O compositor, violeiro paulista Arnaldo Freitas é amplamente reconhecido como um dos maiores violeiros do Brasil.
Iniciando sua trajetória de forma autodidata nas fazendas ao redor de sua cidade natal, Arnaldo mudou-se para São Paulo em 2003, onde deu início à sua carreira profissional.
Durante 10 anos, foi integrante fixo do icônico programa “Viola, Minha Viola”, consolidando-se como referência na música caipira. Vencedor do Festival Nacional Voa Viola na categoria de melhor instrumentista, Arnaldo é aclamado por críticos e especialistas por sua versatilidade e maestria com a viola caipira.
Sua trajetória inclui colaborações com grandes nomes da música brasileira e caipira, como Inezita Barroso, Daniel, Jairo Rodrigues, Emílio Santiago, Milionário & José Rico, Dominguinhos, Liu & Léu, Renato Borghetti, Alessandro Penezzi, entre outros. Além de gravar diversos álbuns com destaque para suas composições, Arnaldo já se apresentou em países da Europa e da América Latina.
Hoje, Arnaldo Freitas é considerado uma das principais referências da nova geração de violeiros, levando a tradição da viola caipira para novos públicos e horizontes.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Arnaldo Freitas para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 25.10.2024:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Arnaldo Freitas: Eu nasci no dia 07/03/1980 em Marília, interior de São Paulo e fui criado em Echaporã – SP. Registrado como Arnaldo Soares de Freitas Filho.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Arnaldo Freitas: Meu contato com a música é desde criança, meus pais (Marina Guilherme de Freitas e Arnaldo Soares de Freitas) sempre ouviam música em casa, sobretudo a música caipira nos diversos aspectos, também a música regional gaúcha, mas a base forte sempre foi a música raiz.
E desde Acordeon a Viola e eu fui acostumado a conviver nos bailes da roça, os bailes nas fazendas, o arrasta-pé com sanfoneiro tocando, violonista, pandeiro e o “pau quebrava” até amanhecer o dia.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Arnaldo Freitas: Minha formação é mais autodidata, eu fui conhecer música na questão de conhecer as notas quando eu cheguei em São Paulo, estudei um pouco de harmonia e fiz um ano no Conservatório Instituto Tom Jobim de estudos musicais a antiga ULM – Universidade Livre de Música.
Mas a minha formação foi aprendendo de músico para músico, observando grandes mestres e sempre ouvindo música e tirando coisas e compondo inspirado principalmente na natureza.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Arnaldo Freitas: Minha principal influência na Viola como todo mundo começa com Tião Carreiro, depois conheci Bambico, Renato Andrade, essa é a minha tríade de inspiração na Viola Instrumental. Eu também conheci Roberto Corrêa. Hoje em dia muitos violeiros me inspiram meus amigos principalmente Marcus Biancardini, Thiago Viola, Leandro Valentim, Fernando Sodré, Almir Sater e a lista é grande.
Já em outros gêneros musicais minha principal inspiração é Paco de Lucia, Andrés Segóvia, Rafael Rabello, Yamandu Costa, Alessandro Penezzi, Joe Pass, Bach, Mozart, Paganini. Esses nomes têm uma forte relevância na minha forma de tocar e até hoje me inspiram, além do violonista flamenco Vicente Amigo e por aí vai…
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Arnaldo Freitas: Minha carreira musical começou quando eu era criança e ganhei meu primeiro Violão aos oito anos de idade (em 1988) e aos 13 anos ganhei a minha primeira Viola, eu ainda morava na fazenda e comecei a tirar as músicas e compor algumas músicas.
E, por morar sozinho sem referência próxima, principalmente na Viola, eu fui desenvolvendo a minha técnica própria no jeito de tocar Viola. O que é uma característica primordial para cada músico. Então a minha carreira musical começou com a Viola aos 13 anos (em 1993), quando comecei a me desenvolver e profissionalmente quando fui morar em São Paulo com 23 anos de idade (em 2003).
06) RM: Quantos álbuns lançados?
Arnaldo Freitas: Lancei dois CDs físicos, três álbuns digitais e alguns singles também…
07) RM: Como você se define como Violeiro?
Arnaldo Freitas: Eu sou um violeiro que tem a Viola como expressão de linguagem de alma. A minha base é a música sertaneja raiz, porém sou um caipira contemporâneo, como me denominou pessoalmente o mestre e amigo Roberto Corrêa.
