More Adê Ribeiro »"/>More Adê Ribeiro »" /> Adê Ribeiro - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Adê Ribeiro

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Cantora, compositora, percussionista, pesquisadora cultural e educadora musical mineira Adê Ribeiro nasceu em Patrocínio – MG e hoje reside e trabalha em Viçosa-MG. Filha e neta de violeiros, desde criança conviveu com a música em casa e com a participação de sua família nas manifestações culturais típicas da região do triângulo mineiro, como a folia de reis.

Atualmente, participa da Companhia de Folia de Reis ‘Mensageiros do Oriente’, em Patrocínio-MG, composta em sua maioria por integrantes de sua família, que realiza tradicionais festas de folia nos meses de dezembro e janeiro.

Sua formação musical iniciou na cidade de Uberlândia-MG, onde participou do Coral da Universidade Federal de Uberlândia por dois anos (2003 e 2004). Mas foi na cidade de Viçosa – MG, cidade na qual foi residir para estudar Engenharia Florestal, que Adê começou a participar de grupos musicais e bandas, compostas por estudantes da Universidade Federal de Viçosa, como a banda Carnaúba Terra Cria (2005) e Pequena Orquestra Ararita (2006), como cantora e percussionista.

Nessa época, Adê começou a enveredar pelas pesquisas em percussão brasileira, junto ao percussionista Rafael Wolak. No ano de 2006, junto a um grupo de estudantes, fundou em Viçosa o Grupo de Maracatu ‘O Bloco’, integrando-o na função de cantora, compositora e percussionista.

No ano de 2008, levada pelo amor à cultura brasileira, foi morar em Recife, com o propósito de vivenciar as manifestações culturais regionais e musicalidade pernambucanas. Lá, integrou a tradicional Nação de Maracatu Leão Coroado, que foi fundada em 1863, que atualmente tem sua sede na cidade de Olinda-PE. Junto a esta Nação de Maracatu, apresentou-se como percussionista em 3 carnavais em Pernambuco, nos anos de 2009, 2010 e 2011.

De volta a Viçosa no ano de 2009, foi convidada pelo músico e compositor Thyaga a ingressar em seus projetos musicais, como a Banda Trem Mineiro, a Banda Flor de Batuque e o projeto de músicas para crianças ‘Ciranda do Bem’, na função de vocalista e percussionista. Gravou 9 CDs infantis junto a Thyaga.

Participou da gravação de CDs de outros artistas, como o CD “Furundum” de Josino Medina e Carlos Brandão, e o CD “Balanciô” do violeiro Bilora, tendo participado também do show de lançamento deste CD e outros shows do músico.

Em 2019 gravou “Aconchego”, seu primeiro álbum autoral de músicas do universo materno-infantil, após o nascimento de sua filha Manuela.

Atualmente integra o Duo Almare junto ao seu marido, o violonista paraibano Jaelson Farias. E também ao projeto de músicas infantis “Almarinho”.

É também professora de musicalização infantil, canto e percussão em escolas da cidade onde reside.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Adê Ribeiro para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 19.07.2024:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Adê Ribeiro: Nasci em 08/03/1984 em Patrocínio, MG. Registrada como Adeline Ribeiro Cunha.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Adê Ribeiro: Nasci em uma família musical, meu pai (Roberto) é músico amador autodidata, sempre tocou viola caipira e violão nas festas de família, festas que vivencio desde que nasci, meu falecido avô (Nedinho) foi um compositor da cultura mineira sertaneja de raiz, tendo gravado 3 discos de vinil com seu parceiro de dupla Ladinho, na década de 60 e 70.

