More Amanda Barros »"/>More Amanda Barros »" /> Amanda Barros - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Amanda Barros

amanda barros
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A cantora paulistana Amanda Barros subiu aos palcos pela primeira vez em 1992, aos 11 anos de idade. Um início da promissora carreira dessa jovem intérprete.

Nascida em uma família de músicos. Ela tem um timbre encantador e no seu primeiro CD – “Peneirando Água” através das músicas escolhidas ela mostra seu gosto refinado. No seu repertório, obra de compositores consagrados como João Bosco, Joyce, entre outros ilustres da música popular brasileira, além de composições inéditas que mostram suas influências musicais que vão desde o jazz até a bossa nova.

Ela foi iniciada na carreira musical pelo seu pai (o guitarrista Tico Morenno). Ela já dividiu o palco com grandes músicos como Hugo Hori, Bira de Castro, Walmir Gil, Ramon Montagner, Guga Stroeter. Suas apresentações são marcadas por grandes arranjos, interpretação sofisticada e energia que contagia o público. Há mais de dez anos a talentosa intérprete empresta sua voz para jingles de grandes marcas e para a trilha sonora de abertura do desenho animado Inuyasha, transmitido pelo canal Cartoon Network. Ela participou dos CDs Coisas de Arrepiar (de Paulo Netho e Salatiel Silva), Ciranda de Cantigas (Salatiel e grupo Ciranda de Cantigas). Ela foi vocalista da banda acid jazz Sindikato BR e backing vocal da cantora Eliana Pittman. O show “Peneirando Água” esteio no Villagio Café em setembro de 2006 e marcou o inicio de sua carreira solo. O show chamou a atenção do público, que recebeu as canções inéditas com entusiasmo de velhos fãs.

Amanda Barros no início de outubro de 2006 a gravação do primeiro CD, produzido por Fábio Velloso e Hanílton Messias. O CD leva o mesmo nome do show: “Peneirando Água”. Nesse primeiro trabalho está estampando todas suas influencias e amadurecimento musical. Um trabalho com músicas inéditas e repertório eclético, com sambas, soul, funk arranjos primorosos. E uma voz e interpretação maiúscula dessa jovem cantora. Nem a semelhança em alguns trechos musicais com o timbre da cantora Maria Rita tira o brilho e ineditismo do seu trabalho.

Segue abaixo uma entrevista exclusiva com Amanda Barros para www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 04.05.2008:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Amanda Barros: Nasci no dia 09.12.1980 em São Paulo – SP.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Amanda Barros: Meu pai já tinha duas pequenas cantoras (uma de 10 anos de idade e outra de 07 anos) e esperava então que chegasse o seu menino sonhado (um guitarrista como ele) então já no ventre materno imagina o que eu não ouvia? Cresci ouvindo de tudo e participando da grande farra musical que meu pai promovia. Sempre que chegava da loja de música (onde era vendedor) pegava o violão e tocava tudo que a gente queria. Desde “Se essa rua fosse minha”, “Era uma casa muito engraçada. Não tinha teto não tinha nada” até “As aparências enganam aos que odeiam e aos que amam” e por aí foi…

03) RM: Qual sua formação musical e\ou acadêmica (Teórica)?

Amanda Barros: Eu demorei um tempo pra incluir o estudo na minha vida. Eu já cantava profissionalmente há uns quatro anos quando minha irmã que também cantava teve um problema nas cordas vocais. Fiquei com medo de me ferir também e fui estudar. Fiz canto popular com a professora Vera Martins e logo depois entrei na ULM – Universidade Livre de Música (atual Centro Musical Tom Jobim) com a professora Tuca Fernandes. Fiz um ano apenas, não concluí o curso. Uns seis meses depois fiz canto lírico e depois de um bom tempo parada procurei a Fabiana Cozza. Com ela eu estudei técnica e expressão corporal. A falta de grana sempre atrapalhou a minha permanência nos cursos que eu quis fazer. A solução foi me transformar em uma autodidata dedicada buscando informações sempre. Lendo, conversando, ouvindo, perguntando aqui e ali enfim…

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Amanda Barros: Pra mim nenhuma referência deixou de ter importância já que todas elas me transformaram, mexeram comigo, e isso é o tipo de coisa definitiva. São eles: Elis Regina, João Bosco, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Clara Nunes, Tom Jobim, Chico Buarque, Elza Soares, Bibi Ferreira, Adoniran Barbosa, Ella Fitzgerald, Billie Holliday, Guinga, Milton, Joyce. Recentemente eu fui apresentada ao trabalho de uma cantora portuguesa chamada Maria João. Sempre gostei também de música instrumental. Do músico que não usa o texto, mas sabe como contar uma história. Eu me alimento de “Allan Holdsworth, Astor Piazolla, Gonzalo Rubalcaba, César Camargo Mariano, Cama de Gato, e cada referência faz o seguinte comigo, amplia minha visão. Eu deixo de ver o elefante só pela tromba e já percebo que o elefante também é orelha, patas, e que tem o maior corpaço (risos).

