More Ada Anjoss »"/>More Ada Anjoss »" /> Ada Anjoss - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Ada Anjoss

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O cantor, multi-instrumentista, arranjos musicais (orquestra, banda, coral) baiano Ada Anjoss com vasta experiência com aulas de instrumento, Transcrição de música para partitura (popular ou erudita), composições musicais, composições de poemas.

É professor de violão, guitarra, teclado, piano, flauta transversal e teoria musical. Também é poeta, escritor, arranjador, compositor de música popular e erudita, intérprete e terapeuta holístico.

Formado em Composição e Regência pela UFBA – Universidade Federal da Bahia, além do conhecimento acadêmico tem suas origens na música religiosa cristã Batista, na MPB e como autodidata. É maestro, arranjador, professor de teoria musical e editor de arranjos para orquestra de adolescentes e jovens Orquestra Cecbasa – primeiro projeto de orquestra de Simões Filho – BA.

Já coordenou projetos musicais a CECBASA – Centro Comunitário Batista Salamina, ministrou workshops em igrejas batistas, treinou e capacitou músicos em instituições religiosas, atuou em congressos de cunho religioso como músico (Retiro dos Pastores Batistas da Bahia), igrejas e festas particulares.

Se apresentou com a Orquestra Cecbasa em convenções como da criança e do adolescente no Centro de Convenções em Salvador, na convenção Batista Brasileira em Aracaju, igrejas filiadas à convenção Batista Baiana, praças públicas, ONGs, e na primeira igreja batista do Rio de Janeiro onde participou junto com a orquestra de oficinas com músicos da Petrobrás e da Sinfônica do Brasil.

Foi diretor cultural da associação de moradores do bairro de Simões Filho, entre 2021 a 2024. Iniciou em abril de 2022 a inclusão musical (aulas de violão na comunidade) para pessoas de 12 até 65 anos pela associação de moradores.

Promoveu o Primeiro Encontro Gospel não denominacional com o tema: Eu quero voltar a Deus com música ao vivo e mensagem reflexiva. Realizou o Natal Musical Simões Filho (músicas natalinas apresentadas com piano e violino) em praça pública em 2022 pela associação de moradores. Fundou a OrquestraEn (projeto de uma orquestra sinfônica em andamento).

Materializou o projeto cultural (Camerata Natalina com a OrquestraEn) contemplado pela Lei Aldir Blanc com arranjos inéditos. Lançou o curso V1 (curso inédito de violão para iniciantes). Participou da banda instrumental Falatrio tocando em praça pública e em locais privados (música instrumental Jazz e MPB). Realizou o Especial Dia das Mães pela associação de moradores em 2024 com coletâneas de músicas internacionais com um show em duas partes (flauta solo e voz e piano).

Coordena a Nave Musical (escola on-line) aulas online de música popular para piano, violão, guitarra, teclado, baixo (cantar e se acompanhar) e erudita (instrumental com partitura, teoria), sendo os dois um único curso.

Deu início ao livro: O lado feminino de Deus e o Sagrado Feminino, uma abordagem sobre a atuação dos arquétipos masculino e feminino no cotidiano. Lançou vídeos inéditos interpretando músicas autorais do álbum Polaridade B, para pessoas inclinadas à poesia, sofisticação harmônica e arte livre.

Compôs 11 músicas eruditas inéditas para balé e piano clássico, para o espetáculo da Escola de Ballet D’có e Saltiado que foi apresentado no ano de 2024 no Museu de Arte da Bahia. Lançou em 2024 seu livro digital: Subjetividade Coletiva (Músicas para Balé e Piano Clássico), com 11 composições inéditas que será distribuído para escolas e conservatórios de música nos estados brasileiros e em outros países como Espanha e Estados Unidos.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Ada Anjoss para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 16.10.2024:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Ada Anjoss: Nasci no dia 12 de julho de 1981 em Salvador – BA. Registrado como Adalicio Santana dos Anjos.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Ada Anjoss: Entre 7 ou 9 anos da idade, não lembro ao certo, na igreja batista Rosa de Saron em Simões Filho – BA, acompanhava meu pai (Edmilson Conceição dos Anjos, falecido em 2014) num Teclado sintetizador com melodias passadas por ele, quando fazia voz e violão nos cultos.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Ada Anjoss: Estudei Piano na Escola Kate White no Campo Grande – BA por um período, mas não foi possível terminar o curso. Estudei Violão Clássico por aproximadamente quatro semestres no curso de extensão da UFBA – Universidade Federal da Bahia com o professor João Paulo Figueiroa, Henrique e Cristina Tourinho, em seguida ingressei no curso de composição e regência da UFBA.

