A cantora, compositora paulistana Carol Andrade começou a tocar violão aos 11 anos de idade por influência de sua mãe que tocava e cantava. Ela estudou violão com o compositor Zé Modesto. O contato com esse artista foi muito importante para despertar seu desejo de fazer arte.
Em 1996 ingressou na Universidade Livre de Música Tom Jobim no Curso de Canto Popular. Teve como mestre a professora Magali Mussi. Em 1997 começou a cantar profissionalmente ao lado da violonista Alice Andrade. Na busca de aprimoramento, Carol participou de cursos com José Miguel Wisnik (História da canção brasileira), Mônica Salmaso (Interpretação na música brasileira), Jane Duboc (Voz instrumento), Stênio Mendes (Percussão corporal), dentre outros. Foi integrante da banda “Jazz q. é blues”. A banda, como o próprio nome menciona, interpretava clássicos do blues e do jazz e se apresentou em casas tradicionais como Sanja Jazz bar, All of Jazz, Bluenight, Café Piu Piu, dentre outras. Ao lado do violonista Alex Maia desenvolveu um projeto de MPB voz e violão e se apresentou durante vários anos em bares e casas noturnas de São Paulo e eventos corporativos.
Em 2001 estreou o show “Falando de Tom”. Nesse show apresentou a obra e a história do “maestro soberano” Antônio Carlos Jobim. De 2004 a 2007 participou de diversos festivais, tendo conquistado prêmios como melhor intérprete nos Festivais de Corumbataí e Queluz, além do segundo lugar no Festival de Santa Rita do Passa Quatro (SP) com a canção “Ausência” e terceiro lugar no Festival de Araucária (PR) com a canção “Ventos”.
Em 2005 lançou seu primeiro disco intitulado “Vida Adentro”. Um disco autoral com arranjos voz e violão criados e executados por Alex Maia. Seu lançamento aconteceu em espaços como: Teatro Folias, N.Ex.T, Espaço Cultural Grande Otelo, Sesc Pompéia, Livraria Cultura e Livraria da Vila, dentre outros. Para divulgação do disco Carol e Alex participaram dos programas Pra Você (Gazeta) e Depoimento (TV Assembleia) além da participação na Rádio Jovem Pan AM e um programa especial na Rádio La Guaga na Argentina. Em 2009 estreou o show “Outras Mulheres”, uma homenagem às mulheres compositoras da música brasileira. Além das interpretações o repertório traz suas canções autorais inéditas. O show passou pelo Teatro Plínio Marcos, União Cultural, Espaço TU, Café Paon e Ao Vivo Music. Com o sucesso desse show surgiu o desejo de gravar o disco “Outras mulheres”. O Projeto “Outras mulheres” foi contemplado pelo ProAC do Estado de São Paulo em 2012. O disco foi lançado pelo selo Kalamata em julho de 2013. Os shows de lançamento do disco aconteceram no Museu da Casa Brasileira, Memorial da América Latina, Espaço Cachuera, Sesc Itaquera, Praça Vitor Civitta, Teatro Liceu em Campinas, Museu de Pindamonhangaba e Sesi Piracicaba.
Em setembro de 2014 Carol Andrade fez a turnê do disco “Outras mulheres” em três cidades da Europa: Londres, Amsterdã e Bruxelas. Em abril de 2015, ao lado de Alex Maia, estreia o show “A linha e o linho – canções de Gilberto Gil” em comemoração aos 18 anos de parceria. É professora de técnica vocal e interpretação para cantores de música popular no Instituto de Canto e Tecnologia da EM&T (Escola de Música e Tecnologia) e regente dos corais da empresa MWM e Colégio Sílvio Gonzalez.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Carol Andrade para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 16.12.2015:
01) RitmoMelodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Carol Andrade: Eu nasci em São Paulo no dia 11 de janeiro de 1978 no bairro Vila Leopoldina.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Carol Andrade:- Com a minha mãe. Quando eu ainda morava na barriga dela, ela começou aprender a tocar violão. Por conta disso, posso dizer que meu primeiro contato foi antes mesmo de nascer (risos). O fato é que durante minha infância pude ouvir minha mãe cantar e tocar seu violão frequentemente em nossa casa, nas reuniões familiares. Eu aprendia a cantar todas as canções que ela tocava e aos poucos fui pegando gosto para também tocar o violão. Ela me ensinou os primeiros acordes, depois fui fazer aula com outros professores.
