Cantor e compositor baiano Antonio Jamaica descobriu a vocação musical quando criança e era requisitado para apresentação de trabalho escolar quando envolvia música, fazendo paródias, tocando Violão.
Depois da sala de aula, contato com a música continuou na Igreja, cantando e tocando nas missas, nas cerimônias de casamentos e outros eventos. Foi um dos fundadores da banda “SANTA FÉ” da Catedral São Pedro em Teixeira de Freitas – BA, na qual esteve por seis anos tocando Contrabaixo e dividindo o vocal. Na banda “Santa Fé” gravou dois discos: “Uma nova vida”, em que metade das músicas do disco eram suas composições. Na época com a banda “Santa Fé” tocou nos vários eventos na região do extremo sul da Bahia, norte do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e participou do primeiro festival da canção nova em Cachoeira Paulista.
Com a saída da banda “Santa Fé”, Antonio Jamaica colocou em prática o seu projeto de “cantar Reggae”, um sonho que vinha sendo adiado devido o estilo de música que fazia na “Santa Fé”. Influenciado pelos grandes nomes do reggae nacional e internacional como: Bob Marley, Jimmy Cliff, Alpha Blondy, Luck Dub, Edson Gomes, Tribo de Jah, Cidade Negra e outros. Antonio Jamaica já escrevia suas músicas que a partir daquele momento faria parte do seu primeiro álbum: “ALVO FÁCIL” com 14 músicas lançado em 2008. O disco trouxe mensagens muito fortes, abordando temas de cunho social, descortinando os desmandos a que são submetidos a sociedade brasileira por parte dos líderes políticos, como pode ser observado nas músicas: “Anarquia Nacional”, “Eu acredito”, “Filhos da Pátria”, “Tente Entender”. Além das músicas de cunho social, o disco trouxe músicas com letras românticas que se destacaram bastante e que foram tocadas em várias rádios da região, que foram as músicas: “Alvo Fácil”, “Não seria o Bastante”, “Eu vou voltar”, “Quero o seu amor”.
O segundo álbum “À BEIRA MAR” com 11 músicas, lançado em 2011, que já é um trabalho bem mais leve, que não fugiu da característica do reggae que são os temas sociais, mas que veio repleto de canções com letras românticas. Além de explorar o ritmo gostoso e contagiante do reggae, ele expõe de forma peculiar o seu jeito de falar de amor, paixão, como pode ser conferido nas músicas: “À Beira Mar, “Em Suas Mãos”, “Quando o amor toca o Coração”, “Mais do Que Paixão”. Tem a versão acústica da música “Quando o amor toca o coração” na qual teve uma participação especial da cantora Tamy Persan.
O terceiro álbum “GAROTA Black” lançado em 2014, o disco tem uma proposta ousada em relação aos dois anteriores. O repertório manteve a linha reggae melody com canções românticas, mas a sonoridade trouxe uma “pegada” eletrônica. Sempre atento às novidades no cenário musical, ele explora bastante a guitarra com distorções, e letras com refrão forte. O disco traz um clássico dos anos 90 que é a música “Fala só de amor” do cantor baiano Edson Gomes. Com uma roupagem bem moderna e uma versão mais pop.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Antonio Jamaica para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 25.09.2017:
01) Ritmo Melodia : Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Antonio Jamaica: Nasci no dia 24 de setembro de 1975 no distrito Rancho Alegre que pertence ao município de Caravelas no extremo sul da Bahia.
02) RM : Como foi o seu primeiro contato com a música?
Antonio Jamaica: Igual a boa parte dos músicos quem já conversei o meu primeiro contato com a música aconteceu em uma igreja. Desde pequeno sou um apaixonado pela música e nunca tive dúvida de que iria trabalhar nessa área. Ficava fascinado quando via alguém tocando um violão e com ajuda de amigos comecei a aprender meus primeiros acordes no Violão.
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da música?
Antonio Jamaica: Conclui o ensino médio. E nunca estudei música de forma acadêmica. Eu pesquiso muito, leio muito, tento a cada dia me reinventar, inovar como artista e principalmente como compositor. Uso os meios que tenho disponíveis como internet, livros, revistas, experiências de outros artistas. Não possuo diploma de uma faculdade de música, o que faço é pura inspiração divina (risos).
04) RM: Quais suas influências musicais do passado e no presente? Quais deixaram de ter importância?
