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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Jerry Espíndola

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O cantor, compositor, violonista Jerry Espíndola é o mais novo dos irmãos Espíndola, chamado por eles de “temporão”, apelidado de Jerry pela mãe Alba.

Desde pequeno, pela influência dos irmãos Tetê, Geraldo, Celito, Alzira, que já faziam sucesso em São Paulo com o Tetê e o Lirio Selvagem, Jerry sempre quis ser músico.

Na época do “Lírio Selvagem”, quase toda a família se trasladou para São Paulo, somente o pai Francisco continuou residindo em Campo Grande – Mato Grosso do Sul. E Jerry viu de perto todo o glamour da vida de um artista, e aprendeu os erros dessa vida bem cedo.

Jerry fez parte da banda Incontroláveis em São Paulo, no qual integrou a cena vanguarda paulistana, pois os Incontroláveis dividiam os palcos “da vida” com bandas como Titãs e RPM. Infelizmente o álbum dos Incontroláveis só foi surgir de forma independente no final dos anos 80, e a banda acabou se dissolveu um pouco depois.

Foi na década de 80 também que Jerry participou como backing vocal na banda de apoio de Tetê Espíndola no “Festival dos Festivais”, no qual Tetê foi vencedora com a canção “Escrito nas Estrelas”, assim como Jerry participou da turnê do álbum Gaiola de Tetê em 1986. Foi através de Tetê e Alzira que Jerry conheceu Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção. Arrigo que participa da canção O tiro do álbum dos Incontroláveis; e Itamar acaba virando parceiro em algumas composições com Jerry.

E foi no meio desse rumo explosivo de criação que surge discretamente a segmentação da polca-rock com a canção Colisão nos tempos dos Incontroláveis. Porém, Colisão só aparece no primeiro disco solo Pop Pantanal (2000).

Paulinho Moska já vinha flertando com o Mato Grosso do Sul há um certo tempo, e foi em terras pantaneiras que Jerry conheceu Moska, mas foi em terras paulistanas que Moska levou um susto ao ouvir o ritmo ternário da canção Colisão, e aconselhou o amigo a dar continuidade nessa estética chamada polca-rock.

Sandro Moreno que sempre tocou bateria com o Jerry, vence o concurso de bateria chamado Batuka em São Paulo, com uma versão polca-rock da canção Condição (de Lulu Santos) com a banda Croa. A grande amizade entre Jerry e Sandro, a fusão de Jerry com a banda Croa veio natural, e a banda fixa-se com a formação: Jerry (voz e violão), Adriano Magoo (teclado e escaleta), Marcelo Ribeiro (baixo), Sandro Moreno (bateria) e Gabriel Sater (violão de nylon).

E com um time de músicos completamente profissional, o álbum Polca-rock (2002), acabou virando um marco e divisor de águas no cenário sul-mato-grossense e sendo aclamado pela crítica paulistana (vide MTV e eleito pela revista Bravo n°100 como o melhor concerto de rock).

Entre os anos de 2003 e 2005, Jerry em conjunto com Márcio De Camillo organizam a classe musical com a Associação de Músicos do Pantanal (AMP). E também desenvolve vários projetos como o Espíndola canta, O que virou, Pantanal 2000, Segundas Intenções, entre outros álbuns e concertos de qualidade internacional, algo que pode ser constatado no DVD (show)/ VHS (documentário) do Espíndola canta.

Em 2006 Jerry lança seu segundo álbum solo Vértice contendo canções em parceria de Alzira E, Arruda, Adriano Magoo, seguindo nos estilos pop e algumas experimentações na polca-rock.

Em 2006 participa do projeto e documentário “Água dos Matos” de sua irmã Tetê, patrocinado pela Natura Musical, realizado nas comunidades ribeirinhas dos rios Cuiabá e Paraguai no Pantanal com shows e oficinas.

Em 2008 grava o segundo álbum “Atlântida Pantanal” com o trio Croa, formado por Adriano Magoo, Sandro Moreno e Marcelo Ribeiro, e patrocinado pelo Programa Petrobrás Cultural.

