A cantora e compositora piauiense Juliana Veras, desde criança, a música é sua maior paixão.
Começou a cantar com quase 8 anos de idade, participou de duas edições de um concurso musical de uma escola em que estudava, cantava em congressos de autismo (ela é autista nível 1), e em festas escolares.
Depois começou a gravar vídeos musicais caseiros para suas redes sociais, e permaneceu assim até que conheceu o produtor e violonista Tavynho Bonfá, através de uma amiga.
Passaram a se seguir nas redes sociais, e ele a convidou para gravar duas canções: “Dúvida” (dele em parceria com Deline) e “Som da Chuva” (de autoria dele). Em seguida, Juliana e o compositor Naire Siqueira inauguraram a parceria musical com “Estrela Andante” e “Toada do Guará”, ambas interpretadas por ela.
Também gravou “Azul de Navegar” (Naire e Carlos Vogt), que ganhou um videoclipe na Praia do Coqueiro, em Luís Correia – PI. É contratada da gravadora BFS Digital Records, onde Tavynho é CEO (diretor executivo).
Segue abaixo entrevista exclusiva com Juliana Veras para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 04.11.2023:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Juliana Veras: Nasci no dia 24 de abril de 2004, em Teresina – PI. Registrada como Juliana Veras de Sousa. Filha única de Maria do Socorro Machado Veras e Julimar de Sousa Osório.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Juliana Veras: Eu sempre gostei muito de música, mas o primeiro contato com o microfone ocorreu quando eu tinha quase 8 anos de idade. Meu pai tocava pandeiro em um grupo de pagode, que se apresentava em bares, clubes e restaurantes, e eu e minha mãe o acompanhávamos.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Juliana Veras: Atualmente, estou fazendo o curso de Psicologia.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Juliana Veras: No passado, além das músicas infantis, o gênero musical que eu mais ouvia era o forró moderno, que estava no auge nos anos 2000. As bandas forrozeiras que mais gostava: Calcinha Preta e Limão com Mel.
Depois, me tornei fã da Carmen Miranda, conheci outros cantores da época dela (Mário Reis, Dircinha e Linda Batista, Dalva de Oliveira), e em seguida me apaixonei por Maysa, Nara Leão, Clara Nunes, Elis Regina.
Recentemente voltei a me apaixonar pelo canto erudito, que gostava quando pequena, mas esse gosto tinha ficado adormecido. Sou eclética, mas minhas maiores paixões são o forró, a ópera e a MPB.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Juliana Veras: Em 2012, com quase 8 anos de idade, em um clube na cidade de Timon (cidade vizinha de Teresina), durante uma apresentação do grupo de pagode em que meu pai participava.
Nesse dia, falei para o meu pai que eu queria cantar. Ele ficou surpreso e até respondeu: “mas você nem sabe cantar”, e eu disse que queria mesmo assim. Depois de insistir, ele aceitou que eu cantasse, então peguei o microfone e cantei “Mar de Rosas”, sucesso da banda The Fevers. Aí muitas pessoas se juntaram para me ver, meus pais choraram de emoção… Ainda cantei mais duas músicas. Foi um dia inesquecível.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Juliana Veras: Ainda não tenho CDs lançados, mas até agora tenho cinco canções gravadas, lançadas como singles.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Juliana Veras: MPB, mas se me chamarem para cantar uma ária de ópera, eu topo (risos).
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Juliana Veras: Sim, estou há um ano de técnica vocal com meu professor Celso Prado. Ele me ajuda bastante, minha voz ficou bem melhor depois dele. Além disso, faço parte das apresentações do Celso, tanto fazendo solos e duetos, quanto como parte do coral dele (Pérolas da Música), sendo soprano. Antes do Celso, cheguei a fazer aulas de canto duas vezes em momentos diferentes da vida (2012 e 2017). Tive aulas de canto no Centro de Artesanato Mestre Dezinho, em 2012 e 2017.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Juliana Veras: Fazer técnica vocal é muito importante para projetar bem a voz, e também para cantar de uma forma confortável e correta, que não machuque a garganta a ponto de causar danos futuros.
10) RM: Quais as cantoras(es) que você admira?
Juliana Veras: Carmen Miranda, Clara Nunes, Maysa, Elis Regina, Roberto Carlos, Reginaldo Rossi, Edu Lobo, Caetano Veloso, Adriana Calcanhotto, Luiz Gonzaga, Edson Cordeiro, Ney Matogrosso, Amália Rodrigues, Dalida, Michael Jackson.
11) RM: Como é seu processo de compor?
Juliana Veras: Quando vou musicar um poema ou uma letra que está pronta, geralmente procuro ver o que a escrita pede, musicalmente falando: melancolia, romantismo, calmaria, ou drama…
Já na construção da letra, eu faço isso de forma livre, vou rascunhando o que vem na cabeça. Depois vou ajustando, e mando para um parceiro. Estou aberta a sugestões, opiniões, mudanças… Tudo para que a música saia agradável para os dois lados (letrista e melodista).
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Juliana Veras: O meu parceiro mais constante é o Naire Siqueira, com quem fiz três canções até agora.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Juliana Veras: A vantagem é que há mais liberdade criativa, não há pressões para seguir modas passageiras, gêneros musicais que estão na crista da onda. Posso escrever músicas da forma que eu quiser. A desvantagem é que ainda não ganho uma renda, né?
