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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Beto Ehongue

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O cantor e compositor maranhense Beto Ehongue faz uma música multicultural ampla, misturando Reggae, Funk, Ska, Samba, Pop e elementos da cultura popular do Maranhão.

Ele possui uma respeitável trajetória na cena cultural de São Luís – MA. Com a banda NEGOKAAPOR gravou CD e viajou o país na divulgação do mesmo, tocando em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Teresina, dentre outras, este mesmo CD foi vencedor nas categorias melhor CD Pop, Melhor Música e Melhor Projeto Gráfico no Prêmio Universidade FM 2006.

Com o grupo Canelaspreta também rodou por várias cidades do Brasil, participando de eventos importantes como o Rock Cordel em Sousa-PB, no Maranhão atua pelos palcos da noite e marca presença em festivais como o BR 135 (três edições), Mostra Sesc Guajajaras de Artes, Grito Rock São Luís (Duas edições), festival esse que já nos selecionou para participarmos em várias edições por cidades do Brasil como Macapá, Piracicaba – SP, Santana – AP, e abrindo shows de artistas nacionais como Nação Zumbi, Otto, Black Alien e atualmente finaliza CD autoral com direção musical de Adnon Soares.

O seu mais recente trabalho “Riba Foi à Lua” – www.soundcloud.com/ribafoialua lançado em julho 2015. Com o poeta Celso Borges realizado o projeto A PALAVRA VOANDA já apresentado em alguns Estados do nordeste como Paraíba, Ceará e Maranhão.

Seja atuando na composição de trilhas para filmes, como “REVERSO” de Francisco Colombo, “ENCOSTO” de Junior Balby e “BICHO DE PÉ” de Junior Balby, vencedor de melhor trilha sonora de vídeo no GUARNICÊ DE CINEMA/2008.  Trabalhou na composição de trilhas sonoras para 24 documentários sobre a vida e obra dos imortais da Academia Maranhense de Letras a convite da MAVAM e da própria Academia, somando pelo menos 40 trilhas sonoras para filmes. Ele firma a sua pulsação criativa e coloca lenha na fogueira da inquietação.  Se

Segue abaixo entrevista exclusiva com Beto Ehongue para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 01.01.2016:

01) RitmoMelodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Beto Ehongue: Eu nasci no dia 14.01.1971 em São Luís – MA.

02) RM: Conte como foi o seu primeiro contato com a música.

Beto Ehongue: Sou de uma família evangélica, mas em nada me ajudou a me aproximar da música na prática. O posicionamento conservador e até certo ponto fundamentalista dos meus pais me proibindo de tal acesso, mesmo que ele fosse realizado dentro da Igreja.

Havia uma incompreensão mais de minha mãe que não deixava esse sentimento aflorar, mesmo percebendo meu interesse desde cedo por esse caminho. Mas havia uma ligação minha forte com a música, ainda incompreendida até por mim mesmo, com o passar do tempo fui adquirindo a minha “independência” comportamental e essa a proximidade foi inevitável.

Ganhei um violão de um ex-cunhado e comecei a estudá-lo sozinho, nunca fui um bom instrumentista, mas me identifiquei logo com a chamada MPB, artistas como: Chico Buarque, Geraldo Azevedo, João Bosco, Djavan, e depois o mundo do reggae. E outros gêneros que me fizeram companhia musical ao aprendizado, hoje eles ainda são referências, no entanto esse universo se amplia a cada dia, e busca sempre se renovar e incluir velhos e novos artistas e tendências.

03) RM: Qual a formação musical e acadêmica fora música dos membros da banda?

Beto Ehongue: Eu estudo Rádio e TV. A minha banda no decorrer de minha trajetória musical vem mudando sempre que a necessidade e o momento pedem, por isso fica difícil mencionar todos, mas toco com um pessoal que além da música estão em outros setores da vida profissional, como João Simas (guitarra) que estuda fonoaudiologia, além de Bigorna (trompete) e Raflea (baixo) que estudam música pela UFMA.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente? Quais deixaram de ter importância?