Eu sou um navegante nesse mar infinito da música trazendo inspirações e sensações na forma de harmonia e notas conforme meu estado de espírito. E não me limitar apenas a um estilo, mas a minha base forte, meu porto seguro é a música sertaneja caipira. E estou sempre à deriva no mar aberto, eu gosto dessa sensação de outros mundos, acredito que tudo soma…
08) RM: Quais afinações você usa na Viola?
Arnaldo Freitas: Eu utilizo afinação Cebolão em Mi (E – B – G# – E – B) ou mi bemol, Rio Abaixo. E duas afinações que eu o criei chamadas, borboleta e cristalina. Porém estou sempre tocando sempre com o baixo alterado às vezes em Lá, Sol sustenido, Fá sustenido ou em Dó sustenido.
09) RM: Quais as principais técnicas o violeiro tem que conhecer?
Arnaldo Freitas: Cada violeiro tem a sua técnica particular, desenvolve uma maneira, isso é preponderante na habilidade física de cada um, você vai tocando e vai se encontrando, mas eu acredito que conhecer a base técnica da Viola Caipira da forma com que os grandes mestres tocaram e fizeram escola com ela, acho que todo violeiro deve conhecer pelo menos um pouco, na minha opinião é primordial que conheça.
10) RM: Quais os violeiros que você admira?
Arnaldo Freitas: Essa lista é grande, têm muitos violeiros. Como eu já falei, sobretudo os que eu tenho amizade, graças a Deus, tenho essa felicidade: Thiago Viola, Marcus Biancardini, Paulo Santana, Leandro Valentim, Fernando Sodré, Bruno Sanches, Ivan Vilela, Roberto Corrêa, Fernando Deghi, Lyan, Thacio Cândido, Lucas Reis, Juliana Andrade, Carol Viola, Mel Moraes e por aí vai.
11) RM: Como é seu processo de compor?
Arnaldo Freitas: O meu processo de compor é intrínseco, a composição muitas vezes vem sem eu pegar na Viola é um momento que eu passo sozinho, refletindo caminhando dentro das matas principalmente. Ou ouvindo algum músico que me inspira tocar, e daí eu me inspiro e capto essas sensações que caminham comigo e eu reflito depois na Viola.
Tudo acontece antes, o instrumento só transmite algo que já me vem pronto, muitas vezes a música surge diante de um estudo que eu estou praticando ou em um momento que eu estou tocando e começa a surgir uma ideia e junto com essa ideia vem uma imagem e com essa imagem uma sensação e eu vou lapidando e a música nasce.
Acredito que ninguém sabe a receita para de fato compor uma música inspirada, é estar com instrumento na mão e estar atento essas introspecções, estou aqui e vibrações que não nos pertence, na verdade são concedidas.
12) RM: Quais as principais diferenças técnicas entre a Viola e o Violão?
Arnaldo Freitas: A diferença é que a Viola em sua técnica mais natural, você utiliza o polegar e o indicador devido ao fato de as cordas finas serem para cima e com as oitavas nos baixos, é o que traz de fato o som característico da viola.
Hoje em dia estamos falando da Viola contemporânea com acrescento de técnicas trazidas principalmente do Violão para Viola, sobretudo o recurso da mão direita, com arpejos, picados, mas a sonoridade da Viola castiça é basicamente o polegar e indicador às vezes o dedo médio.
Eu, utilizo os 5 dedos da mão direita, para compor as minhas músicas na afinação Cebolão, Borboleta, Cristalina, mas Rio Abaixo, eu gosto de tocar na técnica mais tradicional, polegar indicador é o que remete aquele som mais ancestral.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Arnaldo Freitas: Os prós é que você se permite ser de fato aquilo que você é sem depender de banda ou da ideia de outra pessoa que queira que você se dispõe de sua habilidade para música de outras pessoas, quando aquilo de fato não é sua verdade. Existe músicos que gostam de trabalhar com isso, eu já gosto de mostrar o que eu sou mesmo, de transmitir a minha música.
O contra é que muitas vezes, o artista está sempre voando, e precisa entender que gerir uma carreira tem que ter o pé no chão, é a parte que muitas vezes não tem nada de sonho, não tem nada de amor, é quase sempre, analise, estratégia e estatística, na carreira de qualquer músico, seja violeiro ou não, começar é difícil, se manter é difícil, depois parar também é difícil. Mas vale a pena quando você faz o que ama e quando você transmite ao mundo de fato a sua verdade através da sua música.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Arnaldo Freitas: Minha estratégia é eu gerir os meus planos, ter ao meu lado pessoas que caminham comigo com competência e que me ajuda a formular os meus projetos e alinham os pensamentos comigo.
