More André Jumper »"/>More André Jumper »" /> André Jumper - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

André Jumper

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O baixista André Jumper iniciou na música aos seis anos de idade, começando pelo violão, com forte influência dos hits dos anos 80 e 90, nacionais e internacionais, tendo posteriormente, ainda de forma autodidata, estudado violão clássico, visto que este, até então era o seu instrumento principal.

Aos 11 anos se interessou pelo contrabaixo, tendo estudado os fundamentos desse instrumento ainda mesmo no violão. Na virada dos anos 90 para 2000 começou a participar do cenário musical cultural em Paulo Afonso – BA, participando do cenário alternativo com influências do rock clássico, punk, grunge, Nu Metal, rock progressivo, ao metal melódico.

A partir do ano de 2002 passou a tocar em bandas de estilos mais populares, a exemplo de Los Bregas (2002), Nalevada (2004), banda Zuê (2005 a 2006), Marreta you Planeta (2006 a 2010), Marreta é Massa (2010) e Massabong (2011).

Ainda no período de 2002 a 2006 participou com diversas bandas e gigs do cenário cultural local, incluindo participação no retorno do grupo Uskarafobia em uma versão “Power Trio”, com JR e Igor Galindo.

A partir de 2012 ingressou no grupo instrumental Igor Gnomo Group, tendo realizado diversas turnês com esse grupo ao longo de 10 anos.

Na última década, também participou com o grupo local radicado na Bahia Órbita Móbile, tendo gravado o primeiro disco e atuado em alguns shows em Paulo Afonso. Atuou, no mesmo período, acompanhando a cantora alagoana Suzi Mariana.

Ao longo desse tempo realizou diversas gravações e participações em diversos estilos, cabendo destacar: Gravações: Marreta You Planeta, Marreta é Massa, Massabong, Órbita Móbile, Igor Gnomo Group, Suzi Mariana, Ednardo Dali, Melaninaemsi, Barro Verde, Gutto.

Acompanhou e fez participações em shows de artistas consagrados como Armandinho Macêdo, Gabriel o Pensador, Luiz Carlini, Derico Sciotti.

Segue abaixo entrevista exclusiva com André Jumper para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 26.02.2024:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

André Jumper: Nasci no dia 29/12/1986 em Paulo Afonso – BA. Registrado como André Oliveira Gomes.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

André Jumper: Na minha família quase todos são músicos ou tiveram contatos com instrumentos musicais. O meu primeiro contato com a música foi em razão disso, tendo sido influenciado por irmãos e primos que estudaram e tocaram na escola de música municipal.

Em razão da minha pouca idade à época (início dos anos 90) não podia ingressar na mencionada instituição de ensino, razão pela qual iniciei meus estudos musicais aos seis anos de forma autodidata, estudando violão em vez dos instrumentos de sopro que predominam na família (sou o único da família que toca instrumento de cordas).

Meu primo mais velho, Caká Oliveira, que hoje é maestro da filarmônica local, foi quem notou algum talento em mim nessa época e incentivou que eu investisse meu tempo em estudar violão, tendo me passado noções básicas de músicas, bem como como as famosas revistas da época, que vinham com canções populares e as cifras para segui-las. A partir daí fui desenvolvendo muito rápido a tocada e avançar sozinho.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

André Jumper: Como dito anteriormente, iniciei de forma autodidata e nunca frequentei escola ou outra instituição de ensino musical, muito embora eu nutrisse o desejo de estudar. Contudo, à época, não existia a facilidade que se tem hoje de acessar cursos online ou escolas e faculdades próximas.

Dessa forma, meus estudos foram inteiramente de forma autodidata, conseguindo aqui e ali cópia de algum material com algum amigo mais experiente, e se debruçando sobre esses materiais sem nenhum acompanhamento, infelizmente, muitos em inglês, destacando-se, em português, os famosos livros de Luciano Alves, Nelson Faria e Nico Assumpção.

Assim, minha formação acadêmica, na verdade, é em Direito, com especialização em Direito Constitucional, atuando atualmente no Ministério Público do Estado da Bahia, o que redunda em que minha atuação na música, atualmente, seja um hobby.

Com o passar do tempo e as opções de educação musical se tornando mais acessíveis, ainda assim optei por não buscar instrução formal neste sentido, certo de que a música está além de um diploma para pendurar em uma parede (ou guardar em uma gaveta, como o meu diploma em Direito).

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

André Jumper: Quando comecei no violão a influência musical em casa era o jazz e o Chorinho. Então, meus irmãos mais velhos, saxofonistas excepcionais (Fabrício o irmão do meio, e Alexandre o mais velho), possuíam discos como Sax de Ouro, Waldir Azevedo, Pixinguinha. 

