More Altemar Dutra Jr. »"/>More Altemar Dutra Jr. »" /> Altemar Dutra Jr. - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Altemar Dutra Jr.

Compartilhe conhecimento

Camaleônico, Altemar Dutra Júnior transita por vários estilos musicais em shows cheios de energia. Intérprete sem preconceitos musicais, ele aposta em um repertório de sambas, forrós, boleros, marchinhas de carnaval e clássicos dos anos 90.

Multifacetado, essa é a principal característica do cantor e compositor paulistano Altemar Dutra Jr. Nascido em 16 de abril de 1969 na cidade de São Paulo (SP), hoje ele é conhecido por sua voz versátil e pelo repertório variado que explora em seus shows, passando pelo samba, bolero, pop norte-americano e até clássicos do axé e do forró. Atualmente, ele tem uma agenda fixa no Bar Brahma e costuma viajar pelo Brasil com suas apresentações cheias de energia.

“Nunca quis ficar restrito a uma caixinha. Sou muito eclético no meu gosto musical e tem vários estilos que eu gosto de cantar. Já gravei uma música com o trio de bolero mais famoso do mundo, o mexicano Los Panchos, e, ao mesmo tempo, sou muito fã do rapper Thaíde”, conta o artista.

Depois de ter cantado com os grandes ícones brasileiros, como Cauby Peixoto, Noite Ilustrada, Silvio Caldas, Agnaldo Rayol e Agnaldo Timóteo, ainda sonha em fazer várias parcerias, entre elas, Ivete Sangalo, Fafá de Belém, Guilherme Arantes e Andrea Bocelli.

Filho dos cantores Altemar Dutra (1940-1983) e Martha Mendonça (1940), Altemar Dutra Jr sempre esteve envolvido no universo musical. No entanto, foi apenas em 1997 que o hobby se tornou sua carreira. Antes disso, ele se dedicava às artes marciais, competindo no kickboxing.

Cantar informalmente sempre fez parte do cotidiano de Altemar, mas não era a sua única paixão. Desde a infância o artista nutria um interesse muito grande pelos esportes. “Quando eu vi o Sérgio Batarelli lutar e tive a oportunidade de conhecer a sua academia, decidi que era aquilo que eu queria fazer. Minha dedicação era tanta que comecei a dar aulas e a competir profissionalmente”, relembra.

Foram muitas as conquistas na área. Ele foi campeão brasileiro e sul-americano de kickboxing, tendo a oportunidade de morar nos Estados Unidos em dois momentos diferentes.

Altemar pode ser considerado um artista de várias personas. Isso porque, enquanto profissionalmente trilhava um caminho muito parecido com o do pai, em situações informais, como churrascos e festas de amigos e família, seu repertório incluía grandes sucessos dos anos 1990, de grupos como Titãs, Os Paralamas do Sucesso e Legião Urbana. Até então as artes marciais ainda faziam parte do seu dia a dia. A atividade física também era sua válvula de escape para a ansiedade e o estresse.

Mas, aos 24 anos, sua vida ganhou novos contornos: Altemar Júnior optou por investir somente na carreira musical. “Minha esposa Itaís Dutra, com quem sou casado desde 1992 e com quem tenho as filhas lindas, a Isabela e a Veridiana, até brinca que dormiu com um lutador e acordou com um cantor”, completa.

“Quando meu pai faleceu, em 1983, meu tio, guitarrista que acompanhava meu pai, foi trabalhar com a Lilian Gonçalves, a rainha da noite paulistana. E, logo que me senti pronto para essa nova empreitada, ele me apresentou para ela e passamos a trabalhar juntos, no clube Barravento”, rememora. O repertório deles era composto de muito bolero, samba-canção e seresta.

“Até que, por sugestão da Lilian, eu e meu tio montamos um quinteto e passamos a tocar na chiquérrima Scandal, uma das icônicas casas da empresária. E foi por causa desse show que gravamos um EP que, graças a influência da minha irmã Deusa Dutra, chegou nas mãos da produção do programa da Hebe Camargo”, relata.

