More J. Peron »"/>More J. Peron »" /> J. Peron - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

J. Peron

Compartilhe conhecimento

Artista de múltiplos recursos, J. Peron é ator, músico, cantor, compositor, roteirista e diretor cinematográfico.

Conhecido como um dos mais notórios imitadores de Raul Seixas e, após se afastar dos palcos devido à pandemia, resolveu se dedicar ao cinema. Produziu, dirigiu e atuou nos filmes “O Lobisomem de Pedra de Fogo” (2021) e “Benedito” (2023), ambos de sua autoria.

Concebeu e concretizou cinco documentários: “Paixão Nacional – o Futebol no Interior”, “Fotografia – A Magia do Clic”, “Pedreira 125 Anos”, “Aparecida – O Caminho da Fé” e “Teddy Lee – Vida e Obra”, “Memórias Vivas de Macaubal” (2024), todos devidamente registrados na ANCINE. Em 1998 trabalhou como editor do filme independente “Um Trapinha na Mina Encantada” do comediante Carlos Dias (Campinas/SP). Produziu e atuou nos curtas “A Premissa” (2018) e “Um Romance Qualquer” (2016) de Vinicius Vellys (Rio de Janeiro/RJ) com participação especial do ator Humberto Martins.

Em 2015 trabalhou na produção do filme “Malasartes e o duelo com a morte” pela O2 Filmes. (Jaguariúna e Campinas/SP). Prestou serviços novamente para a O2 Filmes como produtor de veículos de cena no projeto “As aventuras de José e Durval” (2021). Foi assistente de direção e responsável pela edição e trilha sonora do Especial de Natal “A Gata Borralheira”, Obra de Hans Christian Andersen, adaptação de Alexandre Cruz – Cia Lazara de Teatro de Amparo/SP (2020). Trabalhou na finalização do documentário “Orquestra de Violeiros de Pedreira 20 anos” (2022).

Escreveu os roteiros: OS OVOS DA ARARA DOURADA (média-metragem); O DONO DO JOGO (longa-metragem); UM CONTO DE NATAL (curta-metragem); BENEDITO (curta-metragem); VENDAS S.A (longa-metragem); OS BONS TAMBÉM ERRAM (longa-metragem); O LOBISOMEM DE PEDRA DE FOGO (média-metragem).

Escreveu os argumentos: O OURO VERDE DE SERRA NEGRA (documentário); COMO NASCE UM SUCESSO (série documental); ETA FUMINHO BÃO (longa-metragem); VENDAS S.A (longa-metragem); UMA RUA POR MINUTO (documentário); VISÃO EM CHAMAS (curta-metragem); OS BONS TAMBÉM ERRAM (longa-metragem); TEDDY LEE – VIDA E OBRA MEMORIES (longa-metragem); CARLOS GOMES A ÓPERA FINAL (longa-metragem).

Foi responsável pela Direção das seguintes obras audiovisuais:

– O LOBISOMEM DE PEDRA DE FOGO;

– FAMÍLIA DOS COISADOS (série para TV);

– PAIXÃO NACIONAL – O FUTEBOL NO INTERIOR;

– FOTOGRAFIA – A MAGIA DO CLICK;

– PEDREIRA 125 ANOS;

– TEDDY LEE – VIDA E OBRA MEMORIES;

– SOB OS ARCOS DO TEMPO – FAZENDA DA BARRA;

– UMA RUA POR MINUTO;

– CINEMA THEODORO & NOVO – A HISTÓRIA DO CINEMA EM PEDREIRA

– MAESTROS;

– MEMÓRIAS VIVAS DE MACAUBAL.

Segue abaixo entrevista exclusiva com J. Peron para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 03.01.2025:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

J. Peron: Nasci no dia 29 de novembro de 1978, em Pedreira, interior de São Paulo. Registrado como João Paulo Zonzini. E Peron é sobrenome de minha mãe.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

J. Peron: Em 1987, fui convidado a participar de uma peça teatral na escola, onde um coral infantil apresentava três músicas em homenagem a uma professora que se afastaria. Fui escolhido para ser o maestro do coral. Percebendo minha afinidade com a música, a professora homenageada sugeriu que eu ingressasse em aulas de violão. A partir desse momento, minha jornada artística não parou mais.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

J. Peron: Iniciei minha trajetória musical com estudos básicos de violão, mas me considero essencialmente um autodidata. Minha formação principal veio da “escola da vida” e da “faculdade da rua”. Recentemente, tenho me dedicado a aprofundar minha formação acadêmica, cursando Artes Visuais na UNIP.

