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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Nelson Sargento

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Nelson Sargento lança seu novo CD depois de onze anos. O Sambista fará 78 anos de vida no dia 25/07/2002  com uma trajetória de sambista respeitado pela comunidade da Mangueira na qual faz parte da Velha Guarda como compositor e reverenciado pela nata do Samba brasileiro.

Gravou poucos discos e tem uma formação autodidata. Nasceu e cresceu no morro do Salgueiro sendo influenciado e contemporâneo dos mestres do samba. Foi pintor de parede e hoje pinta os seus quadros com paisagens das aquarelas do cotidiano dos Morros Carioca.

Tem saudade do samba que nascia nas esquinas das favelas e dos botecos. Acredita que as novas informações e panorama sócio-cultural das favelas fazem os jovens se afastarem do samba raiz e cultuarem novos ritmos.

Nelson um senhor que é o retrato do povo humilde brasileiro. Homem de poucas palavras e comentários que respira a musica popular e transforma a sua vivencia pessoal em crônica nas letras dos seus sambas.

Segue abaixo entrevista com Nelson Sargento para a www.ritmomelodia.mus.br ,  entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 01.09.2001.

01) RitmoMelodia: Fale do seu primeiro contato com o Samba.

Nelson Sargento: Meu primeiro contato com o samba foi aos dez anos de idade no morro do Salgueiro. Naquele tempo nada era proibido para criança e eu sai na escola de samba Azul e Branco tocando Tamborim.

02) RM: Fale do inicio da carreira musical?

Nelson Sargento: Comecei em 1948 com o meu primeiro samba enredo em parceria com Alfredo Português: Vale São Francisco para Escola de Samba Mangueira que foi Campeã.

03) RM: Fale de suas parceiras musicais.

Nelson Sargento: Tenho poucos parceiros musicais. Fiz samba com: Alfredo Português, Carlos de Sousa (Marreta já falecido),  Nei Lopes, Batista da Mangueira e Luiz Carlos.

04) RM: Fale de suas principais composições.

Nelson Sargento: As principais foram: “Caso com a Natureza”; “Agoniza Mas Não Morre”; “Falso Amor Sincero”, respectivos sambas enredos da Mangueira nos anos: 1955, 1979 e 1990.

05) RM: Fale do panorama social e cultural do samba nos anos 50,60,70 e 80.

Nelson Sargento: Havia muitas rodas de samba que evoluíram com o tempo. Hoje devido o aspecto sócio-econômico do Morro que levam os jovens se aproximarem de novas tendências musicais como: Rap, Hip Hop, Axé music e Funk que vão desvirtuando o Samba tradicional do passado. No passado em todo boteco tinha samba e hoje não tem mais.

06) RM: Fale das suas influências musicais.

Nelson Sargento: Foram os mestres do samba: Cartola, Nelson Cavaquinho, Geraldo Pereira, Alfredo Português, Aluízio Dias, Carlos Cachaça que  frequentavam minha casa. Todos eles independentes do número de composições feitas e/ou populares são todos importantes para o samba.

07) RM: Fale dos seus discos lançados.

Nelson Sargento: Eu lancei quatro discos no Japão e vários no Brasil. Fiz participação em discos de: Ivan Lins; Daude; Fundo de Quintal; Elizeth Cardoso. Estou fazendo um novo lançamento em 2002 antecipando em alguns meses meus 78 anos de idade ( 25/07/2002).

08) RM: Fale da convivência com o pessoal da velha guarda da Mangueira.

Nelson Sargento: A convivência entre a velha guarda da Mangueira é ótima. Tem meus contemporâneos: Darci e Helio Turco. Há muita compreensão entre os sambistas da velha guarda.

09) RM: Fale da sua passagem de pintor de parede para pintor de quadro.

Nelson Sargento: Foi um pulo de uma tela grande (A Parede) para uma tela pequena (O Quadro). Retrato nos meus quadros o meu universo que é a favela; os passistas, as baianas e os ritmistas.

10) RM: Na sua opinião quando o Samba deixou de ser visto como amador, marginal e se tornou profissional?

Nelson Sargento: Na década de trinta quando compositores como: Cartola, Ataulfo Alves, Sival Silva, Paulo da Portela. Os Sambistas deixaram de apanhar da polícia e começaram a gravar suas músicas em discos.

11) RM: Quais as diferenças dos Carnavais do passado e os atuais?

Nelson Sargento: Os carnavais decresceram e estão limitados e acabaram as sociedades recreativa de samba. É uma mudança radical. Em 1940 e 1950 as escolas de samba eram um espetáculo das comunidades. Hoje é um espetáculo de primeira grandeza.

12) RM: Comente a vitória da Mangueira em 2002 homenageando a nação nordestina.

Nelson Sargento: A Mangueira é uma escola que ganhando ou perdendo ela é a MANGUEIRA. Faz carnaval com carisma e já teve carnaval que ficou em décimo primeiro lugar e não abalou os componentes nem aos seus adeptos. A homenagem à nação nordestina em 2002 era um enredo que precisava ser feito há muito tempo . Elevando a moçada do nordeste com suas expressões culturais como os Cangaceiros, Forró, Xote, Baião, Xaxado, Padre Cícero. O Rio de Janeiro é um paraíso nordestino.

13) RM: Fale do seu novo lançamento em 2002.

Nelson Sargento: Fazia onze anos que não gravava um disco solo. Tive essa nova oportunidade através de um projeto aprovado pela rádio MEC. O CD é composto por composições minhas e de parceiros como: João de Aquino, Pedro Amorim, Maria Trindade Barbosa.

14) RM: Na sua opinião como o samba poderia manter a sua tradição para futuras gerações?

Nelson Sargento: Tem que haver uma disciplina de música popular nas Universidades para mostrar a importância da cultura e musical do samba.

Nelson Mattos (Sargento) nasceu no Rio de Janeiro, 25 de julho de 1924 e faleceu aos 96 anos no Rio de Janeiro, 27 de maio de 2021 em decorrência da Covid-19.

Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nelson_Sargento

 


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