More Valdir Verona »"/>More Valdir Verona »" /> Valdir Verona - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Valdir Verona

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Natural de Caxias do Sul – RS, Valdir Verona é músico com mais de 30 anos de estrada, tendo trabalhado ao longo desse tempo com apresentações musicais em diversos formatos: Solo, duos, trios, grupos, músico acompanhante, aulas de música, pesquisas, produções e direções musicais.

Atualmente, além da carreira solo, faz parte do Duo de Viola e Acordeon juntamente como músico Rafael De Boni e também do projeto Violas ao Sul em parceria com os violeiros Ângelo Primon, Mário Tressoldi, Oly Junior.

Músico com formação nas áreas de teoria musical e solfejo, violão clássico, harmonia e improvisação.  Participações em diversas oficinas de música, seminários, master classes… Possui extensa discografia, tendo lançado diversos discos solo e também em parceria, além de diversas participações especiais. A partir de suas vivências e pesquisas, vem desenvolvendo trabalhos didáticos para violão e viola de 10 cordas, tendo lançado vários livros didáticos para esses dois instrumentos.

Desenvolve um trabalho de resgate do uso da viola na música do Sul do Brasil em apresentações musicais, recitais, shows, composições, gravações, edições de partituras, aulas e oficinas de música. Participações em diversos de festivais, tanto em âmbito regional quanto nacional. Foi contemplado duas vezes com o “Prêmio Excelência da Viola Caipira” em edições realizadas em Belo Horizonte e São Paulo. Também foi indicado ao “Prêmio Açorianos de Música” em três oportunidades.

Integrante do Projeto Dandô – Circuito de Música Dércio Marques, desde o início do projeto. Programas de TV: SR Brasil – TV Cultura, apresentação: Rolando Boldrin, Nos Braços da Viola – documentário apresentado na TV Brasil, apresentado por Saulo Laranjeira, além de diversos programas regionais em estados do Sul e MG. Matérias e entrevistas em revistas especializadas: Guitar Player, Cover Guitarra, Acústica, Violão Pró e Viola Caipira.

No exterior, representou o Brasil na homenagem ao país no Fórum Econômico Mundial de Davos/Suíça em 2012 e na 25ª Feira Internacional do Livro de Bogotá/Colômbia no ano em que o Brasil foi convidado de honra no evento. Recentemente lançou o projeto Girassol em formato digital e físico. Fazem parte do projeto: álbum de partituras e vídeo aulas das composições.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Valdir Verona para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 14.04.2023:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Valdir Verona: Nasci no dia 17/10/1966 em Caxias do Sul – RS. Registrado como Valdir José Verona.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Valdir Verona: Meus primeiros contatos com a música foram ainda na infância na comunidade aonde nasci em Caxias do Sul – RS, havia muitos tocadores e cantadores. Como ainda não tinha chegado à energia elétrica nessa época, a música acontecia ou nas festas das comunidades, nos bailes, aniversários, visitas de Ternos de Reis no período natalino. Também ouvíamos muita música através de rádio de pilha.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Valdir Verona: Minha iniciação musical foi como autodidata ainda na infância observando esses os violeiros (Popularmente eram chamados de violeiros também os tocadores de violão) da comunidade em Caxias do Sul – RS. E também tive acesso a dois métodos musicais: um de acordes e outro para levadas de mão direita. Já na fase adulta estudei Teoria Musical e Solfejo, Violão Erudito, Harmonia e Improvisação. Também participei de uma série de oficinas de música, master classes e em diversas áreas: Viola de 10 Cordas, Harmonia, Improvisação, Percepção, entre outros.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Valdir Verona: São as mais diversas: inicialmente foram as músicas populares que ouvia através do rádio – final da década de 70 e início dos anos 80. Ainda nos anos 80 tive contato com o movimento nativista aqui do Rio Grande do Sul e também do folclore sul americano. Nos anos 90, a música instrumental, e a música produzida pela nova geração de violeiros do Brasil daquela época: Almir Sater, Roberto Corrêa, Tavinho Moura, Paulo Freire… Em relação às que deixaram de ter importância, muita coisa deixei de lado, mas creio que de uma forma ou outra, tudo o que ouvi e absorvi, faz parte da minha bagagem musical.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Valdir Verona: Foi lá pelo ano de 1887; inicialmente fui acompanhando grupos folclóricos – música e dança, aqui da região da serra gaúcha e no ano de 1889 comecei a dar minhas primeiras aulas de música.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Valdir Verona: São sete CDs solo – o primeiro também saiu em formato de LP. Além desses, lancei CDs com o grupo Violas ao Sul, Ária Trio, em parceria com o poeta Juarez Machado de Farias, com o Duo de Viola e Acordeon – Valdir Verona e Rafael De Boni foram dois CDs e um DVD.  Também produzi vários trabalhos didáticos com CDs encartados.