03) RM: Qual a sua formação musical e\ou acadêmica fora da área musical?
Carol Andrade: Sou formada em canto popular na Universidade Livre de Música Tom Jobim sob a orientação de Magali Mussi.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Carol Andrade: Para quem nasceu no final da década de 70, muita coisa: de Legião Urbana a Guinga (risos). Ao longo do tempo e do estudo da música fui me apaixonando cada vez mais pela canção brasileira: Jobim, Caymmi, Ary Barroso, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Djavan, Chico Buarque, dentro outros. E pelo jazz. Apesar de reconhecer o seu valor, o rock não é a minha linguagem.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Carol Andrade: Fiz minha primeira apresentação profissional em 1997, em um bar chamado “Rancho musical” em Osasco-SP. Quem me acompanhava ao violão era minha prima, excelente violonista, Alice Andrade. Fazíamos um repertório de MPB. Depois, no mesmo ano, entrei para uma banda chamada Jazz q. é blues. Fizemos um circuito bem legal de casas de blues em São Paulo.
06) RM: Quantos CDs lançados, quais os anos de lançamento (quais os músicos que participaram nas gravações)? Qual o perfil musical de cada CD? E quais as musicas que entraram no gosto do seu público?
Carol Andrade: Tenho dois CDs lançados: “Vida Adentro” – 2005. Neste álbum apresento minhas composições em parceria com o Alex Maia. Belíssimos arranjos voz a violão. “Outras mulheres” – 2013. Uma homenagem às mulheres compositoras do Brasil. Além das releituras de obras de Chiquinha Gonzaga, Dolores Duran, Joyce, Adriana Calcanhotto, Rita Lee, dentre outras, apresento quatro canções inéditas de minha autoria. Produção musical, arranjos e violão de Alex Maia, contrabaixo acústico Johnny Frateschi e percussão Ricardo Valverde.
07) RM: Como você define o seu estilo musical?
Carol Andrade: Canção brasileira com influência do jazz.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Carol Andrade: Sim.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Carol Andrade: Cantar é usar o corpo como instrumento. Músico de verdade cuida bem do seu instrumento. Estudar técnica vocal é um trabalho de consciência corporal, é um eterno descobrir-se, aprimorar-se, estar em sintonia consigo mesmo para oferecer-se para o público de maneira verdadeira e íntegra.
10) RM: Quais as cantoras(es) que você admira?
Carol Andrade: São muitas! Vão aqui algumas: Ella Fitzgerald, Zizi Possi, Elis Regina, Gal Costa, Joyce Moreno, Rosa Passos, Mônica Salmaso, Luciana Souza, Marisa Monte, Leila Pinheiro, dentre outras.
11) RM: Você compõe? Como é seu processo de compor?
Carol Andrade – Sim. Normalmente as minhas canções se originam da letra. Na verdade, já escrevo pensando em forma de canção. Aí depois é só cantar a melodia escondida nos versos.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Carol Andrade: Já fiz algumas canções com letras de amigos poetas, mas, gosto do processo solitário. Quando me envolvo em uma canção entro em uma viagem por todos os cantos de mim mesma e preciso de liberdade e concentração. O Alex Maia é meu grande parceiro, mas ele entra mesmo no final da composição, agregando a beleza de suas harmonias e arranjos.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Carol Andrade: Prós: Ser autêntico e investir tudo nas suas próprias ideias. Contras: Não ter investimento financeiro para viabilizar suas ideias.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira musical dentro e fora do palco?
