A cantora, compositora, atriz e pole dance carioca Camila Paredes, começou sua carreira profissional na música aos 16 anos de idade com o lançamento de seu primeiro EP profissional e com shows em bares e restaurantes.
Como atriz participou de diversas peças, incluindo “POEMA! O Musical” de Jay Vaquer, que ganhará versão audiovisual em 2025.
Já gravou vocais para diversos trabalhos, incluindo para o álbum “Luz e Sombra” do Projeto Caleidoscópio, nesse álbum tem uma composição de sua autoria.
Atualmente está gravando seu primeiro álbum autora que marcará o início de uma carreira promissora no cenário Pop Brasileiro. Esse é só o início…
Segue abaixo entrevista exclusiva com Camila Paredes para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 23.12.2024:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Camila Paredes: Nasci no dia 13/08/1999 no Rio de Janeiro. Registrada como Camila Paredes Nunes.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Camila Paredes: Meu primeiro contato foi já na barriga da minha mãe, meus pais são músicos (Analu Paredes e Arthur Nogueira) e estavam gravando o primeiro álbum autoral da banda deles enquanto eu estava na barriga de minha mãe. Meu primeiro grito nesse mundo também foi um contato com a música, porque foi registado e está na música “Marcapasso” do primeiro álbum deles (Projeto Caleidoscópio – https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/projeto-caleidoscopio ). Devo todos meus primeiros contatos musicais aos meus pais, pois obviamente depois disso estive presente em seus ensaios, shows, produções, aulas de música e até momentos de lazer escutando música.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Camila Paredes: Atualmente curso Licenciatura em Música na UNIRIO.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Camila Paredes: Minhas primeiras influências foram todas da MPB, por ser algo que escutávamos muito em casa com meus pais, depois disso nos anos 2000 veio em peso o Pop estadunidense juntamente com o rock dos anos 80 pelo qual me apaixonei.
Com o tempo fui voltando as minhas influências nacionais, que claro, a meu ver são as mais importantes para criação da minha identidade como artista, e nessa me conectei muito com o cenário atual do pop nacional. Mas se eu tivesse que escolher hoje quais são minhas principais referências e escolheria: Billie Eilish, Marina Sena, Marina Lima, Liniker, Rita Lee. É muito difícil escolher poucos, pois na verdade eu me influencio por absolutamente tudo que meu ouvido entra em contato, principalmente também pelos meus amigos e colegas de classe!
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Camila Paredes: Eu costumo dizer que eu sempre fui artista, eu comecei a fazer aulas de instrumento com 11 anos de idade (2010), mas antes eu já brincava de ser cantora (risos), aos 12 anos, comecei a compor de brincadeira, então eu conto mesmo como carreira profissional a partir dos meus 16 anos (2015), quando comecei a tocar em barzinhos e produzi meu primeiro EP profissional, contendo uma música autoral em inglês.
06) RM: Quantos álbuns lançados?
Camila Paredes: Lancei um EP (2016) e sete singles e o álbum FRENESI que será lançado em 2025. O primeiro lançamento está previsto para antes do carnaval, e esperem uma música muito dançante e GOSTOSA.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Camila Paredes: Defino-me como Pop, mas eu transito entre MPB e R&B como tangentes da minha música, sendo a MPB a minha escola.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Camila Paredes: Estudei técnica vocal com minha mãe Analu Paredes que é minha preparadora vocal, fonoaudióloga e professora de canto.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Camila Paredes: Estudo de técnica vocal é A importância, nossa voz é um instrumento de trabalho, para sermos considerados profissionais em qualquer área devemos estudar, por que que com a voz não seria o mesmo? Técnica é um recurso que todo cantor DEVE ter em mãos para poder fazer as escolhas corretas na hora de cantar.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Camila Paredes: Em primeiro lugar a minha mãe, e em termos de técnica vocal são diversas gigantes: Elis Regina, Maria Bethânia, Gal Costa, Ney Matogrosso, Beyoncé, Liniker, Miley Cyrus, Lady Gaga, Milton Nascimento, Djavan, e talvez eu esteja esquecendo de mais.