Beto Ehongue: Já falei acima um pouco das influências do passado, atualmente artistas que fazem parte de nossas influências musicais são: Chico Science e nação zumbi, Mano Chao, Gilberto Gil, Asian Dub Foundation. Artista da cultura popular do Maranhão como Coxinho, Juca do Bolo, Mestre Felipe, Mestre Apolônio e o rei do reggae Bob Marley. Creio todas as influências, desde as primeiras de uma certa forma continuam presente, mesmo haja umas muito mais presentes do que as outras.

05) RM: Quando, como e onde  vocês começou a sua carreira musical?

Beto Ehongue: Difícil falar quando comecei a carreira musical entendendo que isso é algo nato, que nasce conosco, mas se tratando de trabalho profissional ou parecido com isso, posso citar a experiência com O Som do Mangue, primeiro grupo formado por mim que unia elementos da cultura popular com as conhecidas músicas universais como o Reggae, o Funk, o Rock.

E todo esse caldeirão musical começou por volta dos anos 2000, quando morava em uma localidade próxima a São Luís – MA que faz parte da região metropolitana da ilha que se chama Araçagy. E lá à beira do mangue começamos esse trabalho e o nome Som do Mangue veio mesmo daí, veio do fato do som ter nascido nessa região de mangue, bastante abrangente e presente em grande parte da orla da cidade.

06) RM: Quantos discos lançados e quais os anos de lançamento (quais os músicos que participaram das gravações)? Qual o perfil musical de cada álbum? E quais as músicas que você acha que caíram no gosto do seu público?

Beto Ehongue: Em 2006 lançamos o disco Negokaapor, grupo esse que era o Som do Mangue e por questões direitos nominais o adotamos, foi o primeiro trabalho fonográfico de fato, antes tínhamos lançados alguns “demos” ainda com o antigo nome, participaram desse trabalho os músicos: Baé Ribeiro e Cidel Trindade (percussão), Eduardo Meneses (guitarra), Tiago Buxexa (trombone), Sandro Roberto (trompete), Oliveira Neto e Nicola El Loco (baterias) e DJ Juarez (pick ups).

Depois lançamos mais dois CDs experimentais do mesmo grupo. Em 2012 surge o projeto Canelaspreta, com esse trabalho gravamos um EP ao vivo no projeto BR 135 com os músicos: João Simas (guitarra), Isaias Alves (bateria), Tiago Buxexa (trombone), Netinho (guitarra), Raflea (baixo), esse trabalho abrange uma sonoridade mais cadenciada com elementos do reggae pulsando na maior medida, mas com uma pegada particular, fugindo dos modelos conhecidos da pegada regueira do Maranhão e do Brasil, além de porções de música eletrônica.

Esse trabalho está no momento sendo produzido pelo diretor musical Adnon Soares que juntamente com a banda está em estúdio, em fase final de gravação do primeiro CD completo, com 11 músicas autorais. E em 2015 surge o projeto Riba Foi à Lua, com uma sonoridade voltada para o pop, com canções de melodias simples e um teor irreverente nas letras, abordando temas do cotidiano, o amor, a intriga, as nostalgias do tempo de criança, além das mazelas sociais da nossa região e de todo o brasil.

Participam deste trabalho os músicos: Gustavo Ramada (baixo), João Simas (guitarra/violões), Isaias Alves (bateria), Raflea (teclado). Existem ainda outros projetos paralelos no qual em desenvolvo também, esse ainda sem previsão de gravação como o “Sampler B”, que é musica eletrônica com percussão e o “Skaravelho”, trabalho voltado para o tradicional Ska jamaicano.

07) RM: Como você define o seu estilo musical?

Beto Ehongue: Difícil falar. Existem diversos trabalhos com formatos distintos e cada formato nós procuramos incluir uma variedade de informações que vão dos cantos de terreiros aos ouvidos no rádio desde a infância até agora, então prefiro dizer que fazemos uma música universal com temperos da nossa aldeia.

08) RM: Como você se define como cantor/intérprete?

Beto Ehongue: Analisarmos os padrões e técnicas que qualificam um grande cantor. Eu certamente não me enquadraria, mas tento dentro das minhas limitações dar certa personalidade as músicas que faço e canto. Isso, de certa forma compensa uma possível técnica mais apurada.