Antonio Jamaica: Eu nasci no interior, na roça e ouvia música pelo rádio que oferecia uma mistura de ritmos musicais. Eu criança nos anos 80, 90, graças a Deus tive ainda a oportunidade de ouvir muita música boa nessa época. E gostava desde o sertanejo (que na época dava prazer ouvir), MPB, Rock nacional e internacional, a música romântica e por aí vai. Os artistas, que eu gostava de ouvir: Luiz Gonzaga, Fagner, Roberto Carlos, Geraldo Azevedo, Gilberto Gil, Engenheiros do Hawaii, Legião Urbana, Os Paralamas do sucesso, etc. Até que em 1988 eu ouvi Edson Gomes que estreava no cenário de reggae na Bahia com o disco – “Reggae Resistência” e conseguiu popularizar no nordeste duas músicas “Samarina” e “Malandrinha”. A partir daí comecei a pesquisar e mergulhar na história do Reggae, procurei conhecer a história dos precursores do reggae, Bob Marley e outros jamaicanos e até hoje continuo fascinado.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira profissional?
Antonio Jamaica: Ainda na adolescência fui morar em Teixeira de Freitas – BA (ainda moro). Durante sete anos fiz parte de uma banda Católica chamada Santa Fé, em que eu era um dos vocalistas e tocava contrabaixo. Gravamos dois CDs, e através dessa banda tivemos a oportunidade de viajar por alguns Estados do Brasil, como Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro. E ainda na banda Santa Fé despertou em mim o desejo de fazer Reggae, então comecei a escrever minhas músicas que mais tarde viria a fazer parte do meu primeiro CD secular.
06) RM: Quantos discos lançados e quais os anos de lançamentos? Qual o perfil musical de cada álbum? Quais as músicas que você acha que caíram no gosto do seu público?
Antonio Jamaica: Até agora eu tenho 03 CDs gravados.
O primeiro CD – “Alvo Fácil” (2008), eu diria um trabalho um pouco raivoso, repleto de canções de cunho social, em que tentei passar um pouco a minha indignação com o nosso sistema político, canções que davam um recado direto aos nossos “representantes políticos”, como pode se observar em canções como: “Anarquia Nacional”, “Filhos da Pátria”, “Nossos olhos serão testemunhas”. Mas o disco tem canções com letras românticas como “Alvo fácil”, “Não seria o bastante” (essa muito tocada no Estado do Pará), “Quero o seu amor” (uma simples homenagem à sensualidade da mulher negra).
O segundo CD – “À Beira Mar” (2011) trouxe algumas música de cunho social, mas foi um trabalho com uma proposta bem mais leve, com várias letras românticas, em que destaco as canções “À Beira Mar”, “O meu amor por você”, “Um sonho a mais”, uma acústica “Quando o amor toca o coração”.
O terceiro CD – “Garota Black” (2014), título escolhido para mais uma vez enaltecer a beleza, a sensualidade, o charme, o poder da mulher negra, seguindo uma pegada romântica do disco anterior, apesar de a música “Garota Black” ser uma música bem pra cima. Um CD Leve e fácil de ouvir, que veio com uma pitada de eletrônico, um pouco de distorção. Destaco, além de “Garota Black”, “Bom demais amar você”, “Pense Bem”, “Fala só de amor” (uma regravação da música de Edson Gomes) e outras…
07) RM : Como você define o seu estilo musical?
Antonio Jamaica : Sou um cantor que talvez não faz um som sofisticado, mas um som que é feito com muito amor, dedicação e respeito para com meu público. E sigo minhas inspirações, não abro mão disso. Talvez eu nem tenha um estilo definido (risos), talvez reggae melody – lovers e por aí vai…
08) RM: Como você se define como cantor /compositor?
Antonio Jamaica : Simples e direto.
09) RM: Quais os cantores e cantoras que você admira?
Antonio Jamaica : De forma geral, os mais variados estilos. Escuto Edson Gomes, Planta e Raiz, Natiruts, Maneva, Gilberto Gil, Vander Lee (já falecido), Tracy Chapman, Ziggy, Bob Marley, O Rappa. Canto Reggae, mas não me prendo a ouvir só Reggae, escuto de tudo um pouco, não faço minhas escolhas por gênero e sim pela qualidade da música. Às vezes dentro do próprio movimento Reggae tem algumas coisas que eu não gosto de ouvir, enquanto em outros gêneros tem músicas bem feitas, avalio assim, se me agradar eu ouço independente do estilo.
