More Ana Lee »"/>More Ana Lee »" /> Ana Lee - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Ana Lee

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A cantora e compositora paulistana Ana Lee no seu primeiro CD – Ana Lee vem confirmar a capacidade brasileira de dá a luz a talentos no futebol e na música.

Temos orgulho do nosso passado musical com as divas da voz que deixaram saudades. Mas “as novas crias” não negam as influências e fazem renascer o brilho musical brasileiro. A sonoridade do primeiro CD de Ana traz a presença imponente dos violões (Bráu Mendonça, Ozias Stafuzza e Swami Jr.) e a sutileza do Cello e Viola (Marisa Silveira e Ana Isabel).

O repertório conta com clássicos de Chico Buarque e poemas musicados de José Miguel Wisnik, Alice Ruiz, Walter Garcia, Alessandro Ayudarte, Sérgio Varkala, Chico César, Lincoln Antonio, Jayme Ovalle, Manuel Bandeira, Tota Fernandes. Tem produção assinada por André Magalhães e participação especial de Oswaldinho do Acordeon.

Um CD lindo que orgulha a cena MPB. No caos da banalidade musical exibido nos programas dominicais exaustivamente esse é um balsamo para nossa alma. Que essa voz de qualidade musical não se cale frente à mediocridade de um mercado musical equivocado.

Segue uma entrevista exclusiva com Ana Lee para  a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em Agosto de 2004:

01) Ritmomelodia: Fale do seu primeiro contato com a música.

Ana Lee: Desde muito cedo notava ser afinada cantando junto a outras crianças. Lembro-me de que já por volta dos 5 a 6 anos de idade adorava cantar. Cresci ouvindo basicamente o que meu pai e meu irmão ouviam. Música brasileira.

Cheguei a ganhar um prêmio como melhor intérprete, aos 15 anos de idade, representando o colégio Arquidiocesano de São Paulo (concorrendo com representantes de vários outros colégios da cidade), cantando “Trem das Cores” do Caetano Veloso, no teatro Arthur Azevedo.

02) RM: Qual a sua formação musical? Sua cidade origem? 

Ana Lee: Nasci no dia 25 de novembro de 1968 em  São Paulo. Fiz cursos livres de música. Minha formação acadêmica é em Psicologia. Cursei técnica vocal com várias professoras de linhas diferentes. Nancy Miranda, Consiglia Latorre, Suzana Igayara, entre outras.

Tive aulas de percepção musical e um pouco de teoria. E adoro o gênero canção por ser intimamente ligado à palavra, à poesia.

03) RM: Qual a suas referências musicais?

Ana Lee: Como disse acima, escutava muito que meu pai e principalmente irmão traziam. Chico Buarque é o preferido de meu pai e do meu irmão também.

Ouvíamos desde Pixinguinha, Dorival Caymmi, Francis Hime, Tom Jobim, Vinícius, Ivan Lins, Milton Nascimento, Caetano, Gil, João Bosco, Paulinho da Viola, Boca Livre, Lô Borges, Beto Guedes, Sá e Guarabyra (o trabalho do Zé Rodrix eu vim conhecer recentemente), Tavito, até o Grupo Rumo, Vânia Bastos, Itamar, Guilherme Arantes, Luiz Melodia, Jards Macalé…!

Ouvi muito por minha conta própria Nana Caymmi, Bethânia, Elis, Zizi Possi, Joyce, Jane Duboc e várias outras cantoras brasileiras. Agradeço a existência de toda essa gente maravilhosa! Tenho uma amiga que “brinca a sério” dizendo que as músicas são os nossos “remedinhos”. Acho perfeita essa formulação.

04) RM: Fale do seu inicio na carreira musical?

Ana Lee: Cantei em alguns bares de São Paulo junto ao violonista que está comigo desde o início, Bráulio (Bráu) Mendonça, mas nunca fui uma cantora de Bar, cantora da noite. Sempre fiquei atenta às pessoas que eu conheci que perderam o prazer de cantar por se profissionalizarem nesse segmento de trabalho.

Pessoas que se desencantaram. Então, acima de tudo, prezo o encanto. Não me perco dele. Comecei gravando músicas em estúdio, já buscando um som próprio. Primeiro; sozinha ao violão. Depois, com o Bráu e outros músicos, em diferentes fases. Fazíamos alguns shows e ensaiávamos muito. A dona do pequeno estúdio (TC) aonde gravava pôs uma pilha no meu desejo.

Propôs que gravássemos um CD financiado por ela, que queria estrear seu selo com o nosso trabalho. A ideia deu início a toda à trajetória (de uns 5 anos – risos) que resultou no meu primeiro CD.

05) RM: Quantos CDs lançados? Fale do perfil de cada um e ano de lançamento? 

Ana Lee: Lancei meu primeiro CD em março de 2002. Participo de várias coletâneas e outros discos, mas meu segundo CD está ainda nascendo enquanto ideia dentro de mim. Ideia marcada por várias vivências e transformações que vem acontecendo de 1998, mais ou menos para cá.

Coisas que começaram lá atrás, mas que vem tomando forma agora. Meu primeiro CD traz vários temas. Entre outros, ele tenta falar do amor e do desejo sob vários aspectos. Neste meu próximo trabalho quero propor outras visões acerca desses mesmos temas. Sem esquecer, porém o lado lúdico e até afirmativo que tem ganhado espaço em mim.

06) RM: Quais os prós e contras da cena independente?