Comercialização e Distribuição para o Audiovisual – SEBRAE

Constelação das Artes Cinema Brasileiro: Fabulações sobre um território

em disputa – Itaú Cultural

Curso de Roteiro Básico – Belas Artes à La Carte

Entenda a distribuição de filmes – EBAC

Gestão empresarial para os desafios do mercado audiovisual – SEBRAE

Infâncias plurais produção audiovisual com e para crianças – Itaú Cultural

Legislação e negócios para o audiovisual – SEBRAE

Qualificação Profissional, Formação Inicial e Continuada: Cinema

Audiovisual – Escon/MG

Tecnologia e inovação para o Audiovisual – SEBRAE

Audiodescrição – Faculdade Fasul Educaciona.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

J. Peron: Sempre fui fã da dupla Chitãozinho e Xororó, não só pelo talento, mas também pela forma profissional com que conduzem suas carreiras. Nos anos 90, como músico de barzinho, fui influenciado por muitos artistas, já que, para tocar à noite, era necessário ter um repertório diversificado e estar aberto a ouvir de tudo, sem preconceitos. Hoje, o cenário musical está mais complicado. O comércio tem falado mais alto que a arte. Vivemos uma era de entretenimento, onde muitos artistas se preocupam mais com o “ter” do que com o “ser”. Isso me entristece, pois a personalidade musical parece ter se perdido, e tudo soa como mais do mesmo.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

J. Peron: Iniciei minha trajetória musical cantando nos bares de em Pedreira – SP, inicialmente de forma amadora. Com o tempo, fui me profissionalizando e, junto com meu irmão, percorremos todo o Circuito das Águas Paulista e a região metropolitana de Campinas, levando nossa música a diferentes públicos.

06) RM: Quantos álbum lançados?

J. Peron: Ao lado do meu irmão Léo Eduardo Zonzini, lancei um EP com três faixas, que foi seguido por um CD completo, consolidando nossa parceria musical. Além disso, produzi um CD autoral dedicado a Marchinhas de Carnaval, resgatando a alegria e a tradição desse gênero tão marcante. Paralelamente, atuei na produção de diversos álbuns de outros artistas, contribuindo com minha experiência para transformar suas visões musicais em realidade.

06) RM: Como você define seu estilo musical?

J. Peron: Sempre me considerei uma pessoa eclética, e acredito que essa seja a melhor definição do meu estilo.

07) RM: Você estudou técnica vocal?

J. Peron: Sim, estudei técnica vocal com alguns professores, focando principalmente no aperfeiçoamento da respiração, que considero essencial para a carreira de um cantor. Afinal, quem não domina a respiração pode até ser afinado, mas não conseguirá transmitir uma interpretação de qualidade.

08) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

J. Peron: A técnica vocal e o cuidado com a voz são indispensáveis para qualquer cantor. A voz é gerada pelas cordas vocais, que, como músculos delicados, precisam ser tratadas com atenção para evitar lesões. Sem esse cuidado, um cantor pode comprometer sua principal ferramenta de expressão.

Estudar técnica vocal não apenas protege a saúde vocal, mas também eleva a qualidade da interpretação, permitindo transmitir emoções com mais precisão e impacto. A respiração é fundamental para sustentar notas e dar vida à performance. Quem domina a técnica pode cantar por anos sem perder a potência ou a expressividade.

09) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

J. Peron: Minha admiração vai para artistas que marcaram gerações com sua autenticidade e talento, como Ângela Maria, Simone, Ivete Sangalo, Rita Lee, Marisa Monte e Cássia Eller. Entre os artistas masculinos, destaco Eros Ramazzotti, Elvis Presley, Chitãozinho e Xororó, Luis Miguel, Cauby Peixoto, Milionário e José Rico e Agnaldo Timóteo. Cada um deles, à sua maneira, contribuiu para moldar a música com estilo único e personalidade marcante, sendo grandes fontes de inspiração para minha trajetória.

