Laura Rocha

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Cantora e produtora musical e cultural Laura Rocha, ao lado de sua irmã formou a dupla Leyde & Laura, é responsável por um dos mais belos e aplaudidos duetos feminino da história da música sertaneja.

Com mais de 25 anos de carreira a dupla Leyde & Laura possuem mais de 10 discografias incluindo o lançamento de um DVD e parcerias musicais com nomes como Peão Carreiro, As Galvão, Mococa & Paraiso, João Carreiro & Capataz e Teodoro & Sampaio. Além disso, atuou na Direção Geral e Curadoria do Projeto “Viola Encanto de Mulher” contemplado no pelo Edital de Apoio a Culturas Descentralizadas de Múltiplas Linguagens da Secretaria Municipal de Cultural.

É Coprodutora do programa de televisão “Prosa de Amigos” com Cesar Galones na TV Aparecida; Curadora Artística e Produtora do projeto “Roda de Cantoria”, que acontece todas as segundas-feiras no Bar da Viola em São Paulo, além de Produtora Fonográfica e Artística do vídeo clipe “Ainda Amo” disponível no YouTube.

A dupla Leyde & Laura lançaram 17 trabalhos, incluindo um DVD. Parcerias musicais com nomes como Peão Carreiro, As Galvão, Mococa & Paraiso, João Carreiro & Capataz e Teodoro & Sampaio. Além de premiações como “Prêmio Inezita Barroso”, “Prêmio Ary Barroso”, “Troféu Tião Carreiro” e “Troféu Tonico e Tinoco”.

O Projeto – Viola Encanto de mulher, trouxe grandes nomes do gênero na atualidade como as irmãs Leyde & Laura, reconhecidas pela crítica e público como um dos mais belos e aplaudidos duetos femininos da história da música caipira da atualidade; Carol Viola & Duda Cintra, umas das grandes revelações da música de raiz; Lizandra e Victoria, as meninas Violeiras da cidade de Nova Odessa (SP); Jéssica & Juliana que participaram do programa Esquenta (Rede Globo) e foram finalistas do concurso “Esquentanejo” que revelou novos talentos da música sertaneja e Mel Moraes, selecionada no Festival Viola da Terra, com sua composição instrumental Primavera dos Pássaros.

O Prosa de Amigos é um programa semanal onde o apresentador César Galones recebe como convidados os maiores artistas da música sertaneja (trios, duplas e cantores solos). Entre uma música e outra há sempre um papo intimista, uma conversa espontânea que destaca histórias envolvendo os grandes sucessos de cada convidado sempre buscando conhecer mais e apresentar o dia a dia de cada artista em uma verdadeira Prosa de Amigos.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Laura Rocha para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 07/03/2025:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Laura Rocha: Nasci no dia 18/08/1970 em uma roça próxima a Pedra Preta no Mato Grosso. Registrada como Marinilza da Silva Rocha. Minha irmã Leyde, nasceu no dia 04/08/1973 e registrada como Lucineide da Silva Rocha.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Laura Rocha: O meu primeiro contato com a música foi através de programas de rádio que nós ouvíamos (eu e minha irmã Leyde). Rádio Brasil Central de Goiânia, rádio Anhanguera, rádio Nacional da Amazônia, em Brasília, e algumas emissoras de rádio de São Paulo. Então, nosso primeiro contato com a música foi ouvindo rádio e também através dos cânticos religiosos, que meus pais eram os rezadores de texto, de terço da região, né, ali onde nós morávamos.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Laura Rocha: A minha formação musical foi na década de 90, eu cursei Teoria Musical pela Ordem dos Músicos em São Paulo e também fiz um semestre de aula de música na Universidade Sant’Anna – SP. Fora da música, mas dentro desse universo artístico, eu cursei Técnico de Rádio em São Paulo.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Laura Rocha: Eu cantava muito Beijinho Doce (João Alves dos Santos) sucesso de Tonico & Tinoco em 1979, escutava as músicas gravadas por: Carmen Silva, As irmãs Freitas, Nalva Aguiar, As irmãs Galvão, Inezita Barroso, as cantoras que influenciaram bastante, eu também gostava demais da obra de Chitãozinho e Xororó, do Tião Carreiro e Pardinho, Zé Paulo. Hoje não tem nenhuma cantora que me influencie.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Laura Rocha: Comecei na década de 80 fazendo shows lá por norte do Mato Grosso, Pará, Rondônia e na década de 90, eu formei uma dupla com a minha irmã (Leyde), fomos contratadas pelo escritório, o Galear de Promoções Artísticas, que nos trouxeram para São Paulo.