10) RM: Você compõem com parceiros musicais?
Antonio Jamaica: Meus CDs são todos com minhas músicas, com exceção de “Menina” música que eu fiz em parceria com um amigo compositor Ricardo Giovani que está no CD – “Garota Black”.
11) RM : Quais os prós e contra de se desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Antonio Jamaica : Uma grande vantagem é você poder ser “dono” do seu próprio negócio, fazer o que quer, como quer. A desvantagem é você ter que carregar o fardo sozinho, desde produção, gravação, divulgação, tudo isso que dificulta e muito.
12) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver sua carreira?
Antonio Jamaica: São várias, desde a distribuição do CD nos shows e o uso das redes sociais, as rádios. Tudo que estiver em nosso alcance usamos pra divulgar.
13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Antonio Jamaica: A internet não prejudica em nada o artista. Por ser um meio grátis, de livre acesso, pros artistas que estão começando a internet é sem dúvida o caminho mais curto entre o artista e o público. Eu recebo mensagens, emails de pessoas que escutam minhas músicas nos vários Estados do Brasil, e até de outros países. Lugares que eu nunca fui, e na verdade nem sei se terei oportunidade de um dia estar, a minha música já chegou, isso através da internet.
14) RM: Como você analisa o cenário Reggae brasileiro? Em sua opinião quem foram as revelações nas duas últimas décadas, e quem permaneceu com obras constantes e quem regrediu?
Antonio Jamaica: Fazer Reggae no Brasil é muito difícil. Eu diria que atualmente não só o Reggae, mas o próprio Rock que durante muito tempo ocupava um lugar de destaque, acabou perdendo espaço para outros ritmos que dominam o cenário e a mídia brasileira. Temos o nosso público que é fiel, e que é considerável, que consome o nosso produto, mas é inegável que em um universo geral às vezes é muito complicado competir com determinados ritmos musical que a mídia massifica. Há muito tempo que não vejo um reggae encabeçando a lista de mais tocadas nas rádios. E temos uma galera bacana fazendo um reggae de primeira, espalhados nos mais diferentes Estados do Brasil.
15) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (Home stúdio)? Hoje gravar o disco não é mais o grande problema. O que você faz para se diferenciar no mercado do Reggae?
Antonio Jamaica: A principal vantagem seja a questão financeira, é bem mais barato você mesmo produzir seu trabalho. Uma das possíveis desvantagens seja talvez a perca de qualidade no resultado final. Hoje temos no mercado bons equipamentos, mas se não forem bem explorados por profissionais que entenda realmente do assunto, ás vezes o resultado esperado acaba não chegando.
16) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Antonio Jamaica: Exemplo de profissionalismo é mais difícil falar de alguém sem está bem próximo. Já a qualidade artística se destaca nas mais variadas formas, seja a qualidade do CD, a produção do show, a qualidade das letras das músicas, a voz do cantor (a), o estilo de cantar. Nesses quesitos eu gosto muito dos artistas anteriormente citados.
17) RM: Quais as situações inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para o show, brigas, gafes , shows em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?
Antonio Jamaica: Ah! Graças a Deus os meus shows sempre foram muito tranquilos, no momento não me lembro de nada que mereça um destaque.
18) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Antonio Jamaica: Na música o que me deixa muito feliz é o reconhecimento de que, o que faço de certa forma está fazendo bem para alguém, ainda que seja algo simples, uma palavra, uma frase de minha música, algo que possa trazer um crescimento para alguém ou até mesmo proporcionar um momento de distração. Sempre recebo esse retorno e isso me motiva tanto que a cada dia procuro fazer cada vez melhor para agradar ainda mais ao meu público. O que às vezes fico um pouco triste é com a má interpretação do Reggae, principalmente pelas pessoas que não conhecem nada a respeito do reggae, mas a nossa música é forte o suficiente para superar qualquer barreira. Já são mais de três décadas sobrevivendo nessa babilônia na mais pura resistência.
19) RM: Nos apresente a cena musical na cidade que você mora?
Antonio Jamaica: Aqui em Teixeira de Freitas – BA acontece de tudo, temos no calendário da cidade eventos pontuais que são: Festas Juninas, Micareta – carnaval fora da época, Exposição agropecuária, Festa da melancia. E nesses eventos tem de tudo: Forró, Pagode, axé, Reggae, Rock, o sertanejo, sem falar que durante o ano toda a noite na cidade é bem movimentada com música ao vivo nos barzinhos. Eu diria que aqui não temos um ritmo musical predominante.