Bem como o disco que pra mim marcou época na minha infância que foi o vinil Solar, do renomado saxofonista Leo Gandelman, em se tratando de jazz. No mesmo seguimento, tive a sorte de conseguir cópias dos shows ao vivo em VHS do Chick Corea Elektric Band, de 1984 e também do álbum Inside Out. Então, minha infância orbitou nesse âmbito musical, época em que eu ainda era violonista e entusiasta do choro e música clássica e jazz.

No presente tenho o ouvido mais aberto a todas as possibilidades musicais (isso já há muitos anos, hábito que ainda mantenho), portanto escuto música seja da Grécia, Índia, Japão, África, músicas regionais brasileiras, não se podendo deixar passar nada ou fechar os ouvidos para certos estilos apenas por puro preconceito. Alguns estilos, obviamente, posso não gostar ou ouvir no meu dia a dia, mas sempre estou de ouvidos abertos para ouvir novidades e tirar algo que seja útil para a minha tocada.

Assim, nesse sentido, nada que eu tenha ouvido deixou de ter sua importância, apenas algumas coisas fizeram parte de alguma época, mesmo eu não ouvindo mais alguns estilos com frequência atualmente, mas tudo deixou alguma marca de influência que se eterniza na forma de me expressar musicalmente.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

André Jumper: Em meados dos anos 2000, no cenário underground em Paulo Afonso – BA, com 13 anos de idade, atuando no contrabaixo, uma vez que mudei para o contrabaixo por volta dos 11 ou 12 anos de idade. Inscrito na polêmica Ordem dos Músicos do Brasil desde 2003.

06) RM: Quantos discos lançados? Cite alguns discos que você já participou como contrabaixista?

André Jumper: De minha autoria, infelizmente, até o momento nenhum, embora em breve darei seguimento a esse projeto de lançar um álbum próprio. Já em relação a outros artistas, gravei apenas os artistas da região, destacando-se Igor Gnomo Group, praticamente todos os álbuns deste. Também álbuns de: Suzi Mariana, Edinardo Dali, Melaninaemsi, Gutto, Marreta You Planeta, Marreta é Massa, Massabong etc.

07) RM: Você publicou método para contrabaixo?

André Jumper: Nunca me achei capaz ou bom professor para poder ensinar outra pessoa. Sempre optei mais por dar dicas a algumas pessoas que me procuram, mas acredito que o magistério, mesmo na música, deve ser exercido por aqueles que tem, além da formação, mais didática e vocação para repassar o conhecimento. Diante disso, nunca sequer cogitei um método para contrabaixo, mas, destaco, estou sempre aberto a dar uma dica ou outra.

08) RM: Como é seu processo de composição musical?

André Jumper: Geralmente me vem à mente alguma frase musical ou acorde e eu tento organizar na cabeça antes e passar para o instrumento depois. Funciona parecido como quando gravo algo: escuto a música ou arranjo inicial, e o resto surge na cabeça de forma natural.

09) RM: Você compõe melodia para letra?

André Jumper: Faz muito tempo que não fiz isso, mas geralmente vem de maneira natural. Simplesmente surge na cabeça como quase automaticamente, eu apenas coloco para a prática.

10) Quais são seus principais parceiros de composição?

André Jumper: Atualmente não componho. Contudo, tenho alguns projetos guardados, da época da adolescência que pretendo colocar em prática ainda em 2024 dentro do âmbito do rock progressivo.

Assim, tenho um amigo e grande baterista, Igor Galindo, que acompanha atualmente o baixista Fernando Nunes. Com Igor Galindo tenho trocado ideias sobre essas composições e criado arranjos interessantes em cima e em breve vamos colocar em prática.

11) RM: Como você define seu estilo como contrabaixista?

André Jumper: Devido ao que falei antes sobre ter ouvido para todos os estilos, eu me considero versátil. Passei por estilos como metal melódico, math metal, rock progressivo, jazz, pagode, samba, chorinho, incluindo até a famosa swingueira baiana, o Axé, dentre outros estilos. Então se for resumir meu estilo como baixista, certamente seria versátil.

12) RM: Quais as principais técnicas que o baixista deve se dedicar?

André Jumper: É uma pergunta interessante e pertinente. As técnicas no contrabaixo são variadas e muita gente se agrada mais de umas que de outras. Temos como exemplo o slap. Quando falamos em baixo é natural que nos venha à mente o baixista destacando essa técnica.

