Cantor, compositor baiano Bruno Natty quando tinha 10 anos de idade ganhou um Violão de sua mãe (Dona Cleo) e começou a ter aulas. Mas, só aos 14 anos se dedicou a música como uma possibilidade de carreira profissional.
Dona Cleo nasceu em Castro Alves (BA), sempre teve influência musical, vendo os irmãos tocando instrumentos musicais. Morando em Salvador (BA) decidiu aprender Violão, colocando também Bruno nas aulas. Ele, desde pequeno, gostava de música, influência do seu irmão mais velho Cesar. De início demonstrou desinteresse, pulava a janela do quarto para jogar futebol com os amigos. Somente em 1996, aos 14 anos, começou a ter interesse mais sério pela música.
Bruno vendo o Violão parado em sua casa, decidiu aprender tocar, comprou algumas revistas de música para iniciantes e junto com amigos que começaram a se interessar por música formaram uma banda de rock no bairro. E Bruno Natty já demonstrava interesse pela escrita, fazendo as suas primeiras composições.
Em 2002, seu irmão Cesar parte para morar na Chapada Diamantina, tornando-se Puma Adventure, guia do Parque Nacional.
Então, em 2005, Bruno vai para a Chapada Diamantina para morar com o irmão. É neste período que ele conhece Ito Rasta, um guia turístico e músico da cidade de Lençóis. Assim, começou o seu fascínio pela música Reggae e a Cultura Rastafári.
Sons que ele ouvia na infância, nas fitas K7 de seu irmão Cesar, por exemplo: Edson Gomes, o álbum “Recôncavo”, Bob Marley com o álbum “Live 77” e “Rebel Music”, Gregory Isaacs, com o álbum “Night Nurse” e Sine Calmon & Banda Morrão Fumegante, com o álbum “Fogo na Babilônia”.
Em 2005, eles formam a banda “Natty Jah” em Lençóis, e passam a tocar nos bares e Festivais de Música da região da Chapada Diamantina.
Em 2006 nasceu a sua primeira filha, Maria Luisa, do casamento com Maísa, moradora da cidade de Seabra (BA).
Assim, decidem morar nesta cidade, mas em 2007, Bruno volta para Salvador (BA), pois a vida tornara-se difícil, com a falta de emprego e a discriminação que sofria por ser Rastafári, e não cortar as suas tranças dreadlocks.
Em 2009 Bruno Natty, que também ouvia muito RAP, e chegou a ter um grupo na mesma época de 2005/2006 em Lençóis chamado “C.O.N.E” (Contra Opressão do Negro Escravizado), grupo que tocou em algumas cidades da Chapada Diamantina, volta para Salvador (BA) e forma outro grupo de RAP, no bairro do Trobogy, com Mr. Jack e CS MC, o “NNF”.
Tocando nas periferias de Salvador, ele foi expandindo seu conhecimento musical, com rimas fortes e politizadas, porém, estava sempre escrevendo as suas músicas de Reggae. E nos bailes que eles promoviam, costumavam colocar algumas músicas jamaicanas pra tocar, agitando a festa não só com RAP, mas com o Reggae que não deixava de correr nas veias.
Em 2011, já com seu segundo filho Samuel recém-nascido chegando ao mundo, vai trabalhar como Cabo de Turma, prestando serviço na pequena empresa de seu pai no CAB (Centro Administrativo da Bahia), foi aonde conheceu os amigos Paulo “Brown” Conceição, até então, guitarrista e um dos fundadores da “Kayamanaya” e Everton “Papel” Fraga, que se tornaria percussionista.
Em 2012 nasceu à banda “Raízes Rebeldes”, para a alegria de Bruno Natty, que voltaria a tocar Reggae. Em 2013 a “Raízes Rebeldes” começa a tocar em alguns bares da Capital Soteropolitana, chegando a gravar um CD com 07 faixas no Studio de Dado Brazzavilly.
Em 2015, Bruno Natty lança seu primeiro single como cantor solo. “Ozem Lion”, uma letra que vem da Cultura de África. Ele utilizou palavras tiradas das antigas escrituras e de alguns dialetos africanos, assim, descobrindo os significados das palavras, montou essa canção inspirada em louvores para Jah Rastafari.