Minhas outras inclinações de conhecimentos são voltadas aos estudos holísticos como terapeuta: Numerologia, Radiestesia, Reiki, Terapia Tântrica, Tarologia e a ciência divina denominada magia (estudo, assimilação e aplicação das leis naturais).

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Ada Anjoss: Como fui instruído na religião cristã batista tradicional, um período significativo da infância e adolescência foi ouvindo música cristã, até porque consumir “música do mundo” era “pecado”, e quem tivesse tal comportamento se tornava indigesto para a congregação (risos), então cresci ouvindo: Embaixadores de Sião, Ozeias de Paula, Alvaro Tito, Denise, Talita, Jairinho, Música Instrumental Orquestral, etc.

Depois conheci uma das principais bandas cristãs do Brasil chamada Rebanhão, a banda causou um alvoroço nas igrejas extremamente sisudas e tradicionais, porque a musicalidade do grupo quebrava paradigmas, desde as letras, aos gêneros e estilos.

Era proibido pela maioria dos líderes religiosos (pastores) e por muitos pais, e o meu era um desses (risos), ouvir essa banda, porque se tinha a ideia de “pecado”, perversão dos jovens, e consequentemente o desvio do evangelho.

No decorrer do tempo conheci o material do compositor Adhemar de Campos, Carlinhos Felix, Sérgio Lopes etc., mas boa parte desse conhecimento se dava nos congressos e retiros da juventude, com as reproduções e trocas de fitas K7, tudo era muito valioso (risos).

Mas no sentido religioso cristão, minha principal influência foi o violonista e compositor João Alexandre e em paralelo a banda Catedral, mas nessa época já era ouvinte assíduo da rádio Globo FM, hoje GFM, tendo acesso a música brasileira não cristã.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Ada Anjoss: Mais de 70% da minha atividade musical se deu na religião cristã, ou seja, na Igreja Batista Salamina onde meu pai (Edmilson Conceição dos Anjos) foi pastor. Como aprendi com ele as primeiras lições no violão, depois de um tempo atuei nos cultos e logo comecei a desenvolver discípulos antes de ingressar na faculdade.

Com os anos, meu pai instruiu a igreja a ter um centro comunitário para influenciar a comunidade de maneira cultural, intelectual e artística com cursos, atendimentos e diversas ações, foi quando implantamos o curso de música e a primeira orquestra sinfônica do município de Simões Filho – BA, Orquestra Sinfônica do CECBASA (Centro Comunitário Batista Salamina).

Nessa época já estava na faculdade, e os conhecimentos de composição e orquestração eram aplicados nos arranjos, mas foi desafiador, porque os instrumentistas eram alunos, sem experiência, faltava alguns instrumentos, mas fomos comprando aos poucos, era um malabarismo (risos), a dança era segundo a música.

06) RM: Quantos CDs lançados? Cite alguns CDs que já participou como violonista?

Ada Anjoss: Tive uma vida musical muito restrita aos processos terrenos religiosos chamado de “Reino” (visão espiritual do trabalho humano na igreja).

Consequentemente e sem consciência, fui privado de experiências como gravar para outras pessoas, quase nunca saia para tocar, ter contatos com outros músicos, pois não poderia faltar um culto porque era o diretor musical, e se fosse tocar ou gravar com alguém não cristão, certamente estava no caminho do inferno e sendo influenciado pelo “inimigo”.

Esse era um pensamento muito comum da religião cristã na época, e de certa forma persiste em algumas egrégoras cristãs. Fiquei ali por anos, servindo a um local religioso onde na época a mente coletiva não tinha noção alguma do valor da música, tão pouco do valor do meu trabalho como músico, e a primeira banda (grupo ou ministério de louvor) foram ensinados por mim.