09) RM: Quais os cantores e cantoras que você admira?

Beto Ehongue: São muitos, Bob Marley é um, mas posso citar ainda: Tim Maia, Tom Zé, Jorge Benjor, Caetano Veloso, Céu, Gal Costa, Marisa Monte, enfim, tem muito mais…

10) RM: Como é seu processo de compor? 

Beto Ehongue: Surgem em momentos inusitados, geralmente em meio ao caos ou em confluências de pensamentos. Eu posso estar no trânsito, assistindo TV, ou até na internet. A vida é a maior inspiração e ela estar em todo lugar, nos bancos de praças dos namorados, na sorrateira reunião dos palácios que regem nossa política, no piso movediço e profano das religiões.

11) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolvimento da sua carreira musical?

Beto Ehongue: Bastante amplo, que vai desde a produção dos próprios eventos a divulgação dos mesmos. E a internet tem sido uma boa ferramenta para esse desenvolvimento, através dela buscamos a inclusão em editais, festivais e promoção e divulgação do nosso trabalho.

12) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?

Beto Ehongue: Como disse acima ela ajuda muito, principalmente no que possibilita a entrada em grandes redes, com acesso irrestrito e mundial, e isso, ajuda na visibilidade do trabalho e de certa forma democratiza a informação. No entanto esse “mercado” é disputado e a grande facilidade ao acesso causa um big congestionamento que fica quase impossível o acompanhamento de tudo que de fato acontece. E isso acaba escondendo trabalhos que possuem uma apurada criatividade. Ainda assim, afirmo que sua participação nesse contexto todo ainda é muito mais positiva do que negativa.

13) RM: Como você analisa o cenário reggae brasileiro? Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Beto Ehongue: Alguns grupos que se destacou nas últimas décadas, um deles é nosso conterrâneo, a Tribo de Jah, outros trabalhos tiveram bastante relevância, a banda Cidade Negra nos seus primórdios era bastante criativa. No entanto acho que esse cenário anda meio saturado, as banda meio que formatada se perderam em um discurso uníssono, ficou meio chato, aqui em São Luís a maioria se enveredou pelo universo do cover, quando não, adotam a cartilha letrística do “Jah”, “cachoeira e natureza”.

E esse cenário cabe perfeitamente para todo o Brasil, no Rio de Janeiro tem um movimento forte, em Niterói conheci o regueiro José Rodrigues, um dos poucos que fazem reggae com a filosofia do reggae, abordando temas diversos e sem querer ser o Bob Marley. Acho inclusive que bandas que nem necessariamente são de reggae tiveram contribuições mais importantes como os Paralamas do Sucesso, Titãs e Gilberto Gil.

14) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro? Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Beto Ehongue: Hoje o Brasil vive o que um amigo meu que é jornalista, Gilberto Mineiro, chama de “momento fofo”, ninguém quer falar de coisas importantes, sobrou para os passarinhos nas árvores, as gavetas e todo um universo de fofura que abrange banhar na chuva e correr ao encontro da namoradinha.

Mas ainda assim temos muita gente boa, Recife – PE protagonizou na década de 90 o grande boom dos últimos tempos, o Manguebeat é forte e ainda hoje contempla o Brasil com trabalhos inovadores e criativos, além de outros nomes mais recentes como Céu, Marcelo D2, Otto, Lenine, O Rappa, Cordel do Fogo Encantado, Racionais MCs,

15) RM: Quais as vantagens e desvantagens do fácil acesso a tecnologia  de gravação (Home Studio)?

Beto Ehongue: Gravar se tornou algo acessível, diferente de tempo atrás que envolvia toda uma estrutura caríssima e colocavam os artistas na dependência de uma gravadora ou na necessidade de juntar muita grana. O home estúdio trouxe essa facilidade, o que temo que fazer é ficar atentos e não acharmos que qualquer coisa pode ser considerada uma produção musical.

16) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?

Beto Ehongue: Acho que já passei por todas essas situações citadas.

17) RM: O que deixa você mais feliz e mais triste na carreira musical?

Beto Ehongue: Fazer o nosso som com qualidade técnica e estética garantida e com um bom publico receptivo é sempre a maior alegria. E não ter espaço para realizar isso é com certeza muito triste.

