More Zé Rodovalho »"/>More Zé Rodovalho »" /> Zé Rodovalho - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Zé Rodovalho

Compartilhe conhecimento

O compositor e músico Zé Rodovalho nasceu na capital paulista em 1980. De uma família bastante musical, tomou gosto pela arte logo cedo, e começou a enveredar pelos caminhos da Música.

Aos 11 anos fez algumas poucas aulas de violão, e daí em diante, foi se desenvolvendo de maneira autodidata. Aos 14 anos começou a escrever os primeiros poemas e letras, e pouco depois, passou a arriscar as primeiras melodias. Formou-se na faculdade de Letras, com licenciatura em Língua Inglesa, Língua Portuguesa e Literatura. Já adulto, começou a tocar na noite e nos bares.

Em 2011, lançou o álbum Vou te Levar Para Pasárgada, em Campinas – SP, cidade onde residia na ocasião. O álbum mostra uma fase lírica, com fortes influências das músicas que circundavam a juventude do músico, porém de uma forma rica, valorizando a vastidão da Música Popular Brasileira. Sambas, bossa-nova, xote e baião são alguns estilos presentes nesse álbum, que se encontra disponível nas plataformas digitais.

Zé Rodovalho vem se apresentando em teatros, casas de cultura e conservatórios por muitos cantos do Brasil, além de, frequentemente, participar de Festivais da Canção, dos quais saiu com alguns prêmios. Rodovalho também compõe trilhas para Teatro, jingles e propagandas.

Em 2024, Zé Rodovalho lança o álbum Um Pouco do Que Restou, no qual traz uma pequena amostra do muito que produziu desde o último disco. Com parcerias com nomes importantes como Dani Lasalvia, Paulo Padilha, Zé Alexandre, Felipe Bedetti, Rodovalho praticamente monta um quebra-cabeça, fazendo um álbum multiforme, como é de fato sua obra.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Zé Rodovalho para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 06.07.2024:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Zé Rodovalho: Nasci no dia 06/07/1980 em São Paulo. Filho de José Edmur Bertacchini e de Rita de Cassia Rodovalho Bertacchini e registrado como José Luiz Rodovalho Bertacchini.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Zé Rodovalho: Se música é o conjunto de som e espaço, creio que nosso primeiro contato com a música é no útero materno. Os sons dos órgãos do corpo humano, depois os sons exteriores. Mas, de maneira mais racional, desde muito criança tive contato com música. Minha família sempre ouviu muito rádio, discos, etc.

Eu comecei a me interessar, conscientemente, com uns 5 ou 6 anos de idade (1985). Na época aprendi a cantar um tango chamado Uno. E dali em diante, fui aprendendo novas canções. Com uns 11 anos (1991) comecei a fazer umas aulas de violão com um amigo da família. Porém, logo ele se mudou de cidade, e então eu segui por conta.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Zé Rodovalho: Sou formado em Letras. Licenciado em Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Literatura. Também dou aulas de espanhol, mas não tenho Licenciatura.

Com relação à música, sou autodidata. Músico intuitivo. Não tenho conhecimento teórico formal, não leio partitura. A música se apresenta em suas mais diversas formas. Eu aprendi, sensitivamente, a observar e absorver, e, por fim, transformar em canção. Como uma fotossíntese.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Zé Rodovalho: São muitas. Quando criança eu ouvia muitos boleros, tangos e serestas. Meu pai e meus tios tinham esse hábito. Com o passar do tempo, fui tendo contato com outros estilos.

Aí, já na adolescência, veio o Samba, um pouco depois, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Jobim e toda essa turma dessa geração. Mais adiante, tive uma fase muito agreste: Elomar, Xangai, Vital Farias. Juntamente com forró de Luiz Gonzaga. Ouço muito Piazzolla e Mercedes Sosa. Na verdade, ouço de tudo um pouco. Inclusive o que não me agrada muito. A gente aprende de todas as fontes. Nenhuma dessas influências deixou de ter importância. Algumas eu ouço com menos frequência, mas certamente elas fazem parte do que eu crio.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Zé Rodovalho: Quando eu tinha uns 14 anos de idade (em 1994), tive um grupo de Choro e Samba tradicional. Acredite se quiser, eu era o mais velho do grupo. Fizemos umas 4 apresentações, apenas. Éramos muito novos. São Paulo é uma cidade muito grande e um pouco assustadora. Tudo é longe. Então acabamos desfazendo o grupo. Mas isso foi muito importante para me trazer alguma experiência e algumas certezas.

