A violonista, cantora, percussionista e compositora paulista Badi Assad. Irmã caçula dos violonistas Sérgio e Odair Assad (Duo Assad).
Seus estudos musicais começaram na infância, com um pequeno Teclado. Aos 14 anos de idade, quando os irmãos mais velhos saíram de casa para desenvolver uma carreira internacional como concertistas, começou a tocar violão para acompanhar o pai (Jorge Assad, que faleceu em junho de 2011), bandolinista. Ela venceu o concurso Jovens Instrumentistas em 1984 e a partir de então passou a explorar novas possibilidades com a voz e a percussão do próprio corpo. Seu primeiro álbum solo foi “Dança dos Tons”, lançado em 1989.
No início da década de 90 apresentou-se em festivais como Free Jazz Festival e Heineken Concerts ao lado de Heraldo do Monte, Raul de Souza, Raphael Rabello, Dori Caymmi e outros. A carreira internacional tomou força a partir de 1994, quando assinou com o selo Chesky Records e gravou o disco “Solo”. No ano seguinte gravou “Rhythms”, que obteve repercussão no cenário violonístico. Depois gravou“Echoes of Brazil” em 1997 e “Chamaleon” em 1999; que foi aclamado pela crítica internacional. A experimentação sonora com a voz e o corpo são marcas registradas de seu trabalho.
Badi é sinônimo de ARTISTA pela sua obra pujante e sua performance de palco. Ao entrar no palco a magia da separação natural do ser artista da contemplação do público se completa harmoniosamente. O figurino, os movimentos delicados e viscerais e a entrega a canção é completa. Uma maestria criativa cantando e tocando seu violão maiúsculo. Ela é a “Bruxa dos Sons” para muitos amigos e parceiros musicais.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Badi Assad para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 01/07/2011:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Badi Assad: Nasci Mariângela Assad Simão no dia 23/12/1966 em São João da Boa Vista – SP
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Badi Assad: Aonde tudo era líquido…
03) RM: Qual a sua formação musical e acadêmica fora música?
Badi Assad: Fora a música, nenhuma formação acadêmica. Dentro da música: curso incompleto de bacharelado em Violão na Unio – Rio – RJ.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente? Quais deixaram de ter importância?
Badi Assad: Cada fase de minha vida teve suas próprias influências. Dependendo do que eu estava mais envolvida, esses artistas chegavam para iluminar. Fase de violonista erudita: Sérgio Assad e Odair Assad; violonista brasileira: Marco Pereira, Ulisses Rocha, Egberto Gismonti, Michael Hedges; percussão: Naná Vasconcelos, Uakti; experimentalismo vocal: Pigmeus, Bob Mcferrin, Marlui Miranda. Estreie como mãe e minhas influências têm sido basicamente de músicos compondo para o universo infantil: Palavra Cantada, Banda Mirim. Nada do passado deixa de ter importância, porque somos o resultado de tudo o que essas influências exerceram sobre nós.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Badi Assad: Considero a partir do lançamento do meu primeiro disco “Dança dos tons” em 1989. Pelo menos foi por decorrência dele que aconteceu a minha primeira remuneração em São Paulo.
06) RM: Quantos CDs lançados e os anos de lançamento (quais os músicos que participaram nas gravações)? Qual o perfil musical de cada CD? E quais as músicas que se destacaram em cada CD?
- Badi Assad: Dança dos tons (1989) Independente LP – um LP basicamente instrumental, porém, com músicas que revelavam o lado mais popular de alguns compositores eruditos, tais como Leo Brouwer e Roland dyens, entre outros.
- Solo (1994) Chesky Records CD – Os discos Solo e Rhythms são praticamente metade música instrumental e metade canções brasileiras. Rhythms (1995) Chesky Records CD
- Echoes of Brazil (1997) Chesky Records CD – É um tributo ao violão brasileiro
- Chameleon (1998) i.e.music/PolyGram CD – É o primeiro cd autoral.
- Verde (2004) eDGe music/Universal CD – Os discos Chameleon, Verde e Wonderland (2006) mesclam composições próprias e releituras do cancioneiro brasileiro e internacional.
- Nowhere (2003) INDEPENDENTE CD
- Three guitars (2003) Chesky Records CD
- Dança das Ondas (2003) GHA CD
- O DVD Badi Assad – é um ‘resumo’ de 20 anos de carreira.
07) RM: Como você define o seu estilo musical?
Badi Assad: MUB (música universal brasileira)
08) RM: Como você se define como cantora/intérprete?
Badi Assad: Eu estou sempre buscando ser o mais fiel possível, emocionalmente, ao que a letra ou tema das canções significam.