Mas devo destacar que a principal técnica no baixo é o simples pizzicato, que é a minha preferência e a qual recomendo que o baixista domine em primeiro lugar, porque é essa que ele vai usar por mais tempo. Mas, obviamente, o baixista que pretende atuar profissionalmente deve conhecer pelo menos o básico das principais técnicas, não se limitando apenas a uma, pois é possível que perca algumas oportunidades ou esteja com o horizonte um pouco limitado.

Então deve ele ter conhecimento, além do pizzicato, do slap e suas variações, tapping e suas variações, entender e saber usar acordes, bem como ter uma noção do baixo fretless.

13) RM: Qual a importância de o baixista equilibrar a função de condução e de solista?

André Jumper: Dependendo do cenário em que se encontre o baixista ele vai ter que ter a percepção de quando é pertinente realizar esse equilíbrio. Para ilustrar, tocando com o Igor Gnomo, que se trata de um power trio, boa parte do momento quando a guitarra está solando ou fazendo a linha melódica, tem apenas o baixo sem a presença de nenhum outro instrumento harmônico.

Assim, nesses momentos, costumo tentar preencher esses “vazios” com acordes, ghosts notes. Então temos um equilíbrio já diferente na própria forma de condução do baixo, que hora faz a base simples, hora tem que ter o discernimento de quando usar uma base mais elaborada.

Outrossim, em relação ao baixista solista, muito embora a internet esteja sendo bombardeada por baixista que mais solam do que fazem a base, é importante que também exista o discernimento para saber a função precípua do contrabaixo, que é a base.

Portanto, durante a base é permitida pequenas frases em momentos extremamente oportunos. Do contrário, apenas quando for seu momento para solo. Isto, inclusive, eu considero um sinal e termômetro de maturidade profissional e musical.

14) RM: Quais os principais vícios técnicos ou falta de técnica tem os baixistas alunos e alguns profissionais?

André Jumper: Embora eu nunca tenha sido professor de música, especificamente no contrabaixo, já tive o contato com muitos estudantes e acredito que os principais vícios aludidos estão na forma como eles consomem a informação que está disponível. Hoje temos muita informação disponível e também muitas distrações.

A prática musical ela cresce também de forma inversa a esse parâmetro. Assim, temos que, quanto mais informação está disponível para os novos músicos, menos eles consomem esses materiais. Assim, redunda em falta de musicalidade, falta de prática em algumas técnicas, falta de noção do próprio instrumento. Deve ser ressaltado que qualquer instrumento que se queira tocar de forma bem, deve ser dedicado muito tempo a isso.

Hoje, com tantas distrações na internet, redes sociais, aplicativos de troca de mensagens, o imediatismo que assola as relações sociais, acabam sendo também um obstáculo para que novos músicos desenvolvam ou se dediquem mais aos seus instrumentos, o que acarreta, consequentemente, a falta de técnica.

15) RM: Quais as principais características de um bom baixista?

André Jumper: Na minha humilde opinião, as principais são a versatilidade, saber o básico dos principais estilos, ter dedicação ao instrumento, tendo contato diário, ouvir muita música mesmo que algumas não lhe agradem, mas é preciso ter o ouvido aberto para novidades.

Outros pontos também estão na sua conduta pessoal, devendo ser uma pessoa com bons comportamentos, fácil de lidar, eis que não adianta muito ser um grande baixista se antes você não é uma boa pessoa.

16) RM: Quais são os contrabaixistas que você admira?

André Jumper: Eu sempre cresci ouvindo outros instrumentos e não o baixo como prioridade. Sempre ouvi mais os saxofonistas e os trompetistas. Contudo, em se tratando de baixistas, gosto muito da sonoridade de Alain Caron (a ponto de saber tocar o disco Rythm’n Jazz de ponta a ponta). Outros que merecem destaque são Nico Assumpção, John Patitucci, Victor Wooten, Tom Kennedy, Tony Levin, Pete Perez e Tony Franklin.

17) RM: Existe uma indicação correta para escolher um contrabaixo de mais de 4 cordas? Quais os gêneros musicais correspondentes a quantidade de cordas do instrumento?

André Jumper: Com certeza, alguns estilos musicais certamente vão necessitar, principalmente, de cordas mais graves. Exemplo de ritmos como os atuais gospels, que usam notas mais graves visando mais o “groove”, a conhecida base.

Quando se pretende utilizar mais acordes, dependendo do cenário em que se esteja atuando, também pode ser útil um contrabaixo de seis cordas em vez de um contrabaixo de quatro ou cinco cordas. Mas, de forma geral, dá pra tocar de tudo, de certa maneira, com o velho e guerreiro baixo de quatro cordas.

