More Patty Kiss »"/>More Patty Kiss »" /> Patty Kiss - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Patty Kiss

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Patty Kiss é talentosa na guitarra baiana dentre outros instrumentos, iniciou-se na música aos 11 anos de idade (1985), e aos 12 anos, seguindo o exemplo do mestre Armandinho Macêdo subiu num trio elétrico pra tocar sua primeira de muitas micaretas ao lado de Dera Barbosa, integrando em seguida ao grupo Kamaloka.

Aos 18 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde participou da cena musical carioca, de projetos e produções diversas e integrou a banda Zazueira, que se destacou no Verão de Campos recebendo o prêmio de banda revelação e melhor jingle.

A partir de 1997, iniciou uma série de turnês pelo mundo com a banda Didá, acompanhando o coral gospel Mount Moriah ao lado dos brasileiros Emílio Santiago, Sandra de Sá, Daniela Mercury e em seguida Caetano Veloso. De 1998 a 2000, integrou como guitarrista a banda As Meninas com o sucesso do CD – Xibom bom bom. De 2000 a 2013 trabalhou em tempo integral com o Trio Elétrico Armandinho Dodô e Osmar, como produtora, iluminadora e guitarrista. Ainda atua com o Trio durante os carnavais.

Atualmente faz shows instrumentais de guitarra baiana com o seu trabalho independente, além de participações ao lado de artistas de carreira nacional e internacional como a cantora Sayon Bamba da Guiné, onde integrou a Orquestra de mulheres a convite do grande e saudoso maestro Letieres Leite. Ministra Workshops e Master Classes em eventos por todo o Brasil. E recentemente fez um show no SESC Consolação em São Paulo dando início a sua carreira em Sampa. Patty Kiss é endorser das empresas parceiras: Amb Pedais; Pedais Martins; Balbags; Luthier Elifas Santans; Panthers Cables.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Patty Kiss para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 27.03.2023:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Patty Kiss: Nasci no dia 24/05/1974 em Salvador – BA. Registrada como Patty Kiss Nery Nogueira Mesquita.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Patty Kiss:  Meu primeiro contato com a música foi ainda criança aos seis anos de idade quando ganhei um Piano e um Acordeon da Hering.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Patty Kiss: Sou autodidata, e comecei a estudar teoria musical recentemente na UFBA – Universidade Federal da Bahia.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Patty Kiss: Minhas influências em todos os gêneros foram com o mestre Armandinho Macedo. No pop até eu conhecer Lulu Santos e me apaixonar, sempre ouvi A Cor do Som, Roupa Nova, no choro sempre ouvi grandes nomes como Waldir Azevedo, Ernesto Nazareth, Pixinguinha e principalmente Armandinho com Raphael Rabelo, no frevo baiano sempre escutei a banda Armandinho, Dodô & Osmar e por aí foi. Só depois vim conhecer outros artistas. Eu tenho artistas da mpb que pra mim são referências como Flávio Venturini, Djavan, Milton Nascimento, Dorival Caymmi, Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil que pra mim é o máximo, entre outros… Não tem como deixar nenhuma dessas referências para traz, são artistas que trazem uma qualidade atemporal.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Patty Kiss: Comecei em Salvador aos 12 anos subi pela primeira vez num trio elétrico pra fazer minha primeira Micareta e foi em Alagoinhas – BA.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Patty Kiss: Já gravei dois álbuns nas bandas que fiz parte. O primeiro álbum com a banda “Didá” pela BMG e o segundo álbum – Xibom bom bom com a banda As Meninas pela Universal Polygram que foi um sucesso e recorde de vendas em todo mundo. Tenho também música autoral gravada disponíveis nas plataformas digitais.

07) RM: Como você define o seu estilo musical?

Patty Kiss: Eu costumo dizer que sou uma artista do Instrumental. Aprendi com o meu mestre Armandinho Macedo que a música instrumental não precisa ser engessada, pode ser descontraída, charmosa, alegre e fazer com que o público seja mais participativo. E é isso que tento fazer humildemente com a minha guitarra baiana e meu bandolim.

08) RM: Como é o seu processo de compor?

Patty Kiss: Meu processo de compor é bem variável, às vezes vem vários pedacinhos de melodias que eu gravo e guardo. Mas já aconteceu de criar em um dia 22 letras para umas melodias que estavam compostas por meu parceiro Askê Mesquita. “Patty Pretinha”, por exemplo foi uma música que mudou de parceria e foi recomposta por mim numa nova parceria. Acho que foi um processo bem curioso, pois eu inseri um trecho de uma música que fiz aos 15 anos de idade.

09) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Patty Kiss: Até hoje meu melhor parceiro de música instrumental foi Askê Mesquita e de músicas com letra Tony Reis. Temos várias músicas gravadas por vários artistas.

10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Patty Kiss: Os prós é a liberdade de escolha de como será executado o seu projeto, mas o contra é ainda a falta de apoio.

11) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Patty Kiss: Eu busco investir sempre na qualidade musical, mesmo quando faço parcerias em trabalhos populares, eu busco aceitar projetos de artistas que primam pela qualidade. Ultimamente tenho canalizado muito na minha carreira solo, que já me toma bastante tempo, então busco ser sempre muito cautelosa, a gente apanha e aprende. Outra coisa que eu aprendi é não colocar o braço aonde não alcanço.

12) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Patty Kiss: Hoje qualquer artista independente não pode ficar sem uma estratégia de marketing, principalmente nas redes sócias e nas mídias digitais.

13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?

Patty Kiss: No meu caso, a internet só ajuda. Em relação a pirataria, isso prejudica mais as grandes estrelas.

14) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Patty Kiss: O Home Studio é um salvador da pátria, nos deu ferramentas preciosas para desenvolver no nosso tempo um trabalho com mais rigor e qualidade. Antes era uma fortuna fazer uma gravação de demonstração para mostrar nossa música aos artistas que viviam das nossas composições e também para ter um material de venda dos meus shows instrumentais.

15) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Patty Kiss: Acho que por tocar um instrumento diferente (guitarra baiana) com um estilo próprio ajuda muito. Eu respeito o tempo de cada coisa, dou um passo de cada vez e acho que tudo sempre caminha no seu tempo.

16) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Patty Kiss: Eu acho o cenário musical brasileiro riquíssimo, o que é desproporcional são alguns empresários que vivem loteando a arte, aí realmente não dá pra concorrer. Em relação a artistas que chegam e vão na mesma velocidade, acho que nem preciso explicar muito, são músicas comerciais com refrões fáceis e que em um ano ninguém lembra mais.

17) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?

Patty Kiss: Situações diversas que foram citadas na pergunta (risos). Já vi musicista desmaiar, cair do palco, já vi músico tocar no banheiro, cantor tomar choque, cantor fazer um show quase inteiro de dentro de um banheiro, fora os choques que são sempre desagradáveis. Mas também já chegamos em um local pra fazer show e nos entregaram um microfone sem ter as caixas de som. Não tinha um P.A., só tinha um palco (risos).

18) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Patty Kiss: O que me deixa mais feliz é estar no palco tocando, sem sombra de dúvidas! E o que me deixa mais triste ainda é o machismo, os assédios e a falta de respeito.

19) RM: Você acredita que sem o pagamento do Jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Patty Kiss: Muito improvável, sem pagar o jabá a música somente toca nas rádios culturais e olhe lá.

20) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Patty Kiss: Tem que amar muito, querer muito, tem que estudar muito e ser determinado, teimoso e resiliente (risos).

21) RM: Quais os guitarristas que você admira?

Patty Kiss: Armandinho Macêdo, Luiz Caldas, Pepeu Gomes, Davi Moraes, entre muitos outros maravilhosos! George Benson é a minha maior referência internacional.

22) RM: Quais os compositores eruditos que você admira?

Patty Kiss: Heitor Villa-Lobos e Mozart, são maravilhosos!

23) RM: Quais os compositores populares que você admira?

Patty Kiss: Nossa, a fila é grande viu? Mas Gilberto Gil, Flávio Venturini, Milton Nascimento, Lulu Santos são hit makers, não tem o que discutir. Mas jamais deixarei de fora as obras do meu mestre Armandinho de fora.

24) RM: Quais as diferenças e semelhanças da Guitarra para a Guitarra Baiana?

Patty Kiss: A afinação da guitarra baiana é completamente diferente da afinação da guitarra tradicional. A Guitarra Baiana afinação é em quintas. Da corda aguda para a grave, a afinação é: E, A, D, G, C.

25) RM: Quais os outros instrumentos que toca além de Guitarra e Violão?

Patty Kiss: Toco Bandolim, Guitarra Baiana, Violão, Guitarra e um pouco de Teclado e Contrabaixo só pra compor mesmo. Mas adoro estudar a percussão afro baiana.

26) RM: Quais as principais técnicas que o aluno deve dominar para se tornar um bom Guitarrista e Violonista?

Patty Kiss: Eu também gostaria de saber (risos). Acho que temos anatomias diferentes, é importante que o instrumento esteja bem encaixado no seu corpo para que se sinta confortável e assim desenvolver da melhor forma, no mais é muito estudo para aprimorar as técnicas.