09) RM: Você estudou técnica vocal?
Badi Assad: Sim, primeiro na faculdade e depois com professores particulares: Neyde Thomas, Nancy Miranda, Ron Anderson.
10) RM: Quais as cantoras que você admira?
Badi Assad: Elis Regina, Maysa, Maria Bethania, Gal Costa, Zélia Duncan, Céu. E Bjork, Aziza Mustafa Zadeh, Tori Amos.
11) RM: Quem são seus parceiros em composições?
Badi Assad: Componho bastante sozinha. Parceiros musicais: meu irmão Sérgio Assad, Carlinhos Antunes e mais recentemente Chico César, Pedro Luís, Zélia Duncan, Déa Trancoso.
12) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Badi Assad: Liberdade de expressão seria o pró mais intenso. Contra? O músico independente depende de tudo (risos).
13) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro? Em sua opinião quem foram as revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Badi Assad: Marisa Monte foi uma das grandes responsáveis por recolocar a MPB em seu devido lugar.
14) RM: Qual ou quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Badi Assad: internacionalmente: Ani Difranco, Yo-yo-ma, brasileiros: Caetano Veloso, Marisa Monte, Moska, Lenine.
15) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?
Badi Assad – Vixe. São tantas histórias. Mas uma engraçada foi a reabertura de projetos musicais no Bar Brahma em São Paulo: fazia muito tempo que não havia um projeto musical ali e fui eu quem inaugurou o primeiro depois de tantos anos. No meio do show passavam garçons com bandejas plenas de comida e eu tinha que desviar pra não baterem na minha cara (risos).
Outro foi um show na Polônia, em que o Violão caiu no chão, no meio do show e desafinou completamente. O gerente do clube (de jazz que não mais me recordo o nome) tinha que pagar ainda uma parcela do meu cachê. O lugar era muito estranho e parecia mais com uma “lavagem de dinheiro” e sendo assim ele começou a querer descontar do que ainda me devia, por cada nota que eu tive que parar pra afinar (risos).
16) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Badi Assad: Mais feliz o fato de poder, com minha arte, tocar tantas vidas. E triste a insegurança de saber se vai ter trabalho ou não! É sempre uma dúvida…
17) RM: Nos apresente a cena musical na cidade que você mora?
Badi Assad: Sou moradora nova de Atibaia – SP, portanto ainda não a conheço pra comentar. Todavia percebo muito a música sertaneja universitária. Tem um festival de inverno que traz atrações interessantes. E muitos eventos fechados que fico sabendo através dos amigos músicos que, aos poucos, descobrem que sou atibaiana agora.
18-) RM – Nos apresente sua família musical?
Badi Assad – Seu Jorge Assad (pai) – bandolinista amador. Ensinou-nos praticamente tudo sobre música, que vem do coração. Dona Ica (mãe) – cantora nata. Fecha os olhos e te leva junto. Sérgio e Odair (irmãos) – meus eternos mestres. Irmãos pra toda hora. Clarice, Carolina (sobrinhas) – amigas. Clarice é pertinho de idade comigo. Ela é pianista, cantora, compositora, arranjadora, parceira e mora no EUA. E Carolina tem uma voz maravilhosa! E te leva pro céu. Rodrigo (sobrinho) – suingue puro.
19) RM: Você se sente mais violonista ou percussionista?
Badi Assad: Não me sinto uma percussionista. Somente tenho facilidade porque tenho ritmo.
20) RM: Quais os músicos ou/e bandas que você recomenda ouvir?
Badi Assad: São tantos. Mas ninguém pode ficar sem ouvir Led Zeppelin, Bob Marley, Lokua Kanza, Aziza Mustafa Zadeh, Paris Combo, Ojos de Brujos, Bola de Nieve.
21) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Badi Assad: Acho que se for depender de jabá… Nunca vai tocar!
22) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Badi Assad: Não é fácil, mas se a música for viva em você, se for uma necessidade sua: escancare. Se jogue, pois não há nada mais gratificante que viver com a música dentro e fora. Viver dela e por ela.
23) RM: Quais os seus projetos futuros?
Badi Assad: Dois CDs autorais. Sendo que um deles dedicado ao público infantil.
24) RM: Quais os seus contatos?
Badi Assad: Os imediatos (risos): www.badiassad.com.br | De trabalho: [email protected] / (11) 2266 – 6591
BADI ASSAD – Marcos Kaiser Cast ep. 8 – VIRTUOSA DO VIOLÃO e SUPER CANTORA: https://www.youtube.com/watch?v=z0xrACUhNEI
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