Dagô Miranda nascido e criado em São Paulo, Bela Vista, (Bexiga), terceiro filho de cinco irmãos e irmãs de pais separados, como todo garoto preto e pobre da década dos anos 70 e superou tudo e se tornou cantor e compositor de uma música que mistura ritmos e divulga mensagens de amor, paz, esperança, indignação social e política.
Sua presença de palco e carisma somado a suas letras conquistaram muitas pessoas no final dos anos 80 até hoje, aprendeu a gostar de cantar desde pequeno acompanhando e ouvindo sua mãe (Lurdinha da Bela Vista) cantarolar enquanto lavava roupas ou cozinhava para as italianas do bairro da Bela Vista.
Dagô Miranda em suas mais de três décadas de carreira como cantor e compositor, o paulistano merece reconhecimento, traz como marca registrada a perseverança e honestidade musical, não se prende a tendências ou estilos atuais.
Seu trabalho apresenta em sua química reggae, samba, soul, hip hop, R&B, jazz e um novo estilo, o reggae samba, sem amarras ou autolimitações. A curiosidade é a versatilidade diferente com a qual mistura todos estes ritmos, essa receita ele chama carinhosamente de música boa sem fronteiras.
Em 2002, lançou seu primeiro álbum “Reggae às Crianças” pela Kaskata’s Records, Dagô contou com participações de gigantes, como Aston “Family Man” Barrett que além de gravar as linhas de baixo e guitarra compuseram juntos a música título do álbum e também teve a participação de Earl Wire Lindo, no órgão e Tyrone Downie, no piano, três músicos da formação original The Wailers e também de Steve Nisbett (baterista) e Selwyn “Bumbo” Brown (tecladista) ambos da banda afro-inglesa Steel Pulse. Em 2004, lançou o segundo álbum “Dreadlock” pela Indie Records, teve como produtor executivo Fauzi Beydoun da Tribo de Jah e produtor musical seu grande parceiro e amigo Gerson da Conceição. Dois álbuns atemporais elogiados pela crítica e curtidos até hoje por um público exigente.
Dagô Miranda esteve presente em importantes trabalhos de outros artistas: “Vive Mais” (Iuri Rasta) e na icônica “A Fórmula Mágica da Paz”, do álbum “Sobrevivendo no Inferno”, o mais popular e bem-sucedido dos Racionais MC’s, no álbum póstumo de Sabotage na “Pais da fome”, “Homens Animais”; Luiz Melodia gravou “Traição” de autoria de Dagô e Waldir Santos em seu álbum “Pintando o Sete”. Dagô tem sua assinatura também em músicas da era de ouro do Hip-hop como: “Foi Bom” gravada por “Sampa Crew”; “Hospitais” gravada por Sandrão RZO; “Feminina” gravada por “Athalyba e a Firma”; “Sonhos Desperdiçados” gravada pela “Filosofia de Rua”; “Versos ao Vento” gravada por “Kuryña G funk” e compôs “Código Morse” e “Ana do Ilê Aê” em parceria com William Magalhães para o álbum “Som das Américas”. Dagô cantou nos anos 80 em diversos grupos de RAP provando o carinho e respeito que a geração do Hip-hop do Brasil tem pelo artista.
Dagô gravou e ainda grava inúmeros jingles publicitários famosos, sob a batuta de produtores renomados, como: Dudu Marote, Zé Rodrix Apollo 9, entre outros, o mais famoso apelidado “comercial dos peixinhos”, da Fiat Palio, rendeu a ele e a Dudu Marote o Leão de Ouro, prêmio máximo do meio publicitário (Fool Around) é sucesso nos dias de hoje e sempre será, eternizou.
Dagô está em meio às gravações do novo álbum, “Flores”. As gravações estão sendo feitas entre Portugal (onde mora desde 2015) e Brasil, com a participação de grandes músicos, podem ser destacados os tecladistas: Jorge Maringolo Filho, André Antunes, Alexandre Eufrosino, Simonesoul, Deco Surya, Paulo Calasans, conhecido por seu trabalho ao lado de Djavan; Gerson da Conceição (falecido em 22/04/2019), Jesiel Bives, Gerson Surya, Gabira e também o premiado arranjador Willian Magalhães, líder da banda Black Rio, o trompetista Walmir Gil, o trombonista François Lima e os cantores: Bukassa Kabemguelê, Nell , Paola Evangelista, Graça Cunha, entre outros. Antes do lançamento do álbum completo, serão disponibilizados alguns singles nas plataformas digitais, o primeiro “Traição”, de forma póstuma, Dagô e um grande amigo, ninguém menos do que o saudoso cantor e compositor Luiz Melodia.
