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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Alvaro Walter

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O compositor, arranjador, saxofonista mineiro Alvaro Walter é autor de trabalhos didáticos sobre arranjo, harmonia e improvisação, ex-regente da Corporação Musical União XV de Novembro (Mariana, Minas Gerais), colaborador benemérito da Banda do 4º Batalhão da Polícia Militar (Minas Gerais), solista do Grupo Choro Cultura (Uberaba, Minas Gerais).

Alvaro Walter é bacharel em Ciências Econômicas e Administração de Empresas (FCETM), licenciado em Ciências Exatas (UCMG), inscrito na Ordem dos Músicos do Brasil.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Alvaro Walter para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 08.03.2021:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e sua cidade natal?

Alvaro Walter: Nasci no dia 08 de novembro de 1941 em Mariana-MG.

02) Ritmo Melodia: Fale do seu primeiro contato com a música.

Alvaro Walter: Fui inserido no seio da Sociedade Musical União XV de Novembro de Mariana-MG em 1944 como mascote aos 3 anos de idade.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora de área musical?

Alvaro Walter: Musicalmente sou um autodidata. Sou licenciado em Ciências Exatas pela Universidade Católica de Minas Gerais e também tenho licenciatura plena em Matemática. Sou bacharel em Ciências Econômicas e também bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade de Ciências Econômicas do Triangulo Mineiro.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Alvaro Walter: Sou de uma família de músicos.  Minha influência inicial vem das Bandas Marciais. Também sou “Chorão”. Integro atualmente o grupo Choro Cultura de Uberaba-MG. Nenhuma deixou de ter importância.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Alvaro Walter: Comecei aos 8 anos de idade tocando trompa na Banda de Musica União XV de Novembro de Mariana – MG.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Alvaro Walter: Lancei 12 CDs, entre eles: Saxofonando I, II e III; Alma de Saxofonista; Alvaro no Choro…

07) RM: Como define o seu estilo musical?

Alvaro Walter: Sou Chorão por natureza e compositor e arranjador de peças musicais para Bandas Marciais.

08) RM: Como é o seu processo de compor?

Alvaro Walter: Faço minhas composições através do computador, usando o programa FINALE. Componho, harmonizo e tiro partituras para todos os instrumentos de Bandas e Conjuntos. Mas, antes da década de 90 ou da utilização do computador, escrevia tudo a mão.

09) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Alvaro Walter: Antes de 1970 fiz de tudo, toquei em bailes, orquestras, big bands, frequentei o antológico “Ponto dos Músicos” de Belo Horizonte – MG, regi bandas marciais etc. Em 1972 ingressei na Receita Estadual de Minas Gerais, onde aposentei-me como auditor fiscal. A partir daí não precisei sustentar minha família com música e a minha carreira musical passou a se desenvolver de modo ainda mais independente.

10) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Alvaro Walter: Estudo o saxofone diariamente, toco no grupo Choro Cultura, frequento rodas de choro, me interajo com músicos de várias gerações, escrevo materiais didáticos como o livro “Composição Instantânea: apontamentos sobre improvisação”, componho e arranjo para bandas marciais com certa regularidade e divulgo vídeos como performer no meu perfil: https://www.facebook.com/alvaro.walter.92 e no meu canal do: https://www.youtube.com/user/MrAlvarowalter.

11) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Alvaro Walter: Uso a internet para a publicação de meus vídeos com solos de saxofone e apresentações das Bandas Marciais que executam minhas composições. O efeito multiplicador da rede mundial de computadores só ajuda a difundir a minha obra.

12) RM: Como você analisa o cenário do Choro. Em sua opinião quem foram as revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consideradas consistentes e quem regrediu?

Alvaro Walter: A difusão do Choro é crescente, haja vista a profusão de novos talentos, escolas, festivais e Clubes de Choro, mundo afora, viabilizando diálogos entre a tradição e a contemporaneidade. Raphael Rabello, Nailor Proveta, Marcelo Jiran representam, por exemplo, algumas das inúmeras revelações que surgiram nas últimas décadas.

13) RM: Quais os músicos já considerados do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Alvaro Walter: Gilberto Gil, Caetano Veloso, Djavan, Chico Buarque, Roberto Carlos, Tom Jobim.

14) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Alvaro Walter: Ser considerado colaborador benemérito da Banda de Música do IV Batalhão da Policia Militar de Minas Gerais, a minha obra ter sido objeto de monografias:https://drive.google.com/file/d/1jK-RujC0EzbnwJuLrkrqajnaYtFM_azJ/view?usp=sharing e documentários: https://youtu.be/mFyaXZFVuVY de cursos da Universidade Federal de Ouro Preto, estar recebendo homenagens em retretas e encontros de bandas marciais, compor o hino do centenário da Banda União XV de Novembro, publicar um songbook com obras de meu pai Aníbal Pedro Walter por ocasião de seu centenário, entre tantas outras boas surpresas.

15) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Alvaro Walter: Mais feliz é ver uma banda tocando uma de minhas músicas. E mais triste ver o descaso das autoridades publicas não darem o apoio e incentivo devidos a essas corporações.

16) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Alvaro Walter: Faço votos de que seja feliz e consiga prover com honestidade as suas necessidades metafísicas e materiais. E reforço que, como qualquer outra profissão, é repleta de desafios.

17) RM: Quais os violonistas que você admira?

Alvaro Walter: Carlos Walter, Silvio Carlos, Yamandu Costa, Reinaldo de Vito (já falecido).

18) RM: Quais os compositores eruditos que você admira?

Alvaro Walter: Beethoven, Strauss, Bach, Carlos Gomes, Von Suppé.

19) RM: Quais os compositores populares que você admira?

Alvaro Walter: Chico Buarque, Tom Jobim.

20) RM: Quais os compositores do Choro?

Alvaro Walter: Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Kimbinho, Rossini Ferreira, Waldir Azevedo.

21) RM: Quais as diferenças técnicas do Saxofone para outros instrumentos de sopro sem chaves?

Alvaro Walter: A principal diferença é que para cada nota no Sax há uma posição distinta, apenas apertando a chave de agudo para notas agudas. Enquanto que nos instrumentos de chaves; como o pistom, algumas notas são obtidas na mesma posição apenas pressionando os lábios.

22) RM: Quais as principais técnicas que o aluno deve dominar para se tornar um bom saxofonista?

Alvaro Walter: Manter uma boa postura. Respiração adequada. Soprar sem fazer bochechas. Exercitar especialmente os graves e superagudos. Tocar notas longas e afinadas. Executar escalas em diversos tons. Ser acompanhado por um bom professor. Tocar, pelo menos, meia hora por dia. Adquirir bons métodos. Tocar choro e jazz.

23) RM: Quais os principais vícios e erros que devem ser evitados pelo aluno de saxofone?

Alvaro Walter: Fazer bochechas. Não soprar suave. Permanecer apenas na “zona confortável” do instrumento. Não tirar os graves e agudos com precisão.

24) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?

Alvaro Walter: Ensinar e o permitir tocar apenas de ouvido. Não saber solfejar ou ler partituras etc.

25) RM: Existe o dom musical? Como você define o dom musical?

Alvaro Walter: Sim. Eu o defino como a “inspiração da graça Divina” e a capacidade de “saber traduzi-la”.

26) RM: Qual é seu conceito de Improvisação Musical?

Alvaro Walter: É uma composição instantânea. Aliás, assim intitulei o meu livro “Composição instantânea: apontamentos sobre improvisação”.

27) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre improvisação musical?

Alvaro Walter: Os “prós” são o uso de escalas e variações a serem usadas. Os “contras” residem na ausência de diretrizes como: na improvisação pautada o músico não pode perder o mapa da música principal; deve buscar estabelecer, por exemplo, uma coerência com a sequência dos acordes. O meu livro detalha tudo isso.

28) RM: Existe improvisação musical de fato. Ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Alvaro Walter: Sim. Existe de fato, embora se possam inserir alguns “clichês” que são pequenas frases já prontas e estudadas. Pode também ser estudado antes e aplicado depois… podemos chamar de “variação estudada”.

29) RM: Como chegar ao nível de leitura a primeira vista?

Alvaro Walter: Treinar todos os dias, começando por partituras mais fáceis.

30) Qual a sua relação pessoal e profissional com Carlos Walter?

Alvaro Walter: Carlos Walter é o meu filho e o meu herdeiro musical.

31) RM: O fato lamentável que ocorreu na sua cidade natal Mariana foi desastre ou crime ambiental?

Alvaro Walter: Foi um crime ambiental desastroso!

32) RM: Nos apresente o conceito e função social das Bandas Marciais.

Alvaro Walter: O melhor conceito está na dedicatória de meu dobrado “Bandas de Mariana” abaixo: “BANDAS de MARIANA – Dobrado de ÁLVARO WALTER. A palavra BANDA vem de BANDEIRA. Aqueles que marchavam e tocavam sob a mesma BANDEIRA formavam uma BANDA. Foi o imperador Napoleão Bonaparte um dos grandes incentivadores das BANDAS MARCIAIS que em um de seus pronunciamentos disse: “Coloquem uma BANDA na rua e o povo a seguirá para festa ou para guerra”. Naquela época as MARCHAS utilizadas como incentivadoras e encorajadoras dos militares evoluíram a fim de atender um percurso maior de deslocamento de tropas sem que tivesse de reiniciá-las em pequenos espaços percorridos.