Depois, já com uns 18 anos (1998), toquei em alguns bares de São Paulo, fiz alguns eventos menores. Fiquei um tempo parado, dedicado às aulas de inglês, e voltei em definitivo já em 2010, com 30 anos de idade. Morava em Campinas – SP, tocava em muitos bares e casas de show, e foi nessa época que lancei meu primeiro álbum, Vou te Levar Para Pasárgada: https://open.spotify.com/intl-pt/album/04qvE860EV2Xiybna9sU71?si=43fJDOJ3RH-rQMgsAZY3kg&nd=1&dlsi=0de39b03948c4273 Daí em diante, não parei mais.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Zé Rodovalho: Em 19/04/2024 lancei meu segundo álbum “Um Pouco do Que Restou abaixo” – https://open.spotify.com/intl-pt/album/2D8KrfCm82DZVeBwSR5ars?si=qq01q5I6QeCOSt8EeR-41w&nd=1&dlsi=38b22c7c89ec4dee

Em 2010 lancei meu primeiro álbum “Vou Te Levar Para Pasárgada”. Lancei alguns singles nesse interim, fiz muitas parcerias que foram gravadas em outros álbuns de outros artistas. Fiz trilhas sonoras para teatro. Agora chegou a hora de lançar o meu.

Infelizmente, lançar disco independente é bastante difícil. Eu tenho muitos trabalhos engavetados. Gostaria de dar vida a todos. Mas nem sempre é possível.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Zé Rodovalho: Não tenho um estilo definido. O novo álbum “Um Pouco do Que Restou abaixo” é a prova disso. Tem xote, samba, bossa-jazz, valsa, reggae, hardcore, milonga… Acho a música brasileira muito rica e gosto de passear por tudo o que ela proporciona. Gosto de experimentar, de variar, tanto temática quanto musicalmente. Existe uma identidade no meu trabalho, uma brasilidade. Mas é algo bastante diverso.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Zé Rodovalho: Não estudei técnica vocal, mas preciso estudar. Sempre digo que não sou cantor nem violonista. Sou compositor. E por isso passo muito tempo me dedicando a compor, e acabo deixando o canto de lado. Mas tenho feito cada vez mais trabalhos como intérprete. Então está na hora de aprimorar. Toco violão bem, não canto mal, mas, repito, não posso dizer que sou violonista e cantor. O que sei fazer, mesmo, é compor.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Zé Rodovalho: Para quem é intérprete, é fundamental o conhecimento de técnica vocal. É o meio de vida desse profissional. A Voz é o instrumento de trabalho. Para mim é importante, claro. Mas não é a prioridade. Eu gosto de compor, e passar minhas criações para outros intérpretes darem vida a elas. Nesse álbum novo tem participações de Grupo Tarumã, Dani Lasalvia, Felipe Bedetti, Mônica Albuquerque, Paulo Padilha, Zé Alexanddre, Vitor Gama. Todos excelentes cantores. Isso enriquece minhas composições.

10) RM: Quais as cantoras(es) que você admira?

Zé Rodovalho: Muitas e muitos. Milton, Ney Matogrosso, Luiz Melodia, Renato Braz (talvez meu favorito), Marisa Monte, Mônica Salmaso, Ceumar, Nana Caymmi… É muita gente boa.

E estou citando artistas só do Brasil. Se falarmos mundo afora, tem a voz que mais me emociona na vida, que é Mercedes Sosa, e uma das maiores cantoras que já vi nesse planeta, que é Amy Whinehouse. Fora da grande mídia também tem muita gente muito boa. Amo Mila Bonim e Leila Fantini (ambas gravaram no meu primeiro disco). Iaponira Bezerra é uma fora de série. Tem muito talento escondido por aí.

11) RM: Como é seu processo de compor?