10) RM: Como é seu processo de compor?

J. Peron: Minha composição é guiada por histórias e rimas que traduzem vivências reais. Gosto de compartilhar experiências pessoais, mas também aceito o desafio de criar músicas sob encomenda, como jingles publicitários ou políticos. Nessas situações, meu objetivo é entender profundamente a essência do produto ou mensagem e traduzir isso em música. Trabalhar com a verdade é essencial, pois cria canções atemporais que continuam a ressoar com o público ao longo dos anos. Acredito que esse é o segredo por trás dos maiores sucessos musicais.

11) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

J. Peron: Meu padrinho artístico, Lucas Robles, é uma figura central no meu processo criativo. Juntos, escrevemos “Inocente como um anjo”, gravada pela dupla Marlon e Maicon. Lucas também foi responsável pelo maior sucesso da dupla, a música “Por te amar assim”. Além dele, trabalho com Juliano Mazieiro, Alessandro Molly e Edi Nascimento, dois amigos em Pedreira – SP, com quem compartilho ideias e crio músicas que buscam sempre tocar o coração do público. Estou iniciando algumas composições também com a Nallu, uma cantora que promete muito, pois tem muita personalidade e brasilidade.

12) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

J. Peron: Desenvolver uma carreira independente é um equilíbrio entre liberdade e desafio. Por um lado, temos o controle total sobre nossas escolhas artísticas e empresariais, mas, por outro, enfrentamos as dificuldades de lidar com o lado comercial. Ser artista também é ser empreendedor. A maior barreira é valorizar a própria arte, sem cair na ideia de que o reconhecimento só vem após a morte. Como dizia Cacilda Becker: “Não me peça de graça a única coisa que eu tenho para vender.” Esse pensamento me guia para acreditar no valor do meu trabalho.

13) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

J. Peron: No palco, meu foco está na coerência do repertório e no profissionalismo. Respeito meus colegas de profissão, técnicos, contratantes e, acima de tudo, o público. Dou atenção especial à minha apresentação, incluindo o figurino, pois acredito que o artista deve se destacar em todos os detalhes. Fora do palco, dedico-me ao planejamento estratégico, considerando investimentos, estudando o mercado e aprendendo a dizer “não” quando necessário, para evitar situações complicadas. Esse equilíbrio entre palco e bastidores é essencial para construir uma carreira sólida.

14) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

J. Peron: Atualmente, estou focado no lado empresarial da música, com estudos de mercado e marketing. Isso me ajuda a entender melhor como posicionar minha arte e criar estratégias eficazes para alcançar novos públicos e fidelizar os que já acompanham meu trabalho.

15) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

J. Peron: A internet é uma poderosa ferramenta de divulgação, tornando mais fácil compartilhar nossa música. Antigamente, alcançar rádio ou TV era um grande desafio; hoje, basta usar as redes sociais. No entanto, isso também tem seu lado negativo: a facilidade de acesso transformou todos em “artistas”, o que muitas vezes dilui o valor da arte. Muita gente busca fama sem consistência, o que cria um excesso de conteúdo superficial. Cabe a cada um encontrar maneiras de se destacar nesse cenário saturado.

16) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

J. Peron: A tecnologia democratizou a produção musical, permitindo que qualquer pessoa grave suas ideias com baixo custo. Porém, essa acessibilidade trouxe a perda de referências e critérios de qualidade. Muitos conteúdos são lançados sem o devido cuidado, e o público, menos exigente, aceita o que está disponível. Ainda acredito que esse ciclo vai mudar, mas, por enquanto, vivemos uma era onde o entretenimento se sobrepõe à arte.

17) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

J. Peron: Para me diferenciar no nicho musical, adoto uma abordagem que vai além do convencional: estudo constantemente, pesquiso tendências e busco entender como os jovens pensam e consomem música. Afinal, são eles que definem o que será relevante no mercado. Em vez de me prender ao passado ou insistir que “na minha época a música era boa”, percebo que esse tipo de mentalidade não muda o mercado, apenas nos distancia dele.