07) RM: Como você se define como Violeiro?

Valdir Verona: Um músico com vivências na cultura do sul e influências diversas – músicas regionais brasileiras, MPB, erudita, folclore sul americano, world music…

08) RM: Quais afinações você usa na Viola?

Valdir Verona: Rio Abaixo (D, B, G, D, G) em violas de 10, Cebolão em Ré (D, A, F#, D, A) em violas de 10 e 12 cordas. E estou usando uma que chamo de Rio + Abaixo (Rio Abaixo em Mi) em uma craviola de 10 cordas. Já usei bastante a Boiadeira (D, A, F#, D, G) e atualmente deixei ela um pouco de lado.

09) RM: Quais as principais técnicas o violeiro tem que conhecer?

Valdir Verona: Escalas – principalmente dueta das em terças e sextas, arpejos, ligados e são as técnicas que considero elementais. Também é fundamental conhecer certos toques característicos que são um legado deixado pelos nossos mestres violeiros.

10) RM: Quais os violeiros que você admira?

Valdir Verona: Bah, são muitos! Fica até difícil citar nomes. Seguem alguns: Tavinho Moura, Almir Sater, Roberto Corrêa, Índio Cachoeira, Fernando Deghi, Neymar Dias…tem surgido muita gente nova fazendo ótimos trabalhos também.

11) RM: Como é seu processo de compor?

Valdir Verona: Se for compor uma melodia a partir de um poema, procuro desenvolver a melodia e a harmonia a partir da cadência das palavras. Quando é um tema instrumental, muitas vezes as ideias surgem a partir de improvisos.

12) RM: Quais as principais diferenças técnicas entre a Viola e o Violão?

Valdir Verona: Principalmente no uso de afinações abertas na Viola, embora estas também são usadas no Violão, porém com bem menos frequência. O posicionamento da mão direita, para mim, mudou bastante. É bem distinto trabalhar com ordens de cordas duplas, principalmente as ordens oitavadas.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Valdir Verona: A principal a favor é autonomia para desenvolver seu trabalho e contra, é ter que fazer tantas tarefas ao mesmo tempo, quando se poderia estar desenvolvendo mais o lado artístico.

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Valdir Verona: Fora do palco, tenho trabalhado diariamente na manutenção de repertório, adicionando músicas que se encaixam na minha proposta de trabalho, compondo etc. Dentro do palco, é estar bem preparado, com o repertório na ponta dos dedos, o roteiro em mente e deixar a musicalidade fluir de acordo com cada situação.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

Valdir Verona: Produção e divulgação de conteúdo: vídeos, trabalhos didáticos, busca de editais, criação de projetos.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira? 

Valdir Verona: Ajuda na visibilidade da produção e nas relações interpessoais e profissionais. Não vejo nada que prejudique, desde que se mantenha o foco na carreira.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Valdir Verona: A praticidade (do home estúdio) em registrar novos trabalhos. Antigamente, gravar e lançar um álbum era algo que poucos tinham acesso. A desvantagem talvez seja o excesso de conteúdo produzido por conta dessas facilidades. Não há tempo suficiente para apreciarmos tanto conteúdo produzido.

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar o CD não é mais o grande obstáculo. Mas concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Valdir Verona: Na atualidade tenho dado sequência aos trabalhos iniciados há aproximadamente duas décadas: a pesquisa e produção de material didático, o resgate do uso da viola na música do sul.

19) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Valdir Verona: Fico feliz quando estou atuando – a energia em compartilhar a arte musical com outras pessoas não tem explicação. Também quando ouço minhas obras sendo interpretadas por outros músicos, alunos e ex alunos se destacando no meio musical. A dificuldade em se obter uma certa estabilidade nesta área. Também ultimamente, ver nas redes sociais certas discriminações em relação à classe artística, mesmo que seja por pequena parte da população.

20) RM: Quais os outros instrumentos musicais que você toca?

Valdir Verona: Todos da família da viola: violões aço e nylon, violão barítono (guitarrón), craviola, requinto, cavaco com cordas de nylon. Raramente no palco, gosto de fazer experiências em estúdios de gravações.

21) RM: Como você analisa o cenário da música Sertaneja Caipira/Raiz. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Valdir Verona: Como estou um pouco distante deste segmento, não arrisco em apontar revelações, nem saberia dizer quais entraram em decadência. Sobre quem tem um trabalho consistente: gosto muito da dupla Zé Mulato & Cassiano, pelo talento artístico, coerência e criatividade entre outros fatores.

22) RM: Como você analisa o cenário da música Sertaneja pop? Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Valdir Verona: Embora a música sertaneja pop seja o segmento que está mais em evidência no país na atualidade, não me arrisco a opinar, pois não estou por dentro desta área.

23) RM: Quais os vícios técnicos o violeiro deve evitar?

