A Flor de Aruanda inspira-se nas influências sonoras do rock, do soul e da MPB. Suas músicas abordam o amor, a ecologia e o pacifismo. A banda se formou no Rio de Janeiro em maio de 2011, após a realização e lançamento do filme Quilombo (2010), de Renata Lira, sobre a região serrana de Casimiro de Abreu (RJ).
Em 2012, a Flor de Aruanda participou do EP “Berimbau” com Andy DJT, de Nápoles, em homenagem à obra de Baden Powell e Vinícius de Moraes. Neste ano, tocou no Planetário da Gávea e no Festival Primavera-Verão de Rio das Ostras. No ano seguinte lançou o videoclipe de “Um amor acontece”, dirigido pelo cineasta Álvaro Furloni.
O primeiro álbum foi lançado na primavera de 2016, dando início a uma turnê pelo estado do Rio de Janeiro. Em junho de 2017, estreou a versão ao vivo de “Um dia de Primavera”, para a série Registros. A parceria com o produtor Carlos Savalla também resultou no lançamento de “Raio de Luz”, em setembro. Em novembro, a banda disponibilizou nas plataformas digitais o remix “Um amor acontece DUB”.
Em 2018, a Flor de Aruanda lançou a música “Eu, você e o mar” no Beco das Garrafas, em homenagem ao aniversário de 60 anos da bossa-nova. No fim deste ano, lançou o single “Nossa história” pela Savalla Records.
Em 2019, a banda participou do XVIII Festival de MPB de Pereira Barreto (SP), da Festa Africanidades em Casimiro de Abreu (RJ), da 17. ª Semana Nacional de Museus em Barra de São João, da 10.ª FLIM de Santa Maria Madalena, da Festa Woodstock in Sana e do Festival Sana Cultural.
Em 2020, participou do InSana Rock Festival e lançou o videoclipe Nave-mãe (espaço sideral). Em 2021, a banda foi convidada para a Maifest Festival e para a 12.ª edição da FLIM de Santa Maria Madalena.
Em 2022, participou do projeto Soul da Casa no Teatro Popular de Rio das Ostras e em maio lançou o single “Eu, você e o mar”. Em agosto, a banda lançou o single “Meu amor”. Em outubro, a banda abriu o show do Raiz do Sana e lançou a edição comemorativa de 10 anos de “Um amor acontece” em EP, que apresenta a versão em estúdio, dois remixes e a gravação ao vivo em Rio das Ostras.
Em novembro, abriu a programação do Festival Gastronômico Sabores do Sana e lançou o single e videoclipe da música Universo é Mental no Gueralds, em Niterói.
Em 2023, a banda apresentou o novo show em noites memoráveis no Mississipi Delta Blues Bar, Ganjah, Thunder Rock Café e eventos em várias cidades do Rio de Janeiro. Neste ano, a Flor de Aruanda expandiu seu alcance na cena alternativa, chegando a mais de 20 países.
Segue abaixo entrevista exclusiva com o baixista Alexandre Lira da Flor de Aruanda para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 03.01.2024:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Flor de Aruanda: A Flor de Aruanda é uma banda que surgiu em 13 de maio de 2011, no Rio de Janeiro. É formada por Alexandre Lira (baixo), Renata Lira (voz), Marvin Foster (guitarra) e Marcos Azevedo (bateria).
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Flor de Aruanda: O meu (Alexandre Lira) primeiro contato foi na infância. Na minha casa havia uma coleção de discos e um estéreo Gradiente. Eu também ouvia rádio frequentemente. Os companheiros da banda também vieram de lares muito musicais.
03) RM: Qual a formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Flor de Aruanda: Todos da banda estudaram teoria e prática, harmonia funcional, voz e percussão com músicos experientes. Eu (Alexandre Lira) sou doutor em História, Renata é mestre em História, Marvin é bacharel em Medicina e Marcos é licenciado em Música.
04) RM: Quais as influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Flor de Aruanda: Nossas influências profundas estão no jazz, blues e ritmos brasileiros. O som da banda é uma síntese de soul, rock, reggae e MPB. Nós também curtimos muito funk e disco music dos anos de 1970. Tim Maia, Jorge Benjor, Black Rio, Clara Nunes, Tom Jobim, Novos Baianos, James Brown, Funkadelic, Bob Marley, Miles Davis, Led Zeppelin, enfim, artistas que tem referência na diáspora africana são muito importantes para nós. Eu acredito que as influências presentes na formação musical sempre permanecem de alguma forma na atividade profissional.
05) RM: Como a banda começou?
Flor de Aruanda: As primeiras apresentações da banda foram em casas de jazz e palcos alternativos. Nos anos seguintes atuamos em eventos, participamos de festivais e abrimos o show de outras bandas.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Flor de Aruanda: A banda lançou um CD, um EP e sete singles. Nós também participamos do EP Berimbau de Andy DJT, de Nápoles, em 2012.
Em 2013, divulgamos o nosso primeiro videoclipe, “Um amor acontece”. Em 2015, finalizamos o álbum Flor de Aruanda, que foi lançado em CD e nas plataformas digitais, na primavera de 2016.