Depois de alguns anos tive minha primeira experiência de gravação quando meu pai lançou três CDs, mas só tive participação a partir do segundo. Não cheguei a lançar um álbum completo, tenho composição vocal, instrumental e arranjos com a OrquestraEn (meu projeto de orquestra atual): A Magia de Silvana, Bom Dia Aê, Mar de Itapuã, Na Ribeira, Castelo Mágico etc., porém, tenho exposto minhas composições vocal e instrumental com o álbum Polaridade B (música vocal) e o álbum Subjetividade Coletiva (música instrumental para balé e piano clássico) juntamente com o livro contendo todas as peças.

07) RM: Como você define o seu estilo musical?

Ada Anjoss: Não tenho um estilo definido, mas sou inclinado a música brasileira como ponto principal de referência. Gosto das partes que compõem o todo porque me identifico com vários estilos, é o definido segundo a necessidade.

Se toco guitarra, curto muito o rock, o metal, mas também a música instrumental brasileira com improviso. Se toco violão, gosto demais do estilo bossa, samba, coisas assim. Se toco piano, as possibilidades aumentam.

08) RM: Como é o seu processo de compor?

Ada Anjoss: Bem, depende do que vou compor. Se for música popular, vocal, escolho o assunto a ser escrito, penso sobre a atmosfera (sensações que quero na música), pego um caderno e começo a escrever.

Algumas vezes texto e melodia ao mesmo tempo, outras só o texto para depois a melodia, mas antes de começar, penso no estilo, no ritmo da música, etc. Se for música instrumental será diretamente no caderno de pauta, gosto muito de escrever à mão, mas depende se será para instrumento solo melódico, harmônico; duetos, trios, algo para orquestra de câmara etc., para não fazer dois trabalhos, escrita à mão e depois passar para o programa.

Na criação da melodia, penso no tipo de sensação como mensagem, seria a coisa mais básica para estimular a percepção das pessoas, mas também em frases, diálogos, contornos, motivos etc., mas acima de tudo isso, deixo a capacidade auditiva me guiar, muitas vezes faço tudo diferente do que foi programado porque o ouvido interno me conduz de maneira diferente.

Geralmente a harmonia é escolhida depois para testar as possibilidades se for instrumento melódico, se for vários instrumentos melódicos vai sendo confeccionada na hora. Para música instrumental no geral, faço uma organização mais exigente.

09) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Ada Anjoss: Não gosto de compor com outras pessoas, já temos muitas coisas pra decidir sozinho no processo (riso), compor a dois aumenta mais ainda os desafios. Mas a verdade é que nunca senti necessidade ou vontade. A primeira pessoa que vivenciei essa experiência foi com Caetano Barata.

De repente ele aparecia no WhatsApp dizendo que tinha uma letra e queria que eu colocasse a melodia, e consequentemente me responsabilizava pelo estilo, harmonia etc.

Não era ruim porque eu ficava à vontade, tinha meu processo de criação isolado, essa coisa de ter que perguntar: O que você acha dessa parte (risos)? Isso me cansa, porque geralmente já sei o que quero e gosto de decidir essas coisas sozinho, porém, tenho desenvolvimento mental e emocional para trabalhar em dupla ou com mais pessoas, como também, compor por encomenda, ou seja, segundo a necessidade do outro, porque me coloco no papel de servir, escutar, satisfazer.

O Falatrio, um projeto de banda instrumental onde eu tocava flauta transversal, todos tinham voz igual para o processo de criação dos arranjos etc., geralmente eu pontuava em alguns momentos porque era satisfatório as ideias, então não precisa complicar (risos) só para expor um pensamento.

A experiência que tive com Barata tenho com clientes, eles me enviam textos para eu confeccionar melodias. É um trabalho desafiador alcançar o grau de prazer da subjetividade do outro.

10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Ada Anjoss: Cara! Ser independente é ótimo! Amo! Minha estrutura mental e de liderança, gosto de decidir minhas realidades, que é fazer minha música e não tentar ser convencido de que a massa quer música dessa ou daquela forma, de tantos minutos, que fale sobre tal assunto, que tenha tal característica disso ou daquilo, porque isso é uma ilusão.