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Amanda Barros: A primeira vez que subi em um palco profissionalmente foi no dia 09/10/1991. Com a banda do meu pai “Koisa Nossa”. O evento era um baile da saudade no Cartola Club que fica na AV. Brigadeiro Luiz Antônio próximo da AV. Paulista.

06) RM: Fale do seu primeiro CD (músicos que participaram nas gravações). Qual ano de lançamento? E quais as musicas que se destacaram?

Amanda Barros: O disco é cheio de convidados especiais. Pessoas renomadas e outras especiais pra mim. O Toninho Ferragutti e o Ramón Montagner são os meus convidados mais renomados, mas não foram convidados pelo nome e sim pelo som. Tem gente que faz isso, mas não foi meu caso. Eu queria vê-los de pertinho e assinando o que seria meu primeiro voo. Estão presentes também meus amigos de longa data: Salatiel Silva, Bilo Mariano, Wilson Teixeira, Edu Malta, Marcílio Zarpelão, Lalo Prado, Hanílton Messias, Fábio Velloso, meu pai Tico Morenno e tantos outros…Todos muito importantes na minha vida musical e pessoal. Foi gravado em outubro de 2006, mixado entre dezembro de 2006 e fevereiro de 2007 e só fui conseguir mandar prensar em agosto de 2007. Por aí todo mundo pode ver que foi um processo cheio de pausas. Não era o que eu queria claro, mas foi o que eu consegui. “Peneirando água” é o nome de uma música do Hermeto Pascoal. Foi uma homenagem ao “campeão” que de uma certa forma norteou o meu caminho independente, me trazendo uma boa dose de tranqüilidade ao mostrar a minha cara na vidraça. Como se me dissesse: Tem gente pra tudo. Pra amar e odiar e faça a sua música e vá! As músicas que mais se destacaram sem dúvida alguma foram “Sonhos de uma bailarina” de Silvinho Vaz e “Tudo de bom” de Bilo Mariano. Executadas com regularidade na Rádio USP. O lançamento aconteceu no dia 18 de outubro de 2007 no teatro do Sesc Ipiranga. Era o final de um processo e começo de outro, então comemorei.

07) RM: Como você define seu estilo?

Amanda Barros – Não vou complicar é MPB. Até que eu decida ir pra outro lado…

08) RM: Quais são os seus principais parceiros musicais?

Amanda Barros: Salatiel Silva, Hanílton Messias, Fábio Velloso e Jorge Luiz Balbyns (meu preparador corporal e diretor artístico do show) essas pessoas viajam comigo numa facilidade absurda. E me deixam muito a fim de ver o que há do outro lado do rio.

09) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Amanda Barros: A coisa é muito abrangente vou tentar escolher o principal de cada coisa. Pró: Liberdade (você faz o que acredita e pronto, ponto.) Isso já abrange tudo que é legal. Contra: A falta de verba pra concretizar o que está no papel.

10) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Amanda Barros: Guinga, Lenine, Mônica Salmaso, Fabiana Cozza, Izabel Padovani, Seu Jorge, Chico Pinheiro, Rubi me dão uma alegria enorme. Nesse balaio ninguém cai, só sobe. Vou aproveitar e falar também dos meus amigos Wilson Teixeira e Evandro Camperom. Esses dois ainda vão dar o que falar! Agora uma referência adolescente minha que estacionou foi a Marisa Monte. Eu sinto falta de ver que a artista quer mais, que quer deixar mais pra gente comentar, estudar. Tudo que ela tem feito pra mim a do morno pro frio. Tem gente que gosta, mas como você perguntou pra mim…

11) RM: Nos apresente a cena musical paulistana?