11) RM: Como é seu processo de compor?
Camila Paredes: Peculiar (risos), atualmente eu tenho vivido experiências sobre a minha composição bem diferentes da minha zona de conforto. No meu novo álbum, por exemplo, tive músicas que surgiram, inclusive, no meio do túnel no meu ouvido. Porém normalmente tem o violão nesse meu momento de fazer música, a base harmônica é muito importante e geralmente a melodia só surge depois de eu encontrar essa base e naturalmente as palavras vão surgindo no meu ouvido junto com a melodia. Sinto que faço a composição em parceria com os meus guias espirituais (risos).
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Camila Paredes: Meus guias espirituais, brincadeira. Atualmente tenho feito composições em parceria, no meu novo álbum, já tenho cinco músicas que contaram com a parceria de outras pessoas, principalmente do meu atual produtor musical Gabé. Muitas vezes eu chego com um esqueleto de estrutura, letra e melodia e ele dá os pitacos necessários para lapidarmos a música da melhor forma. Mas ainda assim, o álbum nasceu majoritariamente dentro do meu quarto e eu sozinha com meus guias.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Camila Paredes: É muito fácil pensar nos contras quando estamos no cenário independente, porque é muito difícil dentro do país em que estamos, onde não há um mercado de trabalho artístico tão bem estruturado. O principal problema do cenário independente é a falta de dinheiro e o preço alto de uma produção, seja musical, audiovisual ou qualquer coisa que some a nossa composição.
Eu sinto que há um déficit entre os profissionais dos bastidores e os artistas criadores da linha de frente (quem coloca a cara a tapa), pois os valores são altos e normalmente os artistas independentes não conseguem bancar e precisam recorrer ou a parcerias ou outras formas (ligadas aos bastidores) para arrecadar o dinheiro.
Isso não é culpa da nossa classe musical de forma alguma, e sim de quem está lucrando com isso, com a dificuldade de se trabalhar no ramo, e principalmente por termos um Estado tão ausente para a cultura. Já era a hora de termos uma escola que forme artistas para o mundo, e não termos que sair das escolas e começarmos do Zero a aprender sobre mercado de trabalho, teoria musical, técnica vocal, e etc.
Os prós são ligados diretamente aos contras, pois o artista que precisa batalhar por seu espaço, pela correria de conseguir produzir algo, vai ter uma inspiração, uma gana que quem tem os recursos não tem. A forma de enxergar é diferente, nós PRECISAMOS ser os melhores, sermos vistos, então como uma minoria de classe nós nos esforçamos em dobro, o que torna a nossa arte mais lúcida. Porém, mesmo com isso tudo, sinto falta de a classe independente ser mais unida.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Camila Paredes: Estou num momento de transição de carreira, agora eu começo um momento em que eu acredito piamente que será meu momento de chegar a um público grande. Diante disso todas as minhas estratégias mudaram, agora eu penso muito mais do que ajo, estou me estruturando como a persona Camila Paredes, e isso é grande, é o que posso dizer para vocês.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Camila Paredes: No momento tenho buscado as conexões necessárias para o alavancamento da minha carreira musical, não só no sentido burocrático, mas no sentido de sentir mesmo. Quanto mais me conecto com as pessoas, mais sinto que cheguei aonde quero estar. Essa vitória é coletiva e não individual.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Camila Paredes: Para mim a internet é uma farsante (risos), acho que é um lugar que finge ser democrático, que finge dar mais espaço, mas no final das contas só piorou o nosso espaço, uma vez que somos escravos de algoritmos, pagamentos de publicidade e nos tornamos pessoas cada vez mais dopados por telas, sem vontade de tomarmos atitudes no mundo real. É mais um instrumento de controle, onde nos sentimos satisfeitos por colocar nossa opinião sobre tudo online, mas não tomamos medida eficaz sobre nada, como ir as ruas reivindicar nossos direitos.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Camila Paredes: Serei extremamente hipócrita agora, porém acredito que todos somos e não tenho medo de assumir isso. Eu falo muito contra o avanço da tecnologia em certos termos, mas no contexto que estou agora, gravando meu álbum, a tecnologia tem sido primordial para a criação da identidade do meu álbum FRENESI. Se não fossem os plug-ins que colocamos, automações, entre outros, esse álbum com certeza não existira, ou então demoraria cinco vezes o tempo que está levando para ficar pronto (risos).