18) RM: Você acha que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Beto Ehongue: Sim.

19) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Beto Ehongue: Seja honesto e original, o caminho não é fácil, no entanto a felicidade de percorrê-lo por si só vale a caminhada.

20) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com o uso da maconha?

Beto Ehongue: Ás vezes chega a ser chato esta relação, e acaba escondendo aspectos importantes do estilo como uma filosofia de mundo melhor, mais igualitário. De certa forma é uma maneira “engraçadinha” de a sociedade rotular esse comportamento, mas sabemos que a maconha não é privilégio dos regueiros, inclusive conheço uma porção que nem fumam. Mas eu não costumo ligar muito para isso, eu tenho uma concepção sobre o uso descriminalizado das drogas e sei que os piores males acontecem por conta da ilegalidade.

20) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a religião Rastafari?

Beto Ehongue: Gosto muito do reggae, mas nunca me aprofundei muito no estudo do Rastafari. Até tenho uma impressão espiritual com a música e acho que as coisas são bem maiores do que imaginamos, no entanto essa questão eu deixo para especialista para não cometer um erro e falar bobagens.

21) RM: Como você define o reggae que você faz?

Beto Ehongue: É um reggae descompromissado no sentido musical, não temos medo de acrescentar as nossas impressões mesmo que isso fuja dos padrões adotados, na verdade essa fuga é o nosso melhor caminho.

22) RM: Os adeptos a religião Rastafari afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa essa afirmação?

Beto Ehongue: A música verdadeira é aquela que toca as pessoas. E acredito que o fanatismo nunca fez bem a humanidade, prefiro que as coisas sejam livres e que o que é verdadeiros, sincero, sempre vai ser carregado de boas vibrações.

23) RM: Na sua opinião por que o reggae no Brasil não tem o mesmo prestigio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?

Beto Ehongue: Não tenho essa resposta, a língua talvez seja uma barreira, o mercado sempre exige adequações e inovações e a produções brasileiras precisam ganhar mais originalidade se quiserem entrar nesse meio.

24) RM: Quais as atitudes individuais que permitem manter uma banda por longos anos?

Beto Ehongue: Organização, inspiração e saber lidar com egos e diferentes pontos de vista.

25) RM: Nos apresente a cena musical reggae de São Luís?

Beto Ehongue: São Luís possui um circuito razoável de bandas de reggae, mas como falei antes, muitas são especializada na cultura do cover e não é raro ouvir um reggae caricato e sem personalidade, no entanto ora e outra surge algo inspirador, mas no geral é despretensioso e acomodado, o discurso é repetitivo apesar do bom público que os acompanha.

26) RM: Quais as diferenças das Radiolas de São Luís?

Beto Ehongue: As Radiolas de reggae de São Luís desempenharam um grande papel na difusão desse gênero há décadas atrás. Hoje elas são muito mais simbólicas do que realmente importantes. E também se deixaram cair no clichê e na produção fácil e rola muito o chamado reggae descartável, aquele que embala um momento, mas rapidamente pede para sair.

As Radiolas já foram a sensação das noites da cidade, embalando festa, principalmente na periferia aonde o publico era bastante variado e frequentado por pessoas de diversas classes sociais. Hoje voltamos de novo ao isolamento, existe o reggae que toca nas quebradas e o reggae para uma classe média com fronteiras bem definidas. Os DJs que comandam estas Radiolas/festas também se acomodaram e quase sempre ouvimos o mais do mesmo e muito blá, blá, blá.

27) RM: Nos espaços ou clubes que tocam as Radiolas tem espaço para banda tocar?

Beto Ehongue: São raros estes momentos, geralmente é um ou outro. Posso citar algumas casas como o Bar do Nelson, este mais tradicional e com esse perfil de Radiola e bandas e mais recendente o Porto da Gabi, especializada na reprodução do reggae do vinil, mas que ora e outra abre espaço para o reage feito ao vivo, inclusive para artistas internacionais.

28) RM: Existe rivalidade profissional entre os donos de Radiolas e as bandas e cantores(as) de reggae em São Luís?