27) RM: Quais os principais vícios e erros que devem ser evitados pelo aluno de Guitarra e Violão?

Patty Kiss: Um vício que pode prejudicar muito é treinar errado. Pra desfazer depois é cruel.

28) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?

Patty Kiss: Pra mim é “o fim da picada” métodos que promete que a pessoa vai aprender a tocar em 30 dias (risos). Quem promete e vende esse “método”, com certeza estudou por 30 anos e quer vender um curso que te faz tocar igual a ele em 30 dias (risos). Ninguém merece!

29) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Patty Kiss: Quando desde criança se tem contato com a música, já que quando criança a mente está vazia, dá pra assimilar muitas informações.

30) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Patty Kiss: Improvisar não é simples, requer muito estudo harmônico e de escalas. Ouvir muitas coisas dentro do estilo musical que vai tocar para destravar e também é necessário muita convivência e intimidade com o instrumento que toca.

31) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Patty Kiss: Mesmo que você não estude especificamente para tal música, o estudo convencional foi instrumento que te prepara e te dá estrutura para improvisar com segurança. Isso acontece geralmente depois de um bom tempo de estudo, com a experiência.

32) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Patty Kiss: Os mesmos que falei em relação aos outros métodos milagrosos. Não existe milagres musicais, música é estudo constante.

33) RM: Quais os prós e contras de ser multi-instrumentista?

Patty Kiss: Já teve uma época que eu ficava dividida entre quais instrumentos tocar. Hoje está bem definido pra mim, minha dedicação vai mais para o Bandolim e a Guitarra Baiana que apesar de terem a mesma afinação são técnicas completamente diferentes.

34) RM: Qual sua relação pessoal e profissional com Armandinho Macêdo?

Patty Kiss: Nossa, essa resposta daria aqui um livro (risos). Eu entrei na banda de Armandinho Macedo muito jovem para ser auxiliar de produção e eu já era guitarrista profissional da banda “Didá”, depois da banda “As Meninas”, mas sempre quis trabalhar no backup stage para respirar aquele universo e ficar perto do meu mestre Armandinho.

Então fui auxiliar de produção,  depois me tornei produtora, depois iluminadora, depois técnica de monitor e depois diretora de palco. Eu adorava, pois poderia tocar e cuidar das guitarras de perto, fazia questão de passar o som das guitarras, sentir os graves chegando, eu sempre adorei timbrar as Guitarras Baianas.

Então ficava passando o som por horas, até que em 2013, fui uma das convidadas de Armandinho para homenagear os 70 anos da Guitarra Baiana. A nossa convivência sempre foi muito familiar com todos os irmãos Macedo e os filhos que também eram músicos da banda, me sinto da família, sempre me senti em casa, em um lugar de apoio, de acolhimento. É um lugar mais que especial. Quando passei por momentos difíceis de saúde também não me faltou apoio e acolhimento. Nem eu tinha noção do quanto ele era generoso e amigo. Foi tudo muito natural, é um amor familiar, de fã, amiga, e de alguém que é como um anjo da guarda pra mim. Armando Macêdo é uma das pessoas mais generosas que já conheci na minha vida!

35) RM: Quais os seus projetos futuros?

Patty Kiss: Agora eu estou fixando minha morada em São Paulo, tenho projetos para realizar em Sampa, como apresentações nos Sescs e em outros teatros. Estou me preparando para fazer alguns workshops que em breve serão divulgados.

36) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Patty Kiss: (71) 99115 – 8070 (11) 96571 – 9584 | [email protected]  

| https://pattykissguitarrabaiana.jimdofree.com

| https://www.instagram.com/pattykiss

| https://www.instagram.com/ana.vick.370

| https://www.facebook.com/people/Patty-Kiss-Guitarra-Baiana

Canal: https://www.youtube.com/user/PattyKiss 

Patty Pretinha – Patty Kiss/Giovani Goulart part. especial do meu mestre Armandinho Macedo: https://www.youtube.com/watch?v=Dc8X9-fAU8k 

Deixo (instrumental) – Sérgio Passos e Jorge Papapá (cover): https://www.youtube.com/watch?v=A4OZOfQ8bnU 

Uma história de Sucesso com Patty Kiss da Guitarra Baiana: https://www.youtube.com/watch?v=wbMG6ZqiRns

Patty Kiss Guitarra Baiana no Habeas Copos 2022: https://www.youtube.com/watch?v=K42IIlp0ZoI


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.