06) RM: Quantos álbuns lançados?

Laura Rocha: Nos anos 90 gravamos o primeiro Vinil como Leyde & Laura. Hoje nós temos, mais ou menos 17 álbuns. Gravamos um DVD – Meu Canto Caipira – Leyde & Laura, quando fizemos 20 anos de carreira.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Laura Rocha: Nosso estilo (Leyde & Laura) há mais de 30 anos é a música Sertaneja Raiz.

08) RM: Você estudou técnica vocal? Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Laura Rocha: Eu diria que foi Deus que nos deu (para Leyde & Laura) o dom, não tínhamos dinheiro para fazer aula de música, estudamos muito pouco técnica vocal. Eu estudei mais teoria musical. Falámos que foi Deus que nos deu o dom de cantar e também cantar em dueto. E às vezes aulas de técnica vocal gratuita não era fácil de encontrar. Não somos contra o estudo da técnica vocal, achamos que as pessoas devem estudar música. Quer seguir uma carreira musical? Estude. O estudo fará com que a pessoa tenha uma carreira com mais tranquilidade. E aprender as técnicas auxiliarão na hora de cantar e na hora de cuidar das pregas vocais.

09) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Laura Rocha: Eu admiro um artista quando, ele é compositor, cantor, instrumentista e também é gente boa. Então se for falar de alguém muito famoso, por exemplo, eu diria que eu admiro: Daniel, Xororó. Eu sou uma grande admiradora de Inezita Barroso e também das irmãs Galvão. Elas tinham uma elegância, uma forma de tratar as pessoas, muita simplicidade, apesar de todo o nome e todo o talento que tinham, sempre respeitando o público. Então eu admiro muito o artista quando ele é simples, quando ele não é arrogante.

10) RM: Como é seu processo de compor?

Laura Rocha: Eu não sou compositora nem instrumentista. Eu atuo mais na área de produção artística, e sou a segunda voz da dupla Leyde & Laura. Eu atuo como intérprete e com produção artística.

11) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Laura Rocha: Quando o artista é independente é dono do próprio nariz. Ele grava o que gosta, manda na sua agenda de show, tem todo esse controle. O ruim é ter que lutar demais. Ele tem que trabalhar muito para conseguir manter sua carreira sozinho, mas acho que ninguém consegue nada sozinho, precisa ter parceiros. Então, é bom ser livre, e o que é ruim é trabalhar dobrado para conseguir se manter na carreira musical.

12) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Laura Rocha: Temos um escritório, a Mairiporã Promoções, que cuida de tudo para nós (Leyde & Laura), eles fazem o planejamento antes, a pré-produção e a produção no dia do show. E nós também temos a empresa MD que cuida da nossa divulgação nas mídias digitais. Temos um escritório para venda de show e um que cuida da parte de divulgação.

13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Laura Rocha: A internet é uma grande aliada de todos os artistas, é um meio barato para divulgação da nossa música, do show, dos vídeos clipes. Eu não vejo nenhuma desvantagem, só vantagem. A internet ajuda no desenvolvimento da carreira musical. É maravilhoso, a internet não tem preconceito. Não tem jabá. Hoje ficou mais fácil para o artista que tem a disponibilidade de estar sempre postando seus trabalhos. Só precisa ser trabalhador. Se ele quiser trabalhar, ele vai conseguir realmente chegar aonde quiser através da internet.

14) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Laura Rocha: Eu acho que só tem vantagem. Quem tem um home estúdio, tem uma grande possibilidade de ter mais conteúdos musicais. Ele consegue agilizar muito mais rápido o processo de criação. Fez a criação e não gostou, faz de novo até gostar. No passado não existia essa possibilidade nos estúdios das gravadoras e se contratasse um estúdio profissional, tinha que arrumar muito dinheiro ou patrocinador para contratar músicos e arranjadores. Hoje ficou mais fácil, mais prático e mais em conta gravar nossas músicas. Eu acho incrível essa possibilidade. Ficou muito melhor as condições para gravações.

15) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Laura Rocha: Não teria muito o que falar sobre esse negócio de querer me diferenciar. Temos que ser de verdade e fazer o que acredita, cantar o que acredita, ainda mais na Música Sertaneja de Raiz. O importante é continuar fazendo um bom trabalho, se preocupar com o conteúdo das letras e continuar sempre plantando. Nunca desanimar. Temos um público alvo que é honesto e fiel, que dificilmente nos deixará na mão se continuarmos fazendo um trabalho bonito de encontro com o gosto do nosso público. Temos que respeitar muito esse público, não sermos levianas. Talvez estejamos na contramão do mercado atual, porém, estamos fazendo a nossa verdade, o que nós acreditamos. Então, é muito importante preservar nossa música raiz.

16) RM: Como você analisa o cenário da Música Sertaneja. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Laura Rocha: Eu gosto das duplas: Mayck & Lyan, Day & Lara, Maiara & Maraisa e tem grandes violeiros e violeiras, que se só falar um nome, estarei sendo sendo injusta. Hoje tem muitas artistas talentosas, nós temos grandes violeiras, defendendo Viola Caipira e Sertaneja, muitas duplas competentes.

17) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?

Laura Rocha: Aconteceu de saímos de São Paulo para o Rio Grande do Sul para fazermos um show e voltarmos sem receber o cachê, já recebemos um cheque sem fundo e no Mato Grosso já aconteceu de fazermos shows e não recebermos o cachê. Mas graças a Deus, sempre tivemos pessoas muito competentes conosco. Nós tínhamos Oswaldo Galhardi que sempre com uma visão e muita experiência, não deixou acontecer muito esses fatos lamentáveis. Hoje nós temos a Mairiporã Promoções que cuida, então já recebemos adiantado o cachê.

Uma vez nós fomos contratadas para cantar em Riolândia, no interior de São Paulo. Nós chegamos lá, tinha mais ou menos umas 15 mil pessoas esperando o nosso show, quando o nosso produtor foi procurar os responsáveis pelo sonorização, não tinha equipamentos de som para fazermos o show. Você imagina o fiasco que foi, tivemos que subir no palco e cantar sem som. Como diz o caipira, foi uma derrubada.

E outros acontecimentos, chegar no circo para fazer o show e não ter como tocar o playback com o instrumental das nossas músicas para nos acompanhar. Na década de 90, levávamos a gravação instrumental e colocávamos voz ao vivo. Não tinha microfone, não tinha como colocar o playback e nós tivemos que fazer o show sem som, sem nada e a plateia participou junto. E graças a Deus, sempre conseguimos driblar essas situações. Hoje o escritório cuida para não passarmos mais por esses perrengues, mas que fazem parte da nossa história e só nos fortalece como artistas.

18) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Laura Rocha: O que me deixa triste é o grande preconceito que ainda tem com as mulheres da música sertaneja. Você pode analisar que existe muito eventos que acontecem com muito homens se apresentando e não tem quase mulheres. A não ser as artistas que estão na grande mídia, essas são muito aclamadas, são convidadas. Mas quem está na grande mídia, são esquecidas. Quando vão entrevistar eles, eles falam de nós. Mas não nos convidam para uma gravação de um DVD, não nos convidam para uma participação em shows. Ainda existe o preconceito dos contratantes para contratar as mulheres para os eventos.

19) RM: Existe o Dom musical? Qual é o seu conceito de Improvisação Musical? Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Laura Rocha: Existe o dom, a maioria dos artistas que ficaram famosos, nasceram com dom. Aquela pessoa que já nasce, já sabe, pega um instrumento e já sai tocando com facilidade, que canta super afinado, sem nenhum estudo.

Eu acho muito legal a improvisação musical, sabe? Aquela coisa que só faz quem realmente tem o dom, quem não tem dom não consegue nem improvisar. Quem improvisa é o cara, né? Ele olha para o outro e diz a música está em tal tonalidade. Escuta o primeiro acorde, sai tocando e o outro já entra, sabe? Ou cantando também.