Meu avô sempre manteve a tradição da Folia de Reis da região do Triângulo Mineiro que hoje é continuada pelo meu pai, tios, primos e por mim, quando a agenda permite. Além do sertanejo raiz, meu pai também ouvia muito rock internacional e nacional, como Beatles, Paralamas do Sucesso, Titãs, Cássia Eller.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Adê Ribeiro: Sou engenheira florestal e pedagoga de formação superior e possuo especialização em educação artística e musical antroposófica. Não possuo formação específica na área da música, mas atuo na música há 22 anos.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Adê Ribeiro: Comecei dentro do universo rebelde e visceral do rock internacional e nacional. Quando fui morar em Viçosa – MG, para estudar engenharia florestal, fui convidada para cantar em um grupo musical que tinha a percussão brasileira como foco principal e me interessei muito pela cultura regional brasileira e folguedos populares.

Aprendi a tocar tambores, pandeiro, efeitos percussivos e me tornei referência na percussão para além da voz, o que ampliou as minhas atuações e pesquisas musicais. Passei a me interessar muito por grupos e músicos que trazem a brasilidade para as músicas.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Adê Ribeiro: Comecei a tocar violão também de forma autodidata com as revistinhas de violão que havia na minha casa. Comecei a cantar e tocar as minhas músicas preferidas, que eram rocks nacionais e internacionais, na adolescência.

Apresentei-me pela primeira vez com meu pai (Roberto) tocando um cover da Alanis Morissette em uma festa da minha escola de ensino médio no ano de 2000. Depois ingressei no Coral da Universidade Federal de Uberlândia em 2001 e entrei na minha primeira banda cantando rock, neste mesmo ano. No Ano de 2004, com 20 anos, toquei bastante em bares de cidades do triângulo mineiro e participei de teatros musicais.

No ano de 2005, fui morar em Viçosa e logo fui convidada a tocar em bandas universitárias com foco na percussão brasileira, começando aí minha história com a percussão e os folguedos populares. Comecei a tocar tambores, caixas, ganzás, agogôs e pandeiro. Vivenciei o universo da capoeira. Fui membro fundadora do grupo percussão de maracatu de baque virado O Bloco e comecei a compor toadas para o grupo.

Em 2008 morei em Recife, Pernambuco, para vivenciar as manifestações populares de lá. Toquei por três carnavais consecutivos no centenário Maracatu Nação Leão Coroado. De volta a Viçosa, ingressei na minha primeira banda mais profissional em 2009, a Trem Mineiro, como cantora e percussionista, banda liderada pelo músico, compositor e educador Thyaga. Aí começava uma parceria que duraria 10 anos, no qual, além da Trem Mineiro, também participei da gravação de vários dos seus discos de música infantil, no projeto Ciranda do Bem.

Em 2019 lancei meu primeiro disco autoral para crianças, o Aconchego, com músicas que compus pelo nascimento da minha filha Manuela. E em 2021 nascia o Duo Almare, meu trabalho musical atual, em parceria com o meu marido, o violonista paraibano Jaelson Farias, no qual inclui o projeto “Almarinho”, de músicas infantis.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Adê Ribeiro: Lancei meu álbum Aconchego (2019), com canções infantis compostas em homenagem a minha filha Manuela.

Participei da gravação do álbum Cirandar (2017) com Thyaga. Além de mais seis de seus álbuns para crianças, como percussionista e vocalista (Frutas Brasileiras, Pedras Preciosas, Instrumentos Musicais, Mundo da Artes, Passaredo Passarada, Canções do Universo).

Participei como cantora e percussionista da gravação dos álbuns Furundum, de Carlos Brandão e Josino Medina e do álbum Balanciô, de Bilora, ambos artistas do norte mineiro.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Adê Ribeiro: Meu estilo é música brasileira, que mescla o popular com o erudito, tendo um recorte na música infantil.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Adê Ribeiro: Estudei técnica vocal com alguns vocal coaches para trabalhos específicos e estudo o canto terapêutico antroposófico pela Escola do Desvendar da Voz.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Adê Ribeiro: Sendo a voz o instrumento do cantor, é muito importante conhecer o instrumento, cuidar, praticar, desbloquear aquilo que impede que o ser cantante único que há em cada pessoa possa se manifestar.

