More Antonio Adolfo »"/>More Antonio Adolfo »" /> Antonio Adolfo - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Antonio Adolfo

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O pianista, compositor e arranjador Antonio Adolfo lançou em 2024 ‘Love Cole Porter’, álbum em homenagem ao autor norte-americano, e põe uma ‘bossa brasileira’ na obra do compositor, referência na música mundial.

Sucessos como ‘Love for sale’ e ‘Night and day’, aparecem em ‘jazz-brasileiro’. ‘Easy to love’ incorpora um pouco de samba-jazz, enquanto ‘Just one of those things’ mixa toques de quadrilha e frevo.

Finalmente a homenagem. Antonio Adolfo vem protelando esse acontecimento, mas ele meio que foi se formatando sozinho. As influências e sinais chegaram por si mesmas, sem cálculos ou fórmulas, pura satisfação pessoal.

Assim nasceu o CD Love Cole Porter (selo AAM Music/plataformas e formato físico), com 10 músicas do norte-americano Cole Porter (1891-1964), algumas ‘clássicos’ mundiais do jazz, aos quais Antonio dá um ‘molho’ tropical, fazendo seu jazz-brasileiro.

Adolfo explica o projeto: “A Bossa Nova surgiu de encontros, no Rio de Janeiro, onde sempre esteve presente o repertório de Cole Porter. E a música desse gênio, imortalizada através de melodias, letras, harmonias e fraseado único, influenciou aquela geração de músicos, inclusive a mim. Cresci e me tornei músico, e ‘bebi daquela fonte’. Sempre toquei seus standards no estilo original ou acrescentando bossa ou jazz-brasileiro, que se expandiu em estilos como samba, toada, ijexá, quadrilha e frevo, por exemplo, para citar apenas alguns.”

Entre as músicas, temos: So in love (1948), Easy to love (1936), Just one of those things (1935), You do something to me (1929), Love for sale (1930) e I concentrate on you (1940), o título, diz Adolfo, “além de fazer referência ao meu ‘amor’ pela obra de Porter, é também pelo número de vezes que ele usa a palavra ‘Love’ nas canções. Só aqui são quatro. Quero acrescentar que, coincidentemente, as músicas ficaram em ordem alfabética, a mesma ordem que usei para criar os arranjos e gravar”.

Os músicos pertencem a uma cena brasileira das mais ricas. São Jessé Sadoc (trompete/flugelhorn), Danilo Sinna (sax-alto), Marcelo Martins (sax-tenor/soprano/flauta), Rafael Rocha (trombone), Lula Galvão (guitarra), Jorge Helder (baixo), Rafael Barata (bateria/percussão) e Dadá Costa (percussão).

O compositor, pianista e letrista norte-americano Cole Porter (09/06/1891-15/10/1964), morreu há 60 anos e até hoje suas músicas são regravadas. Compôs clássicos como Night and Day e I’ve Got You Under My Skin, usando metáforas sobre sexo e drogas, numa época de muita repressão nos Estados Unidos. Morreu com a fama de ser o mais estiloso compositor da música norte-americana.

Historiadores dizem que só Night and Day já bastaria para consagrar qualquer compositor. Mas como ela, Porter tem dezenas de músicas, grande parte feita para filmes de Hollywood e musicais da Broadway, que se tornaram clássicos americanos e internacionais.

Segundo registros na imprensa, era rico e bissexual. Cole Porter amou homens e mulheres, e lhes dedicou as suas melhores canções, como Easy to Love, inspirada pelo arquiteto Ed Tauch, e outras por sua mulher Linda Thomas, com quem foi casado por 34 anos.

Antonio Adolfo Iniciou os estudos de música cedo, quando criança. Em 1963 montou o Trio 3D, que acompanhou diversos artistas, entre eles, Wilson Simonal, Carlos Lyra, Elis Regina e Claudette Soares. Atuou tanto em festivais de música como em trilhas de novelas, obtendo sucesso com Sá Marina e Teletema, entre outras, em parceria com Tibério Gaspar (11/09/1943 – 15/02/ 2017). Vive entre Brasil e Exterior desde os anos 1970.