Beto Ehongue: Existe, com a Radiolas então existe uma guerra particular que chega a ser até saudável e não acho que chega a atrapalhar, mas, já com os cantores esta “rivalidade” prejudica porque se acaba caminhando sozinho e todos sabem que junto é bem melhor e mais fácil.

29) RM: Na letra Magnatas e Regueiros da Tribo de Jah. É relatado que os Magnatas, que são os donos de Radiolas, só pensam em Dinheiros, ou seja, no lucro do baile e não estão se importando com o regueiros nem com o reggae. O que você me diz dessa realidade local?

Beto Ehongue: Essa música foi feita na década de 90, creio, quando existia o grande boom de Radiolas em São Luís. Os donos eram mesmo conhecidos como magnatas e poucos de fato se importavam com a realidade do regueiro, e muito menos com o reggae, tanto que as coisas foram se encaminhando para um desvirtuamento musical e hoje muito deles tocam de tudo. Uma boa parte se aproveitou desse “poder” para entrar na vida pública de onde não saem mais e continuam fazendo o mesmo que sempre fizeram pelo regueiro: nada.

30) RM: O que justifica São Luís ser conhecida como a Jamaica Brasileira?

Beto Ehongue: Esse título já foi mais merecido do que hoje em dia, mas de fato o reggae ainda pulsa forte aqui e em outras cidade do Estado. O ludovicense criou uma identidade muito forte com o reggae, mesmo sem entender diretamente a mensagem que vinha da música do país de Bob Marley havia e há um sentimento que nos liga a esse ritmo, não é muito difícil entender isso. Imagine uma ilha com uma grande população negra, cercada de pobreza por todos os lados, rica em história e ritmos em que na maioria das vezes a música é a única diversão e válvula de escape. Sabe de que lugar eu estou falando? Pode ser São Luís, pode ser a Jamaica.

31) RM: O reggae em São Luís é dançado agarradinho. Quais os motivos que levaram a essa característica local? Seria a semelhança do ritmo reggae com o Xote?

Beto Ehongue: Esse povo caribenho necessita de outro corpo para ser feliz (risos). Também acho o xote e o forró foram os professores do reggae agarradinho.

32) RM: O shows de reggae no sudeste a presença maior é de jovens e em São Luís tem pessoas de várias idades. Quais os motivos levaram a essa característica local?

Beto Ehongue: Aqui tem disso mesmo, o reggae não tem faixa etária, como ele chegou aqui por volta da década de 70 os primeiro adeptos não abandonaram o estilo e o gosto musical, pelo contrário, ajudaram a difundi-lo. E hoje é de fato bem legal ver gente de todas as idades dançando e cantando o reggae, é assim no salão, nos shows, nos barracos e até nas mansões.

33) RM: Qual a receptividade dos regueiros de São Luís para com os músicos jamaicanos?

Beto Ehongue: Estão sempre vindo aqui muito deles e são sempre bem recebidos.

34) RM: A receptividade dos regueiros de São Luís é a mesma para com os músicos e bandas de reggae brasileira? 

Beto Ehongue: São públicos meio que diferentes, mas também são bem recebidos.

35) RM: A impressão para quem não mora em São Luís é que a cena reggae local é diferente das outras cenas reggae do Brasil. Essa impressão procede?

Beto Ehongue: O reggae aqui é diferente, quando digo diferente quero falar do sentimento, ele faz parte do cotidiano das pessoas, temos orgulho disso, apesar da falta de estrutura, o reggae pulsa diferente por essas bandas.

36) RM: Quais os projetos futuros da banda?

Beto Ehongue: Finalizar o CD que esta em produção e tocar pelo mundo (risos).

37) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical independente?

Beto Ehongue: É muita correria e pouco retorno financeiro, pelo menos para quem estar começando como a gente, e olha que já se vão 15 anos de trabalho profissional. A independência é necessária.

38) RM: Quais os seus contatos para show e para os fãs?

Beto Ehongue: (98) 98805 – 2001 | 98141 – 2778 | [email protected] | www.facebook.com/canelaspreta | www.soundcloud.com/canelaspreta | www.soundcloud.com/ribafoialua | www.soundcloud.com/samplerb | www.myspace.com/canelaspreta


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.