Sua técnica vocal foi desenvolvida com a cantora lírica Nancy Miranda (1927-2002), mas, em determinado momento, ele sentiu a necessidade de estudar black music gospel e teve aulas com Isabeh.

Aos poucos, Altemar Dutra Jr foi construindo o próprio caminho, independente da carreira do pai. Hoje, com a parceria do empresário, produtor e maestro João Mourão, o cantor tem uma agenda intensa de shows para os mais diversos perfis de público.

“Já participei de um cruzeiro de forró cantando Luiz Gonzaga, já homenageei grandes tenores, tenho um show dedicado ao Frank Sinatra e gosto de incorporar a seresta e o samba nas minhas apresentações. O mais importante para mim é inovar sem perder a minha personalidade”, afirma.

Nesses quase trinta anos de carreira, o cantor lançou seis álbuns: “Transparente” (1997), “Agora eu sei” (1999), “Contradições” (2001), “Canção do nosso amor” (2006), “Santo Manto” (2012) e “Sentimental nós somos” (2014).

No segundo disco, o destaque fica para a gravação de duas músicas eternizadas na voz de Marina Lima, “Fullgás” e “Me Chama”. Já no terceiro, a proposta era modernizar os arranjos do bolero, então, Altemar Dutra Júnior estava acompanhado de uma grande orquestra e ainda contou com participações especiais de Nana Caymmi, Fagner e Trio Itakitan.  No quinto álbum, ele fez um tributo ao seu pai, gravando exclusivamente seus maiores sucessos.

Grande admirador de Adoniran Barbosa e dos grandes sambistas, Altemar Dutra Jr sempre teve o samba muito presente em sua vida. Mas se engana quem pensa que ele só aposta nos clássicos. Durante 10 anos, o artista cantou os sambas-enredo da escola Independência, de Atibaia (SP).

Sua relação com o Carnaval é muito antiga.  Certa vez, foi convidado para participar de um Carnaval de rua na Cinelândia, no Rio de Janeiro (RJ) e descobriu uma sensação que perdura. “Me envolvi nesse evento por dois anos e depois não consegui mais estar presente. Mas fiquei com aquela ideia na cabeça. Queria tentar algo parecido em Atibaia, cidade onde vivo desde 1994”, afirma.

A oportunidade veio em 2006. Com uma estrutura montada na Praça da Matriz da cidade, o cantor montou um set list composto apenas por marchinhas. E, embora esse seja o foco da performance, que acontece durante os quatro dias de folia, hoje, o público também se diverte ao som de Tim Maia, sambas-enredo e até aqueles hits de axé dos anos 1990, como a canção “Eva”.

“Minha esposa e os amigos falam que eu nasci para o Carnaval. Eu fico muito animado nessa época do ano. Tenho energia para cantar ao longo de quatro horas por dia e ainda defender o samba enredo da minha escola!”, acrescenta entusiasmado.

Embora tenha se destacado como intérprete, Altemar Dutra Júnior também compõe. Até o momento, suas canções autorais são religiosas – e é possível escutá-las no disco “Santo Manto”, vencedor do troféu Louvemos o Senhor de Álbum Pop do Ano e, no ano de 2013 se transformou no DVD de mesmo nome.

“A religião foi muito importante para mim e minha família, principalmente quando nos mudamos para Atibaia.  Fomos muito bem acolhidos pela comunidade, o que nos ajudou a nos conectarmos ainda mais com a cidade. Até fui convidado para tocar na missa”, diz.

Com a projeção conquistada na área, ele foi chamado para cantar na inauguração do novo santuário do Padre Marcelo Rossi. E, por esse motivo, participou de um programa na Rádio Imaculada. “Lá eu criei minha primeira música para Nossa Senhora. Eu simplesmente tinha uma melodia na cabeça e deixei fluir”.

