More Carol Seixas »"/>More Carol Seixas »" /> Carol Seixas - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Carol Seixas

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A cantora, compositora, poeta e educadora paulista Carol Seixas canta no bloco afro Ilú Obá de Min, no Samba da Loba e em projetos autorais.

Tem dois singles lançados com produção independente. Vencedora do Festival de Música de Jandira (SP), com sua composição “Afinei minha pele”, em parceria com Nenê Cintra.

Recebeu moção de aplauso da Câmara dos Vereadores de Osasco, pela relevância de sua obra. É professora da Escola de Artes de Osasco, atuando com cantos femininos, para o autoconhecimento.

É idealizadora e produtora do show Minha Negra CorAge(m), no qual executa repertório de mulheres negras brasileiras e suas narrativas.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Carol Seixas para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 23.08.2024:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Carol Seixas: Nasci no dia 18/03/86 em Osasco (SP). Registrada como Caroline Seixas.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Carol Seixas: Comecei a cantar com cerca de oito anos de idade na igreja evangélica que minha vó frequentava. Nessa época, passei a cantar em eventos escolares em diversos momentos até terminar o ensino médio. Não tive formação musical na infância e adolescência, apenas a experiência. Comecei a estudar música depois de adulta.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Carol Seixas: Tenho mestrado em Educação, bacharelado e licenciatura em Letras.

Na área musical fiz uma série de cursos livres, como canto popular (Conservatório Vila Lobos de Osasco), Técnica Vocal (no Coral da USP), violão popular (na escola de música Saraiva e Tangary), piano complementar (na Emesp), participei da Camerata Caipira (na Emesp), já fui aluna da cantora Na Ozzetti (na escola Canto do Brasil), entre outros contextos.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Carol Seixas: Já tive muita influência de Bossa Nova, que hoje perdeu a importância, devido ao contexto social e racial de seu surgimento. Minhas influências maiores hoje tendem ao resgate das raízes negras na música brasileira, como o reggae nacional, mulheres no samba: Dona Ivone Lara, Leci Brandão, Elza Soares, etc.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Carol Seixas: Comecei a me apresentar profissionalmente cantando no Coral da USP em 2008.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Carol Seixas: Nenhum álbum lançado, apenas single, dois singles: Só pra Começar; Mesmo Se.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Carol Seixas: MPB.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Carol Seixas: Sim, no Coral da USP, no Conservatório Villa Lobos e com a cantora Ná Ozzetti. 

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Carol Seixas: Fundamental para que possamos atingir aquilo que queremos sem sermos reféns do nosso estado muscular e emocional. O cuidado com a voz é importante porque a voz é nosso instrumento.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Carol Seixas: Elis Regina, Elizete Cardoso, Clara Nunes, Dona Ivone Lara.

11) RM: Como é seu processo de compor?

Carol Seixas: Fico experimentando as notas, depois pego de novo, mudo um pouco e aí vai. As letras vêm com mais facilidade, geralmente faço em poucos minutos.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Carol Seixas: Nenê Cintra.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Carol Seixas: Não consigo enxergar muitos prós nesse momento. Os contras são o excesso de trabalho que acabam nos afastando do estudo e da composição. 

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Carol Seixas: Fico atenta aos editais e oportunidades de me apresentar, entro em contato e me apresento. Estudo música, mas também estudo empreendedorismo, marketing etc.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Carol Seixas: Tenho um CNPJ regular, escrevo para editais, tenho uma carteira de contatos, invisto em cursos e dedico meu tempo a isso. 

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Carol Seixas: Me ajuda a aparecer para mais pessoas e prejudica me deixando ansiosa e me fazendo comparar com outras artistas. 

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Carol Seixas: Nunca gravei em home estúdio, não posso opinar sobre isso.

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Carol Seixas: Procuro estudar e acompanhar as tendências, para escolher aquelas em que me encaixo. Não posso mudar minha essência, porque isso não seria justo com a pessoa que eu sou. Acredito que já sou diferente, simplesmente pela minha história de vida e meu jeito de cantar.

19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileira. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Carol Seixas: Tenho observado muito a evolução das mulheres negras dentro do cenário do samba. Cantoras e grupos como Fabiana Cozza, Samba de Dandara e outras são grandes destaques na luta contra a predominância masculina no cenário das rodas de samba e a abertura do cenário para outras narrativas, também importantes e fundamentais.

Além disso, esse crescente movimento busca combater a ideia de que “instrumentista bom só pode ser homem”, uma ideia infelizmente muito difundida nos palcos brasileiros.

Tendências que regrediram, pelo menos na bolha onde costumo me apresentar, são aquelas conservadoras, com formações exclusivamente masculinas, essas bandas não são mais apreciadas, em especial pelo público jovem que tem uma visão mais analítica da arte.