Em 2017, foi lançada a versão ao vivo de “Um dia de Primavera”, pela série Registros da Savalla Records. A parceria com o produtor Carlos Savalla também resultou na gravação da música “Raio de Luz”, disponível em áudio e vídeo nas plataformas digitais. Em 2018, lançamos as músicas “Eu, você e o mar” e “Nossa história” gravadas em versão lounge ao vivo.
Em 2022, a banda lançou os singles “Eu, você e o mar”, “Meu amor” e “Universo é Mental”. Em outubro, lançou em EP a edição comemorativa de 10 anos de “Um amor acontece”, que contém a versão original em estúdio, a gravação ao vivo no Teatro de Rio das Ostras e mais duas faixas em ambiente DUB.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Flor de Aruanda: Soul e jazz-rock.
08) RM: Vocês estudaram técnica vocal?
Flor de Aruanda: Sim, O trabalho de Renata Lira é notável neste sentido. Ela estudou com professores de canto experientes e atualmente é acompanhada de perto pelo trabalho de uma fonoaudióloga. Marvin e Marcos também são ótimos vocalistas.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Flor de Aruanda: São fundamentais, pois o estudo técnico permite o melhor aproveitamento do potencial vocal. Eu acredito que o cuidado com a voz é decisivo para garantir uma performance adequada e uma longa carreira.
10) RM: Quais os cantores que vocês admiram?
Flor de Aruanda: Clara Nunes, Tim Maia, João Gilberto, Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Betty Davis, Chaka Khan, James Brown, Michael Jackson, Stevie Wonder, Bob Marley, entre outros.
11) RM: Como é seu processo de compor?
Flor de Aruanda: Não há nada pré-definido: uma frase, uma melodia ou uma sequência de acordes, qualquer coisa pode disparar o processo de criação.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Flor de Aruanda: Renata Lira é a primeira a conhecer qualquer novidade. A opinião dela é sempre muito importante.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Flor de Aruanda: O artista independente tem grande liberdade de ação, entretanto também pode ter dificuldades de encontrar parceiros necessários para determinados projetos.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Flor de Aruanda: Dentro do palco, buscamos uma performance quente, precisa e enérgica. O nosso objetivo é balançar o público.
Fora do palco, estamos sempre produzindo novidades e interagindo com artistas, intelectuais e movimentos sociais. Nós estimulamos o debate de pautas avançadas na sociedade, a defesa dos direitos humanos e da ecologia.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Flor de Aruanda: A banda fortalece a cena alternativa participando da produção de shows, festas e eventos. Além do marketing voltado para as plataformas digitais, nós também desenvolvemos uma linha de produtos.
16) RM: O que a internet ajuda ou prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Flor de Aruanda: A internet é uma poderosa ferramenta para divulgar nosso trabalho. É um importante espaço de produção, circulação de ideias e venda de mercadorias e serviços. Nós gostamos muito de interagir com os nossos fãs e seguidores.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Flor de Aruanda: Um bom produtor fonográfico e um técnico experiente podem fazer milagre. É possível obter grandes conquistas combinando tecnologia analógica e digital. O segredo está na captação. A gravação deve ser muito boa para a mixagem ser um sucesso. Entretanto, alguns resultados só podem ser obtidos em salas especiais com microfones, amplificadores e processadores que apenas os grandes estúdios possuem.
18) RM: No passado, a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Flor de Aruanda: A Flor de Aruanda é eletrizante. A banda irradia paz, amor e alegria. A nossa música celebra a vida, desperta a consciência e proporciona bem-estar.
19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileira. Em sua opinião, quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Flor de Aruanda: Os músicos da bossa-nova e da MPB deixaram obras imortais. Devemos destacar que no cenário instrumental, o Brasil produziu verdadeiros gigantes.
De um modo geral, o mainstream regrediu muito. Nos anos de 1980, os artistas mais tocados eram consistentes e populares. Atualmente, os dez mais tocados nas rádios pertencem a nichos de mercado, não agradam muita gente e a maioria nunca ouviu falar.
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, etc.)?
Flor de Aruanda: Em 2019, num festival de rock, estava previsto um solo de baixo no final do show. Tudo parecia perfeito. Fui para o centro do palco para curtir a energia com a galera. Num determinado instante, a bateria e a guitarra pararam de tocar.
Eu estava concentrado e pensei comigo mesmo: “que legal, vou aproveitar isso e aplicar uma seção rítmica intensa e crescente.” E a cada chorus, eu tinha uma nova ideia para executar.
Os gritos e assovios eram o combustível para a psicodelia. Num dado momento, a bateria retumbante retornou para um final absolutamente incendiário e um desfecho apoteótico do show.
Comemoramos com a produção, os técnicos e todos que estavam na área do camarim. Todos elogiaram o batera pelo final, pois aquilo tinha dado muito certo. Ele respondeu: “A corrente do pedal de bumbo quebrou no meio do solo, por sorte eu tinha um alicate, dei uma parada, consertei e voltei tocando até o final.”