Estou sempre pensando em projetos novos, hoje eu tenho mais clareza disso, a partir do momento que eu entendi que a rédea e o controle do que eu faço está nas minhas mãos e não nas de outras pessoas, é o que muda o jogo.
Existe campo para tudo, basta você saber se adaptar e olhar numa direção certa, sem atirar para todos os lados. Tem que ter um foco, saber o que você é de verdade, pôr a música sempre no plano A, nunca no plano B, se você deixar a música no plano B, ela vai te deixar no plano B.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?
Arnaldo Freitas: Ter um show para apresentar com começo, meio e fim, conversar com vários produtores e ter conhecimento em dialogar com contratantes que promovem festivais de música.
Entender a cabeça de quem está contratando, ter um bom material para apresentar, um bom currículo, ter postura saber chegar nos lugares e saber sair também é importante. Não apenas toca bem, mas os bastidores contam muito! E aos poucos tudo vai sendo construído.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Arnaldo Freitas: A internet ajuda muito pelo fato de ser a “TV” hoje em dia na palma da mão. Podemos mostrar o conteúdo com a nossa cara com a nossa estratégia. Podemos chegar em lugares no mundo que talvez nunca imaginaríamos estar.
O que a internet prejudica é que muitas vezes as pessoas vão pela moda de um meme ou coisas assim. E dependendo da plataforma digital o tempo é escasso e não se forma conceito musical em um minuto e meio, é muito superficial.
Mas a internet está aí para nos dar visibilidade, porém a maneira que você contorna e constrói sua imagem, é o que vai te retratar para sempre, principalmente nessa nova geração que está vindo.
A internet maquia muitas coisas, por isso, eu prezo muito pelo show ao vivo, e muitos músicos que estão na internet são monstros medonho, pessoalmente são insuficientes, pois não tem recurso de maquiar suas falhas no vamos ver de verdade.
Existem muitas verdades e mentiras na internet, não apenas quanto à questão musical, mas a internet veio muito mais para somar do que para destruir. Em relação aos cursos aos lançamentos de sua obra e muitas outras coisas.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Arnaldo Freitas: O home estúdio é perfeito! Hoje em dia, basta ter uma sala e um celular, um bom microfone, uma placa de áudio, internet, já temos a praticidade de mostrar para o mundo inteiro quem somos. É incrível.
No futuro, os grandes estúdios vão ser usados para gravar grandes bandas, em relação ao músico solo, trio, quarteto, já conseguimos gravar tudo pelo celular ou computador em casa. Em relação à praticidade ter um Home estúdio é excepcional até para se autoconhecer tocando, se ouvir melhor. Todo músico deve ter um home estúdio.
Porém nada tira a magia de alugarmos um estúdio por umas horas, sentarmo-nos numa cadeira, colocarmos um fone e partir para o vamos ver de verdade! Eu gosto muito do clima do estúdio.
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar o CD não é mais o grande obstáculo. Mas concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Arnaldo Freitas: Nem penso mais em lançar CD, a era do CD já passou. Estamos voltando na era do disco vinil, é mais atraente ter um vinil para lançar, do que um CD. O Vinil é algo retrô, que traz até um sentimento saudosista no bom sentido, as pessoas gostam de ouvir o som do disco, eu sou uma delas.
Mas hoje, eu foco no lançamento digital, que tem sido ótimo, antigamente você ia lançar um CD, tinha que falar com quem fizesse a prensagem, encarte e tudo mais, era um preço final absurdo.
Hoje, a gravação digital traz a mesma sonoridade, basta assinar com uma plataforma mensal, pagar o preço que você pagava no CD físico e tem acesso a milhões de álbuns, inclusive os seus próprios álbuns e singles, e ouvir em qualquer momento ou situação, é mais prático.
Hoje se eu fosse gravar algo físico, o que mais me apetece seria o disco vinil, umas cem peças para colecionador, isso ativa o sentido do tato, de escassez e atratividade.
19) RM: Como você analisa o cenário da música Sertaneja pop. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Arnaldo Freitas: O cenário da música sertaneja é um cenário materialista e nada mais, de músicas que vibram numa frequência bestializadora, que não trazem nada na maioria das vezes.
