O acordeonista catarinense Felipe Hostins teve seu primeiro contato com o acordeon aos seus três anos de idade.
Com influências na música gaúcha, sertaneja, nordestina, criou uma maneira única de compor e tocar acordeon. Aos 21 anos mudou-se para os Estados Unidos e vem colaborando com vários artistas de diversas áreas pelo mundo. Co-fundador do Forrópera junto com Chrystal E. Williams (mezzo-soprano) que é um espaço musical que busca trazer unidade, paz e conhecimento através da música para todos. Em 2021 lançou a Banda Imigra junto com Ian Ruas e Leandro Braga que traz músicas autorais e alguns covers com uma pegada diferente.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Felipe Hostins para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 22.05.2021:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Felipe Hostins: Nasci em 25.10.1993 em Blumenau, Santa Catarina. Registrado como Felipe Hostins.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Felipe Hostins: Meu primeiro contato com a música foi aos três anos de idade quando ganhei meu primeiro acordeon de meu avô paterno Valmor Hostins que também era sanfoneiro.
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Felipe Hostins: Minha formação musical é de “estrada” (risos), tudo o que aprendi foi nos palcos e autodidata de ouvido, com exceção do início até meus 10 anos de idade fui aprendendo com meu avô Valmor Hostins. Fora da música, cheguei a cursar Educação Física na FURB (Blumenau) com o objetivo de me tornar técnico de Basquete, mas acabei abandonando ao mudar para os Estados Unidos.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Felipe Hostins: As do passado posso citar: Dominguinhos, Sivuca, Luiz Gonzaga, Severo do Acordeon, Arlindo dos 8 baixos, Zé Calixto, Adelar Bertussi, Mangabinha, Voninho, Art Van Damme, Frank Marocco, Trânsito Cocomarola, Isaco Abitbol. As do presente: Mestrinho, Bruno Moritz, Rafael Meninão, Clayton Gama, Albino Manique, Canudo, Nego Júlio, Marcellus, Jeff Villalva, Dino Rocha, Chango Spasiuk. Todos eles estão presentes na minha vida Musical, todos com sua particular importância. Constantemente estou ouvindo e absorvendo um pouco de cada influência.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Felipe Hostins: Comecei minha carreira musical aos 12 anos de idade (2005) acompanhando cantores e bandas locais na região de Santa Catarina.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Felipe Hostins: Estou preparando para lançar meu primeiro álbum que sairá no final de 2021. Esse álbum terá uma combinação entre os estilos musicais do nordeste e sul do Brasil.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Felipe Hostins: Sou bastante eclético, tenho projetos com música pop/eletrônico, mas também tenho tendências gaúchas com um pé lá no Nordeste! (risos).
08) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Felipe Hostins: Gilberto Gil, Cesar Oliveira & Rogério Melo, Davi Vieira, Belutti, Dominguinhos, Marinês, Thaís Nogueira, são tantos!
09) RM: Como é o seu processo de compor?
Felipe Hostins: Meu processo geralmente começa como uma melodia que vem na minha mente, geralmente uma frase curta… daí o resto parece ser automático!
10) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Felipe Hostins: Hoje meus parceiros são minha esposa Chrystal E. Williams-Hostins, Ian Ruas, Leandro Braga.
11) RM: Quem já gravou as suas músicas?
Felipe Hostins: Recentemente Lucas Matt gravou uma música que compomos juntos, chamada “Whispers of the Wind” (sussurros do vento).
12) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Felipe Hostins: A liberdade de você poder ser quem você é acho que é um grande prol, porém isso pode ser difícil as vezes de encontrar o próprio nicho, e pode ser uma estrada longa. Mas sinceramente o fato de você poder se expressar livremente sem que ninguém tenha que “podar suas asas para encaixar no meio social” é muito gratificante.
13) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Felipe Hostins: É investir muito tempo preparando meu produto, acumulo bastante material e divulgo bastante! Aprendi isso recentemente quando criei a banda IMIGRA com Ian Ruas e Leandro Braga em Nova York – EUA. A diferença é muito grande quando você acredita e grava/compõe/planeja para longa data.
14) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?
Felipe Hostins: Hoje eu estou desenvolvendo os materiais como vídeos, fotos e composições de uma forma diferente do que eu fazia nos anos anteriores. Acho que como toda empresa/business você tem que estar preparado e com o material em mãos para quando chegar ao mercado você ter o que apresentar. Ser autêntico é um grande fator!
15) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Felipe Hostins: A internet vem sendo um carro chefe para o desenvolvimento da minha carreira. Hoje tenho na mão o que anos atrás só as grandes produtoras tinham. Que é o acesso ao público de forma geral. Acho super importante e hoje em dia é uma ferramenta poderosíssima. Instagram, TikTok, Facebook, YouTube, entre outros.
16) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Felipe Hostins: Vantagens: muita gente não consegue pagar um estúdio para gravar e por isso muitos talentos nunca conseguiram registrar suas composições ou gravar um disco por questões financeiras e/ou de localidade. Desvantagens no momento não vejo nenhuma.
17) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Felipe Hostins: Ser autêntico, não tente ser alguém que você não é! Faça o seu som e o que você mais ama.