Meu foco está em conectar a qualidade do meu trabalho às expectativas do público atual, entregando algo que dialogue com as novas gerações sem perder a essência artística. Isso exige não só atualização constante, mas também flexibilidade e criatividade para incorporar elementos contemporâneos ao meu trabalho. Enquanto muitos se preocupam apenas em competir, minha prioridade é elevar o padrão do que faço, oferecendo autenticidade e excelência como principais diferenciais. 

18) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileira. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

J. Peron: A Música Popular Brasileira (MPB) continua sendo um campo rico e diversificado, mas enfrenta desafios causados pela “música popularesca brasileira”. Isso ocorre quando alguns empresários transformam a arte em produto descartável, explorando o sonho de artistas que, muitas vezes, não têm preparo ou base sólida. A internet tem amplificado isso, criando falsas sensações de fama. Como Raul Seixas e Marcelo Nova cantaram: “O problema é muita estrela, pra pouca constelação”. Para artistas que fazem da arte sua verdade, o tempo é o melhor filtro. Eles se perpetuam. A consistência vem de obras enraizadas na autenticidade.

19) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?

J. Peron: Com mais de 30 anos de carreira, tenho muitas histórias inusitadas. Já cantei para uma única pessoa, recebi pagamentos com cheques roubados e até precisei empurrar um carro do local do show até em casa porque o motor não pegava no frio. Esses momentos, embora desafiadores, são parte dos bastidores e mostram como a vida de um artista vai muito além do glamour do palco.

20) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

J. Peron: O que me traz mais felicidade é ver amigos e parceiros se destacando. Um exemplo é o Thiago Furlan, que começou comigo e hoje está há mais de oito anos na equipe de Rionegro e Solimões. Por outro lado, é triste ver talentos incríveis abandonando a música por falta de reconhecimento ou valorização. Esses casos mostram como o mercado ainda pode ser cruel com quem realmente merece brilhar.

21) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical??

J. Peron: Sim, acredito que o dom musical existe. É aquela habilidade natural que não sabemos explicar. Está dentro de nós, como um presente. Todos têm algum dom, mas nem todos conseguem descobri-lo ou explorá-lo. É algo que precisa ser cultivado e aproveitado, caso contrário, corre o risco de passar despercebido.

22) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

J. Peron: Como diz meu amigo Jack Lima (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/jack-lima), a música tem uma linguagem. A improvisação é como uma conversa fluida. Assim como algumas pessoas têm facilidade com palavras e comunicação, outras possuem essa habilidade com a música. É uma mistura de linguagem musical, talento nato e sensibilidade. Improvisar é criar no momento, com base em experiências, técnica e intuição.

23) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

J. Peron: A improvisação é uma mistura do estudo prévio com o talento natural. É o resultado de um trabalho técnico bem fundamentado, mas que também conta com inspiração espontânea. Costumo brincar que até mesmo a improvisação tem seu “roteiro”, ainda que seja invisível.

24) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

J. Peron: A improvisação, quando bem-feita, agrega beleza e autenticidade. Mas é preciso cuidado para não desrespeitar a essência da obra original. Como trabalhei muitos anos com covers, sempre busquei fidelidade ao som e ao estilo do artista original. Em composições autorais, no entanto, há mais liberdade criativa, permitindo uma experimentação maior.

25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

J. Peron: Não vejo contras no estudo da harmonia musical. Estudar é sempre positivo, especialmente para quem busca longevidade na carreira. A harmonia oferece uma base sólida para a criação e execução, permitindo que músicos tenham mais ferramentas para expressar sua arte.

26) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

J. Peron: O jabá sempre foi uma realidade na indústria musical e, provavelmente, continuará sendo. No entanto, acredito na profissionalização e no gerenciamento de carreira como estratégias mais eficazes. Se o jabá for uma necessidade, deve ser encarado como parte do investimento, integrado no planejamento de shows e vendas. O importante é ter clareza sobre o que você está vendendo e aonde quer chegar.

27) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

J. Peron: Se você sente que a música é sua paixão e o que realmente deseja para sua vida, siga em frente com determinação. Mas esteja certo disso, porque o caminho não é fácil. Haverá obstáculos, e muitos tentarão apontar dedos e culpar as circunstâncias. No entanto, sua força de vontade será o fator determinante. Se você tem dúvidas, avalie bem, porque a incerteza será o maior inimigo em uma trajetória que exige convicção.

