11) RM: Quais as cantoras(es) que vocês admiram?

Celia e Celma: Temos o gosto parecido. E sendo famosos (as) ou não, gostamos de quem canta bem, com a voz nos trilhos e de timbre agradável, sendo fundamental que o intérprete nos emocione. Sem emoção, nada feito. Felizmente, para nossos ouvidos exigentes, a lista de bons é grande, tanto no Brasil, como fora dele. Dos mais antigos, citamos Cauby Peixoto, Wilson Simonal, Jamelão, Frank Sinatra (nosso ídolo), Luciano Pavarotti, Pery Ribeiro, Milton Nascimento, Dory Caymmi, as “canárias” Núbia Lafayete, Lenny Andrade, Elis Regina, Edith Piaff. Depois veio Renato Braz, Cássia Eller, Zelia Duncan, Fabiana Cozza, Vanessa da Mata e mais Liniker, Ana Cañas, Felipe Cato, Tulipa Ruiz, Laila Garin… O Brasil sempre foi rico em talentos.

12) RM : Como é o processo de compor de vocês?

Celia e Celma: De acordo com a necessidade (risos). Na verdade, só estamos compondo mais intensamente de alguns anos pra cá, vivemos nos devendo…

13) RM : Quais são os principais parceiros de composição de vocês?

Celia e Celma: Há anos, fizemos uma música com João Roberto Kelly, o rei das marchinhas de carnaval e temos uma parceria com o mineiro Tino Gomes, nas receitas cantadas tivemos como parceiro o ótimo Sérgio Turcão, compusemos recentemente com os talentosos Inimar dos Reis e Papete (já falecido).

14) RM : Quem já gravou as músicas vocês?

Celia e Celma: Nunca mostramos nossas músicas, sempre compusemos para gravarmos.

15) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Celia e Celma: Sem dúvida seria mais confortável e produtivo ter quem cuidasse de nossa carreira. Há momentos em que ficamos sobrecarregadas, dividindo o tempo entre os preparativos dos shows, figurinos, ensaios, o trabalho de gravação e divulgação dos CDs, além da indispensável atenção à vida pessoal: família, casa, academia, fazer comidinha boa e muito mais… Hoje, é para poucos uma equipe com direção, produção, divulgação, diferentemente de quando começamos a carreira que tínhamos uma gravadora e um empresário cuidando do que hoje tentamos fazer praticamente sozinhas. O fato é que as coisas mudaram, desde o encolhimento do número de gravadoras até o investimento delas em um elenco expressivo de artistas. A Angélica Tobias, nossa produtora, cuida de vários cantores-músicos e mesmo que queira, não há como dar conta de tudo que se faz necessário. A vantagem de ter de se virar sem uma entourage (grupo de indivíduos que forma a roda habitual de alguém) é que damos as cartas, conduzindo a carreira sem perder o foco dos nossos objetivos.

16) RM: Quais as estratégias de planejamento da carreira musical dentro e fora do palco?

Celia e Celma: Na parte de registro musical (CDs) temos planejado um disco a cada quatro anos, principalmente porque nosso trabalho é resultado de intensa pesquisa, incluindo várias viagens para esse fim; posteriormente vem todo o processo de transformar essa pesquisa em produto. O palco é o espaço que apresentamos o produto finalizado e temos o maior respeito por ele e pelo público que vai nos assistir. Atualmente estamos também voltadas para o programa semanal que temos no youtube, que nos consome uma boa parte do tempo.

17) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da carreira musical?

Celia e Celma: Não nos prejudica, só tem nos ajudado, ampliando o número de nossos seguidores. Acreditamos que ainda será nossa grande aliada na divulgação e no reconhecimento de nossa imagem, esse é o caminho natural no mundo digital.

18) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso a tecnologia  de gravação (home estúdio)?

Celia e Celma: Tem muito “bicão” achando que é cantor (risos). Esse é o grande problema, qualquer um pode gravar um CD. E montar um estúdio hoje não é difícil. Em contrapartida, é o meio mais eficiente de se conhecer algum talento que de outra forma teria poucas chances de se mostrar.

19) RM : No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que vocês fazem efetivamente para se diferenciarem dentro do seu nicho musical?

Celia e Celma: O fato de sermos as gêmeas com maior tempo de carreira, já é um diferencial, até estamos pensando em nos inscrever no Guinessbook (risos). Mas, falando sério, como diversificamos a carreira entre CDs, livros e também como atrizes, apresentadoras e humoristas. Vamos nos divertindo e, apesar das dificuldades, nos mantendo de pé, sempre procurando nos atualizar, para que os muitos anos de vida não constituam empecilhos em nosso trabalho e sim que sejam um ponto a favor…

20) RM : Como vocês analisam o cenário da música Sertaneja. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Celia e Celma: Já estivemos dentro desse segmento quando fomos as personagens Luminada e Luminosa, na novela Ana Raio e Zé Trovão, mas, definitivamente, não estamos enquadradas na categoria dupla sertaneja. O fato é que basta dois cantarem juntos para serem classificados como tal. A dita sertaneja, cujo nome mais apropriado seria música romântica, essa que domina o mercado, tem se mantido como a vertente mais vendável dos últimos tempos. Há prós e contras: prós é que muitos artistas conseguem se sobressair e viver (bem) com o que esse nicho lhes proporciona, em shows e venda de seus produtos, geralmente muito bem produzidos. Contudo, as cópias das cópias das cópias das duplas famosas, estão em cada esquina. É preciso inovar mais e anda difícil, num primeiro momento, distinguir as cópias do original. Outro fator que nos incomoda é que muitas das letras e das melodias que gravam, são apenas passáveis… Enfim, como estamos distantes desse meio, melhor não arriscarmos palpites sobre as revelações musicais e os que permanecem ou os que regrediram.