A massa consome o que lhe dão, e a maioria não questiona. Então ser independente nesse sentido é ótimo. O contra é que vida de artista é “cara”. Você tem que ter figurino, equipamentos são caros, produzir arte e se promover é “caro” e um grande desafio, então em nossa ingenuidade, acreditamos que “alguém” pode ser nosso herói (risos) e nos promover, seja lá quem represente esse alguém, mas geralmente tem o preço da alma do artista, que é ser o que ele não é.

O bom mesmo é ter dinheiro para contratar alguém qualificado para promover você e sua arte nos lugares certos e não querer distorcer o artista para se adequar a muita coisa que não tem nada a ver com sua arte. Se temos condições de contratar uma pessoa para promover nosso trabalho com assertividade, é um ato de inteligência.

11) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Ada Anjoss: Para lhe ser sincero, hoje em 2024, depois de várias experiências, estou no início desse aprendizado; infelizmente ou felizmente (rs). Nós artistas passamos muito tempo sonhando com nossa arte, flutuando demais pela lua, achando que de repente algo mágico vai acontecer.

Mas não é assim, e como posso provar essa afirmação? Basta observar a quantidade de bons artistas sem viver de sua arte, e com um alcance mirrado. Mas sem uma matemática exata e assertiva, andamos em círculo com nossa bolsa nas costas.

Ainda estou tentando aprender sobre essa questão de estratégia e planejamento. Até nesse momento minha mente pensa: Poxa! Estou escrevendo para uma revista, que massa! Será que algo vai acontecer? Geralmente é assim (risos).

Mas essa ideia é colocada em nossa mente, quer um exemplo: “Venha se apresentar no meu restaurante, no meu aniversário, no palco da prefeitura, na minha igreja, no meu casamento, vai ter várias pessoas lá, alguém pode te ver, se interessar pelo seu trabalho”. Pode até acontecer, mas quando você conversa com os artistas sobre sua experiência, não é assim. Só lembrando, a gente é chamado para se apresentar de graça, tá?

12) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Ada Anjoss: Atividades culturais para a cidade, com intuito de gerar transformação social, intelectualidade e senso crítico, entre outras coisas.

13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?

Ada Anjoss: Ela desfez todas as barreiras geográficas, tempo e espaço, isso é ótimo, mas não saber usá-la pode trazer a sensação de prejuízo, de algo ineficaz. Mas o problema não é a ferramenta, mas ignorância acerca dela. Em Oséias 4.6 (Bíblia Sagrada) fala sobre a falta de conhecimento das coisas, é isso que nos destrói.

14) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Ada Anjoss: Penso só existir duas desvantagens: descapitalização para ter um espaço adequado em casa, que traga o mínimo de conforto e qualidade técnica para o trabalho, e a falta de conhecimento para execução. O resto é só vantagem.

15) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Ada Anjoss: Sou flexível. A flexibilidade nos permite sempre pensar, repensar, mudar, moldar, etc., e além disso, frutifico o que nasci para frutificar, não dá para pedir a um pé de jaca para ser uma mangueira, é antinatural, mas os incircuncisos querem que sejamos algo que não somos, e o pior, e que acreditam estarem sendo inteligentes com suas ideias (risos).

16) RM: Como você analisa o cenário da música instrumental no Brasil. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Ada Anjoss: Não estou apto temporariamente a falar sobre esse assunto, mas não é a música da massa. A música instrumental de certa forma é apreciativa, não temos educação nesse sentido, entendemos mais o carnaval.

17) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Ada Anjoss: A qualidade se mistura muito com o gosto pessoal. Às vezes o texto de uma música é extremamente bobo, mas os arranjos são muito bons. Tem gente que não aprecia Djavan, considera chato, e não importa a qualidade da gravação, da poesia, da interpretação. Mas para eu saber se alguém é profissional, preciso trabalhar com essa pessoa, porque ser profissional vai além de fazer música que agrada ou desagrada. Um bom exemplo de falta de profissionalismo é a incapacidade de cumprir horário.

18) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Ada Anjoss: Fui tocar com uma banda com 8 pessoas, mais o tec. de som, produtora, etc., o dono do estabelecimento nos serviu algo depois do show. Seis bolinhos de camarão e uma jarra de suco pequena para quase 10 pessoas. Foi esquisito aquilo, constrangedor, ninguém queria ser o primeiro a comer e saber que outro ficariam sem.

Outra vez quando estava para tocar na Concha Acústica, voltávamos do ensaio e o empresário da banda estava distribuindo os ingressos de cortesia para os músicos levar alguém da família, amigos. Como eu não era da banda, estava só como participação, não me envolvi no fuzuê.

O pessoal estava recebendo dois ingressos, três. Ai de repente ele tirou quase dez, todo mundo meteu a mão, e para frustração de todos ele disse que era para mim. Ficou um silêncio, nem eu mesmo entendi aquilo, mas agradeci.

19) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Ada Anjoss: Feliz quando entendem minha música, quando alcanço a mente e o coração de alguém, quando percebem coisas que não foram feitas aleatoriamente. Triste por sermos desvalorizados pelos nossos no sentido geral.

20) RM: Você acredita que sem o pagamento do Jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Ada Anjoss: (risos). Não! As rádios são empresas, e as empresas não distribuem gratuitamente produtos ou serviços de graça.

21) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Ada Anjoss: 1. Desenvolva o autoconhecimento, saiba quem é você e o que quer. 2. Não trabalhe ou se associe a qualquer pessoa, é um atraso de vida. 3. Não se apresente de graça com a proposta de alguém lhe ver lá. 4. Se fortaleça espiritualmente, mentalmente e emocionalmente. 5. Tenha identidade. 6. Não compartilhe seus projetos com qualquer um, seja amigos ou familiares. 7. Não desista, mas esteja pronto para ser flexível e inteligente.

22) RM: Quais os violonistas que você admira?

Ada Anjoss: João Alexandre, João Bosco, João Gilberto, etc.

23) RM: Quais os compositores eruditos que você admira?

Ada Anjoss: Schoenberg, Stravinsky, Strauss, Bach, etc.

24) RM: Quais os compositores populares que você admira?

Ada Anjoss: Gilberto Gil, Caetano Veloso, João Bosco, Tom Jobim, Ivan Lins, etc.

25) RM: Quais os compositores da Bossa Nova você admira?

Ada Anjoss: Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Roberto Menescal, Sérgio Mendes, etc.

26) RM: Apresente sua metodologia de ensino do Violão e seus métodos.

Ada Anjoss: Trabalho o popular (vocal / instrumental) e o erudito (partitura), lembrando que essa coisa de popular, erudito, instrumental, vocal, são termos nem sempre muito bem empregados, mas a gente usa assim mesmo.

Como professor, minha proposta é que o aluno experimente essas variações do popular e erudito, para quando se deparar com elas não lhe pareça algo estranho. Depois o aluno, decide onde mais irá se aprofundar.

27) RM: Quais as diferenças técnicas entre o Violão Erudito e Popular?

Ada Anjoss: De maneira superficial penso que o violão popular é menos minucioso que o erudito. O popular geralmente se utiliza para acompanhar um instrumento melódico, muitas vezes a voz. O erudito tanto faz a melodia quanto o acompanhamento. Quanto às questões técnicas depende do tipo de repertório.

28) RM: Quais as principais técnicas que o aluno deve dominar para se tornar um bom Violonista?

Ada Anjoss: Depende do que ele pretende tocar, seja no popular ou erudito. Mas dedilhado, digitação, ligados, arpejos, são algumas. Aprender como relaxar, movimentar o corpo, e usar a quantidade necessária de energia, nem mais nem menos.

29) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?

Ada Anjoss: Depende! Se for fora da universidade, uma das coisas que penso não somar é não trabalhar no aluno as duas realidades chamadas de popular e erudito. O popular exige criatividade, é o faça por si mesmo, crie, improvise, o aprendiz precisa desenvolver isso.

O erudito é mais sisudo, restrito, “disciplinado”. Já no caso da universidade, seria a vaidade de alguns professores por serem doutores, ou mesmo que não seja, não ensinar, mas achar que ensinam.

