More Téo Azevedo »"/>More Téo Azevedo »" /> Téo Azevedo - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Téo Azevedo

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Teófilo Azevedo Filho, o Téo Azevedo é um caboclo mineiro com uma história de vida digna de “estória de Gibi”, Cordel ou contos do velho testamento.

Téo superou as dificuldades, as quais fazem muitos meninos ficarem no anonimato ou trilharem outras carreiras profissionais, também cheias de aventuras, mas menos artísticas. O Téo fez de tudo para sobreviver no interior de Minas Gerais e na Capital mineira. Foi animador de roda de feira, militar e boxeador.

Tornou-se Repentista famoso em Minas Gerais e veio para São Paulo terminar de comer o pão que o Diabo Amassou e vomitou. Cantou em Feira e Praça. Tornou-se cantor, poeta popular, compositor e produtor requisitado.

Conheceu os “esquemas de fabricação de artista” e conhece a pura música regional. Produziu do melhor e do pior na música popular brasileira. Confessa que produzir sempre foi uma questão de sobrevivência e não de ideologia musical.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Téo Azevedo para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 01.02.2001:

01) Ritmo Melodia: Como foi o seu início na carreira musical?

Téo Azevedo: Eu comecei com nove anos de idade em 1952 (nasci no dia 02 de julho 1943), trabalhando com um camelô, abrindo roda para ele no mercado de Montes Claro (MG). E no ano que vem (2002) estarei fazendo cinqüenta anos que trabalho com a cultura popular. E vou lançar um CD que vai se chamar: Cantos do Brasil Puro; – Téo Azevedo Cinqüenta anos de Cultura Popular.

02) RM: Fale sobre a suas experiências como Violeiro?

Téo Azevedo: Na verdade eu tenho três faces. Uma é o meu lado de compositor em vários estilos musicais. Hoje eu sou o primeiro compositor vivo que tem mais músicas gravadas. Contando os que já morreram, eu sou o terceiro na história musical do Brasil, são mais de mil e quinhentas composições registradas.

A segunda face é o meu lado de produtor musical, já completei  trinta e nove anos de produção. Como produtor eu tenho um lado profissional que no decorrer dos anos aprendi a produzir todos os estilos musicais.

A produção musical é o meu ganha pão. Eu não tenho preconceito, ideologia musical, eu produzo tudo que me chega as mãos: Brega, Sertanejo, Forró, Rock, Música de câmara, Música Renascentista, Música clássica, Coral, Música Religiosa e regional. Qualquer estilo que me chamar eu sei produzir.

Os anos de experiência em estúdio me encarregou disso e é uma coisa que gosto de fazer. E a terceira face é o meu lado de cantador: Eu e a Viola tocando as músicas regionais. Eu nem me considero cantor ou interprete, porque tem que ter conhecimento de técnica vocal para cantar. Eu canto é com o coração, com a voz seca, a voz de aboiado.

03) RM: Como produtor e escritor, quantos trabalhos você lançou?

Téo Azevedo: Como produtor eu já fiz mais de três mil discos. Mas eu cantando lancei uns doze discos. E algumas participações em outros trabalhos. Tenho doze livros lançados e escrevi umas quinhentas histórias de literatura de Cordel. E tenho mais de mil e quinhentas composições gravadas.

A maioria das produções que fiz foram com artistas menos favorecidos, mais simples, principalmente os artistas da música regional brasileira do Norte, Sul, Centro-oeste. Então passou despercebido pela grande mídia, que não viu ou não quis valorizar. De uns tempos pra cá, estão despertando para conhecer um compositor vivo no Brasil que tem mais músicas gravadas.

O que os produtores famosos de artistas que se tornaram estrelas ganharam num trabalho eu não ganhei  na vida. Eles produzem dois a cinco disco por ano. Eu cheguei a produzir doze discos de repentistas numa semana.

04) RM: Você foi Boxeador?

Téo Azevedo: O Boxe aconteceu na minha vida de uma hora para outra, lá em Belo Horizonte (MG). Eu cantava Repente nas Feiras, trabalhava de pintor de letra. E passando em frente a uma academia vi um pessoal treinando, a academia tinha uma parte aberta que passava na rua via o pessoal treinando. E eu sentei em cima da minha caixinha de pintar letra e fiquei na beira do ringue olhando e coisa e tal.

E técnico era conhecido como baiano tinha sido ex-boxeador. Comecei a conversar com ele e foi me explicando como era o boxe. Eu fui ao saco de área e comecei a brincar com o saco de área, dando soco e dei uma meia dúzias de socos.

E ele falou para bater de leve para não machucar a mão. Fui dando soco de mão livre sem proteção. Em pouco tempo minha mão estava escapelada  e saindo sangue e ele falou que não podia ser assim. E passou mercúrio e falou que eu tinha uma pancada muito forte.

Ele falou quando eu sarasse dos ferimentos, voltasse lá, porque ele iria me ensinar, aqui trena de graça. Eu voltei e comecei a treinar. E ganhei três campeonatos seguidos. Antes disso eu tinha servido o exército em Belo Horizonte e em 1968 fui eleitor o melhor compositor mineiro.

Em 1969 vim para São Paulo com a cara e a coragem para começar tudo de novo. Aqui foi outra batalha, porque São Paulo é um Mundo.

05) RM: Você em São Paulo cantou em Feiras e Praças. Como foi essas experiências?

Téo Azevedo:  Cantei muito tempo “correndo bandeja” que é quando o público paga o que acha que deve pela apresentação. Primeiro cantei no bairro do Brás com o cantador alagoano Guriatã de Coqueiro. Ele tinha um ponto de Cantoria no Brás na rua Paulo Afonso. Aprendi todas as modalidades de Cantoria nordestina com ele.