10) RM: Quais as cantoras(es) que você admira?

Adê Ribeiro: Admiro a Mônica Salmaso, Elis Regina, Gal Costa, Milton Nascimento, Loreena McKenitt, Cumar, Zizi Possi, para citar alguns.

11) RM: Como é seu processo de compor?

Adê Ribeiro: Normalmente começo pela poesia. Toda poesia contém uma musicalidade que a guia. A partir das palavras, vêm surgindo as melodias. E então, conto com as parcerias para a harmonia e arranjos. Me considero mais letrista e poetiza no universo das composições.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Adê Ribeiro: Meu principal parceiro é meu marido Jaelson Farias.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Adê Ribeiro: Acredito que as vantagens são a autonomia nas tomadas de decisão e liberdade de criação. As desvantagens são arcar com todos os custos, o que inclui gravações, produções audiovisuais e as multitarefas, como cuidar da parte artística, da gerência estratégia da carreira e agenciamento dos shows. É muito trabalho!

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Adê Ribeiro: Acredito que a principal estratégica é a excelência técnica e a concepção do fazer musical como um propósito de vida que ultrapassa a nós mesmos individualmente. Isso nos torna diferenciados e bem aceitos no mercado, tendo sempre nosso lugar ao sol.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Adê Ribeiro: Procuro estar ativa nas redes sociais, investir em mídias que sejam mais utilizadas no momento e estar em coletivo de musicistas para crescimento conjunto.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Adê Ribeiro: Durante a pandemia do covid – 19, foi bem nítida a vantagem de estar atuante nas redes sociais e ter o trabalho circulando na internet. Hoje é absolutamente essencial; ajuda o nosso trabalho ter um alcance mundial, sem sair de casa. Porém, ficar à mercê somente dos números da internet (likes, seguidores etc) é uma maneira rasa de se medir o sucesso de uma carreira e tem sido muitas vezes parâmetro para tal.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Adê Ribeiro: A autonomia e custo baixo da gravação são grandes vantagens nos home estúdios. Dá para se ter a noção do resultado que terá um arranjo, gravar várias ideias antes de bater o martelo. Porém, pode ser que para um trabalho de maior qualidade seja necessária uma estrutura maior e aí entram os estúdios grandes.

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Adê Ribeiro: A primazia técnica e a concepção musical que temos no fazer musical do Duo Almare é um grande diferencial. Quando estou no palco, não sou eu, mas a música que passa através de mim. Me coloco como um canal e preciso ser o mais transparente possível. Isso dá autenticidade e pertencimento ao que estou fazendo e a certeza que como eu, não há alguém que faça. Isso torna a experiência artística para o público mais forte e consequentemente nos diferenciamos do usual.

19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileira. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quem permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Adê Ribeiro: Eu vejo que a música brasileira é algo tão amplo e imensurável que eu não tenho um julgamento assim sobre obras e carreiras. Acredito que cada momento é um, cada tempo vivemos necessidades e mensagens são ditas e o que é visto como consistente e não consistente é muito relativo.

20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?

Adê Ribeiro: Já toquei em cima de caminhão, no meio da rua e para o público de apenas um cachorro atento.

21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Eu sou feliz em poder ser este canal de manifestação da música no mundo material sonoro. E fico triste com a visão distorcida e desvalorizada que se tem dos artistas na sociedade.

22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Adê Ribeiro: Acredito que exista maior ou menor predisposição ou sensibilidade musical, de acordo com a vivência individual de cada um, desde o nascimento e até em vidas pregressas. Mas quem possui por exemplo mais dificuldade pode atingir os mesmos resultados com prática e foco, não se restringindo a dom.

23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Adê Ribeiro: Improvisar é poder dançar com o fluxo sonoro que acontece em cada momento de se fazer música.

