O baterista e mestre Helder Lima nasceu no seio de uma família de músicos amadores, cresceu tocando percussão nos finais de semana com a família.
Helder Lima é professor de formação e em 1992/93 fez mestrado na área de Educação, na Alemanha, em que teve a oportunidade de tocar percussão com músicos brasileiros. Em 1996 decidiu tocar bateria, teve aulas com o professor Ferrinho na UFRN e em seguida criou em Natal – RN a banda “Cantus do Mangue”, em parceria com os primos: Pedro Costa, Ivan Costa e os africanos de Cabo Verde: Fenando Lopes, Jair Justino e Milton borges. “Cantus do Mangue” foi a primeira banda de Roots Reggae no Rio Grande do Norte, naquele momento, existia no cenário potiguar, uma banda de Pop Reggae chamada Alphorria.
A banda “Cantus do Mangue” gravou seu único disco com sete músicas no Studium de J.maciano, tendo como produtor musical, o renomado artista potiguar, Babal Galvão. Em 1998 o programa “MTV na Estrada”, escolheu “Cantus do Mangue” como banda revelação do Reggae Nacional. Abriram shows para grandes artistas nacionais como: Tribo de Jah, Edson Gomes, O RAPPA, Engenheiros do Hawaii. fizeram uma turnê como banda base para Fauzi Beydoun, sendo o principal show, no Bar do Cachorro, em Fernando de Noronha.
Em 2003, quando os africanos concluíram o curso da UFRN, a banda teve o seu fim, no entanto, Helder Lima seguiu tocando Roots Reggae e continua até hoje. Ao longo dessa história no reggae, Helder Lima montou algumas bandas: “Regando a Paz”, “Filhos da terra” e com a banda “Coisa Roots” gravou um disco ao vivo e abriram um show em Fortaleza – CE para Alpha Blond.
Helder Lima atualmente toca no “Cantus i DUB”. Participou de alguns projetos locais das bandas: “Naturalmente”, “Reggalyze”, “Naboa Roots Reggae”, “Rudboys” e com a banda “Eternamente Jah” produziu e tocou bateria em 12 músicas do disco. Dentre os trabalhos que realizou, teve a honra de dividir a bateria com um dos melhores bateristas do país: Duda Neves nas faixas do disco “RAGGA-MANTRA-JAZZ “ – www.discogs.com da artista Lucinha Madana Mohana. Helder Lima se prepara para gravar um disco de Rocksteady – “Beack to the mangue”, inédito, analógico com uma versão em vinil, sendo esse seu atual desafio.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Helder Lima para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 28.09.2020:
01) Ritmo Melodia: Qual sua data de nascimento e sua cidade natal?
Helder Lima: Nasci no dia 28.12.1962 em Natal – RN. Registrado como Helder José costa de Lima.
02) RM: Conte como foi o seu primeiro contato com a música.
Helder Lima: Nasci em uma família de músicos.
03) RM: Qual sua formação musical e acadêmica fora música?
Helder Lima: Estudei por quase um ano com um professor Ferrinho na UFRN, só leitura rítmica, mais nunca rudimentos ou fundamentos da Bateria. Sou autodidata como baterista. Tenho Licenciatura em Educação Física – UFRN e Especialização em Atletismo – UFAM e Mestrado JOAHNNES GUTENBERG-UNIVERSITÄT MAINZ – Berlin – Alemanha-Johannes Gutenberg-Universität Mainz
04) RM: Quais suas influências musicais no passado e no presente? Quais deixaram de ter importância?
Helder Lima: No Passado: Bob Marley, Stell Pulse, Inner Circle, Gregore Iaacs, Jonh Holt, Tribo de Jah, Edson Gomes e Cedric Myton (The CONGOS). No Presente: Bob Marley, Stell Pulse, Inner Circle, Gregore Iaacs, Jonh Holt. E deixou de ter importância: Tribo de Jah.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Helder Lima: Comecei profissionalmente a tocar bateria em dois de março de 1996; quando com mais dois primos Pedro costa (Guitarra), Ivan Costa (Baixo) e os africanos de Cabo Verde: FERNANDO LOPES (Vocal e Guitarra); MILTON BORGES (Teclados); JAIR JUSTINO (Percussão) iniciamos a banda de reggae Cantus do Mangue em Natal – RN.
06) RM: Quantos discos lançados?
Helder Lima: Em 1998 gravamos sete músicas no estilo REGGAE ROOTS com Cantus do Mangue, produção independente. Músicas mais conhecidas: “Poder de um sonho”, “Maria e Joana”, “Rasta Tink”, “South África”. Músicos: Bateria: HELDER LIMA; Vocal: FERNANDO LOPES (CABO VERDE); Guitarra: IVAN JOSÉ; Baixo: GILSON BARROS; Teclados: MILTON BORGES (CABO VERDE); Percussão: JAIR JUSTINO (CABO VERDE).
07) RM:– Como você define seu estilo musical dentro da cena reggae?
Helder Lima: REGGAE ROOTS.
08) RM: Quais os cantores e cantoras que você admira?
Helder Lima: Hoje admiro Bob Marley e Cedric Myton.