Seu lado autoral será representado por diversas músicas como “Baby Vibe Roots”,” Flores”, “Sou do Amor”, “Pessoas a Vidas“ , “Deusa“, esta última em parceria com a Banda Black Rio. Ele também dará novas roupagens personalizadas a clássicos: “Esquinas” (Djavan), “Melissa” (Cassiano) e “Natty Dread” (Bob Marley), esta última com direito a vídeo clipe.
O álbum – “Flores” mostrará exatamente essa versatilidade presente no trabalho de Dagô Miranda. Com letras que transmitem mensagens positivas, motivacionais e de cunho social: “A música tem o poder de transformar a tristeza em alegria e de levar esperança para as pessoas”, define o artista. E é exatamente o que ele tem feito nesses anos todos, e certamente continuará fazendo.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Dagô Miranda para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 14.09.2022:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Dagô Miranda: Nasci no dia 11/11/1961 em São Paulo – SP. Filho de Maria de Lourdes Miranda e Cláudio Miranda e registrado como Agadalberto Miranda.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Dagô Miranda: Meu primeiro contato foi ouvindo minha mãe, Maria de Lourdes Miranda, cantando enquanto lavava roupa ou cozinhava para as italianas no bairro da Bela Vista (Bixiga). Ela cantava muito bem e era muito afinada.
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Dagô Miranda: Sou autodidata na música e conclui o Ensino Médio e não tive oportunidade de fazer um curso universitário.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Dagô Miranda: A música negra americana, brasileira e jamaicana. Todas as minhas influências nunca deixaram de ter importância, todas permanecem vivas.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Dagô Miranda: Comecei na carreira musical aos 20 anos de idade (1981) com a minha primeira banda “Regai Funkai”: Celso Francisco na Guitarra, Daniel Estevan no Baixo, Édy Wagner na Batera e Geraldinho no Sax soprano.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Dagô Miranda: Lancei dois álbuns: em 2002, “Reggae às Crianças” pela Kaskata’s Records com participações de gigantes, como Aston “Family Man” Barrett que além de gravar as linhas de baixo e guitarra compuseram juntos a música título do álbum e também a participação de Earl Wire Lindo no órgão e Tyronie Downie no piano, três músicos da formação original The Wailers e também de Steve Nisbett (baterista) e Selwyn “Bumbo” Brown (tecladista) ambos da banda afro-inglesa Steel Pulse.
Em 2004, o segundo álbum – “Dreadlock” pela Indie Records, teve como produtor executivo Fauzi Beydoun da Tribo de Jah e produtor musical seu grande parceiro e amigo Gerson da Conceição (falecido em 22/04/2019). Dois álbuns atemporais elogiados pela crítica e curtidos até hoje por um público exigente.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Dagô Miranda: Hoje Eclético.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Dagô Miranda: Sim, participei durante três anos no coral da faculdade USP, era gratuito e havia aulas de técnica vocal.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Dagô Miranda: Depende existe muitos cantores que nunca fizeram, mais para ter uma voz com longevidade eu aconselho a fazer.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Dagô Miranda: Bob Marley, David Hinds, Luiz Melodia, Djavan, entre outros.
11) RM: Como é o seu processo de compor?
Dagô Miranda: Tenho um home Estúdio em casa, me tranco no estúdio e as letras e melodias fluem naturalmente.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Dagô Miranda: Gerson da Conceição, Fauzi Beydoun, Waldir Santos.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Dagô Miranda: Como artista independente tenho total controle da minha carreira e sendo contratado por uma gravadora o artista é controlado e o pior, é influenciado.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Dagô Miranda: Temos que lutar pela melhor estratégia possível.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?
Dagô Miranda: Meu trabalho sustenta minhas ações empreendedoras.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Dagô Miranda: À internet só ajuda!
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Dagô Miranda: Ao meu ver não existe desvantagem só vantagens.