Valdir Verona: A repetição das mesmas fórmulas; gosto muito da ideia de pesquisar toques tradicionais de viola, mas com o intuito de incorporá-los ao desenvolvimento pessoal.

24) RM: Quais os erros no ensino da viola?

Valdir Verona: O principal é ignorar sua vasta história e ficar preso a certos conceitos, desconsiderando as amplas possibilidades que o instrumento proporciona.

25) RM: Tocar muitas notas por compasso no instrumento ajuda ou prejudica a musicalidade?

Valdir Verona: Não deve ser fator determinante a quantidade de notas tocadas, sou a favor do bom senso. Um bom músico sabe quando aplicar mais notas, quando silenciar…

26) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Valdir Verona: Se prepare bem para enfrentar os desafios; seja em conhecimento, condicionamento técnico, gestão de carreira… Lembro que em um momento de dificuldades financeiras, me veio em mente um conselho de um grande mestre que tive: Para ser profissional, muitas vezes temos que deixar o gosto pessoal de lado. Para mim é muito difícil deixar de lado, mas procurei ao longo destes anos equilibrar as duas coisas. Na área de ensino ou na produção de trabalhos para terceiros, me adapto à realidade e as expectativas das pessoas para quem estou prestando serviços. Já em relação ao palco, as escolhas de repertório, arranjos, etc, são de acordo com o que melhor me representa como artista.

27) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?

Valdir Verona: Um dos principais erros que pude presenciar e também cometi no início da minha função de professor, é de sobrecarregar, principalmente quando o aluno é iniciante, de conteúdo teórico e exercícios técnicos. A iniciação deve ser de forma mais lúdica.

28) RM: Existe o Dom musical? Qual a sua definição de Dom musical?

Valdir Verona: Sim, Dom musical, aptidão natural e musicalidade são alguns nomes usados. Ele existe na música, assim como em várias outras funções.

29) RM: Qual a sua definição de Improvisação? 

Valdir Verona: É a capacidade de compor um discurso musical a qualquer momento. Da mesma forma que um repentista (aqui no Sul, um trovador) tem a capacidade de improvisar com as palavras, o improviso musical também deve ter forma e sentido. Eu faço uso de improvisos de formas bem pontuais: em estúdios de gravações, muitas vezes na criação de solos de introduções, interlúdios e contracantos. Também já gravei muitas trilhas para recitados de poemas, trilhas para documentários e também um curta metragem, tocando de forma improvisada.

30) RM: Existe improvisação de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois? 

Valdir Verona: Conheço músicos nas duas formas acima citadas: os que improvisam mesmo sem conhecimento musical e outros que estudam harmonia, técnicas, formas de escalas…

31) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Valdir Verona: Sou sempre a favor de agregar conhecimento, técnicas. A meu ver, esses métodos devem ser encarados como ferramentas de apoio à criatividade do músico e não para formar músicos em série.

32) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Valdir Verona: O conhecimento no campo da harmonia é fundamental para todo músico, principalmente para compositores e arranjadores. Contra, se o método em si não for bom ou mal aplicado.

33) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia do cenário musical brasileiro?

Valdir Verona: A cobertura feita pela grande mídia do cenário musical brasileiro é lamentável, o melhor da música brasileira pouco é mostrado pela grande mídia.

34) RM: Qual a importância de espaços como SESC, Itaú Cultural, Caixa Cultural, Banco do Brasil Cultural para a música brasileira?

Valdir Verona: São espaços de fundamental importância, tanto para os artistas, quanto para o público. Tive a felicidade de poder presenciar vários ótimos projetos sendo viabilizados através desses espaços.

35) RM: Quais os seus projetos futuros?

Valdir Verona: Dar continuidade a vários projetos em andamento – produção de conteúdo tais como: vídeos, vídeo aulas, partituras/tablaturas.

37) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Valdir Verona: (54) 99979 – 1524 | https://www.valdirverona.mus.br

| [email protected]  

| https://www.instagram.com/valdirverona_oficial

| https://www.instagram.com/valdir_verona

| https://www.facebook.com/violasul 

Canal: https://www.youtube.com/c/ValdirVerona 

Valdir Verona – Chão de Areia e Itiberê Lucena: https://www.youtube.com/watch?v=WRqYsmunJuc 

Playlist de apresentações: https://www.youtube.com/watch?v=9QLWb7bS6Uo&list=PLpze-CjcTIh8kW_BGAj0YS39mINOXKO4z 

Valdir Verona – Programa Terra Canção TVE Paraná: https://www.youtube.com/watch?v=cTldkqBSx7Q 

Valdir Verona no Viola de Papo: https://www.youtube.com/watch?v=u-l_I5u6VWg 

TERRA CANÇÃO – LYDIO convida VALDIR VERONA: https://www.youtube.com/watch?v=7KMg84nlTkM


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.