O cantor, compositor, violonista carioca Reinaldo Nascimento, ganhou uma guitarra aos 15 anos de idade e algum tempo depois conheceu: Francisco Carlos Bezerra Leite, Luiz Carlos, Marcos Garcez e Ricardo foi o último a entra para o grupo e formaram a banda Trapiche. Neste grupo nasceu o compositor Reinaldo, pois a banda começou a ter um repertório autoral.
No bairro Parque Anchieta no Rio de Janeiro, na década de 70 o grupo Trapiche (música) e o grupo Nascente (Teatro) fizeram alguns trabalhos em parceria. A peça “Tribunal de Coisas” (autoria de Chico Piauí), na qual Reinaldo fez algumas músicas que fizeram parte da peça. Faziam parte do grupo Nascente: Adailton Medeiro (Hoje tem o Projeto Ponto Cine – Guadalupe RJ), Francisco das Chagas (Chico Piauí), Gílson de Barros (hoje apresenta-se com o monologo “Riobaldo”, personagem de Guimarães Rosas – no Circuito de Cultura do RJ), José Soares, os irmãos Paulo e Carlos Valete e tantos outros que Reinaldo tem as recordações de seus rostos na época de sua adolescência. Em 2009, participou do Projeto no Rio de Janeiro do Sexto Encontro de Fé e Política do Município de Mesquita – RJ com a música “O que se faz agora”. Morou no Rio de Janeiro Até março de 2010.
Morando em São Paulo desde março de 2010, descobre o circuito de Cultura de SP com os Saraus: Bodega do Brasil, Sarau do Charlier, Sarau de Utopias, Sarau da Maria, Toca do Autor, etc. Em 2016, gravou pela Fábrica de Cultural de Jaçanã – O CD – “Eu, tu, ele, nós e vozes” participando com “Acalanto” (Reinaldo Nascimento / Francisco das Chagas), interpretada por Reinaldo Nascimento e Jefferson. O projeto CENA NORTE que fomenta as atividades de cultura também da Zona Norte.
Em 2017 conheceu Antonio Carlos (editor da RitmoMelodia e cantor, músico e letrista da Reggaebelde) e criou duas melodias para duas letras em homenagem a pintora mexicana Frida Kahlo: “Quem Frida Hoje?” e um acrostico do nome “Frida Kahlo” e também no mesmo ano conheceu a cantora e compositora paulistana Luana Faddlei que interpretou a sua canção “Senhora da Casa Azul”, também uma homenagem a Frida Kahlo.
Afastado das atividades presenciais, devido a Pandemia do Covid-19, porém continua compondo e aprimorando seu instrumento que é o Violão, compõe em abril de 2020 a música: “Venha ver o sol”, pois a sua irmã Edna Maria, entrou em depressão após o falecimento da sua mãe Zuleide (por Covid-19), sentiu-se culpada achando que não fez o suficiente para protegê-la. Atualmente formata o “O Semeador do Asfalto” com músicas, textos e poesias autorais.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Reinaldo Nascimento para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 06.01.2022:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Reinaldo Nascimento: Nascido no dia 06.01.1961, Nova Iguaçu – RJ. Registrado como Reinaldo da Silva Nascimento.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Reinaldo Nascimento: Não lembro a idade, 5 ou 6 anos… entrei por curiosidade em Salão de Dança, encontrei um trombone ou pistão num palco, tinha serpentinas no chão do salão.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Reinaldo Nascimento: Sou Tecnólogo em Produção Cultural – Instituto Federal do Rio de Janeiro em 2008.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Reinaldo Nascimento: Principalmente Beatles. Beto Guedes, Belchior e as que fazem parte da MPB década 70.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Reinaldo Nascimento: Por volta de 1976, formamos uma banda de garagem Trapiche.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Reinaldo Nascimento: Somente a participação com “O que se faz agora?” no CD – Mesquita Canta o Sexto Encontro de Fé e Política (2009), interpretada por João Paulo. No CD – “Eu, tu, eles e vozes” (2015) do Movimento Cena Norte de São Paulo com a música “Acalanto” (Reinaldo Nascimento / Francisco das Chagas), interpretada por Reinaldo e Jefferson, gravação feita na Fábrica de Cultura do Jaçanã. Lancei em 2019 o single “Senhora da Casa Azul, uma música minha em homenagem a Frida Kahlo, que foi interpretada pela cantora e compositora Luana Faddlei. Em 2017, eu conheci Antonio Carlos (da Reggaebelde) e criei melodias para duas letras (“Quem Frida Hoje?” e um acrostico do nome “Frida Kahlo”) sua que fala também sobre a pintora mexicana Frida Kahlo, foram lançadas no qual eu canto, toco o violão, Antonio Carlos toca o Cajon e Tiago Stocco o contrabaixo.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Reinaldo Nascimento o: MPB.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Reinaldo Nascimento: Não estudei técnica vocal. Não me considero intérprete.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Reinaldo Nascimento: Muito importante, pois desta forma evita-se os chamados calos nas cordas vocais, além de adquirir a correta forma de usar os recursos da voz.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Reinaldo Nascimento: Milton Nascimento, Gal Costa, Tim Maia, 14 Bis, Bacamarte, nessa linha…
11) RM: Como é seu processo de compor?