09) RM: Quem são seus parceiros musicais?
Helder Lima: Meus parceiros musicais: Fernando Lopes, Erick Von Sohsten.
10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Helder Lima: Prós: Você faz como quer. Contras: Dificuldade Financeira.
11) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver sua carreira?
Helder Lima: Já montei estúdio profissional por seis anos e Casa de Show para 600 pessoas (CULTURA CLUBE) por cinco anos e atualmente nem um empreendimento.
12) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira?
Helder Lima: Acho que só ajuda.
13) RM: Como você analisa o cenário reggae brasileiro? Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Helder Lima: É uma das melhores cenas de Reggae Roots no mundo. Destaque para Leões de Israel e Nengo Vieira.
14) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (Home Studio)?
Helder Lima: Quando você monta seu home estúdio de forma profissional e domina o equipamento, só há vantagens.
15) RM: Qual ou quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Helder Lima: Nengo Vieira.
16) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?
Helder Lima: Aconteceram todas as situações citadas na pergunta que se torna impossível de descrever, passaria dias digitando (risos).
17) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Cantus do Mangue – Helder Lima: Mais feliz: Executar as músicas ensaiadas para nosso público. Mais triste: Pessoas tentando se promover em cima dos artistas.
18) RM: Nos apresente a cena musical na cidade que você mora?
Helder Lima: A cena do Reggae Roots em Natal – RN é consistente, pequena, mas resistente, com altos e baixos desde 1996. Iniciei esse estilo musical em Natal e não cresceu mais por falta de um amante do estilo com grana para investir. Tenho muitos projetos e ideias mais minha parte financeira não é suficiente para executa-los.
19) RM: Quais os músicos ou/e bandas que você recomenda ouvir?
Helder Lima: Bob Marley, Stell Pulse, The Congos, Leões de Israel, Nengo Vieira.
20) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Helder Lima: Minhas músicas tocam até hoje sem pagar o jabá.
21) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Helder Lima: Digo que poderá ganhar dinheiro com música, mas será uma longa caminhada de muito amor a sua obra e terá que ter muita esperteza para descobrir quem são as boas e as más companhias.
22) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com o uso da maconha?
Helder Lima: Eu não uso e não discrimino quem usa ao meu redor. E só admito o uso no meu trabalho até a hora que eu percebo que não estar atrapalhando o desenvolvimento do projeto musical.
23) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a religião Rastafári?
Helder Lima: Houve uma aproximação dos pioneiros do reggae com religião rastafári, o que na época surtiu um bom efeito para o reggae, mas reggae e rastafári são duas coisas totalmente diferentes e sempre houve grandes regueiros que não eram rastafári. E hoje existem muitos que usam dreadlocks e não são Rastafáris, usam pelo equivoco; que o mundo inteiro fez essa relação, de que reggae é complementar a rastafári e vice-versa.
24) RM: Os adeptos a religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa essa afirmação?
Helder Lima: Falsa afirmação, na Jamaica sempre houve grandes regueiros de várias religiões, por exemplo, Islamismo. E a maioria dos artistas famosos do reggae só são simpatizantes do rastafarianismo. O verdadeiro rastafári leva 90% de sua vida no isolamento em contato com a natureza.
25) RM: Na sua opinião porque o reggae no Brasil não tem o mesmo prestigio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?
Helder Lima: As dificuldades no Brasil não são privilégio do Reggae. O Brasil plantou uma semente de anos da valorização da falta de educação e da falta de cultura e passaremos muitos anos para descontruir essa cultura de consumo da música sem conteúdo.
26) RM – Quais os prós e contras de fazer show usando o formato Sound System (base instrumental sem voz)?
Helder Lima: Prós: Facilitou os pequenos eventos com artistas renomados que jamais poderiam vir com a banda completa. Contra: Temos menos músicos instrumentistas apresentando sua arte.
27) RM – Quais os seus projetos futuros?
Helder Lima: Gravar novas canções e uns vídeos clipes.
28) RM: Helder Lima, Quais os seus contatos para show e para os fãs?
Telefone: (84) 99977 – 6590 / [email protected] / Instagram : @helderjclima
Canal de Helder Lima: https://www.youtube.com/channel/UCGFul8w_sHvGmM0HbGLpwZg
#somostodosbackstage: https://www.youtube.com/watch?v=bIOGa6GAzM0
Betina, Olívia e o Papai Helder Lima executando com a banda de Bernardo Reggaeman na LIVE vibe da comunidade do Japão, Natal/RN a canção “ Three Little Birds “ de Bob Marley and The Wailers:
https://www.youtube.com/watch?v=edc2qrmt9KU
Poder de um Sonho-Cantus do Mangue: https://www.youtube.com/watch?v=VPKfoQXlOdk
Reggae: Banda Cantus I Dub. VOCÊ FELIZ (27/1/2017): https://www.youtube.com/watch?v=XzE7i0M93Bw
Sábado Fyah – Ênio Lacerda – Entrevista o Prof. Helder Lima [07-09-2019]: https://www.youtube.com/watch?v=BwUNkEInntc