Na década de 70 tem atitude pioneira que hoje é padrão: gravação e distribuição independente de discos. Seu LP Feito em Casa (1977) teve as etapas assumidas por ele, desde a gravação até a venda em lojas.

Além de trabalhar com alguns dos nomes mais icônicos da MPB, Adolfo também é educador, ensinando música em todo o mundo. Em 1985, criou no Rio de Janeiro, o Centro Musical Antonio Adolfo.

Tem gravado discos com trabalhos autorais e dedicados a compositores como os CDs Bossa 65 – Celebrating Carlos Lyra and Roberto Menescal (2023) e Jobim Forever (2021), este com a obra de Tom Jobim (1927 – 1994). Entre seus álbuns alguns foram indicados ao Grammy e Grammy Latino, como Rio Choro Jazz… (2014), Tema (2015) e Jobim Forever (2021). Este último, como Melhor Álbum de Latin Jazz. 

Filho de Yolanda Maurity uma violinista da Orquestra do Teatro Municipal do Rio, carioca de Santa Teresa, o pianista Adolfo aos 16 anos de idade já pertencia ao fechado clube da Bossa Nova acantonado no Beco das Garrafas, à frente de grupos como o Samba a Cinco e o Trio 3-D.

Antonio Adolfo se apresenta em shows, seja em formato piano solo ou em grupo. De uma de suas apresentações com a filha Carol Saboya, em uma Universidade dos Estados Unidos nasceu o álbum: Antonio Adolfo & Carol Saboya Ao vivo/Live.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Antonio Adolfo para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 08.07.2024: 

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Antonio Adolfo: Nasci em 10 de fevereiro de 1947, no Rio de Janeiro. Registrado como Antonio Adolfo Maurity Sabóia.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Antonio Adolfo: Meu primeiro contato com a música foi dentro de casa, pois minha mãe (Yolanda Maurity) era violinista, minha irmã (Maria Saboya), pianista e meu irmão (Ruy Maurity), o compositor. Havia sempre um ambiente musical. Eu comecei estudar violino aos sete anos de idade (em 1954).

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Antonio Adolfo: Fiz o curso primário, o curso clássico (ao invés do científico) e entrei na Faculdade para cursar Direito e cursei até o terceiro ano. Aos sete anos de idade Estudei violino, com a professora Paulina D’Ambrozzio e o Piano viria somente aos 15 anos de idade.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Antonio Adolfo: As minhas influências musicais vão desde a música clássica, a música do interior do Brasil, Escolas de Samba, Bossa Nova, Música Popular Brasileira em geral, música popular norte americana e europeia.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Antonio Adolfo: Comecei na música tocando com amigos do colégio. Em seguida tocamos em festinhas. Em 1963 fui convidado por Carlos Lyra e Vinícius de Moraes a participar do musical “Pobre menina rica“. Logo em seguida, comecei a frequentar o Beco das Garrafas no Rio de Janeiro e a tocar em vários shows com o meu trio 3D, com quem gravei dois discos na gravadora RCA Victor.

Mas a partir de 1967, em dupla com o letrista Tibério Gaspar, emplacamos os sucessos: Sá Marina e Juliana.

Ao mesmo tempo, pilotando o grupo Brazuca, instaurei um tônus de modernidade eletrônica no pop da época com as músicas Teletema, Ana Cristina até desaguar na BR-3, que causou polêmica e sacudiu as estruturas dos festivais de música.

Integrei a banda que acompanhou Elis Regina em duas excursões à Europa, um estágio com a erudita Nadia Boulanger, em Paris (além dos aperfeiçoamentos com os brasileiros Guerra Peixe e Esther Scliar), eu estava pronto para mais um grande salto.

Em 1977, num ato de coragem e pioneirismo, lancei o disco Feito em casa em meu próprio selo Artezanal. Era o pontapé inicial de uma tendência libertária, a do disco independente, que motivaria o aparecimento de artistas divergentes das leis do mercado tradicional.