18) RM: Qual a marca de encordoamento da sua preferência? Existe marca ideal para cada gênero musical ou é preferência pessoal?

André Jumper: Sempre utilizei a marca D’Addario, super light, 0.40. Acredito que é a escolha da maioria. Já toquei com vários tipos e marcas variadas de encordoamento. Esta é a única que acredito que combina com o timbre que gosto de tirar e o conforto que espero do equipamento.

Mas claro, dependendo do estilo musical é imprescindível que dê atenção ao diâmetro e tipo de corda. Por exemplo, em um único disco, que foi o disco do Igor Gnomo, cujas gravações iniciaram em 2018, foi utilizado em determinadas faixas, encordoamento 045, bem como o encordoamento flatwound, o de superfície lisa, utilizada em baixos verticais ou acústicos. Tudo isso em busca de sonoridades diferentes no âmbito do estúdio para a gravação.

19) RM: Quais os prós e contras de ser professor? 

André Jumper: Embora eu não seja professor, acredito que, para quem seja, pelo que tenho observado, seja a questão de controlar o seu próprio tempo, uma vez que quem se divide entre tocar e dar aulas, acaba com o dia muito curto e ficando assoberbado de trabalho, o prejudica, inclusive, no próprio desenvolvimento musical.

As vantagens, obviamente, é fazer parte do enriquecimento do conhecimento do outro, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento de novos músicos. Isso certamente deve compensar toda a rotina árdua do magistério musical.

20) RM: Quais os prós e contras de ser músico freelancer acompanhando outros artistas?

André Jumper: O músico freelancer, principalmente os que acompanham artistas com alta frequência de shows, é principalmente a falta de tempo com a família. Como sou servidor público, passo maior parte do tempo com minha família. Outro ponto é, em sua maioria, a falta da formalidade e consequentemente dos direitos trabalhistas.

O músico freelancer, geralmente, não tem direito a férias, afastamento por doença dentre outros direitos, sendo que passa boa parte do tempo sofrendo riscos em viagens, seja de avião ou outros veículos. Por outro lado, os prós acredito que é a oportunidade de conhecer novos lugares, novas pessoas, e, de certa maneira, se divertir.

Eu particularmente vejo a música instrumental como uma diversão, é o momento de lazer, algo feito entre amigos, tocando o que se gosta, mas infelizmente, não posso fazer disso minha profissão.

21) RM: Quais os prós e contras de ser músico de estúdio de gravação. Gravando as linhas de contrabaixo em discos de artistas?

André Jumper: Acredito que os contras devem ocorrer somente quando surge o artista que controla tudo: ele é o autor, produtor, arranjador, etc, o que pode gerar alguns conflitos leves no estúdio.

Por outro lado, os prós são maiores, uma vez que geralmente o músico é chamado pela tocada ou pela sua “impressão musical” no instrumento. Então é a maneira de o músico eternizar sua tocada em um disco profissional e, muitas vezes, até servir de inspiração para outros músicos.

22) RM: Quais bandas que já participou?

André Jumper: Fixamente, em bandas, atuei basicamente nas bandas locais, em razão da carreira jurídica. Assim, atuo com Igor Gnomo Group, que é um grupo que permite me dedicar ao meu ofício jurídico. Outrossim, também, esporadicamente, participo com outros artistas da região, exemplo, de Melaninaemsi, Suzi Mariana, Saleb. Por outro lado, atuando como sideman, já participei de shows acompanhando Derico, Gabriel o Pensador, Luiz Carlini dentre outros.

23) RM: Quais os prós e contras de tocar em uma única banda?

André Jumper: O principal contra é o fato de engessar a sua tocada, tocando sempre as mesmas coisas, sempre as mesmas músicas e não tendo oportunidade de experimentar coisas diversas. Os prós: é estar em contato com pessoas que você possa criar um vínculo musical, uma cola musical, que pode funcionar fora dessa banda, servindo para atuar em diversos ritmos diferentes com os mesmos músicos.

24) RM: Quais principais dificuldades de relacionamento que enfrentou em bandas?

André Jumper: Com certeza é trabalhar em grupos que pensam como uma empresa, e pensam no músico como um empregado. Sei que existe o mercado da música e essa fórmula deve existir, porque é, de fato um mercado. Contudo, já me submeti a esse tipo de relação no passado e posso dizer que tocar entre amigos, e não numa relação chefe empregado, é muito melhor.

25) RM: Quais os artistas já conhecidos você já acompanhou como músico freelancer?