Reinaldo Nascimento: Sempre compôs sozinho, mas tive na de cada de 70: Marcos Garcez, Ricardo Pessoa, Francisco Carlos Bezerra Leite. Em 2017, em São Paulo conheci, Antonio Carlos (da Reggaebelde) e criei melodia para duas letras sua, em que fala sobre a pintora mexicana Frida Kahlo.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Reinaldo Nascimento: Marcos Garcez, Ricardo Pessoa, Francisco Carlos Bezerra Leite, Luiz Carlos Rezende e 2017 Antônio Carlos que conheci em SP.
13) RM: Quem já gravou as suas músicas?
Reinaldo Nascimento: Além de mim, João Paulo fazia parte da Comunidade São José Operário, no CD – “Mesquita canta o Sexto encontro de Fé e Política” música O que se faz agora, cedi os direitos autorais para o movimento, teve o apoio da prefeitura de Mesquita Rio de Janeiro. Luana Faddlei, música Senhora da casa azul .
14) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Reinaldo Nascimento: Liberdade em compor o seu trabalho. Desvantagens: Ficar isolando do cenário musical principalmente se não está na grande mídia.
15) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Reinaldo Nascimento: Não sei se posso chamar de estratégia, apresento-me de formas bem simples: Voz e Violão, apresentando as minhas músicas.
16) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Reinaldo Nascimento: Não as tenho e pago o preço por isso, não fico em evidência no cenário, porém, agradeço a oportunidade desta entrevista na revista Ritmo & Melodia.
17) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Reinaldo Nascimento: Usar a internet tem grande vantagem, pois as plataformas ajudam muito. Participei de um projeto que chama “Aonde o muro mora”, mas confesso que não sei lidar com o espaço virtual e redes sociais.
18) RM: Quais as vantagens e desvantagens do fácil acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Reinaldo Nascimento: Vantagem, sabendo usar lhe ajuda muito, porém, o custo de se ter um razoável equipamento ainda é muito caro.
19) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Reinaldo Nascimento: Hoje, acredito que o acesso a internet colocou disponível um grande número de artistas sérios que estão fora da grande mídia, as plataformas ajudam, mas “o joio e o trigo” estão juntos.
20) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quem permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Reinaldo Nascimento: O mercado musical brasileiro oscila entre: bom e ruim, o público alvo e bem diversificado. O sol nascer para todos, mas que será o que estará “bombando?”? As gravadoras escolhem o tipo de bolo que será feito e como ele será fatiado? Selos independentes são muitos importantes. Mas o custo ainda é muito alto.
21) RM: Quais os artistas já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Reinaldo Nascimento: A qualidade artística pessoal é a ferramenta que diferencia o artista? Não tenho conhecimento sobre este assunto, mas quanto maior o artista como um produto mais este produto terá que atender as situações deste cenário. O músico fica um pouco engessado, pois terá que aprender a lidar com esse novo cenário e conceito de artista de mídias. A qualidade técnica, músicos e o pessoal também mudam. Quase se torna um portfólio profissional, pois estamos falando de mercado de trabalho.
22) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?
Reinaldo Nascimento: O pior é a falta de condições técnica. Sou tranquilo, não sou o único, pois passar do amadorismo para o profissional é como a transformação de água em vinho, ou seja: como fazer se não temos a água? O público muitas vezes não receptivo com sua proposta.
23) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Reinaldo Nascimento: Feliz, pois cada composição é parte de minha interpretação e percepção de minha introspecção. Sou muito introspectivo, a música expressa o que sinto e as vezes não sei expressar. Triste, é quando não verem o valor que você dá a música, quando compartilhado com os que você convive veem como perda de tempo ou desperdício de energia.
24) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Reinaldo Nascimento: Algo que você nasce, as vezes acordo no meio da noite com uma melodia, fico inquieto. Só fico tranquilo quando a música está terminada. Meu celular e cheio de melodias gravadas. Os Dons musicais, seria uma aptidão básica ao ser humano. Todos sabem cozinhar, porém, poucos serão master chef. O que seria da sociedade se não houvesse a diversidade nas aptidões.
25) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Reinaldo Nascimento: Seria deixar fluir, mas com alguma base de teórica, pois se não fluir será meramente robótico.
26) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Reinaldo Nascimento: Acredito que seja um ponto equilíbrio, pois o estudo ajuda na técnica, aprender a escrever não lhe faz um Jorge Amado ou Monteiro Lobato, mas ajuda.
27) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Reinaldo Nascimento: Sem a base da teoria, fica-se no feijão com arroz, portanto, teoria e prática nos levarão a termos salada e tempero.
28) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Reinaldo Nascimento: Tudo que é relevância para o músico aprimora-se é relevante, mas cada um tem seu tempo. Agora estou vendo a matéria de EAM – Escola de Aprendizes de Marinheiro, já coloquei o conceito numa música que fiz.
29) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Reinaldo Nascimento: E como perguntar, se existe político honesto, “desculpem” a comparação, pode haver a exceção.
30) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Reinaldo Nascimento: Estudar seu instrumento inclui-se a voz. Um parceiro musical (Antonio Carlos) me falou que tem que ter o plano ou ocupação extra para pagar as contas básicas. O bom vim de uma família que tenha recursos. Posso estar enganado, pois cada caso é um caso.
31) RM: Quais os prós e contras do Festival de Música?
Reinaldo Nascimento: Prós, espaço para novos talentos. – Contras: teve um sendo produzido por uma emissora Plim Plim, onde o festival teve o nome associado a uma grande produtora de combustível fóssil Anglo-Holandesa.
32) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Reinaldo Nascimento: Sim, com certeza, existem expressões, um festival de Musical de uma grande emissora como a TV Globo, com o nome de uma multinacional que vende gasolina, revelou bons finalistas. As músicas eram boas. Gerou um álbum?
33) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Reinaldo Nascimento: Acho tendenciosa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira. As matérias iriam de encontro aos interesses de alguma corporação midiática.
34) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Reinaldo Nascimento: São espaços ótimos para o cenário da cultura, podem ser um termômetro, desconheço a critério de avaliação ou fomento para os chamados “artistas fora da grande mídia”.
36) RM: Quais os seus projetos futuros?
Reinaldo Nascimento: Formatar o projeto “O Semeador do Asfalto” com músicas, textos e poesias autorais. Adaptar esse projeto para escola, no formato de apresentação show, com 4 ou 6 músicos e 3 atores, com um tempo de escolha dos integrantes e ensaios de 2 a 3 meses, além da produção que atenda a estrutura do proposto. Música e enquetes com atores e o público.
37) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Reinaldo Nascimento: (11) 95132 – 5015 | [email protected]
| https://web.facebook.com/reinaldo6161
SoundCloud: https://soundcloud.com/user-226772367
Canal Reinaldo Nascimento: https://www.youtube.com/channel/UCt7pvaAOYLCsQAKrG0M0YxA
Senhora da Casa Azul (Reinaldo Nascimento) – Luana Faddlei: https://www.youtube.com/watch?v=_789yN52dQg
“Frida Kahlo” (Antonio Carlos / Reinaldo Nascimento): https://www.youtube.com/watch?v=9JU9wNybvkk
“Quem Frida hoje?” (Antonio Carlos / Reinaldo Nascimento): https://www.youtube.com/watch?v=1XBSTAAXTL8&list=PL9I1rq
“Acalanto” (Reinaldo Nascimento / Francisco das Chagas) – XIX Toca do Autor em 20 de maio de 2019: https://www.youtube.com/watch?v=AG4hXsx8QCc
Magia da luz – A apresentação na Fábrica de Cultura de Jaçanã: https://www.youtube.com/watch?v=Js6Ea_YUE4U