21) RM : Qual ou quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Celia e Celma: São muitos e essa turma está cada vez mais focada na carreira. Já houve época em que se aceitava músico/artista que vivia aprontando, chegando atrasado aos compromissos ou mesmo faltando, mas, atualmente poucos são antiprofissionais. A concorrência é grande e quem apronta é logo excluído do cenário artístico.

22) RM : Quais as situações mais inusitadas aconteceram na carreira musical de vocês?

Celia e Celma: Carreira longa, logo, muitas histórias. Os “ossos do ofício”, né? Já cantamos até com garrucha apontada, no interior de Pernambuco, pois um sujeito queria que cantássemos outro tipo de música, do agrado dele. Cantar sem ver a cor do cachê, várias vezes. Uma vez, Celia tropeçou no fio do microfone de um apresentador, o pedestal caiu com força na boca dele e quebrando dois dentes da frente. Cantamos debaixo de chuva, com fome, sem microfones ou instrumentos adequados. E já recebendo cantadas, tudo isso e mais… Mas, sempre levamos tudo numa boa, fazer o que. O mais difícil foi fazer um show no dia do falecimento de um querido irmão.

23) RM : O que lhes deixam mais felizes e mais tristes na carreira musical?

Celia e Celma: Feliz, nós ficamos quando existe reconhecimento do nosso trabalho, seja dos meios de comunicação, dos locais que nos convidam para apresentações e, o mais importante, do público. Triste é a indiferença…

24) RM : O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Celia e Celma: Estude bastante, ouça bons cantores e músicos, procure manter foco na carreira, esteja atento aos movimentos musicais, tenha personalidade artística e nada de atitudes antiprofissionais.

25) RM : Quais os prós e contras de serem gêmeas e trabalharem juntas?

Celia e Celma: Não há contras.

26) RM : Quais os prós e contras de trabalhar com a música folclórica?

Celia e Celma: O país, infelizmente, não dá a devida importância às suas tradições, elas são as nossas heranças culturais. Mas isso se deve muito à ausência de investimentos em Educação e ainda preconceito em relação a esse tipo de manifestação artística, pois quem a expressa é a gente simples do povo. Assim, quem escolhe esse segmento, como nós, sabemos que tem de remar contra a maré. O importante é que estamos fazendo a nossa parte, e felizes com isso.

27) RM : Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Celia e Celma: A questão não é apenas o jabá, é que poucas rádios mantêm em sua programação músicas de boa qualidade, pois a maioria está comprometida com a música comercial da indústria fonográfica e não sobra espaço pra quem não faz parte desse esquema.

28) RM : Quais os prós e contras do Festival de Música?

Celia e Celma: São muito importantes, deveriam ser mais divulgados.

29) RM : Na sua opinião, hoje os Festivais de Música ainda são relevantes  para revelar novos talentos?

Celia e Celma: Sim, artistas como Zeca Baleiro e Chico César, vieram daí…

30) RM : Como você analisa a cobertura feita pela mídia da cena musical brasileira?

Celia e Celma: É complicado um artista ter acesso aos meios de comunicação de massa sem o investimento em uma boa divulgação, a maioria das vezes bancada por ele mesmo, na contratação de um profissional da área; assim, isolado, seu trabalho pode ficar desconhecido para uma fatia considerável do público.

31) RM : Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical em São Paulo?

Celia e Celma: De grande valor, há anos nos servimos desses espaços para a apresentação do repertório de nossos CDs.

32) RM : O circuito de Bar nos Bairros Vila Madalena, Vila Mariana, Pinheiros, Perdizes e adjacência ainda é uma boa opção de trabalho para os músicos?

Celia e Celma: Tudo o que estiver disponível para a divulgação da boa música e de bons artistas, é bem vindo.

33) RM : Quais os seus projetos futuros?

Celia e Celma: Agora, a divulgação do CD – “Canto com C”.  Esperamos que muitas portas se abram para esse trabalho. Também estamos investindo em um novo site e no nosso canal do YouTube. Convidamos você que nos lê, a conhecer nossa nova performance na internet com programas semanais. Você pode conferir as histórias que vivemos – e são tantas!- e a cultura abordada de uma maneira bem leve. Os vídeos inéditos do programa sobem toda quinta, às 18:45. Busque no YouTube: Celia e Celma. Esperamos que você que nos lê curta e se inscreva no canal!

34) RM : Quais seus contatos para show e para os fãs?

Celia e Celma: Shows com Angel Artes Produções (11) 2589-6000 (Angélica Tobias) | [email protected] | http://www.celiaecelma.com.br/


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.