21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Flor de Aruanda: Se eu estiver com meu baixo na mão, eu estou feliz. Eu gosto de ensaiar, compor, gravar, viajar e conhecer pessoas. Fazer shows e poder apresentar uma boa performance é realmente divino.
Entretanto, eu vejo que o mercado musical no país ainda é muito pequeno, em relação a quantidade de bons artistas que existem. O financiamento para a produção musical é restrito a determinados nichos de mercado. Se o cenário fosse diferente, o Brasil poderia ser um grande exportador de música, arrecadando uma grande quantidade de ativos.
22) RM: Existe o Dom musical?
Flor de Aruanda: Sim. A Música é uma missão espiritual, que exige estudo, dedicação e serviço.
23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Flor de Aruanda: A improvisação é o processo de criar espontaneamente novas melodias a partir de uma melodia e de uma estrutura harmônica.
24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Flor de Aruanda: A improvisação requer estudo prévio constante para o estabelecer um conhecimento das melhores possibilidades. Todas as escalas, arpejos, modos e tons tem que ser repetidos até fazer parte de uma memória profunda. O uso do metrônomo e dos play-a-longs são fundamentais para o estudo dos diferentes andamentos e garantir a precisão da execução. As asas do músico têm que ser fortes para fazê-lo voar.
25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Flor de Aruanda: O sistema de escala de acordes, proposto por Jamey Aebersold, em 1967, é um excelente recurso para o ensino do jazz. É importante estudar as músicas, conhecer os standarts e criar um repertório.
Estudar cada tema e experimentar. É fundamental tocar com o coração e “contar uma história”. O improvisador deve expressar lirismo, calor e ousadia. Não tenho nada contra os métodos, é necessário segui-los para poder pensar corretamente e expressar o melhor da sua música.
26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Flor de Aruanda: A harmonia funcional é extremamente importante para a execução, a composição e a improvisação. Almir Chediak e Ian Guest contribuíram para que os estudos de harmonia estivessem ao alcance de todos. Não tenho nada contra os métodos, é necessário segui-los para ampliar a sua capacidade de ação e de entendimento da música.
27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Flor de Aruanda: Um sistema público e democrático de rádio, que garanta qualidade e diversidade cultural, é a solução para esse tipo de questão.
É bom ressaltar que neste momento, estão proliferando rádios independentes e web rádios, que podem representar uma alternativa à massificação.
28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Flor de Aruanda: É fundamental ter uma sólida formação musical, filosófica e psicológica. É necessário ouvir os conselhos dos músicos mais experientes. É importante participar de conjuntos, bandas ou orquestras.
O músico deve participar de um trabalho autoral, para poder viver da própria música. Neste sentido, o artista deve conhecer várias áreas da produção e divulgação.
Quando o músico desenvolve um trabalho conceitual, ele contribui para o desenvolvimento das artes em geral.
29) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Flor de Aruanda: Os festivais de bandas são muito relevantes para a cena musical. São muito importantes para o público conhecer novos artistas.
30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Flor de Aruanda: A grande mídia cobre apenas uma pequena parte da cena musical. Os veículos de comunicação de massas não têm interesse em música.
31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Flor de Aruanda: Todo o incentivo neste sentido é positivo. A cena musical estimula vários setores da indústria, comércio e serviços, gerando prosperidade e desenvolvimento econômico para o país.
32) RM: Quais são os seus projetos futuros?
Flor de Aruanda: A banda realizou em novembro de 2023 um show no Seminário do Quilombo da Serra do Mar – Casimiro de Abreu. Em 2023 fizemos shows no mês da Consciência Negra no Rio de Janeiro, Trajano de Morais e Nova Friburgo. Em 2024, vamos lançar um novo single e videoclipe e temos planos para a gravação de um novo álbum.
33) RM: Quais seus contatos para shows e para os fãs?
Flor de Aruanda: www.flordearuanda.com
| https://www.instagram.com/flordearuanda/
| https://www.facebook.com/flordearuanda
Canal: https://www.youtube.com/channel/UCOvFABpN0CzccqmrnWzgJPQ
Flor de Aruanda – Novo dia: https://youtu.be/AGYYroI3Px8?si=pBSCTUNKw_WWKKV4
Flor de Aruanda – Novo dia: https://open.spotify.com/track/7oeARLynNrEoGKfg1IznnS?si=QnqQb-ncRyisTNFH-_truA
Flor de Aruanda – Nave-Mãe (Espaço Sideral): https://www.youtube.com/watch?v=uArfuZfRFJw
Flor de Aruanda – Um amor acontece: https://www.youtube.com/watch?v=jk7c-vdpp_I
Flor de Aruanda – Eu, você e o mar: https://www.youtube.com/watch?v=L3FEsrGFDDY
Playlist: https://www.youtube.com/watch?v=uArfuZfRFJw&list=PLB0D4EEC4A2DB5E8D
Parabéns!!!!
Desejo muito sucesso!!
O trabalho da Banda Flor de Aruanda, é incansável na divulgação da boa música. Desejo sucesso e reconhecimento!