Zé Rodovalho: Depende muito. Não tenho um processo único ou exclusivo, nem receita de bolo. Gosto muito de compor por encomenda. Amo fazer trilhas sonoras para longas e teatro. Faço jingles. Gosto muito de fazer parcerias, e cada parceria funciona de uma maneira. Recebo letras para musicar. Recebo temas musicais para letrar. Faço letras para serem musicadas. Cada caso me exige um processo diferente.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Zé Rodovalho: Tenho muitas parcerias. Todas muito felizes e importantes. Felipe Bedetti é o parceiro com quem mais componho. Leila Fantini foi minha primeira parceira musical, com Mosaico. Thales Martinez, poeta de Belo Horizonte, foi um parceiro que me abriu muitas portas. Tem muita gente. Dani Lasalvia, Lula Barbosa, Zé Alexanddre, Marilia Abduani… Certamente faltam muitos nomes nessa lista. Todos muito importantes.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Zé Rodovalho: A vantagem é a independência. Não estar atrelado à uma gravadora, não precisar seguir regras ou formatos. A grande desvantagem é a dificuldade de produzir. Principalmente financeira. Eu tenho muito trabalho engavetado, mas não consigo gravar nem 10%. É uma grande batalha. O que ajuda muito são as parcerias, não só musicais, mas de backstage. Produção, mixagem, marketing, etc. Mas é um caminho espinhoso.

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Zé Rodovalho: Confesso que não tenho uma estratégia bem definida. Essa coisa de streaming ainda é muito nova, e ainda vai ter muitos desmembramentos. Cada hora surge uma plataforma digital nova, e uma se torna obsoleta. As estratégias de divulgação têm que acompanhar essa evolução. Eu procuro conversar com especialistas nessa área, passar a bola para eles, e tentar seguir o que eles sugerem.

Nos palcos, a gente sempre busca editais de fomento à cultura. É o que nos salva, o que nos dá oportunidade de circular com nosso trabalho. Mas também não é fácil. Escrevemos muitos projetos, e acontece de não sermos contemplados com nenhum, algumas vezes. É um trabalho sem fim. Há que produzir sempre, arriscar, inscrever e torcer. Não pode desanimar.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Zé Rodovalho: Como disse, normalmente terceirizo essa parte para especialistas. Tenho usado as redes sociais e mídias digitais. Tenho meu Instagram @ze.rodovalho. É o que mais tenho usado, recentemente. O trabalho orgânico também ajuda muito. Redes de artistas que se auxiliam e se divulgam. Além disso, como disse anteriormente, têm os editais de fomento à cultura. Por intermédio deles, podemos circular um pouco e mostrar um pouco do nosso trabalho ao vivo.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Zé Rodovalho: A internet ajuda muito. É uma ferramenta incrível. Creio que ainda precisamos aprender a usa-la de maneira mais benéfica e eficiente. E não me refiro só em relação à música. Na minha carreira, é o espaço que tenho para divulgar minhas novidades, meus singles, meus trabalhos. Fazer novos contatos, conhecer novos artistas. Compor com artistas que moram longe…

Não é muito fácil, principalmente para a minha geração, e para mim, que tenho uma mentalidade de artista pura e simples. Tento aprender a cada dia como utilizar melhor essas ferramentas mais modernas. É um desafio.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Zé Rodovalho: Não vejo desvantagens para mim. Talvez para as gravadoras. Mas para artistas independentes, isso é uma grande vantagem. Facilita demais o processo, e mais do que isso, viabiliza coisas que talvez não fossem acontecer, se dependesse de Estúdio. Claro que é preciso saber fazer. Hoje praticamente qualquer pessoa pode montar um home estúdio. O resultado, no entanto, é discutível.

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Zé Rodovalho: Não acho que gravar um disco não seja um grande obstáculo. Claro que é mais simples e viável do que a época pré-internet. Mas ainda é um grande desafio, a depender do que você quer produzir e da qualidade que você busca. Segue sendo um processo caro e trabalhoso. De qualquer maneira, é mais viável, repito, do que anos atrás.

Com relação a diferencial, não sei se existe muito isso. Tudo o que se produz, vem de algo que já foi produzido. A tão falada Antropofagia Artística. O que é o novo? Existe o original? E eu acho isso muito lindo. São construções e tradições que se perpetuam e são levadas adiante, de maneiras novas.

Na realidade, eu não busco me diferenciar dentro do meu nicho musical. Eu busco somar. Eu procuro parcerias. Eu tento estar sempre inserido nele. Acho que precisamos pensar num mundo mais coletivo e menos individual. Mais cooperativo e menos competitivo.