Assim surgiu o DOBRADO como estilo de composição com as características que tem hoje, ou seja, a forma da marcha militar foi alterada com uma dobra no número de compassos de 16 para 32 compassos dentro de cada parte que compõe a forma tradicional desse tipo de composição (Marcha de passo dobrado ou “dobrado”). As bandas produzem atrações que embalam todas as gerações; são escolas de arte e cultura populares revestidas de total espontaneidade. Elas podem fazer as massas vibrarem em qualquer recanto da terra. O esplendor, a pompa, o entusiasmo de uma marcha ou dobrado inspiram ouvintes, músicos e marchadores em todas as partes do mundo.

Hoje, MARIANA – MG se orgulha de ser o município com o maior número de BANDAS de Minas Gerais. São onze (11) corporações.  Ao receber essa HOMENAGEM no encontro de Bandas, em 13 de julho de 2019, sinto-me emocionado e agradecido, e quero compartilhá-la com todos os músicos da família WALTER: Augusto Nhonhô, meu avô (primeiro professor de música da União XV); Aníbal Walter, meu pai (compositor, maestro e bombardinista); Joãozinho Walter, meu tio (meu primeiro professor e saxofonista); Niquinho e Nezinho, meus tios (clarinetista e baixista); Marcinho e Geraldo, meus irmãos (pistonista, pianista e sax-hornista); Lourdinha, minha irmã (cantora, acordeonista e arte-educadora); Chiquinho, Wellington e Strauss, meus primos (saxofonista, trombonista e sax-hornista); Olívia Branco Walter, minha sobrinha (cantora); Carlos Walter, meu filho caçula (violonista e meu sucessor musical); Márcio Filipe Walter, meu neto (DJ)… Derradeiros familiares que levem adiante essa tradição musical.

As BANDAS DE MARIANA estarão sempre vivas pelo entusiasmo e dedicação de seus componentes e continuarão através dos tempos enquanto existirem intérpretes capazes de sentir, viver e amar a arte musical na imensa plenitude de suas glórias. A MÚSICA MARIANENSE sempre será: “LINGUAGEM DA EMOÇÃO – BELEZA SONORA QUE NÃO MORRE NUNCA”. MARIANA, 13 de julho de 2019”.

33) RM: Fale sua atuação como regente na Sociedade Musical União XV de novembro em Mariana?

Alvaro Walter: Atuei como regente de 1969 a 1972.  Coloquei a Banda no mais alto nível de apresentação. Fui super rigoroso com a afinação dos instrumentos. Usava o método de “passar” bancada por bancada: primeiro os clarinetes e requinta; depois pistons; em seguida trombones e bombardinos; sax horns e trompas; e, por fim, os baixos. Ensaiávamos três vezes por semana.

34) RM: Apresente os seus livros.

Alvaro Walter: Eis os livros: “Composição instantânea: apontamentos sobre improvisação”; “Arranjo: cartilha para Bandas Marciais”; “O Saxofone e suas peculiaridades (compêndio)”; “No crepúsculo da mocidade – Arranjos e composições de Aníbal Walter”; “Composições e arranjos de Alvaro Walter – organizados por Carlos Walter”.

35) RM: Apresente seu trabalho com o grupo Choro Cultura de Uberaba.

Alvaro Walter: Os trabalhos principais são: CD – “ChoroCultura”; CD – “Tema Instrumental”; e o documentário “Um brinde ao Choro”: https://youtu.be/P6Ce92_b1VA.

36) RM: Apresente a tese e documentário sobre sua trajetória musical.

Alvaro Walter: A seguir os links da monografia e do documentário “Aprendiz de Joãozinho” produzido pelo departamento de jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto:- CAMPOS, Leidy Laura de Castro Moreira. Aprendiz de Joãozinho: “Vida e obra de Alvaro Walter”. UFOP: Ouro Preto, MG, 2017 -monografia de conclusão de curso: https://drive.google.com/file/d/1jK-RujC0EzbnwJuLrkrqajnaYtFM_azJ/view e o Documentário “Aprendiz de Joãozinho”: https://youtu.be/mFyaXZFVuVY

37) RM: Alvaro Walter, Quais os seus projetos futuros?

Alvaro Walter: Estou quase chegando aos 80 anos de idade. Meu projeto é continuar homenageando pessoas, músicos e amigos, com minhas composições musicais. E, como sempre, tocar o saxofone todos os dias.

38) RM: Quais os seus contatos?

Alvaro Walter: Basta acessar meu site: www.alvarowalter.com.br e [email protected]

Canal: https://www.youtube.com/channel/UC3uqaR8i0StDM4XbK0llk0w


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.