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Dagô Miranda: Sou verdadeiro musicalmente.
19) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?
Dagô Miranda: Diversas situações citadas na pergunta.
20) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Dagô Miranda: Triste é ver que muitos músicos talentosos não conseguiram realizar seus sonhos de fama, sucesso e reconhecimento.
21) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Dagô Miranda: Só toca nas rádios quem paga o jabá.
22) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Dagô Miranda: Tenha talento e Perseverança.
23) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Dagô Miranda: A cena musical é um grande negócio em que, quem pode mais, chora menos.
24) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Dagô Miranda: As panelas que dominam a agenda desses espaços citados.
25) RM: Como você analisa o cenário do reggae no Brasil. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Dagô Miranda: Dada Yute.
26) RM: Você é Rastafári?
Dagô Miranda: Não. você não precisa ser Rastafári para tocar reggae, precisa ter respeito pela cultura reggae.
27) RM: Alguns adeptos da religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa tal afirmação?
Dagô Miranda: É radicalismo.
28) RM: Na sua opinião quais os motivos da cena reggae no Brasil não ter o mesmo prestígio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?
Dagô Miranda: Falta de interesse das grandes mídias, o Brasil a muito tempo vive uma mutação de elitismos e tendência musicais.
29) RM: Quais os pros e contras de se apresentar com o formato Sound System?
Dagô Miranda: Hoje ninguém liga mais pra isso, a modernidade chegou e é aceita, o formato Sound System é uma realidade.
30) RM: Quais as diferenças de se apresentar com banda em relação ao formato com Sound System?
Dagô Miranda: Diferenças financeiras!
31) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae e o uso da maconha?
Dagô Miranda: Totalmente benéfica, fumar te inspira e te faz pensar melhor.
32) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a cultura Rastafári?
Dagô Miranda: Elas estão conectadas, porém não são obrigatórias.
33) RM: Fale de sua relação pessoa e profissional com Gerson da Conceição.
Dagô Miranda: Gerson da Conceição era um amigo, parceiro musical e mestre que estava junto comigo na caminhada musical O seu falecimento em 22 de abril de 2019 me abalou pessoalmente e profissionalmente. Estávamos felizes produzindo músicas para meu álbum “Flores”, eu morando em Portugal e ele em Sampa.
quando eu estava no Brasil nos encontrávamos para criar músicas e gravar. Ele assim como eu também morou na Bela Vista (Bixiga). Gerson era como se fosse um irmão, tínhamos uma grande sinergia musical. Quando Milton Sales (que foi mentor dos Racionais MC’s) trouxe Gersão e a Mano Bantu do Maranhão, eu o conheci e a partir dai começamos a tocar e Jesiel Bives, tecladista da Manu Banto, frequentemente juntava-se a nós e começamos a produzir meu segundo álbum “Dreadlock”. Foi incrível .
Mesmo eu morando em Portugal (desde 2015) sempre mantínhamos contato de criação musical. Tenho muitas músicas feitas com ele e dele com outros parceiros musicais que ainda quero gravar. Todas as feridas um dia saram, mas a ferida musical demora demais, mas logo retomarei meu trabalho, prometo a todos os meus fãs, atualizar minhas redes sociais e plataformas musicais. Lembro-me de uma passagem bem legal quando eu apresentei Gersão ao Willian Magalhães, líder da banda Black Rio, rolou maior sintonia entre eles. Logo Gersão colocou uma composição dele no álbum “Sons das Américas”. Ele foi um gênio.
34) RM: Quais os seus projetos futuros?
Dagô Miranda: Muitos… Lançar meu novo álbum “Flores”.
37) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Dagô Miranda: (11) 93443 – 4646 | [email protected]
| https://www.instagram.com/dagomiranda_
| https://web.facebook.com/DagoMiranda1
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Reggae Às Crianças – Dagô Miranda: https://www.youtube.com/watch?v=jI8Udxw230g
Dagô Miranda & Radical Roots – Dreadlock [2004]: https://www.youtube.com/watch?v=PWzoO3c0g6Q&list=OLAK5uy_nr0zysk05-l-1bUBorh_6eBRS7fbmoclM
Dagô Miranda Ao Vivo no Estúdio Showlivre 2020 – Álbum Completo: https://www.youtube.com/watch?v=9f9JREEUYoE