24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Adê Ribeiro: Acredito que a linguagem musical é a comunicação da alma. Nossa alma já possui essas vivências, de modo que o nosso trabalho na Terra é desvendar este mistério da música e trazer cada vez mais consciência sobre ele. A improvisação é uma conexão com essa espiritualidade de onde vem a música. E é também um resultado de estudo. As duas coisas juntas.

25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Adê Ribeiro: Não consigo responder esta, pois não estou familiarizada com tais métodos.

26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Adê Ribeiro: Não consigo responder esta, pois não estou familiarizada com tais métodos.

27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Adê Ribeiro: Acredito que se a música que faço for relevante para o cenário, ela automaticamente estará nas rádios e outras plataformas, sem precisar de pagamento.

28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Adê Ribeiro: Digo para ter foco, determinação e responsabilidade, cultivar a sensibilidade e a visão artística de mundo e se dedicar para ser bom no que faz. E deixar sempre o coração guiar.

29) RM: Festival de Música revela novos talentos?

Adê Ribeiro: Sim, com certeza.

30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Adê Ribeiro: A grande mídia se restringe ao que é comercial e volumoso. Não abarca, normalmente a grande diversidade do que é feito na cena musical.

31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Adê Ribeiro: São espaços que divulgam a riqueza da cultura musical brasileira que muitas vezes não tem espaço nas grandes mídias. São espaços de importante circulação e fomento da música brasileira.

32) RM: Qual sua relação pessoal e profissional com Jaelson Farias?

Adê Ribeiro: Ele é meu marido e parceiro musical no Duo Almare.

33) RM: Quais os seus projetos futuros?

Adê Ribeiro: Lançar o álbum de estreia do Duo Almare e gravar também um disco infantil do projeto Almarinho. Circular com Duo Almare e Almarinho em nível nacional e internacional.

34) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Adê Ribeiro: (31) 98801 – 7310

| https://www.instagram.com/aderibeiromusica

Canal: https://www.youtube.com/AdeRibeiro

Ciranda da Paz (Josino Medina) – Adê Ribeiro e Jaelson Farias: https://www.youtube.com/watch?v=OaPbjyvjcVU

Feira de Mangaio – Adê Ribeiro e Jaelson Farias: https://www.youtube.com/watch?v=S131x_75ZoA

Live Aconchego – Adê Ribeiro e Maracá: https://www.youtube.com/watch?v=WyRDtVDNQGs

O Live Video do single “A Flor e o Ser” do Duo Almare está no ar!

Assistam pelo canal do Duo Almare YouTube: https://youtu.be/1LvfZaJaH0E?si=4ypVdB-gAQ9A6xGk

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_O primeiro single do Duo Almare – ‘A Flor e o Ser’ – reforça a certeza de que a música é realmente atemporal. Sua letra surge como que uma descrição poética pessoal de Adê Ribeiro sobre a última pandemia, enquanto que a melodia e suas harmonias, surgem do violão de Jaelson Farias em outro tempo, como uma pintura sonora que descreve a profundidade do encontro amoroso de ambos. Cada frase se justifica em cada acontecimento, como se a letra, ao mesmo tempo em que descreve a realidade do momento inicial da pandemia, profetizasse o acontecimento futuro do seu encontro e suas consequências. “O tempo parou, o sol brilhou, o ar que move é a única voz”, nos lembra do mundo de pessoas paradas, dentro de suas casas, e das ruas vazias, onde o ar era quem predominava durante a pandemia. Mas cabe perfeitamente para descrever a reação paralisante do Duo diante da paixão mútua que surge, o brilho das faces e dos olhares e, enquanto não se confessam, a música e o ar que sai da voz e do violão, é a única voz. Um detalhe que chama atenção é a utilização dos harmônicos Lá, Ré e Mi, que são representados pelas letras A D E, e também o surgimento de acordes formados unicamente por essas três notas, reforçando a paixão que inspira o arranjo._


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