Mas como regra geral, penso ser um dos piores erros, a inflexibilidade, que nesse caso seria usar um único jeito, estilo, abordagem, para passar um conhecimento para tantos tipos de mentes.

30) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Ada Anjoss: Não! Não exige. Mas o dom musical é essencial e faz toda diferença. Dom musical ou qualquer outro, é uma capacidade natural, inerente ao indivíduo, que pode ou não ser desenvolvida.

Sempre quando estamos em uma área do saber que não nos é tão natural, seremos vistos como menos capacitados, mas isso não impede a pessoa de aprender e chegar a níveis variados pelo esforço e desenvolvimento mental e físico.

31) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Ada Anjoss: Criação nos instantes do presente. Porém os solos vistos como improviso, muito fragmento são estudos e repetições antecipados.

32) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Ada Anjoss: A didática. Dificultar ou facilitar o ensino.

33) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Ada Anjoss: Existe, mas não diria que 100%, é improviso, muita coisa é estudada antecipadamente. Com o tempo a técnica e o conhecimento ficam rebuscados e pode existir uma variação de porcentagem entre o improviso real, que seria a utilização dos estudados antecipados utilizados livremente, criando em tempo real, e o que é estudado e aplicado a risca, não sendo um improviso, mas um conjunto de frases, solos criados para serem aplicados, pelos menos em alguns trechos da música.

34) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Ada Anjoss: A didática. Dificultar ou facilitar o ensino.

35) RM: Quais os prós e contras de ser multi-instrumentista?

Ada Anjoss: O lado bom é o desenvolvimento da capacidade perceptiva e sensitiva além do prazer pessoal. O desafio ou o contra é manter esse estudo diário, ou a prática dos instrumentos.

36) RM: Quais os seus projetos futuros?

Ada Anjoss: Estruturação e expansão da OrquestraEn, um projeto de orquestra em desenvolvimento.

No dia 08/12/2024 terá um show e o pré-lançamento do meu livro Subjetividade Coletiva no Museu de Arte da Bahia, o show terá dois momentos: eu cantando e tocando violão o repertório de MPB do meu álbum Polaridade B e o segundo momento, a pianista Débora Limeira tocará onze composições do para piano de minha autoria, feitas exclusivamente para a escola de Ballet D’có e Saltiado. Terá também intervenções poéticas, eu declamando os poemas do meu livro Quando me Expressei.

No dia 14/12/2024 será o lançamento do livro Subjetividade Coletiva, na programação acontecerá os dois momentos descrito acima.

37) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Ada Anjoss: (71) 99638 – 4712 | [email protected]

| https://www.instagram.com/ada.anjoss

| https://www.instagram.com/musical.nave

Canal: https://www.youtube.com/@adaanjoss

OrquestraEN Camerata Natalina: https://www.youtube.com/watch?v=LJStqi1o6TE

Árvorecult / Mestra e coreógrafa Rosy fala de dança: https://www.youtube.com/watch?v=Key57R_wgB0

Árvorecult / Caetano Barata fala de música, poesia e responsabilidade social do compositor: https://www.youtube.com/watch?v=639MxRfHnWI

Curso de Violão: https://hotmart.com/pt-br/marketplace/produtos/v1/B84595745P

Livro Quando Me Expressei: https://clubedeautores.com.br/livro/quando-me-expressei-3


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Comments · 16

  1. Ada é um cara extremamente dedicado a música e de um enorme conhecimento, sensibilidade, didática, percepção e boas virtudes. Foi uma benção ter convivido de perto, ter sido ensinado por ele na música que me abriu várias portas e conhecimentos que vão até além da música, é pra vida toda. Um grande amigo!

  2. Que palavras utilizar para definir esse grande talento, já tive o enorme prazer de Assistir várias apresentações desse maestro, além dos livros lindíssimo.
    Parabéns meu amigo, vc é simplesmente incrível…

  3. Parabéns pela excelente entrevista.
    Ada sempre comprometido com a boa música, pena que estamos em um país que não reconhece e nem valoriza esses profissionais, Deus continue te abençoando e te honrando, meu querido irmão, deseja o melhor pra você.

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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.