20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?

Carol Seixas: Já fiz um show para a família da Marielle Franco na Comunidade da Maré (onde ela nasceu) e no momento do show caiu uma chuva torrencial, nenhum microfone funcionava, estávamos enxarcadas, gritando sem sermos ouvidas.

Já cheguei em teatro público municipal e não tinha entrada para cabo P10 de violão, demorou mais de 1h30 para conseguir plugar os instrumentos, sendo que eram apenas dois violões e dois microfones, nada demais.

21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Carol Seixas: Eu amo cantar, na maioria das vezes eu volto pra casa feliz e realizada. O que me deixa triste é ainda não conseguir viver de música e usar meu tempo precioso que poderia estar estudando e compondo para ganhar dinheiro em outras atividades e poder sobreviver e sustentar meu filho.

22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Carol Seixas: Acho que o que existem são interesses individuais, não apenas em relação à música, mas também com relação a outras áreas. Quando um interesse pessoal é extremamente prazeroso e seu corpo possibilita desempenhá-lo com facilidade, a pessoa acaba por seguir, mas isso não significa que é um dom.

Quanto àquelas crianças que tocam desde muito novas, penso que elas são expostas a isso e têm também interesse e facilidade corporal.  Caso não fossem expostas ao instrumento, não seriam consideradas pessoas com dom.

23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Carol Seixas: Conhecer minimamente a estrutura rítmica e harmônica, mesmo que não sabendo os nomes, e permitir que as notas dancem livremente sobre essa estrutura.

24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Carol Seixas: Existe um estudo ou contato mínimo com a estrutura musical, que vem ou do estudo sistemático, ou da exposição da pessoa àquela estrutura musical. Além disso, deve haver o domínio do instrumento, o que requer estudo e dedicação. Portanto, na minha opinião, é mais estudo do que improvisação natural, como muita gente pensa.

25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Carol Seixas: Não conheço nenhum desses métodos. Apenas conheço improvisar nas escolas no piano ou no violão.

26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Carol Seixas: Para mim que sou cantora, estudar harmonia é fundamental para a afinação, modulação e composição. Acho muito importante. Não vejo nenhum contra. 

27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Carol Seixas:  Com pagamento do jabá é mais fácil e rápido. Acho que hoje as rádios não são mais tão significativas em alguns nichos sociais. As redes sociais e plataformas de streamming pouco a pouco substituíram as rádios.

Nas redes sociais, existem seus próprios jabás que são o patrocínio de postagens. Nunca fiz, mas penso em fazer, porque para a formação de público, quanto mais pessoas conhecerem minha música, melhor pra mim.

28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Carol Seixas: Eu incentivo, apesar de tudo. Porque eu acredito que é mais valioso trabalhar com o que nos rende prazer e satisfação do que grandes quantias de dinheiro. Eu incentivo a estudar (principalmente) e estabelecer contatos amistosos com quem quer que seja.

29) RM: Festival de Música revela novos talentos?

Carol Seixas: Mudou muito o conceito de Festival de Música. Hoje os festivais são atrações megalomaníacas e caríssimas, que têm por objetivo apenas enriquecer os produtores, e alguns artistas. Aqueles festivais de revelação de novas composições e artistas ainda existem, porém em contextos pequenos e com pouca visibilidade. Esses sim podem revelar novos talentos, mas com a visibilidade cada vez menor, esses talentos continuam sendo pouco conhecidos. 

30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Carol Seixas: Analiso que a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira continua voltada para o enriquecimento e as massas. Não há espaço para novos talentos. Mesmo esses programas de novos talentos, como The Voice Brasil, o que se observa são apenas alguns gêneros musicais em destaque. Existe ainda um grupo enorme e excelentes de artistas de estão fora desse cenário. 

31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Carol Seixas: Eu adoro enquanto público, frequento muito. Porém enquanto artista, vejo que é difícil entrar. Tento com frequência e recebo pouco ou nenhum retorno. Eles contratam apenas artistas que já têm grande público formado.

32) RM: Quais os seus projetos futuros?

Carol Seixas: Gravar um álbum completo com minhas músicas, com lançamento e produção de videoclipe. Além disso, quero me especializar em captação de recursos para que possa ter contratantes melhores e, pouco a pouco, viver só de música.

33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Carol Seixas: (11) 98986 – 5991 | [email protected]

| https://www.instagram.com/ccarolseixas 

Canal: https://www.youtube.com/@ccarolseixas 

Só pra Começar – Carol Seixas: https://www.youtube.com/watch?v=59U5yT9SlCI 

Mesmo Se – Carol Seixas: https://www.youtube.com/watch?v=KdmrmJMCfaQ

Último Desejo, por Carol Seixas e Rafael Kasteckas: https://www.youtube.com/watch?v=NsUngrkpVLw


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