Carol Andrade: Minha estratégia é criar projetos, investir na minha inspiração. Gosto de montar shows com propósitos. Para mim, fazer música é a minha maneira de gerar felicidade para as pessoas, sem demagogia. Com base nisso monto meus shows: envolvo-me num tema, escolho repertório, figurino e todos os detalhes do espetáculo. Depois que já tenho as ideias formatadas, chamo os parceiros e fazemos acontecer. O resto é consequência: o que é bonito tem que ser compartilhado.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Carol Andrade: Eu ainda tenho dificuldade para gerenciar minha carreira. Gosto da parte da criação e do palco. O restante na verdade me consome e me tira do que eu realmente gosto. Invisto meu tempo e energia na produção dos meus discos, escrevo meus projetos, mas conto com o apoio de produtores para alavancar o meu “produto”.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Carol Andrade: Para mim só ajuda. As redes sociais são uma maneira muito interessante de estar em contato com o publico, divulgar e expandir o trabalho, compartilhar. Eu fiz uma turnê na Europa em setembro de 2014 e através do facebook fiz a divulgação dos meus shows e criei um publico do outro lado do oceano, isso é fantástico!
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso a tecnologia de gravação (home studio)?
Carol Andrade: A vantagem é que é possível se produzir coisas bacanas no aconchego da sua casa e com baixo custo. Por outro lado, tem muita gente produzindo qualquer coisa e lançando por aí afora. Isso cria um volume tão grande de informação que dificulta o tráfego e o acesso às produções verdadeiramente artísticas. O fato é que o acesso à tecnologia não é sinônimo de qualidade. Para fazer música ainda tem quer ter bom ouvido e conhecimento musical, isso não vai mudar nunca!
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente uma carreira musical. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo, mas, a concorrência se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Carol Andrade: Eu faço arte! Não me preocupo em me diferenciar. Autentico cada projeto meu e mostro com orgulho e satisfação para quem queira ouvir. Um publico se forma pela lógica do encantamento. Utilizo-me dos encantos da arte – que é comum e sensitível para todos – para achar meu lugar ao sol.
19) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram as revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Carol Andrade: O cenário musical brasileiro é grandioso. Não sei se sou capaz de apontar quem é quem nesse cenário. Sugiro apenas que o publico se abra para o novo. Não existiu melhor tempo do que o que estamos vivendo. Temos a preciosa herança do passado e uma série de novos tesouros. Mas, é preciso abrir os ouvidos e ir à caça, pois os principais meios de comunicação não estão muito interessados nessa renovação.
20) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Carol Andrade: Difícil falar do profissionalismo de quem não se tenha trabalhado, então destaco meus parceiros musicais: Alex Maia, Johnny Frateschi, Ricardo Valverde, Vlad Rocha e Rafa Clarim.
21) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?
Carol Andrade: Vixe! Já aconteceram todos esses exemplos e mais alguns causos… Dá pra escrever um livro(risos).
22) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Carol Andrade: Mais feliz: agenda cheia de shows, casa lotada, plateia atenciosa. Mais triste: o oposto.
23) RM: Nos apresente a cena musical da cidade que você mora?
Carol Andrade: São Paulo é uma cidade de grandes dimensões e muito populosa. Essa condição faz com que a cidade tenha todo tipo de música e espaços reservados para cada uma delas. Para a música que faço eu sinto que há ótimos espaços, mas, muito menos do que precisamos. Por ser uma grande capital, muita gente boa de todas as partes vem para cá, a concorrência é brava! O publico é que sai ganhando, toda noite tem um belo show para assistir!
24) RM: Quais os músicos, bandas da cidade que você mora que você indica como uma boa opção?
Carol Andrade: Mônica Salmaso, “Pitanga em pé de amora”, Bia Góes.
25) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Carol Andrade: Sim. Já tive e tenho músicas minhas que tocam em rádios. Ainda existem veículos de comunicação que não são movidos a dinheiro. Os que são, francamente, não me interessam.
26) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Carol Andrade: Digo que para ter sucesso nessa carreira tem que ter paixão, dedicação e humildade, inclusive para entender que sucesso não é equivalente a fama nem dinheiro, mas sim, viver com dignidade em um campo que não é considerado produtivo economicamente, mas que pode provocar uma profunda e verdadeira revolução humana!
27) RM: Quais os seus projetos futuros?
Carol Andrade: Neste ano de 2015 dei início ao processo de produção do meu terceiro disco com um repertório totalmente autoral que vai se chamar “Sorria”. A temática do álbum é a filosofia humanista, coisa bonita de coração pra coração! A previsão de lançamento é pra abril de 2016.
28) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Carol Andrade: www.carolandrade.art.br | www.facebook.com/carol.andrade.988 | www.facebook.com/carolandrade.arte | [email protected]