O cantor e compositor paraibano Aracílio Araújo chegou em Recife – PE em maio de 1979 para difundir o seu trabalho e passou a integrar o elenco de artistas pernambucanos como compositor.
Gravou com Alceu Valença no CD – “Forró de Todos os Tempos”, assinando cinco de suas obras. Alceu Valença declarou que o compositor e cantor Aracílio Araújo, “É uma formidável máquina de fazer forró”. De fato, desde 1971, quando deixou a sua terra natal Itabaiana – PB, não parou de emplacar as suas composições na gravação dos mais renomados artistas nacionais, como o próprio Alceu Valença; Elba Ramalho; Fagner; Marinês, além de artistas de sucesso regional como: Flávio José, Alcymar Monteiro, Maciel Melo e muitos outros.
As suas músicas que mais se destacaram foram: “Eu Quero Ver Você Dizer Que Sou Ruim”, “Forró de Olinda”, “Coco do Rala Coco”, “Forró Calangueado” e “Essa Menina” na voz de Alceu Valença, a música “Forró do Chic-Tac” na voz de Fagner e Elba Ramalho e “Deixa o Rio Desaguar” na voz de Flávio José e Félix Porfírio, que virou hino do movimento pela transposição do Rio São Francisco.
Aracílio Araújo é compositor e um performance de voz ritmada. Tem conquistado plateias em praças públicas por onde tem se apresentado, acompanhado de sua banda, Forró Sem Fronteira. A presença de palco e a divisão perfeita da melodia tem suscitado elogios e referências insuspeitas de críticos da imprensa pernambucana.
Aracílio Araújo conquistou o primeiro lugar no “Forró Fest” em 2000, realizado na Paraíba, com “Minha Bandeira”.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Aracílio Araújo para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 12.06.2020:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Aracílio Araújo: Nasci no dia 12.06.1950 em Itabaiana – Paraíba. Fui registrado como Aracílio Gomes de Araújo.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Aracílio Araújo: Aos 9 anos idade ouvia todos os programas de rádio que divulgava as músicas de Luiz Gonzaga, Marinês, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, Ary Lobo, Genival Lacerda e tantos outros que fizeram a história do forró.
03) RM: Qual a sua formação musical e formação acadêmica fora da área musical?
Aracílio Araújo: Não frequentei nenhuma escola de música, toda minha experiencia foi ouvido os grandes mestres que nos deixou um grande legado, quanto a minha formação acadêmica fiz o curso complementar.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. quais deixaram de ter importância?
Aracílio Araújo: Foi ouvido Jackson do Pandeiro, Ary Lobo, Genival Lacerda, Messias Holanda, Elino Julião, Os 3 do Nordeste que aprimorou a minha forma de compor e cantar.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Aracílio Araújo: Participando de evento junino com Trio de Forró (Sanfona, Triângulo e Zabumba) foi minha melhor escola.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Aracílio Araújo: Gravei um LP Vinil – “Merengue dela”, em parceria com Arlindo dos 8 baixos, que fez um grande sucesso em um momento que a lambada estava no auge. Mesmo assim fizemos grande sucesso. Gravei 6 CDs intitulados “Forró sem fronteiras” e “Forró de todos os tempos”.
Aracílio Araújo – O forró sem fronteira vol.5 -2019. Participações especiais de Alceu Valença, Paulinho Leite, Santanna, Irah Caldeira e Rogério Rangel.
- Saudade imensa (Antonio Barros)
- De pandeiro na mão (Aracílio A.)
- Vivendo de amor (Aracílio A.)
- Diálogo do amor (Cecéu)
- Tem mais gente (Demétrius – Reinaldo Fernandes)
- Paraibano (Aracílio A.)
- Sua presença (Cecéu)
- Meu girassol (Aracílio A.)
- Maracatuando no forró (Aracílio A.)
- Pra todo mundo (Aracílio A. – Jorge Silva)
- Deixe o rio desaguar (Aracílio A.)
- Compadre Gavião (Aracílio A.)
- Sonhando com o progresso (Aracílio A.)
- Minha bandeira (Aracílio A.)
- Bom timoneiro (Aracílio A.)
- Forró de qualidade (Aracílio A.)
- Itabaiana é meu canto (Aracílio A.)
- Farelin de nada (Xico Bizerra)
- Essa menina (Aracílio A.)
- De Salgueiro a Petrolina (Aracílio A.)
Aracílio Araújo – O forró da gente – 2018. Participações especiais de Flávio José, João Lacerda, Tiné e Alceu Valença.
- Correnteza de um rio (Aracílio A.)
- Coração viajante (Aracílio A.)
- Minha professora (Aracílio A.)
- O gosto da bicada (Genival Lacerda – Elino Julião)
- Que malandro você é (Genival Lacerda – Elino Julião)
- Puxando fogo (Elino Julião)
- O cantador do Seridó (Aracílio A.)
- Bueiro de usina (Zé do Norte)
- Remelexo, swing e suor (Aracílio A. – Marinês)
- Meu girassol (Aracílio A.)