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Camila Paredes: Discordo que gravar um álbum não é difícil ainda ou até mais do que era antigamente, mesmo com todos os recursos que temos, para gravar música é necessária muita coisa: experiência, criatividade, recursos econômicos, estrutura visual coerente com o que você está criando e continua sendo muito caro.
Concordo que hoje em dia a concorrência é maior ou só aparenta ser por conta da internet, as medidas que tomo em relação a isso são apenas eu ser autêntica e fiel as minhas crenças enquanto artista, coerente com o que vivo e me desafiar sempre. Acho que concorrência é uma ideia criada pelo mercado, e nós deveríamos era nos unir mais e quebrar essa estrutura de concorrência.
19) RM: Como você analisa o cenário do Choro e Samba. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Camila Paredes: Confesso que não me ligo tanto a esse gênero, apesar de ser uma pessoa extremamente estudiosa sobre os gêneros musicais brasileiros, mas não saberia dizer os nomes de artistas que trabalham com isso atualmente. O que posso dizer sobre o gênero em si, é que sem essa expressão o Brasil não teria metade do molho que tem, e que ele é uma expressão 100% brasileira nascida da periferia, das necessidades de o povo expressar o que vê, o que sente, o que pensa.
E isso, juntamente com o FUNK e o RAP, é um tesouro nacional. Como artistas do choro/samba que escuto e admiro: Cartola, Martinho da Vila, Alcione, Elza Soares, Clara Nunes, Pixinguinha, Nilze de Carvalho, Arlindo Cruz, Mart’nália, Adoniran Barbosa, Gonzaguinha.
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?
Camila Paredes: Nossa, foram tantas e com certeza não foram as últimas (risos). Acho que muitas vezes eu me vi trabalhando muito mais do que fui paga para fazer, ou então em lugares tóxicos em que as pessoas não reconheciam o tamanho da minha estrada e pediam favores ou me desvalorizaram enquanto artística.
O principal problema que encontro diariamente é de me colocar enquanto mulher compositora e ser respeitada, muitas vezes as pessoas desconfiam que tem um homem por trás das minhas composições, mas não é isso, eu é que sou muito boa mesmo.
21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Camila Paredes: Mais feliz é o privilégio de enxergar o mundo com o olhar de artista (e múltipla, porque também sou atriz e pole dance), sentir as coisas como sinto é minha maior sina mas também o meu maior prazer. Eu vivo pela arte, eu só sei ser artista, se me tirarem isso, não sobra nada.
22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Camila Paredes: Acredito que temos sim uma inclinação a qualquer área, seja ela artística ou não. Não gosto de usar o termo “dom”, e sim o termo “aptidão”. Só que só isso não basta. Uma pessoa que não tem aptidão, mas tem foco, técnica, estudo pode chegar além de uma pessoa que só tem aptidão e não corre atrás da parte técnica.
23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Camila Paredes: Nascimento da arte…
24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Camila Paredes: Com certeza existe improviso, improviso de dança, teatro, improvisar é deixar seu corpo falar sem julgamento prévio do cérebro, sem controlar. Isso é um fato.
25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Camila Paredes: Não contras, apenas acho que às vezes é melhor deixar a mente um pouco de lado e deixar o corpo e a alma falarem mais alto.