28) RM: Festival de Música revela novos talentos?

J. Peron: Festivais de música têm um papel importante como ponto de partida, funcionando como uma vitrine para artistas que ainda estão no início da jornada. No entanto, “revelar talentos” não é mais o que define a indústria atualmente.

Vivemos em uma era onde a projeção depende de mais do que talento — inclui estratégia, presença digital e resiliência. Por isso, participar de festivais é um bom começo, mas o sucesso virá da soma de esforço e planejamento.

29) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

J. Peron: A grande mídia é guiada pela audiência, e isso é compreensível, pois é dela que dependem sua sobrevivência e relevância. Entretanto, isso cria um desequilíbrio: artistas com obras sólidas muitas vezes não conseguem espaço porque não possuem os recursos para competir com os grandes investimentos publicitários de artistas mais comerciais. O que é bom geralmente encontra um público fiel, mas o espaço na mídia se tornou um jogo onde muitas vezes quem tem mais recursos financeiros tem mais visibilidade. 

30) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

J. Peron: Esses espaços são verdadeiros oásis para artistas autênticos. Palcos como os do SESC, SESI e Itaú Cultural oferecem oportunidades para músicos que priorizam a qualidade e a arte em sua essência. São iniciativas que valorizam a autenticidade e possibilitam que o público tenha acesso a uma diversidade cultural que vai além das modas passageiras da indústria. Esses palcos mantêm viva a chama da arte verdadeira.

31) RM: Apresente sua atuação como produtor musical e artístico.

J. Peron: Minha trajetória na produção musical começou em 2004, quando decidi ir a São Paulo trabalhar com Lucas Robles, um produtor com quem já havia colaborado em 1998, quando ele produziu um CD que gravei com meu irmão. Fui contratado como assistente no estúdio LRCA, que Lucas conduzia em parceria com César Augusto. Foi lá que mergulhei profundamente no universo da produção em estúdio, aprendendo os bastidores da criação musical.

Antes disso, já tinha experiência em emissoras de TV, onde atuei produzindo programas, o que me deu uma visão ampla e diversificada sobre a arte de criar, lapidar e entregar um trabalho artístico de qualidade. Produzi também o show de Enzo Schiani, um tributo a Eros Ramazzotti, e durante mais de 10 anos levei o show cover de Raul Seixas a diferentes palcos do Brasil.

Essas experiências me proporcionaram não apenas o aprendizado técnico, mas também uma vivência intensa nos palcos, desenvolvendo uma conexão única com o público e fortalecendo minha habilidade de entender o que faz um espetáculo ser memorável.

Hoje, com anos de estrada, conheço tanto os bastidores quanto os palcos e os estúdios, acumulando uma bagagem sólida em todas as etapas da produção artística. Atualmente, estou produzindo o show do cantor internacional Teddy Lee, que está retomando sua presença na cena musical, e também preparando uma cantora promissora que tem tudo para ser o próximo grande destaque da música autoral. Meu foco é sempre transformar potencial em sucesso, unindo técnica, paixão e experiência.

32) RM: Apresente sua atuação no cinema como ator, roteirista, etc.

J. Peron: Minha atuação no cinema é marcada por uma trajetória diversificada, que abrange funções como ator, roteirista, diretor e produtor. Tudo começou em 1998, quando trabalhei como figurante e editor no filme independente “Um Trapinha na Mina Encantada”, de Carlos Dias, em Campinas/SP. Como diretor e roteirista, produzi obras de destaque, como “O Lobisomem de Pedra de Fogo” (2021) e “Benedito” (2023), ambas de minha autoria.

Além disso, concebi e realizei documentários que abordam temas diversos, como “Paixão Nacional – O Futebol no Interior”, “Fotografia – A Magia do Clic” e “”Teddy Lee – Vida e Obra”. Essas produções, todas registradas na ANCINE, refletem meu compromisso em preservar memórias culturais e histórias que merecem ser contadas.

Minha experiência também inclui participações em projetos maiores, como a produção do longa-metragem “Malasartes e o Duelo com a Morte” pela O2 Filmes e o trabalho no projeto “As Aventuras de José e Durval”, onde atuei como produtor de veículos de cena.