19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Zé Rodovalho: Vejo o cenário da nossa música popular brasileira com muitos bons olhos. Claro que existe o que está na mídia, e o que sobrevive nos becos, cantos e guetos. Nos dois cenários, há coisas boas e coisas ruins. Eu tenho a sorte de conhecer muitos trabalhos ótimos, de muita qualidade. E vejo gente produzindo o tempo todo. Às vezes é necessário pesquisar, cavar um pouco, fuçar…

Difícil falar em grandes revelações. Posso falar do que eu gosto e consumo, e do que conheço. Cito alguns nomes: Luisa Lacerda, Felipe Bedetti, Francisco el Hombre, Paulo Padilha, dentre tantos.

Acho que os monstros sagrados permanecem fortes e consistentes: Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia. O pessoal que veio depois, também segue firme: Lenine, Chico Cesar, Baleiro

Não sei quem regrediu. Acho que alguns acabaram seguindo outros caminhos, buscando outras estéticas, experimentando outros estilos. Mudaram, mas não necessariamente regrediram. Acho que faz parte da carreira, da caminhada, da vida.

20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?

Zé Rodovalho: Já aconteceu quase tudo que foi descrito na pergunta. Brigas, não. Tive essa sorte. Mas já apresentamos em locais sem a mínima condição técnica, sem espaço, sem ponto de luz. Já dei gafes em vários momentos. Errei letra, engoli abelha, troquei nome de patrocinador. Já demorei para receber cachê, mas nunca deixei de receber.

Porém, também já tomei golpe de “empresa” que escreve projetos para editais. E teve uma vez em que fui tocar num bar em Campinas – SP. Estava com minha então companheira, e de repente chegou uma ex namorada. Ela começou a pedir músicas e o clima foi ficando tenso. Mas sobrevivi. Enfim. Boas histórias e memórias.

21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Zé Rodovalho: A Arte me deixa feliz. A produção. Ver tanta gente fazendo tanta coisa. Acreditando, insistindo. É quase que uma missão. Paixão acima de tudo. Novas parcerias me deixam feliz. Novos projetos…

O que me entristece é ver tanta gente tão talentosa com tão pouco (ou quase nenhum) espaço para divulgar e apresentar seus trabalhos. Sem condições de produzir ou gravar algo autoral. Sem auxílio e apoio.

22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Zé Rodovalho: Eu não acredito em dom. Nem musical nem qualquer outro. Acredito em talento, em facilidade. Há pessoas que têm talento para matemática, outros para construir casas, outros para fazer música. E que ótimo. Assim é a vida. Somos humanos, somos diferentes, somos únicos.

É uma das minhas muitas críticas à Escola. O sistema educacional tem que evoluir. Não se pode exigir que uma criança seja boa em todas as matérias. E em vez de focar no que a criança tem dificuldade, porque não potencializar aquilo em que ela demonstra talento? Acho que existem esses talentos e essas facilidades. E isso não basta.

Além do talento, é necessário muito trabalho, estudo e dedicação. Eu sou autodidata, e isso não quer dizer que não estudei ou não estudo. Simplesmente quer dizer que não estudo da maneira formal, mas descobri outras maneiras de estudar, que fazem sentido para mim. E isso exige muita dedicação. Eu estudo o tempo todo.

23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Zé Rodovalho: Acho isso muito abrangente, e muito restrito, paradoxalmente. É possível improvisar de várias maneiras. O jazz, por exemplo, tem muito improviso. Assim como o repente, o partido-alto e o slam também têm. São improvisos diferentes. Improvisos de letras, de acordes, de harmonia… Acho que tudo é válido, tudo é experimentação. Gosto de pensar na criação artística como algo livre. E ser livre é improvisar.

24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Zé Rodovalho: Não tenho conhecimento teórico suficiente para essa pergunta. O que posso dizer é que o estudo é indispensável para qualquer coisa. Não necessariamente o estudo formal, mas o estudo. O aprendizado. A evolução. Creio que instrumentistas como Yamandu Costa ou Hermeto Pascoal, por exemplo, improvisem muito. Mas para chegarem a esse ponto, eles estudaram muito.