Amanda Barros: São Paulo ferve! A gente só não sabe mais, não escuta mais porque a grande mídia massifica a porcaria. Mas ser independente está virando uma tendência. Grandes nomes estão assumindo as rédeas de seu trabalho (Chico Buarque, a Elba Ramalho) então me dá uma esperança de que algumas negociações serão repensadas. Como no caso de algumas livrarias que já tem dentro do seu casting trabalhos independentes e aceitam negociar com pequenos peixes. Tenho fé que em breve vamos conseguir uma projeção melhor. E o público vai poder sim ouvir tudo o que rola. Que mais espaços estarão abertos para o novo, e percebam que propor renovação pode ser bom!

12) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Amanda Barros: Vivi todas! (risos) Fiz uma temporada com o infantil “Ciranda de Cantigas” de 01 mês no Hopi Hari. E a produtora não me pagou. Quase apanhei junto com o pessoal da banda“Koisa Nossa” em um carnaval em que o infeliz do DJ contratado pelo clube e não pela banda colocou “Biquíni de Bolinha amarelinho” no intervalo. E já era época em que carnaval e axé eram uma coisa só. O Koisa Nossa é uma banda de baile (toca todos os estilos) e fizemos um show em uma casa de forró. Quem vendeu aquele trabalho não tinha a menor noção. Até metade do show, tocando de tudo, a maioria do público fechava o punho como quem diz (vou dar porrada) foi então que alguém iluminado decidiu fazer parabéns pra você em forró e todo o resto também. Foi muito tosco, mas pra eles foi uma coisa linda. Também já levei um belo tombo no palco e foi feio viu, até quebrei o braço. O engraçado que foi nesse instante que decidi que ser bicho de palco era pra mim. (fiquei até o final da apresentação morrendo de dor e sorrindo).

13) RM: Como é o seu processo de compor?

Amanda Barros: Estou engatinhando nisso… Há pouco tempo esse canal de composição chegou e me disse oi. E tudo que eu concebi veio em momentos inusitados. Dando banho no meu filho, dormindo, lavando louça, vivendo (no sentido mais comum). Quando eu menos espero acontece.

14) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Amanda Barros: Eu escolhi a música e fui escolhida por ela. Sou muito feliz por isso. Pra andar junto dela eu supero o que for. E o que me entristece não abrange só a carreira musical. É o Brasilmesmo. Não tem aquela música “O Brazil não conhece o Brasil, O Brazil ta matando o Brasil” o brasileiro não cultua o que tem. E o Brasil não ajuda seus filhos a apreciar, não dá oportunidade, não torna acessível o cinema, shows, discos, literatura essas coisas. O que mais me entristece é alguém ouvir o disco e me dizer: Lá fora você arrasa! Sinto fraqueza quando escuto isso, mas sei que por enquanto ainda é assim. “Do Brasil, SOS ao Brasil”.

15) RM: O que você diria para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Amanda Barros: Estude, estude. E nesse processo não jogue fora o que você já sabe e nunca pense que sabe o suficiente. Reconheça seus amigos, seja dedicada, a arte não é só uma profissão é uma filosofia de vida. Seja persistente e claro tenha fé! Muita… Você vai precisar… (risos).

16) RM: Quem são os músicos conhecidos que você se espelha como um padrão de criatividade e profissionalismo?

Amanda Barros: Eu admiro o lado criativo das minhas referências. Mas não quero imitar ninguém eu quero achar o meu caminho. Meu pai (o guitarrista Tico Morenno) me ensinou a ser bem profissional. Ele não é renomado, mas é o meu berço.

17) RM: Ter o timbre semelhante à Maria Rita lhe incomoda as comparações?

Amanda Barros: Não vou ser mentirosa, incomoda sim. Por que sou humana e tenho uma mãe que sempre me disse que eu era especial, única (risos). E de repente alguém vem e te compara? (risos). Agora eu acho natural que isso aconteça. Afinal, a Maria Rita tem três trabalhos. E eu estou existindo apenas agora e acredito que à medida que eu ampliar meu trabalho, minha obra, essa comparação vai desaparecer, sem traumas.

18) RM: Quais os projetos futuros?

Amanda Barros: Em 2008 meu objetivo é levar o CD – Peneirando Água pra todos os lugares que eu puder. Amém! Já tenho outros projetos que ainda não estão amadurecidos para se comentar. O que posso adiantar é que eu não quero tudo de bom só pra mim. Eu quero poder dar minha contribuição como cidadã também.

19) RM: Quais os seus contatos?

Amanda Barros: (11) 95153 – 1043 | www.amandabarros.com.br | [email protected]


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