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Juliana Veras: Gostaria de expandir as apresentações para o Piauí todo, e quem sabe para o Nordeste, para o Brasil inteiro. Não tenho pressa. Mas o que falta mesmo é ter alguém que cuide do empresariamento, da agenda de apresentações…
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Juliana Veras: Antes, o meu produtor Tavynho Bonfá (da gravadora BFS Digital Records) fazia arranjos para as canções, inclusive me presenteou com duas músicas lindas para gravar: “Dúvida” (dele com a compositora Deline) e “Som da Chuva” (da autoria dele).
Depois, tanto eu quanto meus colegas de gravadora passamos a custear com o arranjo. No meu caso, escolho um estúdio, pago a sessão de gravação e canto com o instrumentista. Isso é bom, porque quando estou perto de alguém que toca comigo, posso colaborar pessoalmente para que a canção fique do meu gosto.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Juliana Veras: A vantagem da Internet nesta questão é a forma de divulgação, que é mais rápida e pode ser compartilhada para várias pessoas do mundo. Além disso, conheço pessoas do meio artístico através das redes, isto é muito bom. A desvantagem é o algoritmo que gosta de sacanear (para divulgar pra todo mundo, de forma patrocinada, tem que pagar) e isso prejudica.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Juliana Veras: O pró é gravar no conforto de casa, de forma gratuita. Já o contra é que a qualidade da gravação caseira, comparada com a da gravação de um estúdio, acaba perdendo. Mas nada que não se resolva com uns ajustes, como dar mais brilho para a voz, que o Tavynho e sua equipe fazem muito bem.
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Juliana Veras: Melhorar cada vez mais a minha voz com a prática, e ter a instrumentação bem tocada, que seja condizente com a música.
19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Juliana Veras: A música brasileira tem muitos tesouros, muitos artistas talentosos, que infelizmente são engolidos pela massa que os ignora, e seus trabalhos não recebem a atenção que merecem. Uma das artistas da nova geração que me encantou foi a Luísa Lacerda. Que voz é essa! Tão meiga, afinada, como a de um pássaro!
E o Ayrton Montarroyos, com um gosto musical incrível, e um timbre suave! Uma das cantoras que permanece com a obra consistente é a Sandy, com um repertório de bom gosto, para todas as pessoas. Já quem regrediu musicalmente… Não me vem um nome na cabeça agora.
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?
Juliana Veras: Já esqueci partes de letras, e para disfarçar joguei o microfone para o público cantar. Falhas técnicas também ocorreram comigo, mas é normal. Show ao vivo às vezes prega peças.
21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Juliana Veras: O que me deixa feliz é o aplauso, o reconhecimento. Não existe alimento melhor para a alma de um artista como as palmas do público. O que me deixa triste é plateia vazia, só com presença de gatos pingados (poucas pessoas). Isso é desanimador.
22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Juliana Veras: Dom musical é algo meio difícil de explicar. Todo mundo pode aprender a cantar e melhorar sua voz, geralmente depende da força de vontade, da paixão pela música. Mas quando uma pessoa já tem uma tendência, uma predisposição musical. Já fica mais fácil aprender, acredito eu.
23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Juliana Veras: Pra mim, improvisação musical é se sentir livre dentro da música. Dar vazão à criatividade. Incrementar a melodia, adicionar um solfejo…
24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Juliana Veras: Depende. A música pode estar gravada e lançada, mas ao vivo posso incluir um solfejo, por exemplo. Mas em outros casos, quanto mais gravo e regravo uma canção, mais me sinto à vontade para incrementar a melodia.
25) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Juliana Veras: Tenho minhas dúvidas.
26) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Juliana Veras: Não desista, siga seu sonho. Não deixe ninguém te desestimular.
27) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Juliana Veras: Sim, com certeza.
28) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Juliana Veras: O mercado musical prioriza demais as canções que possuem letras repetitivas, sem tanta criatividade. O que dizer da fórmula musical do momento (bem questionável) que conta com “senta senta, toma toma”? Com isso, negligencia quem tem coisas boas para oferecer, musicalmente.
29) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Juliana Veras: Acho ótimo! Os projetos culturais são bem vindos.
30) RM: Quais os seus projetos futuros?
Juliana Veras: Em breve, gostaria de gravar um EP. Tenho composições prontas, só falta gravar.
31) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Juliana Veras: [email protected] | https://www.instagram.com/jusousa4
As canções que gravei também estão no canal da BFS Digital Records. E podem me mandar canções para uma possível gravação, me convidar para participações especiais… Convites musicais são bem vindos às minhas redes.
Canal: https://www.youtube.com/@julianaverasoficial9335
Toada do Guará (Juliana Veras/Naire Siqueira): https://www.youtube.com/watch?v=gtN6zgP5XVw
Azul de Navegar (Naire Siqueira e Carlos Vogt): Juliana Veras: https://www.youtube.com/watch?v=T3GPa2KmUMM
Apresentação no Seminário de Psicopedagogia: https://www.youtube.com/watch?v=dYz_7HFJAp0
O Brasil é incrível, como tem talentos por todos os lugares, parabéns, uma carreira gigantesca tá na sua frente, é só seguir firme….
Gostei de saber mais sobre Juliana. Grata, Antônio Carlos.
Parabéns Juh, adorei a entrevista 👏👏❤️
Parabéns, Juliana Veras!!!
Sucesso em sua carreira!!!