Esse lado da sua carreira era totalmente independente. As composições passavam pelo crivo da esposa e do padre da região, para evitar informações imprecisas e conceitos equivocados. E as canções fazem parte das missas que ele participa e a banda que o acompanha nessas ocasiões.

O sucesso de Altemar Dutra Júnior extrapolou as fronteiras brasileiras. Seu primeiro disco foi gravado em Havana (Cuba) – considerada o berço do bolero – ao longo de 45 dias. Ele se encantou pela cidade e pelos charutos, o que faz parte da sua personalidade até hoje.

Depois disso, fez shows no Conrad Cassino, em Punta Del Leste (Uruguai) e apresentou-se três vezes em Angola: sempre com muito sucesso!

Também esteve em Paris, na França, convidado para participar de um encontro lusófono na sede da Unesco, homenageando Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.

Atualmente, com uma agenda cheia de shows todos os meses, ele realiza apresentações por todo o Brasil, cantando um repertório variado de A a Z. Ele desenvolveu um estilo único de interpretação que torna tudo o que canta agradável e único. E está finalizando um DVD só com música nordestina, xotes, forrós, arrasta-pés e baiões.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Altemar Dutra Jr para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 20.11.2024:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal? 

Altemar Dutra Jr: Nasci no dia 16 de abril de 1969, São Paulo, capital, no bairro de Santa Cecília, padroeira dos músicos. Filho de Altemar Dutra de Oliveira e Marta Mendonça. Registrado como Altemar Dutra de Oliveira Júnior.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Altemar Dutra Jr: Foi na minha casa, no meu berço, na minha mamadeira, na minha família, sempre envolvido com a música, nasci assim, é berço musical na minha família.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Altemar Dutra Jr: Em paralelo com a música, sempre tive muito contato com o esporte desde muito cedo, então eu comecei a trabalhar na área de artes marciais aos meus 18 anos de idade, e através disso eu fiz a faculdade de educação física, trabalhei com artes marciais, sempre pratiquei muito esporte, chegando à faculdade. 

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Altemar Dutra Jr: Minhas influências vêm das grandes vozes, dos grandes intérpretes, com certeza meu pai, meu pai foi uma grande influência. As vozes que impactaram, intérpretes com grande emoção, pessoas que colocam emoção, talvez não tenham aquela potência vocal, mas que tem uma emoção embrenhada na voz da pessoa.

Acho que sempre que você deixa um pouquinho de escutar, deixa ficar meio esquecido, você volta a escutar, ele continua sendo a influência, não deixa, não passa nunca de influenciar, pode estar um pouco adormecido, quando volta a beber da fonte ele volta a te encher de conhecimento seja qual influencia for.  As grandes vozes, grandes intérpretes com sentimento.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Altemar Dutra Jr: Em 1995 foi meu primeiro show, minha primeira apresentação, era eu e meu tio em um bar, chamado Barra Vento, ficava na Henrique Schaumann, em São Paulo, e dali a gente deu esse pontapé inicial.

O tio Dejair que montou, ao meu lado, o repertório que a gente ia fazer, já cantando o estilo da seresta, do bolero, já lembrando muito meu pai, o repertório vasto do meu pai, então estou agora em 2025, completando 30 anos de carreira artístico musical.

06) RM: Quantos álbuns lançados?

Altemar Dutra Jr: São seis CDs, um DVD e 10 singles que estou lançando este ano através das plataformas digitais.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Altemar Dutra Jr: Multifacetado, eclético, talvez, é complicado definir Altemar Dutra Jr, e a principal coluna, sempre digo isso, canso de falar, é meu pai, é o cancioneiro, é a nossa música, a nossa seresta.

