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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Geraldo Azevedo sua obra e seu violão me encantam

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Por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa

Após desfilar no carnaval de 1989 tocando tamborim na Escola de Samba Vai-Vai de São Paulo resolvi aprender tocar Violão, pois escutava músicas para pensar.

Em 1990 quando escutei Dia Brancohttps://www.youtube.com/watch?v=sm6v1atqAjc (Geraldo Azevedo e Renato Rocha) letra, melodia e o dedilhado do Violão me encantaram e a sua forma de tocar o ritmo no violão passou a ser meu parâmetro: “Se você vier / Pro que der e vier / Comigo / Eu lhe prometo o sol / Se hoje o sol sair / Ou a chuva / Se a chuva cair / Se você vier / Até onde a gente chegar / Numa praça / Na beira do mar / Num pedaço de qualquer lugar / Nesse dia branco / Se branco ele for / Esse tanto / Esse canto de amor / Se você quiser e vier / Pro que der e vier / Comigo…”.

Mas eu (Antonio Carlos) nessa época buscava escutar músicas que tinham letras sociais e as melhores músicas de Geraldo Azevedo eram mais líricas, com exceção de Canção da Despedida https://www.youtube.com/watch?v=7b4ZRWygP3A (Geraldo Vandré e Geraldo Azevedo): “ Já vou embora / Mas sei que vou voltar / Amor não chora / Se eu volto é pra ficar / Amor não chora / Que a hora é de deixar / O amor de agora / Pra sempre ele ficar / Eu quis ficar aqui / Mas não podia / O meu caminho a ti / Não conduzia / Um rei mal coroado / Não queria / O amor em seu reinado / Pois sabia /

Não ia ser amado / Amor não chora / Eu volto um dia / O rei velho e cansado / Já morria / Perdido em seu reinado / Sem maria / Quando me despedia / No meu canto lhe dizia”. Nos anos 60 acompanhou como violonista, o Vandré, o único Geraldo famoso na época (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/geraldo-vandre).

Geraldo Azevedo de Amorim (nascido no dia 11/01/1945 em Petrolina – PE) relatou que a Canção da Despedida foi censurada em 1968 e somente em 1983 foi gravada por Elba Ramalho, após a gravação, ele passou a cantar nos seus shows. Em 1969 no governo militar de Arthur Costa e Silva ele foi preso por 41 dias e foi torturado. Nessa época obscura da nossa história teria que ser famoso para quem saber escapar das atrocidades praticadas pela Ditadura Militar.

Em 1974 Geraldo Azevedo no filme A Noite do Espantalho (https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Noite_do_Espantalho) atuou como Severino e passou a usar barba. Os cantores e compositores Alceu Valença e Jorge Mello (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/jorge-mello) foram os personagens: o Espantalho e o Bento. O filme foi escolhido como representante brasileiro ao Oscar de melhor filme estrangeiro na cerimônia do Oscar 1975, mas não foi indicado. O enredo da trama é contado por canções compostas por Sérgio Ricardo e interpretadas por Alceu Valença e Geraldo Azevedo e para assistir ao filme acesse: https://www.youtube.com/watch?v=NHgm8pCyzUk.

Em 07/09/1975, no governo militar de Ernesto Geisel, foi mais uma vez preso e violentamente torturado e queriam que o artista confessasse que era um tal de “Valério”. E depois que souberam que era um dos autores da música Caravana – https://www.youtube.com/watch?v=qMBcD9NogW0 (Alceu Valença e Geraldo Azevedo) que fazia parte da trilha sonora da novela Gabriela na TV Globo, os seus algozes o obrigaram com um capuz na cabeça e nu a cantar e a dançar a música. E depois trouxeram um violão para ele na cela tocar para os policiais.

Nos anos 90 assisti alguns shows de Geraldo Azevedo em Campina Grande – PB no formato Voz e Violão ou acompanhado por banda, um artista completo que sabe usar sua extensão vocal e seu violão com maestria. Ele passou da função de violonista acompanhante de intérprete e de banda para a função do artista singular ocupando seu lugar de autor que canta suas músicas que também já foram gravadas pelos melhores intérpretes do Brasil.

Em 1972 Alceu Valença & Geraldo Azevedo Quadrafônico o primeiro álbum de ambos que se tornou uma obra rara para os colecionadores de disco vinil que tem as músicas: Me dá um beijo, Virgem Virginia, Mister Mistério, Novena, Cordão do Rio Preto, Planetário, Seis Horas, Erosão, 78 Rotações, Talismã, Ciranda de Mãe Nina, Horrível.

As músicas de Geraldo Azevedo que são minhas preferidas: Dia Branco, Canção da Despedida, Dona da Minha Cabeça, Moça Bonita, Quando fevereiro chegar

Bicho de Sete Cabeças, Caravana, Canta Coração, Sétimo céu, Você se Lembra, Talismã, Táxi Lunar, Tanto Querer, Sabor colorido. Mas levei um tempo para me acostumar com seu timbre de voz cantando muitas vezes em falsete.

Links: Show Voz e Violão de Geraldo Azevedo: https://www.youtube.com/watch?v=KP6dLa55JL4

https://www.letras.mus.br/geraldo-azevedo/discografia

Geraldo Azevedo – Biografia | WEB TV FACHA: https://www.youtube.com/watch?v=r27lSjpe55c

Geraldo Azevedo participa do Sem Censura: https://www.youtube.com/watch?v=bp9TmU-cLic

GERALDO AZEVEDO NO PROGRAMA DO JÔ – falando sobre TORTURA na Ditadura Militar: https://www.youtube.com/watch?v=BjWm7h_pbTU


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Comments · 3

  1. Vemos o artista sorrindo e nem sabemos tudo que ele enfrentou. Esclarecedor, necessário e importante contar essa história. Obrigada.

  2. Antonio Carlos,

    Seu texto sobre Geraldo Azevedo é inspirador e revelador. A forma como você conecta a música de Geraldo com sua história de resistência durante a ditadura é tocante e necessária. Destacar canções como “Canção da Despedida” e “Dia Branco” mostra um olhar sensível e profundo sobre a obra desse grande artista. Parabéns por compartilhar essa visão tão rica e detalhada.

    Um abraço,
    Marco Antonio Bouquard

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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.