25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Zé Rodovalho: Não sei se existem contras. Acho que todo método é válido, desde que faça sentido para quem estuda. E tem que haver verdade. Não gosto de músicos que ficam fritando desnecessariamente, mas isso sou eu. Creio que muita gente goste. Cada um tem seu estilo, e isso deve ser respeitado. Assim como o gostar ou não gostar, também deve ser respeitado.

26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Zé Rodovalho: Harmonia é o que veste a música, né. Grandes arranjadores, como Dori Caymmi e Guinga, por exemplo, conhecem muito de harmonia. Como diziam, conhecimento não ocupa espaço. Quanto mais conhecimento, melhor. Se não usar, mal não vai fazer. Estudo de harmonia é muito importante para que os arranjos fiquem da maneira desejada.

27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Zé Rodovalho: Tenho algumas músicas em algumas rádios. Educativa de Campinas, Cultura FM de Amparo, Rádio Valinhos, dentre outras. São rádios públicas, então não existe jabá. Para ter suas músicas em rádios maiores e privadas, pelo que eu saiba, é necessário o pagamento de jabá.

28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Zé Rodovalho: Digo que é um dos caminhos mais lindos que eu conheço. Um aprendizado constante. Uma batalha permanente. Digo que, parafraseando Caetano Veloso, há dores e delícias, como tudo na vida. Digo que é fundamental ter muita consciência do que é a realidade de um artista. Digo que sucesso é uma coisa relativa, e também perigosa. Digo que nessa caminhada, muitas amizades nascerão. Por fim, digo: vá em frente.

29) RM: Festival de Música revela novos talentos?

Zé Rodovalho: Midiaticamente, não mais. Mas para quem segue os festivais de música, sempre há ótimos nomes participando. Embora, ainda seja um espaço de muitos artistas que fazem isso há mais de 20 anos. Sinto falta de uma rotatividade maior. Talvez seja hora de mudar o formato dos festivais.

30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Zé Rodovalho: Totalmente parcial e capitalista. O único objetivo é o lucro. A Arte não está nem em segundo plano. Tem que ser vendável. Tem que ser lucrativa.

31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Zé Rodovalho: Esses espaços são fundamentais para os artistas. Ainda são espaços de resistência, de encontros culturais, de revelação de novos artistas. Acho que perderam um pouco a força e o impacto nos últimos anos. Acho que precisam de mais apoio. Mas são espaços que permitem que a cultura, principalmente marginal, siga viva.

32) RM: Quais os seus projetos futuros?

Zé Rodovalho: Hoje, exatamente, meu projeto é descansar, ouvir meu disco novo, que ainda não tive tempo, e curtir um pouco com minha família e com uma gelada. A partir da semana que vem começo a correria para potencializar divulgação do álbum, para agendar shows, para inscrever em novos editais. E tenho pensado em um álbum infantil. Mas antes, quero descansar um pouco desse processo de produção.

33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Zé Rodovalho: (19) 98282 – 4433 | [email protected]

| https://www.instagram.com/ze.rodovalho

Canal: https://www.youtube.com/@ZeLuizRodovalho

Zé Luiz Rodovalho – FOI ASSIM: https://www.youtube.com/watch?v=qlLjie69oQw

Zé Luiz Rodovalho – Vou Te Levar Para Pasárgada (Álbum Completo): https://www.youtube.com/watch?v=Vb4dLNrECUg

Playlist de clipes: https://www.youtube.com/watch?v=fJX4H4Lfhmc&list=PLMUHZJW4e4HQDQS2pyrrYETr0u1KoJ09q

Spotify: https://open.spotify.com/intl-pt/artist/5O5idFQPSX3zmFURFD8BGv?si=zZeTqEBYS5edZEyVWQYUTQ&nd=1&dlsi=1a14874dbf394e39

Spotify: https://open.spotify.com/intl-pt/artist/2c2mOoidq9oriIBH2EMp3v?si=gm5dIzFFRxCXdy7TQVqrcA&nd=1&dlsi=c52d6d81141f49e0

Spotify: Vou te Levar Para Pasárgada: https://open.spotify.com/intl-pt/album/04qvE860EV2Xiybna9sU71?si=43fJDOJ3RH-rQMgsAZY3kg&nd=1&dlsi=0de39b03948c4273


Compartilhe conhecimento

Deixe um comentário

*

Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.