Gravada, mixada e produzida no Studio de Átila Santtana “Atilahman”. Esse single contou também com as participações de Jorge Dubman “Dr. Drumah” na bateria, Fabrício Mota (Ifá Afrobeat) no baixo e Adriano Luz nos Teclados.
Em Setembro de 2015 ele começa a sua carreira solo, levando o nome “Raízes Rebeldes” como banda base em suas apresentações, e em novembro lança seu primeiro EP com 06 faixas intitulado “Raízes Rebeldes” em homenagem aos amigos e sua ex. banda.
Gravado no Ital Studios por Djah Vicente, o EP tem participações de grandes músicos da cena Reggae e Alternativa de Salvador (BA), como Inácio Lima (baixo), Adriano Luz (teclados), Alex Pantera (guitarras), Milan Gordilho (Guitarra) e o próprio Djah Vicente na bateria e Nyabinghi.
Em Janeiro de 2017, Bruno Natty lança um CD (ao vivo) gravado no Zion Gate Studio com o título “JAHm Session Inna Zion Gate”. Com uma nova parceria, os trabalhos de Bruno Natty começam a ter mais visibilidade e força.
Em Maio de 2017, Bruno Natty em parceria com a Iklab e Atilahman. Lança um novo Riddim, uma nova versão da música “Leão Conquistador”. Ainda em Maio de 2017, Bruno Natty lança seu primeiro Vídeo Clipe Oficial.
A música é “Escravidão Mental” faixa do EP – “Raízes Rebeldes” de 2015. Com uma produção independente e parcerias fortes como Paulo Guedes (Artes de Luz), a IntelDiploHIM Produções e o Zion Gate Studio. O vídeo clipe é lançado. Passando uma visão da cidade de Salvador (BA), retratando um pouco do cotidiano das periferias Soteropolitanas.
No dia 10 de Setembro de 2017, Bruno Natty lançou mais um Riddim, agora em parceria com a Dolar Lab. Records de Torres/Rs. A música chama-se “Justiça”, e foi gravada no Riddim Uprising da Dolar Records. As vozes foram gravadas no Studio de Atilahman em Salvador (BA).
Em Novembro de 2017, ele lança mais um Riddim. Desta vez em parceria com Ik Lab e Fã de Reggae, a música “Tempo de Compreender”. Gravada nos Studios iK Tower, Ik Lab e Zion Gate Studio. Ainda em Novembro, Bruno Natty lança seu segundo Vídeo Clipe Oficial, a música “O Amor é o Poder”, do EP de 2015. Desta vez em parceria com a Ban-K Filmes.
Em 2018, Bruno Natty segue trabalhando, fazendo shows e parcerias em eventos. Está gravando um CD no Zion Gate Studio que tem previsão para o segundo semestre do ano, e que contará com grandes parcerias, e com uma mistura boa de Reggae e Rap. O CD promete muita sonoridade e com letras fortes.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Bruno Natty para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 27.08.2018:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Bruno Natty: Nasci no dia 27 de agosto de 1982 em Salvador (BA). Registrado como Bruno Luiz Gonçalves Menezes.
02) RM: Conte como foi o seu primeiro contato com a música.
Bruno Natty: Venho de uma Família que sempre gostou muito de música. O meu avô por parte de pai foi Trompetista na Filarmônica de Valença (BA) e meus tios por parte de mãe tocavam viola e violão. Aos 10 anos de idade comecei a ter aulas de violão, influenciado por minha mãe, mas só aos 14 anos tive interesse em fazer música.
03) RM: Qual a sua formação musical e acadêmica fora música?
Bruno Natty: Sou autodidata na música. Quando criança fugia das aulas de Violão que minha mãe tinha me colocado. Eu gostava mais de jogar futebol. E aos 14 anos de idade comecei a me interessar mais por música, já não fazia mais aulas, tive que comprar revistas nas bancas de Jornal para aprender a tocar pelo menos o básico para poder compor minhas canções.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente? Quais deixaram de ter importância?