26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Camila Paredes: Todo estudo é válido como ferramenta, o problema é quando um estudo passa a ser uma verdade absoluta sobre todo o resto. O estudo de Harmonia Funcional como conhecemos e é aplicado em instituições acadêmicas é puramente europeu. Eu realmente acho que existem outras formas de se estudar, mesmo que não seja num papel e da forma convencional. Acho que quem fica muito preso a isso perde a oportunidade de enxergar muito além da caixinha.
27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Camila Paredes: Deixei de acreditar nisso a muito tempo, apesar de ainda tentar, porém nosso mundo é governado pelo dinheiro e acho uma ilusão pensar que dá pra fazer algo sem isso, apesar de achar que esse sistema é um desserviço pro que vejo como arte.
28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Camila Paredes: Primeiro fico feliz, depois ofereço minha ajuda para o que precisar e gosto mesmo de ajudar quem está começando, porque eu gostaria que tivessem feito o mesmo por mim. Apesar de eu ter tido muitos privilégios, principalmente por ter tido pais que trabalham com música, eles trabalham numa área muito diferente da minha, e muita coisa eu acabei descobrindo por conta própria e num tempo um pouco mais lento. Depois disso também gosto de falar um pouco sobre os tropeços que levei para evitar que a pessoa tenha os mesmos problemas, principalmente mulheres.
29) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Camila Paredes: Acho que agora, falando do meu cenário pop, estamos crescendo muito como gênero aqui no Brasil, e o pop é muito mais que um gênero musical, ele engloba uma cultura que passa diretamente pela mídia, e acho que quem trabalha com isso tem feito um ótimo trabalho com os nomes grandes e emergentes atuais. Porém ainda acho que há uma grande bolha que poderia ser menos fechada.
30) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Camila Paredes: Acho maravilhoso esses espaços, acho que é o necessário e deveriam ter mais espaços assim no nosso país, e acho que o trabalho maior é estimular o nosso povo a querer frequentar shows, teatros e etc.
31) RM: Como você analisa o cenário do POP no Brasil. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Camila Paredes: Essa pergunta é complexa, pois o Pop é algo muito mutante e que pode englobar milhões de coisas, como por exemplo, pra mim “Música Popular Brasileira” é a música Pop do Brasil, não como gênero, mas sim sobre o que está sendo popular no momento.
A sigla “MPB” ficou porque o que era popular naquela época era muito específico e com muita identidade nacional, mas hoje em dia o FUNK é pop, Pop é um movimento.
Agora se formos tomar como parâmetro a figura da “diva pop” da cultura pop internacional, o Brasil é muito novo nesse sentido, é lógico que nos anos 90 apareceram nomes como Kelly Key e Rouge que trouxeram essa expressão para o cenário nacional, mas se formos analisar também região por região o que é POP é muito específico.
Hoje em dia sinto que a indústria do Pop nacional está se consolidando e abrindo mais espaços para novas pessoas e especificidades sobre cada um, e eu trago na minha música algo muito único e bonito. Quero ocupar esse lugar juntamente com as artistas que admiro tanto: Iza, Glória Groove, Liniker, Marina Sena, Anitta, Ebony, Pablo Vittar, Luisa Sonza, etc…
32) RM: Quais os seus projetos futuros?
Camila Paredes: Agora estou 100% focada no meu novo álbum FRENESI, esse álbum marca meu novo momento como artista, esse é o momento que entro no mercado Pop com tudo, e tenho certeza de que será gigante. O primeiro lançamento está previsto para antes do carnaval, e esperem uma música muito dançante e GOSTOSA.
33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Camila Paredes: https://linktr.ee/CamilaParedes
| https://www.instagram.com/camilaparedes13
Canal: https://www.youtube.com/@camilaparedes13
Vermelho – Camila Paredes (Clipe Oficial): https://www.youtube.com/watch?v=TP9qzi5kHaw
Camila Paredes – Filha da Lua 🌙 (Prod. End Beats): https://www.youtube.com/watch?v=V4ClOtDG_ps
Uma artista jovem e talentosa! Ótima entrevista!
Uma mulher que assume suas ações!
Uma artista de pulso.