Desde 1985, me dedico ao Centro Musical Antonio Adolfo, além de participar em eventos internacionais como músico e educador, sem deixar de lado minha carreira como intérprete. Recebi dois Prêmios Sharp por meus trabalhos Antonio Adolfo e Chiquinha com jazz, respectivamente.

Como autor de material didático, lancei no Brasil sete livros pela editora Lumiar, além de um vídeo aula e dois livros sobre música brasileira no exterior. Durante oito anos foi o representante do IAJE (International Association For jazz Education) para a América Latina.

O livro do músico – Antonio Adolfo (1989); Composição – Uma discussão sobre o processo criativo brasileiro – Antonio Adolfo (1997); Musica: Leitura, Conceitos, Exercícios – Antonio Adolfo (2002); Piano E Teclado – Antonio Adolfo (2009); Harmonia e estilos para Teclado – Antonio Adolfo (2009); Piano e Teclado fácil – Antonio Adolfo (2016).

06) RM: Quantos CDs lançados?

Antonio Adolfo: Tenho mais de 25 discos lançados até 2024, entre LPs e CDs.

Também participei em gravações, como músico, com os principais intérpretes brasileira. Trabalhei como pianista com Elis Regina durante dois anos. Gravei também com alguns artistas estrangeiros, como Sérgio Endrigo, Mick Jagger e outros.

Discografia: ANTONIO ADOLFO & A BRAZUCA – LP (1969) / CD (2003). ANTONIO ADOLFO & BRAZUCA – COMPACTO DUPLO – 1970. FEITO EM CASA – ANTONIO ADOLFO: LP (1977) / CD (2002). ENCONTRO MUSICAL – ANTONIO ADOLFO: LP (1978).

ANTONIO ADOLFO ABRAÇA CHIQUINHA GONZAGA: LP (1983).  JOÃO PERNAMBUCO: LP (1984) / CD (1997) – Antonio Adolfo e Grupo Nó Em Pingo D’Água. CRISTALINO – ANTONIO ADOLFO: LP (1989).

ANTONIO ADOLFO ABRAÇA ERNESTO NAZARETH E CHIQUINHA GONZAGA: CD (1991). ANTÔNIO ADOLFO: CD (1995). CHIQUINHA COM JAZZ: CD (1997) ANTONIO ADOLFO. PURO IMPROVISO – ANTONIO ADOLFO: CD (1998).

CARNAVAL PIANO BLUES: CD (2005) Antônio Adolfo. ANTONIO ADOLFO E CAROL SABOYA AO VIVO: CD (2006). CHORA BAIÃO: CD (2011) ANTONIO ADOLFO. FINAS MISTURAS – ANTONIO ADOLFO: CD (2013). RIO, CHORO, JAZZ… ANTONIO ADOLFO: CD (2014). TEMA – ANTONIO ADOLFO: CD (2015).

TROPICAL INFINITO – ANTONIO ADOLFO: CD (2016). HYBRIDO – FROM RIO TO WAYNE SHORTER – ANTONIO ADOLFO: CD (2017). ANTONIO ADOLFO – ENCONTROS – ORQUESTRA ATLÂNTICA: CD (2018). Samba Jazz Alley – ANTONIO ADOLFO (2019).

BruMA – ANTONIO ADOLFO: Celebrating Milton Nascimento (2020). Vamos Partir Pro Mundo – A Música De Antonio Adolfo E Tibério Gaspar por Antonio Adolfo e Leila Pinheiro (2020). Octet and Originals – ANTONIO ADOLFO (2022). BOSSA 65 – ANTONIO ADOLFO: Celebrating Carlos Lyra and Roberto Menescal (2023). “Love Cole Porter” – ANTONIO ADOLFO – disco em homenagem ao autor norte-americano (2024).

07) RM: Como é o seu processo de compor?