Mas não devemos negar o fato que esses artistas trabalham muito. Estou me referindo ao sertanejo universitário, é apenas uma música para se tornar clichê na interpretação de temas cotidianos e atuais que não são construtivos e com um refrão chiclete. É como um chiclete, que você masca e daqui a pouco você enjoa e cospe fora e nem lembra.
A boa música é uma comida que você come e quer de novo e nunca esquece. Nós temos muita música boa no cenário da música brasileira, basta saber onde elas estão, os bons restaurantes ainda utilizando essa analogia, muitas vezes, eles estão em meio a uma estradinha de chão ou então a um lugar que você vai pagar um pouco mais caro, mas depois vai valer a pena.
É uma ótima experiência que te oferece junto com o conteúdo, existe muita gente fazendo música boa, na música de Viola, grandes nomes permanecem: Zé Mulato e Cassiano, Cacique e Pajé por aí vai.
E de dupla da atualidade de viola, eu acho que Mayck e Lyan permaneceram com a viola e faz um bom trabalho e muita gente boa que vem vindo. Nós estamos passando por um processo de filtração e tem sido interessante o resultado de grandes talentos, tanto em dupla, quanto individuais, que estão surgindo e a coisa tende a melhorar no campo da Viola.
20) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Arnaldo Freitas: Eu tenho altos e baixos como qualquer pessoa normal, o que me deixa feliz é os momentos simples em volta de uma fogueira com a Viola, estar com a minha família. O que me deixa triste é a superficialidade do olhar humano para a natureza principalmente isso me entristece.
21) RM: Quais os outros instrumentos musicais que você toca?
Arnaldo Freitas: Arrisco-me um pouco no violão, mas a Viola já me ocupar todo tempo.
22) RM: Como você analisa o cenário da música Sertaneja Caipira/Raiz. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Arnaldo Freitas: Alguns artistas da música sertaneja raiz formaram um conceito trouxeram uma nova forma de tocar Viola, depois enveredar para outros estilos pensando mais no lado comercial. Mas dá para ser fazer as duas coisas juntas, basta estratégia, mas esses artistas se perderam. Outras duplas vem surgindo, principalmente as mulheres, é extraordinário! Hoje grandes nomes da Viola são mulheres.
Muitos são os artistas que vem surgindo da música sertaneja raiz, assim como muitos já se foram, daria uma lista gigante para falar sobre as referências que eu tenho e muitos eu até convivi, mas acredito que do jeito que a água vai outra água vem. Mas hoje na música sertaneja raiz, o que falta é bom tema. Talvez a maneira de retratar o tema com a Viola, mas mantendo a fórmula substancial.
23) RM: Quais os vícios técnicos o violeiro deve evitar?
Arnaldo Freitas: Tocar apenas pagode, nada contra, porém grandes talentos se resumiram a bandeira branca e faca que não corta, poderiam ter ido mais além, pois é um ritmo viciante. Mas hoje se tem possibilidade de muitas outras coisas, para se fazer com a Viola na mesma proporção atraente. Eu também amo tocar pagode, porém não é uma regra. E cada violeiro toca o que gosta, mas é importante não se limitar.
24) RM: Quais os erros no ensino da Viola?
Arnaldo Freitas: Os erros de ensino da Viola é não ensinar uma música na forma como que ela foi feita. Você passar a sua forma de enxergar um solo é normal, mas para ensinar não tem erro, não tem regra, você passa aquilo que você é para a pessoa. Mas quando você pega um arranjo que não é seu para ensinar para alguém, no mínimo se deve passar do jeito da gravação original, pois a pessoa pode buscar a forma original e se frustra por ter aprendido diferente e muitas vezes errado.
25) RM: Tocar muitas notas por compasso ajuda ou prejudica a musicalidade?
Arnaldo Freitas: Tocar é performance, algumas pessoas têm facilidade de tocar muitas notas em um compasso, desde que sejam bem tocadas não tem nada demais. O problema é quando quer fazer algo além do seu limite técnico, pois tocar é passar um sentimento não ser algo mecânico.
Levo em consideração Paco de Lucia, um grande violonista que tocava numa super velocidade, mas antes de chegar nas notas rápidas existe uma história que vem sendo construída na música dentro de uma escala, porém nota por nota vinha com dor e com sentimento. O importante é achar à sua maneira natural de se expressar com o instrumento e caminhar nessa linha.
26) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Arnaldo Freitas: Estude bastante, haverá momentos que você vai ver que o sonho vai te cobrar durezas na vida, mas o importante é nunca parar, pois como qualquer outra profissão que você se propõe a fazer, na música não é diferente. O diferencial é que você está lidando com algo sagrado de dinâmica totalmente espiritual e de frequências além dos olhos e do corpo humano. Tenha muito amor, fé em Deus e acredite acima de tudo em Deus e em você.
27) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?
Arnaldo Freitas: Não sou do mercado metodológico, mas o que vejo, são muitos violeiros que não são da Viola, dando aulas apenas para ganhar dinheiro.
28) RM: Existe o Dom musical? Qual a sua definição de Dom musical?
Arnaldo Freitas: Eu acredito que nós somos concebidos a ter na alma, essa fagulha divina, de sermos servos da deusa música, mas o principal dom estar na sua persistência, na sua dedicação que é muito acima do talento.
29) RM: Qual a sua definição de Improvisação?
Arnaldo Freitas: Improvisar é criar algo novo de maneira espontânea e instantânea em cima do que já existe. É criar uma música sobre a outra, uma nova melodia em cima de uma mesma harmonia e se permitir se jogar é o principal feeling da improvisação.
30) RM: Existe improvisação de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Arnaldo Freitas: Existem a improvisação de fato com certeza, existe o estudo antes e aplicado depois, você não deve entrar numa escala menor sem conhecer a escala menor para poder improvisar.
31) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Arnaldo Freitas: Não vejo contra sobre métodos de improvisação e muitas vezes estou improvisando no palco e ninguém sabe o momento que eu erro uma escala. Eu faço daquela escala uma outra coisa, não enxergo de maneira negativa nenhum ponto sabe improvisar, pois improvisar é um recurso estupendo que você tem na mão.
32) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Arnaldo Freitas: Não tenho acesso a todos os estudos metodológicos de Harmonia, meu método sempre foi muito como autodidata de ouvir e tocar.
33) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia do cenário musical brasileiro?
Arnaldo Freitas: A cobertura feita pela grande mídia do cenário musical brasileiro é um flagelo, totalmente desproporcional, mas com certeza a boa música persiste, a água sempre empurra o óleo pra fora do copo.
Essa música de modinha desses artistas que geram a máquina maçante da música de motel, eles passam, mas Tião Carrero há 30 anos após a sua morte, o seu nome ainda persiste para a nova geração, a sua obra é duradoura e vindoura, pois fala de algo ligado ao Brasil que de fato é. A Viola Caipira é ancestral e já passou por tudo e está hoje mais forte do que nunca.
Assim como existe também grandes outros nomes como Tom Jobim, Luiz Gonzaga e com certeza hoje temos grandes nomes fazendo boa música que não precisam da grande mídia graças a Deus temos a internet.
34) RM: Qual a importância de espaço como SESC, Itaú Cultural, Caixa Cultural, Banco do Brasil Cultural para a música brasileira?
Arnaldo Freitas: São espaços que servem como boa experiência musical para as pessoas. Palco de projetos muito bons em que as pessoas vão para assistir e apreciar de fato as apresentações.
35) RM: Quais os seus projetos futuros?
Arnaldo Freitas: Meus projetos futuros são meus novos concertos, novos álbuns, novas inspirações. E com certeza continuar levando a minha música para as pessoas de uma forma ou de outra, priorizando apresentações que é o que mais me apetece.
36) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Arnaldo Freitas: [email protected]
|https://www.instagram.com/arnaldofreitasoficial
Canal: https://www.youtube.com/@ArnaldoFreitas
ALMA DE MULHER – ARNALDO FREITAS: https://www.youtube.com/watch?v=2CHZ8OPitb4
Lendas (Arnaldo Freitas): https://www.youtube.com/watch?v=70jJpckZwe8
Arnaldo Freitas Ao Vivo, Viola Brasileira: https://www.youtube.com/watch?v=TUrGX9f565o
Arnaldo Freitas e Renato Borgheti/Trenzinho do Caipira e Asa Branca: https://www.youtube.com/watch?v=DqlI6OMlrdg
Arnaldo Freitas: https://open.spotify.com/user/22stiop7omm2k26r2vube633y?si=GFR6K-muQL6BRQgLO-m8UA&nd=1&dlsi=9a83fdfd1667473d
Bela entrevista com esse artista talentoso que merecidamente é referência na música caipira.