20) RM: Quais os músicos ou banda da cidade que você mora, que você recomenda ouvir?
Antonio Jamaica : ANTONIO JAMAICA & Flor zulu, claro!
21) RM: Quais os cantores e cantoras já gravaram suas músicas?
Antonio Jamaica: A secretaria de cultura do Estado da Bahia em Salvador, criou um projeto chamado “Mapa musical da Bahia” que tem como objetivo a divulgação dos artistas baianos aqui e no exterior, através de uma coletânea. Graças a Deus tive o privilégio de ter uma música minha fazendo parte do CD: “Em partes iguais”.
22) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Antonio Jamaica: Tanto acredito que desde o meu primeiro CDs várias rádios tocaram minhas músicas, embora reconheço que em alguns casos, não seja uma tarefa das mais fáceis, mas tocam sim.
23) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Antonio Jamaica: Perseverança, pé no chão, dedicação e fé em Deus.
24) RM: Como você analisa a relação que se faz do Reggae com o uso da maconha?
Antonio Jamaica: Acho que essa relação é feita por pura ignorância. Quando se conhece a fundo a essência do Reggae, as pessoas passam a ver o reggae de outra forma, enxergar que o reggae além de um ritmo musical é uma ferramenta de transformação. É uma música que com a sua batida rítmica contagiante, consegue despertar o desejo e o respeito de simpatizantes de todos outros estilos musicais. E cabe a nós como músicos a serviço do Reggae, mostrar a quem não conhece; a riqueza que tem essa música. Eu não fumo maconha e os rótulos não me assustam. Eu canto uma música que por si só, já é forte o suficiente para enfrentar qualquer tipo de preconceito.
25) RM: Como você analisa a relação que se faz do Reggae com a religião rastafari?
Antonio Jamaica: Eu vejo muito pouco essa relação, muitas pessoas que gostam de Reggae, ou pelo menos dizem gostar, muitas vezes até desconhecem o rastafarismo. Já ouvi vários casos de pessoas que acreditam que rastafari são quem usar o cabelo no estilo dreadlock.
26) RM: Você usa os cabelos dreadloock? Você é adepto da religião rastafari?
Antonio Jamaica: Atualmente eu não uso, mas já usei por muito tempo. Acho muito massa e quem sabe eu volte a usar futuramente. Mas sou católico.
27) RM: Os adeptos da religião rastafari afirmam que eles fazem o Reggae verdadeiro. Como você analisa essa afirmação?
Antonio Jamaica: Prefiro nem analisar, com certeza cada um de nós vai querer defender a nossa verdade, eu prefiro nem entrar nessa discussão. O importante para mim é estar fazendo um som que está agradando aos meus fãs.
28) RM: Na sua opinião porquê o Reggae no Brasil não tem o mesmo prestígio que tem na Europa , EUA, e no exterior em geral?
Antonio Jamaica : No Brasil a nossa mídia, e principalmente a TV aposta sempre nas “modinhas”, no que lhes renda grana instantaneamente, as músicas que não incomode apontando os podres do sistema. Afinal de contas eles estão a serviço do sistema. Infelizmente a nossa TV que dita quem deve vender, quem deve tocar, quem deve ser sucesso. Mas eu trago comigo uma frase da música “Sangue Azul” do grande cantor de Reggae Edson Gomes que diz: “Mesmo que o rádio não toque, mesmo que a TV não mostre, aqui vamos nós cantando Reggae”…
29) RM: Quais os seus projetos futuros?
Antonio Jamaica : Já comecei a escrever as músicas para o meu quarto CD que pretendo iniciar a gravação no final de 2017, mas antes desse CD de Reggae, estou finalizando um projeto que é uma realização pessoal, um trabalho totalmente romântico, baladas romântica. Há tempos tinha vontade de fazer um trabalho assim, paralelo ao Reggae, e agora estou tendo a oportunidade de realizar esse sonho. Acredito que no segundo semestre de 2017 já esteja pronto. A partir daí já pretendo imediatamente mergulhar na produção do meu quarto CD de reggae.
30) RM: Quais os seus contatos para shows e fãs?
Antonio Jamaica: www.palcomp3.com.br/antoniojamaica | ZULU PRODUÇÕES: (73) 9-9969 – 8765 | [email protected] | www.facebook.com/antoniojamaica.florzulu