Antonio Adolfo: Geralmente componho ao Piano. Mas gosto também de compor ao Violão principalmente canções de caráter mais popular. Dentre as músicas que compus ao violão estão Sá Marina (com Tibério Gaspar) e Juliana (com Tibério Gaspar) que foi classificada em segundo lugar no Festival internacional da canção de 1969. Outros sucessos, com Teletema e BR3, ambas em parceria com Tibério Gaspar Rodrigues Pereira (nasceu no dia 11 de setembro de 1943 e faleceu no dia 15 de fevereiro de 2017) compus no piano. Outras canções com Tibério Gaspar: Dono do Mundo; Glória, Glorinha; Cláudia; Vamos Partir Pro Mundo; Domingo Azul; Alegria de Carnaval; Caminhada; Giro; A Cidade e Eu; Ao Redor; Pela Cidade; Tema Triste; Correnteza.

08) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Antonio Adolfo: Tenho tido vários parceiros. Dentre eles, como mencionei acima, Tiberio Gaspar, Paulinho Tapajós, Jorge Mautner e, recentemente, Renato Teixeira, com quem continuo compondo.

09) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Antonio Adolfo: Quando eu comecei a fazer o meu álbum “Feito em casa“, achei que seria impossível distribuir e divulgar. Naquele momento, só se lançava discos através de gravadoras. Com o tempo fui aprendendo. Quem me deu algumas dicas também foi o Tim Maia, que lançou o LP Racional pelo seu selo SEROMA.

Hoje em dia, em que 95 por cento dos lançamentos são através de produção independente, tudo ficou mais fácil e “democrático”. A distribuição, que era tão difícil, hoje em dia ficou bem mais fácil através das plataformas digitais. Por outro lado, para arrecadar direitos autorais, hoje em dia está dificílimo através dessas plataformas que estão aí. Além disso, o disco físico praticamente acabou.

Ainda dentre as vantagens de se fazer uma alta produção está ao fato de você ser dono do seu “produto”, e você poder escolher o que e quando vai gravar. Não precisa nem mencionar que dos problemas maiores é ter condições financeiras para se fazer uma produção, se bem que, hoje em dia, muita gente grava em seus próprios estúdios (e em casa). A tecnologia avançou muito nesse sentido, o que facilitou quanto à questão financeira e o modus operandi geral.

10) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Antonio Adolfo: Qualquer artista que queira se apresentar em público tem que ter uma estratégia de divulgação e produção. Isso pode variar de acordo com o estilo de música e o artista propriamente dito. Mas é importante é ressaltar que sem boa produção e divulgação nada vai acontecer.

11) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Antonio Adolfo: No meu caso, trata-se de um músico que atua em várias áreas, sou instrumentista, compositor, arranjador, educador, produtor… essa diversificação ajuda à sobrevivência. sabemos que não é muito fácil viver de música num país onde não há memória e se tem tanta concorrência.

12) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?

Antonio Adolfo: Sem dúvida que a internet ajuda a abrir possibilidades para todos. Um dos obstáculos que a gente pode enfrentar, principalmente sendo da minha geração, é o domínio dessa tecnologia. Nós temos que convir que, sem a internet nesse momento, nada acontece.

13) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Antonio Adolfo: Hoje em dia acho que pode ser muito vantajoso. nesse caso, você não precisa alugar um estúdio, e o Home estúdio propicia você fazer muita coisa. Basta ter bons microfones e bons equipamentos (incluindo softwares). A vantagem de um estúdio, no caso dele ter bastante espaço, é a possibilidade de se gravar até mesmo uma orquestra. Mas, como isso cada dia mais é coisa rara (risos).

14) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje, gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Antonio Adolfo: No meu caso, eu já tenho um reconhecimento que foi construído durante todos esses anos. Mas concordo que para um iniciante a concorrência é muito maior ainda. Como eu falei acima, um fator positivo é a “democracia”, o acesso às plataformas digitais.

Hoje, devido as plataformas de streaming, há concorrência aumenta mais. Mas podem resultar em surpresas, com, por exemplo, uma pessoa totalmente desconhecida vir a “viralizar” nas plataformas, ressalvando-se, sempre, no caso, a arrecadação e repasse dos direitos que é hoje muito mais restrito.

15) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Antonio Adolfo: Sem dúvida, que se se tratando de música brasileira, quem mais faz sucesso ainda é a geração que veio junto comigo, que veio “na minha época”, através dos festivais de Música, dos anos 1960, 1970.

Estilos como a Bossa nova, por exemplo, parecem ser imortais e vão se transformando, o que gera sua perpetuação. Das gerações mais recentes, é difícil enumerar os que vão ficar, até mesmo porque não se sabe ainda quem vai ficar. Quando eu digo ficar, estou me referindo a eternizar-se, assim como Tom Jobim, Roberto Carlos, Chico Buarque, etc.

16) RM: Como você analisa o cenário da música instrumental brasileira. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Antonio Adolfo: A música instrumental brasileira sempre vem correndo por fora. Sempre tivemos grandes nomes que eu me lembre, desde Pixinguinha, Valdir Azevedo é tantos outros. Teve a época dos trios, do Beco das Garrafas, dos festivais de Bossa Nova no Rio de Janeiro. Na época dos festivais de música brasileira, no entanto, ela (música instrumental) ficou um pouco em segundo plano.

A partir dos anos 1980, a nossa música instrumental começou a crescer novamente. Vieram os festivais de Jazz, os conjuntos de Choro, etc; como Léo Gandelman, por exemplo, A Cor do Som, etc. Passaram a vender muitos discos em comparação com o momento anterior e a lotar auditórios. No século XXI a música instrumental continua firme e forte. Só para você ter uma ideia, estou sendo convidado este ano para participar do Rock in Rio, tocando minha música instrumental. Eu e vários outros instrumentistas.

17) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?

Antonio Adolfo: Foram algumas situações citadas na pergunta, mas prefiro não as enumerar. Mas posso afirmar que já enfrentei momentos muito complicados, situações difíceis de resolver. Acredito que isso aconteça com muita gente, da música Instrumental inclusive. Não posso deixar de mencionar os problemas com equipamentos de som, problemas de divulgação e outros. Mas o saldo certamente ainda é bem positivo.

18) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Antonio Adolfo: O sucesso, o reconhecimento sempre nos trazem muita alegria. Por outro lado, a eventual falta de respeito com o músico nos entristece muito.

19) RM: Quais os estudos técnicos para independências das mãos?

Antonio Adolfo: Isso é um pouco difícil de responder, pois requer eu ter um instrumento, no caso o Piano, para mostrar os exercícios que a gente utiliza para que a técnica fique em dia. Mas uma coisa certa: a expressão gera sua própria técnica. Isso quer dizer que a necessidade que você tem de se expressar faz com que você vá criando uma técnica própria, que inclui inclusive a independência entre as mãos. Técnica é prática. Exercício diário.

20) RM: Quais os estudos técnicos para o desenvolvimento da técnica das “três mãos” mão esquerda fazendo a linha do Baixo, a mão direita fazendo acordes e melodia?

Antonio Adolfo: Esses estudos tem no meu livro de Harmonia e Estilos, e como falei acima fica difícil para explicar numa entrevista escrita. 

21) RM: Você acredita que sem o pagamento do Jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Antonio Adolfo: Não sei como está essa situação hoje. Mas lembro muito bem nos anos 1970, 1980 em que o jabá corria solto e quem (gravadora ou empresa) não pagasse o jabá, tinha uma execução musical bem pequena nas rádios, bem como ficava difícil ser escalado para um programa de TV…

22) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Antonio Adolfo: A palavra mais importante: PAIXÃO. Sem paixão nada acontece. Não só na música, mas em qualquer outra profissão.

23) RM: Quais os Pianistas e Tecladistas que você admira?

Antonio Adolfo: Sempre admirei muito Luiz Eça, Oscar Peterson, Bill Evans e outros da mesma geração. Hoje sou muito fã de André Mehmari, do Herbie Hancock, só para citar alguns.

24) RM: Quais os compositores eruditos que você admira?

Antonio Adolfo: Bach, Chopin, Beethoven, Debussy, são alguns nomes.