- Coxixuxá (Corró)
- Eu quero ver você dizer que eu sou ruim (Alceu Valença – Alcymar Monteiro – Aracílio A.)
- O amor é lindo (Aracílio A. – Maciel Melo)
- Meu canto é Arcoverde (Aracílio A. – Zé Hertz)
- Carregado de amor (Aracílio A.)
Aracílio Araújo – Um baião para outro rei – Vol.6 – 2014
- Um baião para outro rei (Aracílio A.)
- Coxixoxá (Corró)
- Cartão postal da natureza (Aracílio A.)
- Bueiro da usina (Zé do Norte)
- Remelexo swing e suor (Aracílio A. – Marinês)
- Tributo a João Silva (Aracílio A.)
- Forró de Olinda (Aracílio A. – João de Lima)
- Arco Íris do progresso (Aracílio A. – Zé Hertz)
- Saudade de Ouricuri (Aracílio A.)
- Meu girassol (Aracílio A.)
- Minha bandeira (Aracílio A.)
- Deixa o rio desaguar (Aracílio A.)
- Flor mulher (Pinto do Acordeon – Aracílio A.)
- Eu quero ver você dizer que eu sou ruim (A. Valença – A. Monteiro – Aracílio A.)
- Forró da gente (Aracílio A.)
- Merengue dela (Aracílio A. – Arlindo dos 8 Baixos)
Aracílio Araújo – O forró sem fronteiras – 2012
- Aprenda coração (Aracílio A. – Maurício Reis)
- Minha bandeira (Aracílio A.)
- novilha rainha (Aracílio A.)
- Forró sem fronteira (Aracílio A.)
- Vivendo por viver (Aracílio A.)
- A mineira e viola (Aracílio A.)
- Paraibucano (Aracílio A.)
- Pra tirar o chapéu (Aracílio A.)
- Minha atriz (Aracílio A.)
- Festa do Alceu (Aracílio A.)
- Itabaiana é meu canto (Aracílio A.)
- Pra incendiar (Aracílio A.)
- Jeito de menina (Aracílio A.)
- A menina do trem (Aracílio A. – Félix Porfírio)
07) RM: Como é o seu processo de compor canção?
Aracílio Araújo: Sempre que vem uma boa inspiração com uma letra de qualidade, romântica e uma melodia dançante. Debruço-me a escrever e estou contribuindo com a nossa música regional.
08) RM: Quais são seus principais parceiros musicais em composição?
Aracílio Araújo: Alceu Valença no CD – “Forró de todos os tempos”. Pinto do Acordeon, Maurício Reis, Maciel Melo, Jorge Silva.
09) RM: Quem gravou as suas músicas?
Aracílio Araújo: Alceu Valença, Alcimar Monteiro, Flávio José, Elba Ramalho, Pinto do Acordeon, Fagner, Genival Lacerda, Maurício Reis, Caju e Castanha, Jorge de Altinho, Trio Nordestino, Mestre Zinho, Marinês, Marinalva e sua gente, Ivan Ferraz, Petrúcio Amorim, Marciel Melo, Santanna – O Cantador, Adelmário Coelho.
10) RM: Quais os prós e os contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Aracílio Araújo: Os prós é oportunidade de mostrar o talento como compositor e ter a oportunidade de mostrar o lado cantor. Os contras são: a falta de espaço na grande mídia para música regional e ficamos restrito aos programas de músicas nordestinas que são poucos nos dias atuais. Sem falar na falta de condições financeiras para fazer um trabalho de divulgação de longo alcance. Artista independente é dependente de tudo e de todos.
11) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. o que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Aracílio Araújo: No passado prevalecia o talento do artista que era reconhecido pela gravadora que investia dando todas as condições de divulgação para o artista. Era do interesse comercial das gravadoras e as rádios contribuíam para o sucesso do forró. Todos os grandes nomes do nosso forró de verdade, com letras, poesias e melodias que emociona a alma do povo com alegria contagiante. O melhor da música nordestina. Não é forró de “fuleragem de plástico” e que nada acrescenta nem dignifica o forró que fizeram Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga e os grandes arquitetos/compositores/poetas Antonio Barros, Onildo Almeida, Onildo Barbosa, João Silva e Juarez Santiago.
12) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Aracílio Araújo: Todos os grandes artistas do nosso forró foram de uma época que não havia computador. Eles gravavam em grupo nos estúdios e não tinha como errar e o computador corrigir. Como diz o matuto, era no peito, na raça e com muito talento, por isso, eles foram únicos e não se deixavam levar por modismo. Graças a esses guerreiros que enfrentaram todas as dificuldades possíveis para construir o que nós temos na cultura nordestina que é o nosso Forró.
13) RM: Como você analisa o cenário do forró. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Aracílio Araújo: O Forró em si nunca deixou de ser importante, grandioso, universal em qualquer canto do mundo se canta e se dança o nosso Forró. O Forró tem qualidade, é verdadeiro, é alma e expressão de um povo. Lamentável que em nosso país a nossa cultura não é valorizava com deveria ser.
14) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para o show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?
Aracílio Araújo: Sempre acontece alguns imprevistos que muitas vezes interessante e engraçado.
15) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Aracílio Araújo: No que me proponho a fazer, eu faço com muita alegria e muito amor, que é compor xote, forro e baião. Sempre procuro enaltecer a nossa música. Tem os momentos que me deixa apreensivo quanto a falta de valorização ao nosso Forró em nosso país.
16) RM: Quais os fatores que faltam para uma cidade universitária e de forte comércio como Campina Grande, ter um mercado melhor para a profissão de músico?
Aracílio Araújo: Não é só Campina Grande, infelizmente é o Nordeste que não tem dado o devido respeito pelo legado de Luiz Gonzaga e tantos outros mestres do forró.
17) RM: Campina Grande que realiza o Maior São João do Mundo já deu oportunidade para você apresentar seu trabalho musical?
Aracílio Araújo: Na final do Forró Fest 2000, no dia 17 de junho ganhei em primeiro lugar com a minha música “Minha Bandeira” no Maior São Joao do Mundo no palco do Parque do Povo pelo fato do Forró Fest está inserido na programação do São João. Nos 20 anos seguintes nunca mais participei do Maior São João do Mundo, pois é muito difícil entrar na programação.
18) RM: você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Aracílio Araújo: Nunca paguei jabá para tocar minhas músicas gravadas por mim. Minhas músicas tocam com os artistas que as gravaram, mesmo que esporadicamente e não deixam de ser minhas músicas. Eu cantando toca muito pouco nas rádios, mas tocam. Minhas músicas em relação as das “bandas de plástico” posso dizer que é um pingo d’água no oceano comparando com o tempo que a das bandas tocam nas rádios. Os empresários dessas bandas pagam para toca as músicas em toda a programação.
19) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Aracílio Araújo: A carreira musical tem o lado positivo e negativo, depende do talento de cada pessoa e da qualidade das músicas que se compõe. Quem entra na carreira musical rapidinho fica sabendo que “rapadura é doce mais não é mole”.
20) RM: Fale da importância do seu sucesso “Deixe o rio desaguar” que fala sobre a transposição do Rio São Francisco?
Aracílio Araújo: Foi muito importante na minha trajetória a composição “Deixe o rio desaguar” inspirada em uma entrevista do ministro do interior na época Aluízio Alves a 25 anos antes de se falar na transposição. Tudo que falei na música vejo se materializado na realização dessa obra que é a redenção de uma boa parte do nordeste. “Deixe o rio desaguar” se tornou o hino da transposição das águas do São Francisco.
21) RM: Qual a sua opinião sobre o forró das bandas dos anos 90. O que essas bandas contribuíram para manter a cena do forró pé de serra?
Aracílio Araújo: Em nenhum momento essas bandas de Forró dos anos 90 foram importantes no contexto do nosso forró tradicional e da música de raiz nordestina. Essas bandas não contribuíram em nada, não dignificou em nada, por não ser o nosso forró tradicional. Parabéns aos empresários que compraram todos os espaços na grande mídia para essas bandas serem conhecidas nacionalmente, pois pela qualidade as músicas jamais seriam conhecidas.
22) RM: Qual a sua opinião sobre o movimento do “forró universitário” dos anos 2000 no Sudeste. O que essas bandas contribuíram para manter a cena do forró pé de serra?
Aracílio Araújo: Não vejo esse rótulo universitário. Vejo uma geração de jovens com um bom gosto musical que escolheram tocar o Forró tradicional. Cantando e tocando bonito e dignificando o forró de raiz. Tem muitos grupos em São Paulo. Muitos grupos participam do Festival Rootstock em Belo Horizonte – MG e o FENFIT – Festival Nacional Forró de Itaúnas – SP aonde realiza um dos maiores Festival de Música que reuni forrozeiros de todo Brasil.
23) RM: Qual a sua opinião sobre o movimento do “Forró estilizado” dos anos 2000. O que essas bandas contribuíram para manter a cena do Forró pé de serra?
Aracílio Araújo: “Forró Estilizado” não existe, existe a autêntica música nordestina que é o Forró autêntico / Pé de Serra.
24) RM: Qual a sua opinião sobre a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Aracílio Araújo: Ainda tem Televisão que muitas vezes pecam por divulgar música ruim, mas de vez em quando se ver músicas que prestem na Televisão aberta.
25) RM: Quais os projetos futuros?
Aracílio Araújo: Tenho um projeto de um trabalho ainda em 2020 com músicas inéditas que já estão sendo selecionadas para o novo CD.
26) RM: Aracílio Araújo, Quais os seus contatos para show e para seus fãs?
Aracílio Araújo: [email protected] | (81) 99589 – 0326
Canal no yotube: https://www.youtube.com/channel/UCMzuW_H4eoADXMrW0u-yKIg