André Jumper: Já tive o prazer de acompanhar em shows, o talentoso Derico, Luiz Carlini, Gabriel o Pensador, já fiz participações com outros músicos, como Armandinho.

26) RM: Quais principais dificuldades de relacionamento que enfrentou acompanhando artistas já conhecidos? 

André Jumper: Nada digno de nota, geralmente mantenho boas relações com demais integrantes de bandas, principalmente na época em que atuava como freelancer, na adolescência. Então, a única coisa que posso dizer que me incomodava era a ideia da banda funcionar como uma empresa, e muitas vezes o músico seja pensado como um “peão”.

Mas no geral, só tive boas relações por onde passei, principalmente acompanhado de artistas como Derico e Carlini, que são pessoas extraordinárias, cultas, com quem se pode conversar de tudo, fazendo algo muito mais além de trabalho e música.

27) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

André Jumper: Na verdade nunca pensei numa estratégia para a carreira musical, eu apenas ia para o vento soprasse porque via tudo como uma diversão, de tocar com amigos, viajar para conhecer lugares. Mas, claro, eu dediquei muito tempo de minha vida, desde criança, à música, então era algo que vinha para mim naturalmente, também tive sorte de ter tido uma boa educação familiar e poder me relacionar melhor com as pessoas.

Então, a dica que eu poderia dar, é trabalhar, além da proficiência musical, ser uma pessoa melhor, educada, que saiba de lidar com situações de estresse e saber ser diplomático, são fatores que se somam ao conhecimento musical e pode levar o músico para patamares maiores.

28) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

André Jumper: Eu não pratico nenhuma ação nesse sentido. Atualmente eu sou servidor público, portanto, tenho a música como um hobby em que posso tocar coisas que gosto e viajar com meus amigos sem pensar nos boletos. É uma terapia. Então não vejo a música mais profissionalmente, no sentido de fazer dinheiro, mas claro que temos o compromisso de fazê-la de forma profissional, embora de forma que nos seja agradável e divertida a rotina. Então, em relação a mim, totalmente fora do viés empreendedor.

29) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

André Jumper: Eu acredito que se deve ter muito discernimento e maturidade para usar a internet. A internet é uma grande ferramenta para o músico, mas também pode ser a pior inimiga. Falo isso em relação à avalanche de informações que estão disponíveis para todo mundo, o que leva a um sobrecarregamento em que ninguém consegue estudar um material completo ou um curso inteiro porque está sempre pulando para algo que surgiu na próxima esquina digital.

Assim, quem é dos anos 90 e ainda não foi contaminado pelos algoritmos e a vida atribulada da zumbificação dos usuários de internet atuais, têm melhor capacidade de garimpar melhores materiais, melhores oportunidades, melhores músicas para ouvir, mas sempre tendo o bom hábito de apreciar as coisas com calma.

A internet é essa faca de dois gumes, vídeos curtos, conhecimentos superficiais, ou, se você tem boa noção, disciplina e controle, pode ser a melhor ferramenta que existe para impulsioná-lo aos degraus que pretende alcançar.

30) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)? 

André Jumper: Com certeza é o preço desses materiais, com a desvalorização do real e as taxações de produtos, considerando também o poder aquisitivo da maioria dos músicos, torna-se complicado ter um estúdio médio em casa. Praticamente todo material é importado e chega ao consumidor brasileiro em valores exorbitantes, então não é algo que qualquer pessoa pode ter, mas apenas aqueles que já tem um poder aquisitivo que lhe permita comprar bons materiais para ser ter em casa. O fato disso é que acaba sendo um obstáculo para o surgimento de bons músicos e demais artistas que são freados para falta de capital para adquirir equipamentos importados.

31) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje grande não é mais o grande obstáculo. Mas concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para ser diferencia dentro do seu nicho musical?

André Jumper: Eu não atuo na música pensando em garantir um espaço no mercado de trabalho, essa é a minha realidade hoje. Contudo, eu compreendo que para quem é músico em tempo integral, é algo a ser pensado com bastante atenção, uma vez que, embora a qualidade musical no geral não seja grande, a concorrência é.

Então, caso eu estivesse me inserindo no mercado atualmente, eu iria, primeiro, criar uma identidade musical, desenvolvendo ao longo do tempo meu estilo e forma de tocar, trabalhar com audiovisual para impulsionar a própria imagem na internet, uma vez que quem não é visto não é lembrado, estando atualizado das tecnologias atuais e do marketing digital, e também optaria por fazer boas relações para conseguir ingressar em boas guigs.