Bruno Natty: Minhas primeiras influências são: Rock, do Samba de Raiz, MPB, músicas que tocavam em casa quando criança. Na adolescência com 14 anos, por uma forte influência do meu irmão mais velho Cesar, comecei a selecionar o que mais batia forte. No inicio era o Rock e tive a minha primeira banda de bairro com meus amigos e comecei a escutar mais as fitas K7 que o meu irmão tinha. E descobri que eu gostava de músicas com letras politizadas e temas do nosso dia a dia. Eu comecei a ouvir Reggae com as fitas K7 do meu irmão e também muito Rap. Hoje minha prioridade musical é o Reggae, o Rap, o Raggamuffin. Acho que não tem músicas ou ritmos que deixam de ter importância, ficam guardados como bons aprendizados.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Bruno Natty: Em 2005 fui morar em Lençóis, Chapada Diamantina, Bahia. Lá foi onde iniciei minha vivência Rastafari, foi aonde conheci o irmão Ito Rasta, com quem montei junto a outros irmãos a minha primeira banda de reggae, a “Natty Jah”. E foi lá também que tive minha primeira experiência com o Rap, montando o grupo “C.O.N.E”.
06) RM: Quantos discos lançados e quais os anos de lançamento(quais os músicos que participaram das gravações)? Qual o perfil musical de cada álbum? E quais as músicas que você acha que caíram no gosto do seu público?
Bruno Natty: Foi em 2006 a primeira experiência com gravação, sem condições, quando gravamos a “Natty Jah” com um MD em uma sala pequena, tudo ao vivo. A “Natty Jah” na época era Bruno Natty – Vocal & Guitarra, Ito Rasta – Vocal e Percussão, Dimitri – Guitarra Solo, Daniel Cunha – Baixo, Dio Cunha – Bateria e Jorginho – Percussão. Em 2013 em Salvador (BA) com a banda “Raízes Rebeldes”, gravamos o primeiro e único disco da banda no Studio de Dado Brazzawilly. O disco foi gravada por Bruno Natty – Vocal, Paulo Brown – Guitarra, Everton Papel – Percussão, Marcelo Araújo – Guitarra Solo, Dilton Magalhães – Teclado, Marcelo Drummond – Baixo e Emerson Santos – Bateria. Em 2015 gravei meu primeiro EP já em carreira solo, chamado “Raízes Rebeldes”, homenagem a ex banda, foi Bruno Natty – Vocal & Backing vocal, Adriano Luz – Teclado, Alex Pantera – Guitarra, Inácio Lima – Baixo, Milan Gordilho – Guitarra, Djah Vicente – Bateria & Nyabinghi, uma faixa contamos com a participação do baterista Marcelo Brasil. Gravado no Ital Studio. Em 2016/2017 lancei alguns singles em Riddims com boas parcerias como a Ik Lab., Dollar Records. Agora em 2018 estou gravando um disco no Zion Gate Studio que deve ficar pronto no segundo semestre.
07) RM: Como você define o seu estilo musical dentro da cena reggae?
Bruno Natty: Meu trabalho é voltado mais para o Roots Reggae, mas gosto de misturar alguns elementos, faz parte da minha influência musical, como o Hip Hop, o Blues, o Raggamuffin. Hoje em dia a música está em processo de evolução dos ritmos. Acho interessante fazer diferente.
08) RM: Como você se define como cantor/intérprete?
Bruno Natty: Tento passar através da música mensagens positivas, mensagens de reflexão, mas também a buscar por justiça, nós que vivemos em comunidades que crescemos nos guetos temos muito a falar sobre questões sociais, e penso que a música é um instrumento de socialização e luta por direitos. Sou um militante da Paz.
09) RM: Quais os cantores e cantoras que você admira?
Bruno Natty: São tantos, de vários estilos musicais, mas vou falar dos que me fortalecem com suas mensagens como Bob Marley, Edson Gomes, Burning Spear, Dezarie, “Ponto de Equilíbrio”, Damian Marley, Stephen Marley, Sizzla, Racionais Mc, Sabotagem, Fugges, Lauren Hill, Geraldo Azevedo, Gilberto Gil, enfim, a lista é grande (risos).
10) RM: Quem são seus parceiros musicais?
Bruno Natty: A maioria das músicas que já gravei é minha. Os parceiros de Composições: Ito Rasta, minha mãe Dona Cleo, tenho uma música que fiz com ela e irei gravar em breve. E este novo álbum terá parceiras como Danzi Love Jah, DaGanja e Mister Jack. Estou aberto a convite (risos), gosto de compor e fazer parcerias.
11) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Bruno Natty: Acho interessante o inicio de carreira independente, fazendo os “corres”, suar a camisa para fazer acontecer às coisas. Porém em termos de visibilidade, é sempre mais difícil, porque o mercado musical é vasto. E são muitos artistas com qualidade e muitas portas são fechadas para músicos independentes.
12) RM: Quais as ações empreendedora que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Bruno Natty: Já fui dono de Bar de Reggae, já vendi lanches, já trabalhei em empresas de prestação de serviços, já toquei guitarra como freelance, enfim, sempre busco alguma coisa pra movimentar meu trabalho.
13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira?
Bruno Natty: Penso que todas as ferramentas são importantes para o desenvolvimento do trabalho. A internet é saber utilizar da forma certa que as coisas irão acontecer. Ela ajudou e até hoje ajuda bastante na divulgação do meu trabalho. O que prejudica é a falta de respeito por parte de algumas pessoas em perder tempo com coisas supérfluas ou desfazendo de outras pessoas, perdendo seu tempo com a vida alheia, é o prol e o contra.
14) RM: Como você analisa o cenário reggae brasileiro? Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Bruno Natty: Existem muitas bandas e artistas de qualidade no cenário, pra mim uma das revelações é o “Ponto de Equilíbrio”, todos os álbuns são muito bons, tem outras bandas como o “Mato Seco”, Dada Yute, Moa Anbesa, GrooVI, entre outras.. Quem permaneceu com obras consistentes foi Edson Gomes, suas músicas fazem sucesso até hoje, por ter letras atuais escritas a mais de três décadas. Regressão. Não penso dessa forma, na verdade acredito que tem artistas que buscam outras formas de movimentar seu trabalho, muitas vezes acertam, outras vezes não dão certo. O que realmente vejo no cenário e que me entristece, é ver que no Brasil paramos no tempo. Vejo muitos regueiros e produtores de eventos sem apostar no novo, faltam empresários com visão de crescimento para cena nacional, muito preferem trazer artistas de fora que já não fazem tanto sucesso assim, que não fazem mais discos novos, do que apostar nos artistas da casa, e se você analisar tem muita coisa boa por ai sem oportunidades, bandas com mais de 10 anos de estrada sem oportunidades, isso pra mim é falta de visão empreendedora por parte dos empresários e patrocinadores de eventos de reggae.
15) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso a tecnologia de gravação (Home Studio)?
Bruno Natty: Antigamente muitos artistas não tiveram a chance de gravar as suas músicas, era muito caro e só as gravadoras tinham estúdio de gravação. Hoje o mundo mais globalizado dá chance de estudar maneiras e programas para poder gravar músicas. Tudo na vida está em processo de evolução e precisamos seguir progredindo, sabendo diferenciar o que é bom e o que é ruim para cada Eu&Eu.
16) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Bruno Natty: Como profissional na área, gosto muito dos caras da Tribo de Jah, trabalho consistente e consciente, quebrando barreiras. Edson Gomes e sua qualidade nas letras. E venho seguindo muito os trabalhos de Damian Marley, gosto demais das misturas que ele vem fazendo nos álbuns e as parcerias nas músicas.
17) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?
Bruno Natty: Rolou uma situação em 2014 com a “Raízes Rebeldes” na cidade de Simões Filho, Bahia. Fomos tocar na quadra de um bairro periférico, a quebrada local, no meio do show, ao final de uma música, nós do Reggae sempre usamos o grito: Yeah! Porém quando fiz, veio até nos, ao lado do palco um cara falando assim. “Rasta, aqui é Noix!”. A galera da banda não entendeu no começo, mas como ele falou diretamente para mim, percebi o lance de facção, mas de boa, continuei o show. E pedir na humildade desculpa a quebrada, mas estávamos ali para fazer reggae para eles, e que esse grito para nós é normal, e que não fazíamos parte de nada a não ser da música. A alguns integrantes da banda ficaram na onda, agoniados para acabar o show logo, mas no final ficou tudo tranquilo. Terminou o show, subi o morro onde estavam os rapazes e fui diretamente falar com eles, me cumprimentaram, agradeceram pelo show e entenderam a situação, no final ficou tudo na paz (risos).
18) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Bruno Natty: O que me deixa mais feliz, é poder fazer o que mais gosto que é compor e cantar, passar mensagens e informações pra sociedade. Triste é ver a cena de reggae da nossa cidade com poucas pessoas nos eventos, sem empresários e investidores na cena local. E ver muitas bandas boas paradas, e até artistas deixarem de cantar por falta de oportunidades e de reconhecimento.
19) RM: Nos apresente a cena musical na cidade que você mora?
Bruno Natty: Aqui em Salvador (BA) vou citar alguns trabalhos que admiro e que vejo boa musicalidade, como Moa Anbesa. Uma verdadeira aula de Roots Reggae, Reggae cantado em inglês com uma originalidade sem igual. Ras Mateus, o irmão tem um bom trabalho, com letras conscientes e sempre está no Sul do país fazendo turnê, já morou no Uruguai, tem bagagem. Danzi & Jahfreeka Soul, presença Ômega nos microfones, com letras fortes e conscientes, trabalho forte de vivência Rastafari. Prince Addamo, muito bom guitarrista, trabalho forte do recôncavo baiano. DaGanja, MC com um trabalho forte, letras conscientes e uma boa mistura de ritmos. Mr. Jack, MC muito preparo para o mercado, letras fortes que vivenciam a favela. Jahdson, MC, o irmão é um mestre nas letras conscientes. Tem a banda “Ifá Afrobeat” que sou muito fã. Os caras são irmãos e tem um trabalho diferenciado sobre o Afrobeat no Brasil.
20) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Bruno Natty: Já tive a chance de colocar algumas vezes músicas em rádios sem precisar pagar o jabá, mas para ficar tocando direto, acho muito difícil. Porém alguns parceiros já me deram essa oportunidade e agradeço sempre, mesmo que tenha sido pouco tempo, no caso a web rádio Planeta Reggae, no programa Point do Reggae de Satu Roots, onde tive a oportunidade de algumas vezes participar do programa e até mesmo levar alguns amigos da cena. Na rádio Cajazeiras FM, no programa Central Reggae de Marcone Silva, também já tive o prazer de participar por duas vezes do programa. E a rádio Educadora FM, no programa Se Liga no Reggae com Rafael Costa e Flavus Regis. Flavus chegou a fazer a arte do meu EP “Raízes Rebeldes” de 2015. Enfim, realmente é muito difícil ter uma continuidade dos trabalhos em rádio sem patrocínio, mas no meu caso tive oportunidades e sobe aproveitar.
21) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Bruno Natty: Tem que amar o que faz, depois, entender que a caminhada não é fácil, mas é prazerosa, e acreditar no seu talento, no seu potencial, que uma hora bate certo.
22) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com o uso da maconha?
Bruno Natty: Antes do Reggae não existia um ritmo musical que levantasse a bandeira da legalização da ganja (maconha). Isso veio através dos rastafáris que cultivam a erva medicinal para meditação espiritual há décadas. Que ha milênios serve de cura para muitas nações na Ásia e na África. E foi através do reggae de Peter Tosh, Jacob Miller, Bob Marley, e tantos outros que o mundo começou a entender o que realmente é a ganja. Hoje se tornou uma coisa banal, muitos a utilizam de forma errada, mas naquela época falar de ganja era crime. Não devemos generalizar, porque as pessoas tem o livre arbítrio de fazer as suas escolhas, assim como o álcool que é legalizado, mas sendo mal utilizado se torna nocivo a sociedade. O Reggae sempre falou de ganja, desde sempre. E agora, em alguns lugares do mundo, eles entendem o valor da erva natural como medicina para as nações.
23) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a religião Rastafari?
Bruno Natty: Foi através da música Reggae que o mundo conheceu os Rastafáris. Reggae contribuiu para a propagação da cultura. Sobre a crença Rastafari; existem muitas tribos, algumas delas mais ortodoxas outras mais liberais. O importante é saber que Rastafari é a cura pras nações, Rastafari é o verdadeiro caminho. Selah!
24) RM: Você usa os cabelos dreadlock. Você é adepto a religião Rastafari?