Ana Lee: Essa expressão “cena independente” está sendo usada para se definir vários segmentos diferentes. Desde o independente que produz todo o seu trabalho até os artistas que estão no interior dos pequenos selos independentes das grandes gravadoras.

A produção cultural da chamada cena independente é bem mais rica e interessante. Mas por outro lado, faltam elos, divulgação. O desafio, a meu ver, é encontrar o público certo para a música que se faz. Isso implica pensar em tudo, não apenas produzir, mas em fazer o trabalho nascer, crescer e tornar-se visível dentro do mundo. O independente tem de desbravar caminhos. O que pode ser ou não uma vantagem, não é?

Distribuição no varejo é complicada. Precisamos ser muito mais criativos! Mas temos o fruto do trabalho, o produto, nas mãos, tendo liberdade para negociá-lo. O problema maior, como na vida também, é saber extrair o melhor do que essa liberdade pode nos dar. A maior parte de nós não sabe bem o que fazer com o que tem! E os selos, grandes ou pequenos acabam encaminhando essas questões por nós. O que pode ser bom ou não, dependendo do caso, e do momento, a meu ver.

07) RM: Como você vê o mercado fonográfico?

Ana Lee: Fala-se muita coisa a esse respeito. Há quem diga que o CD está com os dias contados com essa história de comercialização das músicas via internet, pirataria, etc. Acho que é um momento de transição e que esse é um campo ainda nebuloso. Ainda não há clareza suficiente para vislumbrar nada com precisão. Como falar de economia. Com o desenvolvimento tecnológico frenético, essa parece ser a conseqüência lógica, mais dia, menos dia. Vamos ver.

08) RM: Defina o seu trabalho musical? 

Ana Lee: Vou falar do CD, que é um trabalho localizado, certo? Busquei a integridade no repertório, e principalmente o relevo da palavra. A sonoridade sofisticada foi resultado do trabalho conjunto, do belo time de músicos, da impecável produção musical do André Magalhães. E da própria matéria-prima colhida – os temas, as músicas – a partir da qual todo o entorno foi pensado e construído.

Costumo dizer que meu primeiro CD pinça desde músicas tradicionais como a Modinha, primeiro gênero de música popular que chegou ao Brasil de Portugal, até canções de autores contemporâneos. Tem Manuel Bandeira e Jayme Ovalle, Chico Buarque, Zé Miguel Wisnik, e também Chico César e Tata Fernandes, Lincoln Antonio, Walter Garcia, Etc. Têm muitas misturas, miscigenações musicais, ritmos variados. Como já disse, foi produzido por André Magalhães, co-produzido por mim.

Conta com os violonistas que me acompanham há muitos anos e que fizeram o arranjo de base de muitas das músicas, Bráulio Mendonça e Ozias Stafuzza (que além de talentosíssimos, são companheiros de estrada muito queridos) e um grande time de outros ótimos músicos: Swami Jr; André Magalhães; Oswaldinho do Acordeon; Célio Barros; Miguel Briamonte; Guilherme Kastrup; Cássia Maria; Ari Colares; Itamar Vidal; J. H, Penna; etc.

09) RM: Quais são seus ídolos na música atualmente?

Ana Lee: Idolatria parece uma palavra muito forte, não é? Ídolo, mesmo. Não tenho nenhum, não! Sou encantada e fã do trabalho de muita gente, mas não fanática. Não mesmo. Tenho admiração por várias pessoas da cena musical brasileira. Todos os clássicos citados no decorrer da nossa conversa e mais recentemente, pelo Lenine, Bráulio Tavares, Zeca Baleiro, e tanta gente mais…!

10) RM: Fale da cena musical em São Paulo.

Ana Lee: Que posso dizer… Minha experiência é a de conhecer tribos diferentes. Isoladas. Não sei se há uma música paulistana. São Paulo acolhe a música feita no Brasil todo, e no mundo! Quando penso em música paulistana me vem à cabeça Rita Lee, Guilherme Arantes, Zé Rodrix, Maurício Pereira, Vânia Bastos, Wisnik, Tatit, Ná, André Abujamra, Itamar, Carlos Careqa, etc.

Nem todos devem ser exatamente paulistanos, mas para mim, tem, por assim dizer, um estilo paulistano, urbano. Dos novos, há os colegas, muita gente boa que estou conhecendo via cooperativa paulista de música e listas internéticas – musicais! Não quero citar nomes para não cometer injustiças.

11) RM: Quais os projetos para 2004?

Ana Lee: Gravar um disco para crianças e formatar repertório para meu segundo disco. Isto provavelmente se estenderá ao próximo ano. Estou gravando também parcerias entre Mário Montaut e Floriano Martins para um outro álbum, com músicas que fazem parte da trilha sonora da peça teatral Sombras Raptadas e outras também. Já estou fazendo experimentações com os repertórios dos shows em andamento.

Você pode conferir nesse sábado, dia 31/07/04, no SESC – Belenzinho, às 17 h, um desses momentos. Estarão comigo os violonistas Bráulio Mendonça e Ozias Stafuzza. Em Agosto (2004), estaremos na Sala FUNARTE no último final de semana, sábado e domingo, num projeto da Cooperativa Paulista de Música, com os convidados Mário Montaut e Floriano Martins, com performances poético-musicais.

12) RM: Quais seus contatos?

Ana Lee:  www.analee.com.br |   [email protected]  | (11) 98746 – 4606 


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