Além disso, claro, tem que estudar e dominar seu instrumento e estar preparado para quando a oportunidade surgir, certo de que não adianta ter boas relações, conseguir uma indicação para uma audição, mas na prática não andar bem, então acredito que é necessária a soma desses fatores.

32) RM: Como você analisa o cenário da Música Instrumental Brasileira. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

André Jumper: A música instrumental brasileira, do meu ponto de vista, sempre teve grande relevância, tanto aqui quanto fora, embora saibamos que nem sempre é valorizada. Em relação às revelações, acredito que músicos como Mestrinho, Ebinho Cardoso, Michael Pipoquinha, o próprio Igor Gnomo, são pessoas que pra mim surpreendem o cenário musical contemporâneo.

Entre os consistentes, temos o Nelson Faria, Leo Gandelman, Hamilton de Holanda. Não tenho na minha memória músicos que tenham regredido, talvez existam os que encerraram as carreiras, ou faleceram precocemente (exemplo de Nico Assumpção), mas diria que, no geral, o Brasil é celeiro de bons artistas que se perpetuaram no tempo, cada um compondo parte da história de nossa música.

32) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileira. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

André Jumper: Acredito que o cenário da música popular brasileira permanece, mas seu conteúdo não é mais culto que o de outrora. Embora tenhamos bons artistas, talvez não tenhamos mais boas músicas e boas letras. Mas isso é um fato social do que reflete a própria sociedade e as demandas desta.

Cada momento teve sua demanda e necessidade, e a música vive essa dialética que, aos olhos de alguns é algo mal e decadente, mas aos de outros é uma outra face da mesma moeda, que pode possuir o mesmo valor artísticos.

34) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?

André Jumper: Quem é ou já foi músico já viu de tudo, praticamente. Então, por exemplo, já participei de um show, acredito que no carnaval de 2011, em que havia uma disputa política na cidade, e também tinha uma regra que não podia ter shows até certo horário.

Ultrapassado esse horário, o Delegado do Município ordenava em cima de uma camioneta, com arma em punha, que a banda parasse de tocar, e do outro, o prefeito e seus aliados, também se manifestaram para que o show continuasse. Nós, obviamente, respeitando a lei e a ordem, nos recolhemos e o show terminou. Mas não deixou de ser uma situação constrangedora e desagradável, além de desnecessária, principalmente porque o prefeito acabou não pagando o restante do valor do show.

Outra que deixo aqui também é a breve história de quando viajei para uma sequência de shows e esqueci em casa minha principalmente e mais importante ferramenta de trabalho: o baixo. Então imagine, longe de casa tivemos que alugar um contrabaixo para viabilizar a continuidade dos trabalhos.

Outra que me marcou, vou tentar resumir, ocorreu em Tamandaré – PE, quando estávamos tocando com a banda Marreta é Massa, acredito que no ano de 2009 ou 2010. O empresário da banda, esta que fazia grande sucesso no Estado de Pernambuco, alugou uma mansão na praia dos carneiros em Tamandaré.

Certo dia eu estava na parte de trás desta casa (a frente era virada pra praia e a parte de trás para a rua), quando chegou um sujeito de shorts, sem camisa, um boné todo rasgado, bem como tinha uma cárie entre os dentes da frente, me abordou, vendo o ônibus da banda estacionado, e perguntou se eu tocava com o Marreta é Massa. Respondi afirmativamente e ele prosseguiu afirmando que era fã, e passou a mencionou shows que fizemos, músicas da banda e deu para perceber que, de fato, esse sujeito conhecia muito bem a banda.

Na oportunidade todo mundo da banda, a técnica, os músicos e o artista Marreta estava no quintal da casa curtindo a pausa. Assim, convidei ele para conhecer o pessoal, pra que ele, como fã, tivesse essa oportunidade de ter contato com os que estavam lá.  Contudo, talvez pela aparência desse rapaz, poucos lhe deram atenção, o Marreta o tratou, inclusive, muito friamente, e só o pessoal da técnica e um ou dois músicos o trataram bem.

Ao sair do local, indo para a rua, me desculpei pelo comportamento de alguns e ele afirmou que estava tudo bem. Em seguida, afirmou que teria uma festa na casa dele e que ele iria passar lá mais tarde para buscar a gente (os que falaram com ele) pra ir à festa. Perguntei onde era. Ele disse prontamente que era naquela rua. Eu olhei para a rua e só vi mansões, fiquei cético, mas não deixei de acreditar que ele morava ali.