Outras colaborações incluem minha atuação como assistente de direção e compositor de trilha sonora para o “Especial de Natal A Gata Borralheira” (2020) e a finalização do documentário “Orquestra de Violeiros de Pedreira – 20 Anos” (2022).

Como roteirista, desenvolvi histórias que exploram narrativas diferenciadas, como os longas “O Dono do Jogo” e “Os Bons Também Erram”, além de médias e curtas, como “Os Ovos da Arara Dourada” e “Um Conto de Natal”.

No papel de diretor, conduzi séries e documentários como “Família dos Coisados”, “Sob os Arcos do Tempo – Fazenda da Barra” e “Cinema Theodoro & Novo – A História do Cinema em Pedreira”.

32) RM: Fale da sua relação com a obra de Raul Seixas.

J. Peron: Minha trajetória musical começou nos barzinhos, onde sempre havia alguém pedindo “Toca Raul”. Na minha infância, meus vizinhos, a família Pavão, tinham uma coleção de discos de vinil do Raul Seixas. Eu costumava ir até a casa deles para ouvir os discos e transcrever as letras, que depois apresentava nos bares.

Foi assim que minha relação com a obra de Raul começou a se formar. Em 2004, fui convidado por um amigo para montar uma banda cover do Eros Ramazzotti. Inicialmente, eu tocava violão, mas acabei migrando para a produção.

Durante uma viagem com a equipe de um dos shows, comecei a imitar Raul Seixas na van, apenas como uma brincadeira. A reação foi tão positiva que decidi transformar aquilo em algo sério. Passei um ano estudando a fundo suas músicas e entrevistas, mergulhando em um verdadeiro laboratório artístico.

Meu primeiro show como imitador de Raul aconteceu em uma noite de eclipse lunar, um momento que parecia simbolicamente conspirar a favor. Desde então, participei de diversos programas de TV e realizei shows em 13 estados brasileiros.

Raul foi um grande professor para mim, mas foi Mario Sergio Cortella quem me desafiou a pensar além, ao perguntar: “Qual a tua obra?” Esse questionamento me fez refletir sobre o legado que eu queria construir como artista.

Desde então, tenho dedicado meus esforços a criar algo único e significativo, o que inclui o desenvolvimento de um curso online, onde compartilho todo o conhecimento acumulado ao longo dessa jornada.

33) RM: Quais os seus projetos futuros?

J. Peron: Meu principal projeto para o futuro é o lançamento de um curso on-line inovador, direcionado a quem deseja construir uma carreira sólida na música ou no universo do show business.

O grande objetivo é compartilhar todo o conhecimento que adquiri ao longo de anos de experiência nos palcos, nos bastidores e nos estúdios, de forma interativa e participativa.

O curso terá como grande diferencial uma abordagem focada na prática de “resolver desafios” e “improvisar” em situações inesperadas. Afinal, no show business, o espetáculo não pode parar!

Quero capacitar os participantes a enfrentarem os imprevistos com confiança e criatividade, transformando obstáculos em oportunidades. Além disso, será uma oportunidade única de aprender técnicas testadas e aprovadas no mercado, com insights valiosos sobre produção, performance e planejamento estratégico.

Cada módulo será projetado para oferecer ferramentas concretas e aplicáveis, ajudando os alunos a conquistarem destaque em um mercado tão competitivo.

Estou comprometido em criar uma experiência que vá além do aprendizado teórico, incentivando a interação, a troca de ideias e a construção de uma rede de talentos que compartilhem o mesmo propósito: deixar sua marca no mundo do entretenimento. Esse curso não será apenas uma aula, mas um passo decisivo para quem deseja trilhar um caminho de sucesso.

34) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

J. Peron: https://www.jperon.com.br

| https://www.instagram.com/jota.peron 

Canal: https://www.youtube.com/@JotaPeron

Peron: https://www.youtube.com/watch?v=svkb0lJMN9g 

Vídeo Release J. Peron: https://www.youtube.com/watch?v=441a5rTx6oE


Compartilhe conhecimento

Comments · 2

  1. Uma ótima entrevista para iniciar bem o ano novo! Agradecimento especial ao Antônio Carlos por sempre trazer artistas talentosos e com trajetórias tão diversificadas, enriquecendo as matérias.

Deixe um comentário

*

Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.