Mas a gente faz tudo, procura fazer pra carnaval, machinha de carnaval, Frank Sinatra, samba, a gente gosta muito, forró, tudo que me agrada, tudo que me sinto bem pra cantar, acho que tenho esse direito de cantar, aquela vontade de cantar, não tem como definir um estilo, como eu me definir, ou me definir como um cantor, que canto o se sente bem.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Altemar Dutra Jr: Estudei técnica vocal com a grande Nancy Miranda, me ajudou muito, a minha base de técnica que é totalmente orientada por Nancy Miranda, uso muito, desses 30 anos, usei muito e uso até hoje, vou usar sempre. Estudei também com Isabeh, grande professor, ele era o que eu procurava naquela época, um pouquinho mais de soltura, foi muito legal. E outros professores, outras pessoas que sempre puderam me ajudar, nessa caminhada, bem no começo, e me ajudam até hoje.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Altemar Dutra Jr: O estudo de técnica vocal me ajuda até hoje, continuo vocalizando sempre que eu posso vocalizo, é o que me ajuda nos momentos mais difíceis, quando estou com uma voz baqueada, quando não estou pleno, e a técnica me ajudar muito, e para não danificar a voz. Usando a técnica, cantando direito, cantando certo, respinhando certo, usando os caminhos adequados, vai preservar a voz, tem que tomar esse cuidado.

Procuro não tomar nada muito quente, nada muito frio, é o meu físico, cada um tem suas experiências, não posso molhar a cabeça, ficar no sereno é terrível, tem que estar sempre em uma cobertura, eu procuro me cuidar sempre. O grande segredo é não ficar doente, depois que está aí tem que recorrer as técnicas que nem sempre vão ser suficientes, elas serão um suficiente para ajudar.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Altemar Dutra Jr: Tem as grandes vozes, as vozes com emoção, as vozes que interpretam, que tocam coração, meu pai, sem dúvida alguma, a primeira grande influência, mas, vamos falar de um tempo para cá, tantas influências da minha vida, né, tantas admirações, mas Gregory Porter, é um que eu ouço muito, David Phelps é a fera, admiro demais, é absurdo, entre tantos grandes cantores que o mundo nos oferece.

11) RM: Como é seu processo de compor?

Altemar Dutra Jr: Meu processo de fazer canção é totalmente, pela emoção, totalmente inspiração. O que eu fiz até hoje de música foi movida pela minha fé, movido pela minha emoção, pelo meu sentimento. E tentando externar o que estava dentro de mim, botar para fora aquilo que, a ansiedade que estava no meu peito, o que eu queria transmitir para as pessoas. Eu sozinho com meu violão e colocando essas verdadeiras emoções através da tanto na letra quanto na música.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Altemar Dutra Jr: Sempre fiz sozinho a maioria das músicas. Eu tenho duas músicas com uma amiga, a Cintia Barbeiro. Mas sozinho, eu me sinto bem, falando a minha verdade no meu momento, em introspecção de sentimento, com meu violãozinho, colocando tudo para fora, é sozinho, é meu momento de solitude.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Altemar Dutra Jr: Acredito que a liberdade você poder viajar naquilo que você imagina. Naquilo que você quer levar para o público, esse é o ponto principal de fazer o trabalho, tem que arrumar parceiros que realmente acreditem nas suas ideias, para que as coisas possam andar. Então o principal ponto positivo é a liberdade.

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?  Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Altemar Dutra Jr: Acredito que tem muita ver, eu tenho o homem ao meu lado empresário e produtor e músico, João Morão, que procuro escutar muito, às vezes obviamente não concordamos em tudo, meu pensamento é para outro lado, mas eu confio, no olhar, você tem que confiar na pessoa que está ao seu lado, se não tem porque trabalhar junto, né, e depois de assim, um olhar muito técnico do João, não só o meu para atingir o público, para chegar onde a gente quer, sempre produzindo, tentando sempre levar músicas, fazendo músicas novas.

A minha interpretação, gravando coisas novas, os singles que a gente está colocando agora, e para que eu tenha mais 30 anos de carreira, a gente possa sempre renovar o público, isso é muito importante, manter o pé na raízes e na atualidade também, mas esse foco de ter um feedback do público e poder dar esse retorno de forma pensada, como agradar cada vez mais o público que me apoia tempo todo.

15) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Altemar Dutra Jr: A internet só vem pra ajudar, no meu caso, nunca tive um trabalho muito radiofônico, e sempre agradecer a imprensa que me acolheu nesse tempo, me deu oportunidade, mas a internet faz com que as pessoas consigam chegar ao Altemar, não só ao Altemar, a pessoa, mas o trabalho que a gente faz, o estilo.

As pessoas que gostam do estilo, que gostam das pessoas da mesma linha, né, conseguem atingir, como eu acho outros cantores através da internet, pessoas que eu gosto, pessoas que eu admiro, e a internet veio proporcionar essa proximidade com o público, o dia a dia com o público, como falei anteriormente esse feedback muito rápido,  resposta muito rápida, eu considero extremamente positivo na minha, na minha vida, a minha carreira.

16) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Altemar Dutra Jr: Com certeza o home estúdio tem praticidade, facilidade, velocidade, baixo custo, vários itens, mas ficar sempre atento com a qualidade, não pode deixar tudo isso suplantar a qualidade, mas a velocidade é a praticidade. 

17) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Altemar Dutra Jr: O que eu faço para diferenciar o meu trabalho é fazer da melhor maneira possível, fazer bem-feito. Eu nunca tive muitos concorrentes, sempre o que eu fiz, nunca tocou muito em rádio.

Eu sempre tive um público específico, para quem gosta do meu estilo, do que eu faço, sempre tive muito apoio desse público e das pessoas que me ajudaram nesse tempo. O principal fator é fazer bem-feito, acreditar naquilo que você faz e fazer bem-feito que vai chegar nas pessoas que você quer, vai fazer diferença entre tantas pessoas que estão cantando. Eu sempre me considerei o diferente dentro dessa realidade musical, tem alguns diferentes como eu, mas a gente sempre deixa a água passar debaixo da ponte, sempre deixei todo mundo sair no tapa, mas é água mole em pedra dura.

18) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?

Altemar Dutra Jr: Muita coisa aconteceu nesse tempo, já teve tiro no palco, briga, isso porque eu canto em palcos elegantes (risos). Vamos lá, som ruim, som bom, falta de instrumento, não pagaram, assédio, mordida, aranhão, eu já vi tudo, muita coisa.

19) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Altemar Dutra Jr: Eu sou um cara muito positivo, logico que a gente fica chateado com as coisas, sou humano, mas sempre procuro botar na balança o lado positivo. E eu sou muito feliz, muito feliz com o que faço, e acho que os percalços eles fazem parte de todas as profissões, inclusive você faz e dedica a vida inteira. O que entristece na carreira não vale a pena colocar na balança, muito mais alegria, sempre alegria, nos movimenta, dá vontade de ficar cantando e botar pra fora, sou feliz faria tudo de novo.

20) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Altemar Dutra Jr: Carisma, o dom existe sim, esse é fácil, você vê um que estudou, e não tem dom, e vê outro que não estudou tanto, tem dom, você vê a diferença. Quando olhamos no palco, percebemos quem tem um dom, sentimos a energia, a emoção que ele passa, é espetacular, né?

Eu agradeço a Deus, por ter me dado esse dom, de poder viver da música, de poder cantar, de poder dar a continuidade a um nome de uma família, isso foi Deus que me deu. Eu procuro cuidar disso, dessa dadiva, desse brinde, desse presente que eu recebi, que é um presente de Deus. No meu caso, a voz, de outro na bateria, na guitarra, no violão, no baixo, no teclado, um maestro, mas existe o dom, é a mão de Deus, é um negócio muito forte.

21) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Altemar Dutra Jr: Eu nunca precisei me utilizar desse sistema de pagar o jabá, justamente por tudo que eu já falei antes, nunca briguei com ninguém, nunca competi com ninguém, sempre fiz meu trabalho sério. E não dei muita bola para competir com alguém, para estar no lugar de alguém, a competição é muito acirrada, não faz parte da minha realidade. Eu nunca vivenciei esse processo do Jabá, então prefiro não, não tecer comentário já que não é a realidade que eu vivi ou que eu vivo.

22) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Altemar Dutra Jr: Se é fruto do seu coração, você acredita mesmo, que quer viver da música, com dificuldade, vai atrás, corre atrás, se joga, não é fácil. Eu tive a oportunidade de aprender na minha casa, a não me iludir, não ter sonhos que algumas pessoas têm, ilusões, talvez seria a palavra correta, então eu tive essa escola, mas quando eu fui, eu já fui sabendo de muita coisa, né, desses percalços da vida musical.

Mas se você acredita, se é fruto do seu coração cara, vai, é isso que você tem que fazer mesmo, né, porque é o admiro demais aqueles que vivem da música, os músicos da noite, músicos do baile, da banda, músicos de sucesso, sem sucesso.

Admiro aquele que vive da música, ele coragem como a minha família teve, como eu tenho, sabe, de viver da música através daquele sonho que acredita, sustentar sua família, de botar o pão na sua mesa, através da mão de Deus, né, através daquele dom que Deus te deu, não é fácil, mas se você acredita, se joga, corre atrás.

23) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Altemar Dutra Jr: A grande mídia se ocupa principalmente daquilo que está na moda. Na verdade, acho que a mídia tradicional está a reboque das redes sociais. As redes sociais criam a moda, a modinha, e as mídias tradicionais vem atrás.

24) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Altemar Dutra Jr: Nós só temos que agradecer ao trabalho desenvolvido por estas empresas, pois abrem as portas para tudo aquilo que está fora do mainstream. O SESC é o maior comprador de shows do Brasil e isto ajuda muita gente.

25) RM: Quais os seus projetos futuros?

Altemar Dutra Jr: Continuar fazendo o que eu faço, o trabalho sincero, trabalho de qualidade, indo do meu coração naquilo que realmente eu acredito, cantando, cantando tudo que eu gosto, independente de estilo, para passar a verdade. E que eu posso fazer a diferença através da minha voz, da vida das pessoas de forma positiva, nas pessoas conseguirem me escutar, que eu passa a diferença de forma positiva na vida delas. E que eu aqueça o coração de cada pessoa que me escuta, e meus planos futuros, que venham mais 30 anos, mais 60 anos, que eu continuem cantando, cantando a minha verdade.

26) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Altemar Dutra Jr: https://www.altemardutrajr.com.br

Para shows, com a JC Shows e Eventos – (11) 3644 – 7411 |

[email protected] | www.jcshowseeventos.com.br     

| https://www.instagram.com/altemardutrajr 

Assessoria de Imprensa do Altemar Dutra Jr – Graciela Binaghi

[email protected] | (11) 3287-6734 / 9.9174.4484

Canal: https://www.youtube.com/@altemardutrajr 

Altemar Canta Sinatra – Teaser do Show Tributo a Frank Sinatra com a SP Pops Big Band: https://www.youtube.com/watch?v=ZL5BtV5UYaI 

ALTEMAR CANTA SINATRA – SHOW COMPLETO: https://www.youtube.com/watch?v=qVuB5mDfAYo 

CANTATA DE NATAL – ALTEMAR DUTRA JR: https://www.youtube.com/watch?v=phpzJOPrimU 

Live – Dia dos Namorados 2020: https://www.youtube.com/watch?v=GY2YZfw2p60&list=PLCL1ZRQCl0_Gh_N7k3VnwH04jP3SA-oYQ&index=1 

Live 3 – Altemar Dutra Jr – Homenagem a Evaldo Gouveia: https://www.youtube.com/watch?v=rcgfLhjiTvI


Compartilhe conhecimento

Comments · 1

  1. Excelente entrevista! Já ouvi bastante Altemar Dutra Jr por causa da minha tia que adora e escutava quando eu estava com ela. Ele canta muito bem!

Deixe um comentário

*

Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.