25) RM: Quais os compositores populares que você admira?

Antonio Adolfo: Tom Jobim, Chico Buarque, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Milton, Cole Porter, George Gershwin, são alguns nomes.

26) RM: Quais os compositores da Bossa Nova que você admira?

Antonio Adolfo: Tom Jobim, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Johnny Alf, João Donato.

27) RM: Quais os compositores do Jazz que você admira?

Antonio Adolfo: Wayne Shorter, Herbie Hancock, Horace Silver, Chick Corea, Benny Golson

28) RM: Quais as principais diferenças entre as técnicas de Piano e Teclado?

Antonio Adolfo: O Piano apresenta as frequências mais ricas, até mesmo pelo fato de ser um instrumento acústico. O Teclado apresenta muitas possibilidades de timbres; muita coisa nova foi inventada nesse quesito.

Eu, como sempre fui mais pianista do que tecladista, mesmo se estiver tocando um Teclado, prefiro um Teclado com teclas com o peso das do Piano. Para fazer o show prefiro sempre o piano acústico, principalmente se for um show de solo.

29) RM: Quais as principais técnicas que o aluno deve dominar para se tornar um bom Pianista/Tecladista?

Antonio Adolfo: Isso fica muito difícil de responder numa entrevista em que vários assuntos são abordados, pois é um assunto muito extenso.

30) RM: Quais os principais vícios e erros que devem ser evitados pelo aluno de Piano/Teclado?

Antonio Adolfo: O pior vício é o causado pela tensão do corpo, dos braços, etc… É muito importante uma orientação adequada para evitar postura incorreta o que prejudica muito o desenvolvimento do aluno de música.

31) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?

Antonio Adolfo: O ensino de música deve ser voltado para o estilo que o aluno prefere. São poucos os mestres que podem captar bem essa questão, e, por conseguinte, passar para os alunos uma experiência realmente consistente. O bom senso também é muito importante.

É importante que o mestre tenha vasta experiência não só ensinando um instrumento, mas também tocando o instrumento. É ainda importante que o aluno enriqueça sua cultura, conhecendo, sem preconceitos, diferentes estilos, músicas provenientes de diferentes territórios e épocas.

32) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Antonio Adolfo: Existe o dom musical. Sem um grande dom musical não se vai muito longe na música. Mas acredito também que a música, ou melhor, o ensino da música, pode ser muito bom para o crescimento de uma pessoa de um ser humano, ou mesmo de um músico que pode ou não se tornar profissional. Não necessariamente todos têm que se tornar os profissionais. E isso que estou dizendo é resultado da minha experiência como educador.

33) RM: Qual a definição de Improvisação para você?

Antonio Adolfo: Improvisação é criar. Criar na hora, no momento. Esse é o sentido maior da improvisação.

34) RM: Existe improvisação de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Antonio Adolfo: Improvisação é improvisação.

35) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Antonio Adolfo: Os métodos são sempre bons, pois mostram vários aspectos que devemos dominar para crescermos como improvisadores. O que não é legal é ficar somente seguindo a teoria. No meu específico entender, o improviso deve “ser melódico”, Deve ter um caminho, um sentido. Não ser simplesmente uso de escalas “corretas” e frases rápidas e “outside”.

36) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Antonio Adolfo: Também considero que o estudo da Harmonia é de suma importância não só para quem toca instrumentos momo violão, piano… Acredito que todos os instrumentistas, todos os músicos, inclusive os cantores, devam saber harmonia devam estudar com instrumento de harmonia.

37) RM: Quais as principais diferenças entre as técnicas para tocar o Piano em relação ao Teclado?

Antonio Adolfo: Não vejo muita diferença técnica entre o Piano e Teclado a não ser do que se refere ao peso das teclas. Devemos considerar que o teclado permite se tocar de formas diferentes em situações diferentes. Por exemplo: riffs, cortinas, etc.

38) RM: Quais os prós e contras de ser multi-instrumentistas?

Antonio Adolfo: Só vejo prós ser multi-instrumentista! Mas não deixe de tocar um instrumento principal: o “seu instrumento”.

39) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Antonio Adolfo: (21) 99902 – 6328 |[email protected] | www.antonioadolfomusic.com 

Antonio Adolfo – CD Love Cole Porter (Selo AAM Music) – Disponível: Spotify – Deezer – iTunes e outras 

Informações à imprensa  | Tambores Comunicações  | [email protected] | Moisés Santana (11) 99966 – 9320 | Beto Previero (11) 92000 – 7307

Canal: https://www.youtube.com/@antonioadolfo 

Antonio Adolfo – I’ve got you under my skin: https://www.youtube.com/watch?v=z9vef9JPGiE 

Antonio Adolfo – I concentrate on you: https://www.youtube.com/watch?v=nEO7JbYLpek 

Juliana – Antonio Adolfo & A Brazuca: https://www.youtube.com/watch?v=UrZZLWb87Ko 

Sá Marina – Ao Vivo – Wilson Simonal: https://www.youtube.com/watch?v=T1dceYgCqXQ 

BR – 3 – Toni Tornado Trio Ternura – V Festival Internacional da Canção 1: https://www.youtube.com/watch?v=6-K2Xq1_v-g 

Antonio Adolfo e Leila Pinheiro – Teletema (Videoclipe): https://www.youtube.com/watch?v=-q0-I53YDig 

Antonio Adolfo – Just one of those things: https://www.youtube.com/watch?v=PmVKezRPSEE 

Antonio Adolfo – “Bye Bye Brasil”: https://www.youtube.com/watch?v=tlcsAh8NeF0 

Playlist do álbum: Antonio Adolfo & Carol Saboya Ao vivo/Live: https://www.youtube.com/watch?v=oleCH0EeB1Y&list=OLAK5uy_kDXmxMIuawbnuYQWI9Y6DwBEmEf_MCt_U 

Playlist do álbum Vamos Partir Pro Mundo – A Música De Antonio Adolfo E Tibério Gaspar por Antonio Adolfo e Leila Pinheiro: https://www.youtube.com/watch?v=-q0-I53YDig&list=PLTaRWr5sdDvlv3WA3mhFwaRVgcj8zHDOi 

Playlist BOSSA 65: Celebrating Carlos Lyra and Roberto Menescal: https://www.youtube.com/watch?v=iaE-7PhQe1o&list=PLndcbO5Tqd5c0Czqk81Yi0Vsj97xjJekc 

Playlist Octet and Original: https://www.youtube.com/watch?v=QZTuAU4g6G0&list=PLndcbO5Tqd5fN0qLqn1par7NOWkqTlyQ_ 

Playlist Bossa Nova: https://www.youtube.com/watch?v=iaE-7PhQe1o&list=PLndcbO5Tqd5c0Czqk81Yi0Vsj97xjJekc 

Playlist Jobim Forever: https://www.youtube.com/watch?v=H1VBAiQNsy0&list=PLndcbO5Tqd5cnrFg1pheSlSoQUD_GAfCe 

Playlist CD BruMA – Celebrating Milton Nascimento: https://www.youtube.com/watch?v=ah4yzdCSnG4&list=PLndcbO5Tqd5enARBYYwGbyWl43sBmbWFi 

Playlist CD Samba Jazz: https://www.youtube.com/watch?v=PZo4mJQHa6c&list=PLndcbO5Tqd5ehPyvT_g2dT7e-384N41I0 

Antonio Adolfo | Programa Instrumental Sesc Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=7YXyYeSk-Gc 

Um Café Lá em Casa com Antonio Adolfo e Nelson Faria: https://www.youtube.com/watch?v=RN2OJNCfQQA 

Entrevista com Antonio Adolfo | Disco Voador | Temporada 2 | EP12 – 2021: https://www.youtube.com/watch?v=3S3MRWPpomU 

Entrevista – Antonio Adolfo – 23.05.2014: https://www.youtube.com/watch?v=7uWsq3eX0VE 

https://discografia.discosdobrasil.com.br/interprete/antonio-adolfo


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.