Então é muito legal, mas para isso tem que ter dom. Aquela pessoa que já nasce, você já percebe ali, já percebe que ela já é afinada, que ela tem facilidade em ouvir uma harmonia musical, então eu acredito muito em dom musical, na improvisação, esse improviso que realmente tem que ter o dom.

20) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Laura Rocha: Nem toda rádio cobra jabá. A prova disso é que a cada três meses recebemos nossos direitos autorais por tocar nas rádios, não podemos reclamar. As rádio tocam nossas músicas, talvez, pois já temos mais de 30 anos de carreira. Hoje em dia, acho que já ficaria mais difícil termos nossas músicas tocando na programação.

Quem começou de uns anos para cá tem mais dificuldade de tocar nas rádios por conta do jabá. É óbvio que as grandes emissoras, que são famosas, essas que os artistas que têm dinheiro já bancam os horários para se apresentarem, fica até difícil de entrar músicas de artistas que estão começando.

Mas existem, programas de manhã, com locutores que tenham o ideal, que prezam pela qualidade do seu programa, e depende do público pedir as músicas também. Se o público pede, com certeza, ele vai tocar no programa. Não vai tocar tanto como tocam os outros que estão pagando o jabá. Mas as nossas músicas são tocadas até por emissoras de grande audiência, mas só de madrugada às vezes, no horário nobre não tocam.

21) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Laura Rocha: Eu costumo dizer que ela tem que pensar numa profissão paralela para garantir o financeiro. E precisa investir na internet, ter paciência e cantar na noite terá possibilidade de conhecer um produtor musical, um investidor, alguém que queira ajudar, patrocinar. E não deixar de estudar música, um instrumento e não desanimar. O importante é focar no que ela quer e ter muita paciência, pois adianta querer subir do primeiro degrau e já chegar no último. Tem que dar esse tempo, para que as coisas comecem a engatilhar, fazer um bom network e manter esse network. Em uma festa, pegar o contato de WhatsApp e Instagram das pessoas para poder mandar uma mensagem, manter um bom relacionamento.

22) RM: Festival de Música revela novos talentos?

Laura Rocha: Os festivais de música são muito importantes para o fomento de jovens cantores, compositores e instrumentistas que estão começando. Apesar que nem todos festivais conseguem revelar artista, mas é uma boa oportunidade.

23) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Laura Rocha: A grande mídia prezam mais por aquilo que eles têm interesse. Hoje, infelizmente, a grande mídia é toda paga. Então é muito complicado falar disso aí, viu? A cobertura feita pela grande mídia na cena musical brasileira, só colocam o que eles querem, né?

24) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Laura Rocha: Eu acho Sesc, Itaú Cultural espaços muito importantes para os artistas que fazem um trabalho legal, um trabalho autoral. São espaços muito concorridos, mas muito importantes. O Sesc, eu acho incríveis, eu amo, eu amo trabalhar em Sesc.

25) RM: Quais os seus projetos futuros?

Laura Rocha: Eu quero muito, já fiz alguns, mas eu quero manter pelo menos todo ano, um ou dois eventos, só com violeiras, eu já fiz alguns e quero continuar para incentivar as meninas mais jovens que estão tocando muito. Eu como Laura Rocha Produções, quero muito manter esse evento com as violeiras em teatros e em SESC. E com jovens violeiros e artistas que estão começando. Eu sempre gostei de ajudar os artistas que estão começando. Ajudando na gestão de carreira, no que eu posso e curto demais fazer isso.

26) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Laura Rocha: (11) 99287 – 8559 | [email protected] | https://www.instagram.com/laura.rochacantora
| https://www.instagram.com/leydeelauraoficial

Canal de Leyde & Laura: https://www.youtube.com/@LeydeeLauraa

Leyde e Laura – De Volta pra casa (Franguinho com Pequi): https://www.youtube.com/watch?v=KKvV1v11nXM

Canal de Laura Rocha: https://www.youtube.com/@laurarochamotivacao

Leyde & Laura: https://open.spotify.com/intl-pt/artist/45ZmQXsXRQxIYuykHwP7ix?si=7PQem8HQQiGJ5I0lc89Iwg&nd=1&dlsi=ccbd1ff208e241a0