18) RM: Como você analisa o cenário do Forró. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Felipe Hostins: Antes da pandemia do covid-19, o cenário do Forró estava em uma crescente maior com os Festivais de Forró no Brasil e no exterior. O festival de Boston nos EUA todos os anos estava batendo record de público. A ampliação do Forró no exterior valorizou muito a cena do Forró. Um dos destaques é a quantidade mulheres na liderança de vários projetos e na linha de frente como artista. É um fator importante já que o Forró majoritariamente tinha a presença masculina exclusiva na linha de frente. Mestrinho e Diego Oliveira são as duas maiores revelações do Forró nas últimas décadas! Os dois estão até hoje com seus projetos e discos rodando por aí! Eu não sei dizer quem regrediu.
19) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Felipe Hostins: Diego Oliveira, Caio Caboclo, Marcelo Mimoso, esses eu tive o prazer de ver de perto o profissionalismo e a forma como eles conduzem o palco!
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para o show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?
Felipe Hostins: No meu primeiro show (baile) foi também a primeira vez que tomei um golpe do dono da banda! Acertei um cachê e recebi um terço dele! (risos). Outra vez foi um vento que derrubou tudo no palco durante o show tivemos que parar e esperar. A alça do meu acordeon arrebentou no meio de um solo e o vocalista teve que ficar segurando a alça para eu terminar o solo! Outra vez o fole rasgou no meio do show; não teve jeito, tive que sair do palco.
21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Felipe Hostins: Mais feliz sem dúvida é ver que você pode mudar a vida das pessoas sendo você mesmo, com uma simples música. O mais triste é que muitas pessoas (empresários e outros) tiram proveito e abusam de muitos músicos e depois os descartam feito lixo.
22) RM: Qual a sua opinião sobre o movimento do “Forró Universitário” nos anos 2000?
Felipe Hostins: O movimento do “Forró Universitário” ajudou a promover o Forró Pé de Serra no Sudeste trazendo para um público onde o Forró já não era mais presente. Conheço muita gente que hoje é fanático por Forró que começou ouvindo Falamansa, Rastapé e outros!
23) RM: Quais os grupos de “Forró Universitário” chamaram sua atenção?
Felipe Hostins: Falamansa sem dúvida foi um grande impacto no Brasil todo, junto com Rastapé.
24) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Felipe Hostins: Eu cresci ouvindo que se você não pagar o jabá a sua música não vai tocar nas rádios. Mas não sei te dizer exatamente. Acredito que depende de como você se conecta com a rádio ou com radialistas. Quem sabe você não tem algum conhecido lá dentro? (risos).
25) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Felipe Hostins: Seja autêntico, seja você mesmo! As pessoas estão sempre procurando por novas influências, novos produtos!
26) RM: Quais os prós e contras do Festival de Música?
Felipe Hostins: Sinceramente acho que todo Festival de Música é um grande Prol, dar espaços para novos talentos é sempre maravilhoso!
27) RM: Hoje os Festivais de Música ainda revelam novos talentos?
Felipe Hostins: Sem sombra de dúvidas! A união entre os festivais de música e a internet multiplicam muito as chances de você se destacar! Lembrando que hoje os festivais de música abrangem muito mais que antes através das Live, Streams e Vídeos feitos para Internet!
28) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Felipe Hostins: A grande mídia é manipuladora e tem o poder de destacar quem ela quiser. Isso pode ser bom ou ruim dependendo do que você procura. Hoje temos a Internet para bater de frente com a grande mídia (rádios e tv) e muitas vezes desmascarar certos casos em que a grande mídia tenta diminuir ou tirar o espaço da nossa música!
29) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Felipe Hostins: Ter a oportunidade de poder rodar o Brasil e/ou com seu projeto autoral é um sonho para todos os músicos brasileiros! E essas organizações dão espaço para isso!
30) RM: Qual a sua opinião sobre as bandas de Forró das antigas e as atuais do Forró Estilizado?
Felipe Hostins: Sou muito fã do Forró das antigas! Mas também respeito o Forró estilizado. Acho que todos tem espaço para brilhar desde que tenha respeito. Nunca devemos esquecer das origens, mas a partir do momento que você adiciona um adjetivo depois do Forró, se torna mais uma vertente com novos caminhos pela frente.
31) RM: Felipe Hostins, Quais os seus projetos futuros?
Felipe Hostins: Meu álbum solo – Felipe Hostins – Origens que será finalizado no final de 2021; estou ainda em processo de composição. Forrópera: projeto criado com minha esposa e cantora de ópera Chrystal E Williams-Hostins em que unimos a música brasileira com a música clássica criando um novo estilo musical aberto para todos os públicos! Lançado em 2021 a Banda Imigra junto com Ian Ruas e Leandro Braga que traz músicas autorais e alguns covers com uma pegada diferente.
32) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Felipe Hostins: [email protected] | [email protected] |
https://www.instagram.com/hostins_accordion/
https://www.instagram.com/forropera/
https://www.instagram.com/imigra.oficial/
Canal: https://www.youtube.com/user/Tyrantless
Srta.V & Felipe Hostins – Matin Ensolleilèe: https://www.youtube.com/watch?v=HbjpZ-MuIQU
Felipe Hostin’s Osnelda – Accordion Festival – Bryant Park – 21 July 2017: https://www.youtube.com/watch?v=glunWQjQv8o
Beto Camará, Felipe Hostins e Leandro Braga – New York August 5th 2018: https://www.youtube.com/watch?v=BH52KBfIOwA
Forró dos Amigos – Nublu New York: https://www.youtube.com/watch?v=80E9bIvDl0A
Feliz Hostins é uma joia rara na música e um ser humano fantástico!!!
Sou fã incondicional 🙏✊🏾