Bruno Natty: Tenho minhas tranças, que me fortalecem através da energia, são nossas raízes. Sou Rastafari. Rastafari não é religião, é vivencia com o natural com nossos ancestrais, é Palavra, Som e Poder divino. Empress Menen I Selassie I Jah Rastafar I.
25) RM: Os adeptos a religião Rastafari afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa essa afirmação?
Bruno Natty: Quem canta a verdade no Reggae? Quem conta a historia ancestral? Quem veio através do Reggae exaltar o Altíssimo em suas palavras? Basta pegar a historia do Reggae, as letras dos mais antigos e verá quem é quem de verdade. E mesmo naquela época, os que não eram Rastafáris, respeitavam a história e sabiam quem eram os originais na história. Não tenho nada contra outros estilos de Reggae, eu até gosto de muitos, trabalhos e gravo com vários, gosto de inovações. Mas precisamos respeitar que são os Originais. É como no Forró por exemplo. Quem vai dizer que o Forró original não é Luiz Gonzaga? Hoje tem várias vertentes, mas sempre irá existir o original, em qualquer situação. O que eu vejo hoje em dia é muita falta de respeito em todos os lugares, não só no reggae, querem denegrir a imagem dos antigos, de quem fez a historia, uso-fluem da cultura e desfazem dos criadores.
26) RM: Na sua opinião porque o reggae no Brasil não tem o mesmo prestigio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?
Bruno Natty: Primeiro, porque o mundo fala inglês, canta em inglês. Aqui no Brasil não conseguimos nem aprender direito o português. E tem a mistura, dos ritmos, no Brasil tudo se mistura. Muitas vezes fica legal, outras vezes não. Tem elementos que cabem no Reggae, outros não. É uma questão de gosto, mas lá fora eles respeitam mais o estilo Original, o Tradicional, aqui muitas vezes é deixado de lado.
27) RM: Quais os prós e contras de usar o Riddim como base instrumental?
Bruno Natty: Não tenho esse problema. Eu gosto de cantar, de rimar, então basta uma batida e vamos pra frente. Isso pra mim nunca foi problema. Mas vejo muitos músicos que tocam seus instrumentos reclamando, já outros criam os próprios riddims, tudo faz parte da evolução. Gosto muito de tocar com banda orgânica, mas se for pra fazer com Dj, estou ai.
28) RM: Você faz a sua letra em cima de um Riddim já conhecido usando uma linha melódica diferente?
Bruno Natty: Sim e já criei algumas.
29) RM: Você acrescenta e exclui arranjos de um Riddim já conhecido?
Bruno Natty: Ainda não tive a chance, mas quem sabe um dia.
30) RM: Quais os prós e contras de fazer show usando o formato Sound
System (base instrumental sem voz)?
Bruno Natty: Faço show em qualquer formato. Não vejo problemas, e sim soluções para algumas ocasiões.
31) RM: Qual seu contato pessoal e profissional com Edson Gomes?
Bruno Natty: Sou fã do trabalho, das letras, é uma das pessoas que mais me influenciou na música Reggae. Infelizmente não tive a oportunidade de conversar pessoalmente com ele, mas tenho amizade com Jeremias Gomes, seu filho, que também tem um bom trabalho musical.
32) RM: Qual seu contato pessoal e profissional com Nascimento da banda Cativeiro?
Bruno Natty: Pô, Nilson Nascimento é um mestre, gosto muito do trabalho da banda “Cativeiro”, já tive oportunidade de tocar em alguns eventos juntos. Gosto demais dos integrantes, Nelma é uma Rainha do Reggae, e Ricardo Correia é parceiro, toca muito bateria e canta muito também.
33) RM: Quais os seus projetos futuros?
Bruno Natty: Estou gravando meu segundo disco solo. No momento tenho este projeto em foco, quero trazer um álbum com letras fortes e conscientes, e desta vez com parcerias. Terá uma diversidade de elementos, esperamos que saia tudo certo, e que o público goste.
34) RM: Quais os seus contatos para show e para os fãs?
Bruno Natty: (71) 98318 – 5553 | 98525-1983 | 99352-6291 | [email protected] | Facebook: Bruno Natty Band | Instagram: Bruno Natty Oficial | Youtube: Bruno Natty Oficial: https://www.youtube.com/channel/UCGRtwc8CNupCT_dSwwUXOjg
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