Mais tarde o mesmo sujeito, que se chamava Laurent (ou Lorrane), voltou em um carro importado mais caro que o ônibus da banda, levou a gente pra mansão onde ele morava, e teve uma verdadeira festa de rico com os convidados e a família dele, que eram donos de um conglomerado de fábricas de roupas em Pernambuco.

35) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical? 

André Jumper: Acredito que a parte mais triste é a falta de formalidade em relação ao trabalho formal, os baixos cachês mesmos em grandes bandas, o que inviabiliza que as pessoas vivam plenamente da carreira musical, e muitos optem por abandonar a carreira para seguirem outras.

Eu, por exemplo, já pensei na adolescência na música como profissão, contudo, logo cedo vi que tinha que pensar em algo mais sólido para o futuro e investi em outra carreira que acabou dando sucesso e estabilidade. Hoje, a felicidade é poder tocar quando e onde quiser, com os amigos, viajando, divertindo-se em boas companhias e conhecendo lugares novos.

36) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

André Jumper: Que pense muito se esse é o seu sonho para a vida, porque o mercado é saturado, concorrido, os salários não são muito bons, e todo mundo vai querer, em dado momento, formar uma família e ter algo garantido para eles no fim do mês e não sair no mundo para matar um leão por dia.

Até os músicos que acompanham grandes artistas vivem o dilema de ganharem até o suficiente para viver bem, contudo, estão o mês inteiro fora de casa, perdendo boa parte do tempo que poderiam estar com os familiares, mulher, filhos, pais, etc.

37) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

André Jumper: Acredito que existe a predisposição para fazer algo bem feito. Existem os que não tem tanto talento, mas tem muita perseverança e força de vontade, conseguindo com muito esforço alcançar bons resultados.

Para outros, isso vem de forma mais natural, não diria que é um dom, mas uma predisposição de fazer mais bem feito o que mais se gosta de fazer. Geralmente os excepcionais são aqueles que são obsessivos com o instrumento. Quando se gosta extremamente de fazer algo, aprende-se com muito mais facilidade. Outros, certamente, devido a vários fatores, podem levar mais tempo para desenvolver determinadas habilidades.

38) RM: Qual seu conceito de Improvisação?

André Jumper: Eu penso na improvisação imaginando os acordes. Não penso mais nas escalas como fazia no começo. Simplesmente eu percebo o acorde e automaticamente os caminhos aparecem ligando os acordes, sabendo-se naturalmente, quase, onde pode pisar ou não, e como as fases podem soar.

Consigo visualizar isso no braço do instrumento imaginando. Então, quando penso em acordes, os solos soam mais naturais do que quando pensava tecnicamente nas escalas. Isso facilita até o raciocínio mais rápido na improvisação, uma vez que certos conjuntos de acordes podem ser resumidos para um grupo menor de acordos, uma frase que você pensa para um acorde, pode passar por outros 4 ou 5 acordes diferentes, sendo desnecessário imaginar escaladas para calcular entre cada um deles.

39) RM: Existe improvisação de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

André Jumper: Existe o dois, há quem tenha o solo já imaginado antes, como se vê muito nas redes sociais, mas também há o improviso puro criado na hora. Este último faz parte da verdadeira magia da música instrumental.

Um dos problemas são os vícios de frases que todo músico traz consigo, de repetir os mesmos caminhos, mesmas frases, mesmas ideias. A improvisação exige, no meu pensar, uma zona fora do conforto, é explorar o desconhecido e não apenas caminhar sobre locais que você sente seguro.

O verdadeiro improviso está na zona cinzenta onde você não calculou, você apenas para de pensar e deixar o som te guiar para notas que contém uma história nova até para você. Pois o improviso é isso, uma história contada por meio do instrumento. Quão sem graça seria contar a mesma história várias vezes? Mas não tiro o mérito de quem traz essa história já contada de casa e apenas executa; se agrada aos ouvidos, é música.

40) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

André Jumper: Acredito que os contras é o engessamento que os métodos podem trazer. Deve-se pensar nos métodos como um ponto de partida. A improvisação é uma prática muito mais complexa, ela envolve além dos métodos, muito bom gosto musical, de notas, frases, timbres, um vocabulário culto.

Não adianta você ser um poeta e não ter um grande vocabulário ou coisas bonitas para falar. Isso leva tempo. E assim como é na poesia, ou nas redações jornalísticas também, o improviso é à sua maneira de se expressar, são suas palavras em forma de som, e só os métodos musicais não podem suprir isso, eles podem servir como um ponto de partida, devendo o improvisador fazer a base de seu estudo e daí pra frente ele buscar a liberdade da improvisação, criando sua própria identidade.

41) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

André Jumper: Não vejo muitos contras nos métodos de estudo de harmonia musical, penso igual ao de improvisação, eis que andam juntos: não dá pra improvisar se você não conhece harmonia, simples assim. Então, acredito que o estudo de harmonia ele deve ser um ponto de partida, e daí pra frente, o estudante buscar refinar o que ele gosta de tocar ou precisa tocar, para desenvolver sua tocada, as formas de executar e soar dos acordes.

42) RM: Você toca outros instrumentos?

André Jumper: No início, tocava, além de violão, flauta transversal e clarinete. Atualmente, posso dizer só sei, de fato, tocar violão e baixo.

43) RM: Quais os prós e contras de ser multi-instrumentista?

André Jumper: A regra é que se você faz muita coisa ao mesmo tempo, é que você faz todas essas coisas de forma ruim. Existem exceções, claro. Tudo tem exceção. Mas em regra, primeiro é importante se dedicar a um instrumento, pois é possível que se toque esse instrumento a vida toda e não saiba todos os caminhos que são possíveis realizar com ele.

Inclusive, gosto da frase que Virgil Donati, lendário baterista australiano disse quando perguntaram a ele sobre as qualidades dele sobre o instrumento, tendo ele afirmado que ainda não tinha chegado sequer a arranhar a superfície.

44) RM: No passado existia a “dependência” do Baixo tocar “colado” com a célula do ritmo do bumbo da bateria. Quando o Baixo se tornou independente desse conceito?

André Jumper: Eu ainda penso no baixo dentro desse conceito, mas também com a liberdade de fazer coisas fora do conceito de tocar colado com o bumbo, mas dependendo das circunstâncias.

Atualmente, nos forrós modernos e outros estilos que estão surgindo, o baixo tem menos compromisso com a base do que nunca. Então, acredito que ele está quase saindo de um instrumento considerado “percussivo” e de base, para um instrumento solo.

Não que eu veja com bons olhos, ainda imagino que o bom baixista deve entender muito bem a base e o papel do baixo na música, mas não desconsidero que existe um movimento musical caminhando neste sentido do baixo mais protagonista e desprendido da base.

45) RM: Quais os compositores da Bossa Nova você admira? 

André Jumper: Com certeza os clássicos, Tom Jobim, João Gilberto, Vinícius de Moraes, não tem pra onde correr, são eternos e necessários.

46) RM: Quais os compositores do Samba e do Choro você admira?

André Jumper: Na minha região na predomina o samba, mas já ouvi bastante, mas também gosto do básico, destacando-se Zeca Pagodinho (que embora o nome, ele canta samba), Arlindo Cruz, Martinho da Vila, Mart’nália.

Já no choro, deixo o destaque para Severino Araújo, foi uma das primeiras músicas que toquei no baixo quando migrei para esse instrumento, a famosa Espinha de Bacalhau, o que acredito que me levou para esse caminho para tocar com velocidade.

47) RM: Quais os compositores da MBP você admira?

André Jumper: Mais uma vez fico com os clássicos. Destaco que deve ter ouvido para tudo, mas o gosto musical pode ser um só, só não pode fechar os ouvidos. Portanto, destaco os baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil.

48) RM: Quais os seus projetos futuros?

André Jumper: Musicalmente, pretendo continuar me divertindo com meus amigos e parentes, fazendo o que gosto, e também passar a gravar coisas mais pessoais, registrando tudo que aprendi ao longo do tempo em algo que tenha mais a ver comigo.

49) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

André Jumper: [email protected]

| https://www.instagram.com/andrejumperog

Canal: https://www.youtube.com/@Alexleep 

Igor Gnomo Group – Incompatibilidade de Gênios – Avellaneda: https://www.youtube.com/watch?v=ON56WCyDBZo 

Jam no Parque – Solo fretless: https://www.youtube.com/watch?v=ecGPyWbKSbY

IGOR GNOMO GROUP | TRILHOS – live Club strom: https://www.youtube.com/watch?v=roBIJEdq88o 

Pensando bem – Suzi Mariana: https://www.youtube.com/watch?v=vnX4GqScZ3Y 

IGOR GNOMO GROUP | PÉ NA ESTRADA (live Club Strom): https://www.youtube.com/watch?v=b6M3KD49WUQ 

Tempo é Rei – Melaninaemsi (feat. Esdras Arnold): https://www.youtube.com/watch?v=lcndlHa9uV4 

Identidade – Melaninaemsi: https://www.youtube.com/watch?v=dZCVlmiSWIc 

Nossa Luta – Melaninaemsi: https://www.youtube.com/watch?v=DcZf0MYRnJ8


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.