Eu sou Repentista do Vale de Jequitinhonha (MG), a maioria das modalidades que cantava eram um pouco diferente das do nordeste. Antes eu já cantava em feira desde Belo Horizonte com nove anos de idade com Antonio Salvino abrindo roda para ele.

E cantávamos nas praças no Norte de Minas e sertão da Bahia. Em São Paulo cantei na feira da Praça da República no centro da cidade. Machado Nordestino era um Cordelista que tinha uma banca de Cordel e cantava sozinho ou com outros Cantadores. Fiz dupla também com João Tavares.

06) RM: Quando você começou a carreira de Produtor Musical?

Téo Azevedo: Eu comecei produzindo em Belo Horizonte (MG) com dezoito anos de idade, com o sistema de produção antigo que gravava direto em um gravador de rotação sete e meio.

E gravávamos em disco acetato, na mesma hora que gravava ficava pronto a matriz do disco de 78 rpm. Fazíamos poucas cópias e vendíamos de mão em mão, comecei a sim.

07) RM: Você  mesmo sem muita escolaridade, transformou as suas experiências pessoais em obras musicais e literária popular. Quais foram os seus livros lançados?

Téo Azevedo: Na verdade eu nem me considero escritor nem folclorista nem nada. Eu sou um cantador curioso e aprendi na escola da vida e gosto de escrever. Então tudo que escrevi são temas regionais e que é baseado no fruto da minha vivência e da cultura popular.

E tenho livros de cordel e sempre escrevo baseado em alguma coisa. A poesia popular eu acho que nasceu comigo e herdei do meu pai. Eu faço naturalmente e não tenho dificuldade de fazer.

08) RM: Hoje você se dedica mais à carreira de Cantor, de Compositor ou de Produtor?

Téo Azevedo: A minha estabilidade financeira sempre foi produzindo outros artistas. É uma coisa que gosto de fazer e nunca faltou serviço para mim na área de produção musical. O pessoal me procura muito, seja de gravadora, ou seja, músicos independentes. Então esse trabalho sempre me deu uma estabilidade, mesmo com essa crise depois do último mandato de Fernando Henrique Cardoso. A situação piorou muito para todo mundo.

Mas mesmo assim sempre tenho trabalho em produção musical. Agora show, é quando aparece, porque show é fase, tem fase que tem, tem fase que não tem. A minha área musical; é menos badalada, por ser música regional. Então, são menos shows que o pessoal que está na área musical de badalação na grande mídia. Mas sempre aparece show.

E as outras coisas vou fazendo paralelamente que é compor; quando me dá inspiração eu escrevo. De repente eu lembro de um tema ou andando por ai, pinta um tema. Quando dá vontade de escrever algum caso em relação a coisas regional. Quando estou muito inspirado ESCREVO MUITO. E a gente vai tocando a vida.

09) RM: Você se dedica exclusivamente à produção por falta de incentivo e oportunidade para desenvolver um acarreira musical como Cantor e Compositor?

Téo Azevedo: Na verdade eu nunca tive essa preocupação de fazer sucesso como cantor, compositor ou produtor musical. Eu vou fazendo as coisas sem nenhum compromisso com a fama, eu nunca tive essa preocupação.

É claro que a gente vendo as coisas da gente sendo divulgada nos dá satisfação. Mas quando escolhi trilhar o caminho da música regional, eu já sabia que seria um caminho duro, eu fiz e faço porque gosto. Eu não fiquei rico nem nada. Tem compositor milionário que compõe músicas mais badalas que ficam nas paradas de sucesso. Eu nunca fui badalado nem tive músicas nas paradas de sucesso.

Sou pobre, mas não tenho nenhum arrependimento. Se fosse para fazer de novo, eu faria tudo igual. Eu nunca tive preconceito contra a nenhum tipo de ritmo musical. Eu atravessei todas as fases do modismos musicais. Eu sempre tive na minha área musical e nunca ofendi a de ninguém.

Nunca processei ninguém por causa de música, dou música para qualquer artista que me pede. Seja famoso ou não. Não guardo raiva de ninguém. Posso está com raiva hoje, mas amanhã já passou e esqueci.

10) RM: O fato do mundo artístico ter muita vaidade, você se esquivo de conflito para poder circular entre todos, é isso mesmo?

Téo Azevedo: É o meu “jeitão matutão”. Eu não tenho nada contra ninguém no mundo musical. Mesmo contra as pessoas que me perseguiam ou perseguem. Eu não tenho o poder de como produtor musical fazer alguém se torbar um sucesso nacional.

Muitos artistas pensam que sucesso depende do produtor musical. Noventa por cento do sucesso é fabricado pela grande mídia e para está na mídia custa dinheiro (pagar jabá). Então o meu trabalho é dentro do estúdio, passou do estúdio para fora, eu não tenho poder algum.

Mas dentro do estúdio eu posso está produzindo “um jumento relinchando” que eu procuro fazer da melhor forma. Eu conheço do processo mais antigo de gravação ao mais moderno. Pois, gravação digital até ensinar a pessoa a cantar, porque emenda palavra e afina a voz…

11) RM: Téo Azevedo, Quem gravou canções sua que se tornaram sucessos?

Téo Azevedo: Eu nem vou falar o nome das músicas que são muitas, vou falar mais dos cantores mais conhecidos que gravaram músicas minhas: Sergio Reis, Tonico e Tinoco, Cristian e Ralf, Pena Branca e Xavantinho, Banda de Pífano de Caruaru, Genival Lacerda, Dominguinhos, Anastácia, Zé Ramalho, Milionário e José Rico, Jair Rodrigues  e por ai vai.

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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.