Em 2009 o grupo fez shows de lançamento do CD nas cidades de Campo Grande e Cuiabá pelo CCBB Itinerante com participação especial de Tetê Espíndola, Alzira E, Paulo Monarco e Chico César. Esse trabalho ganhou o prêmio “Pop-rock” no Festival Botucanto. Neste mesmo ano ganha prêmio Funarte Bolsa Estímulo de Criação Artística/Música Popular e realiza o projeto “Composição Ternária”. Com o projeto “Música Pantaneira” realiza shows em 6 estados nos teatros da Caixa Cultural e no Centro Cultural Banco do Brasil Itinerante.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Jerry Espíndola para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 08.04.2024:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Jerry Espíndola: Nasci no dia 23/09/1964 em Campo Grande – MS. Registrado como Marcos Jerônimo Miranda Espíndola.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Jerry Espíndola: Meus irmãos (Tetê, Geraldo, Celito, Alzira E) começaram a tocar quando eu tinha uns três anos de idade. E a minha casa era muito musical, muitas serenatas de trio paraguaios, tios trigêmeos pianistas, foi meio que a casa.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Jerry Espíndola: Minha formação musical é autodidata mesmo, mas estudei violão com o professor Carlos Colman e canto em São Paulo, isso me deu uma base que pude desenvolver na sequência.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Jerry Espíndola: A influência da música paraguaia deve ter começado nas serenatas, depois a MPB, e mais tarde o rock.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Jerry Espíndola: Em 1982 comecei em Campo Grande – MS participando de quatro eventos importantes. O primeiro no show do Paulo Simões cantando com ele uma música, depois um show com meu irmão Celito, o primeiro show, depois um show com o compositor carioca Alfredo Karan.

E por fim, o show e disco Prata da Casa, reunindo a geração dos meus irmãos (Tetê, Geraldo, Celito, Alzira), que tem também nomes como Almir Sater, O Colman, Simões, Geraldo Roca, Guilherme Rondon e grupo Acaba, que são minhas referências regionais.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Jerry Espíndola: Tenho 10 Álbuns físicos lançados e disponíveis nas plataformas, e alguns singles e feats. Participo de alguma forma de uns 230 fonogramas, a maioria composições minhas comigo cantando.

“Atlantida Pantanal/Jerry+Croa” (LuzAzul, 2008). Vértice (LuzAzul, 2006). GerAções (2006). Polca-rock (2006). Espíndola canta (LuzAzul, 2003). O que virou – Canções de Jerry Espíndola e Marcello Pettengill (LuzAzul, 2003). Rumos, Itaú Cultural – Cartografia musical brasileira (2003). Jerry Espíndola&Croa – Polca-rock (ELO Music/Seven Music, 2002). Pop Pantanal (Pantanal Discos, 2000). Incontroláveis (CD, 1997 / LP, 1989).

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Jerry Espíndola: Meu estilo mais conhecido é a polca-rock, contendo muitas variações dentro desse gênero, me considero pop.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Jerry Espíndola: Tive aula de técnica vocal em São Paulo com uma professora. Ela me ensinou muita coisa, me deu segurança pra cantar, e assimilei as técnicas naturalmente.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Jerry Espíndola: A voz é um instrumento, tem que ser preparada para entrar em ação, a forma de cantar também influência, fora os cuidados como evitar gelado, não fumar, não falar muito, tem que ter uma disciplina.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Jerry Espíndola: Para começar as minhas irmãs: Tetê e Alzira, depois: Cássia Eller, Elis Regina, Gal Costa, Elza Soares, Bjork, Adele, Karla Coronel, entre outras.

11) RM: Como é seu processo de compor?

Jerry Espíndola: De várias formas, melodia e letra juntos, só letra, só melodia, letra em cima de melodia ou melodia em cima de letra (risos).

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Jerry Espíndola: A principal é minha irmã Alzira E, com ela tenho maior quantidade de canções. Aí vem os que eu tenho muitas músicas junto como o Rodrigo Teixeira, Adriano Magoo, Arruda, Ciro Pinheiro. E ainda as parcerias esporádicas com Chico César e Itamar Assumpção.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Jerry Espíndola: Prós: fazemos o que quisermos, como podemos e a hora que queremos. Contra: precisamos ser o meu investidor, e provavelmente ser o meu próprio produtor para que o que fizermos apareça.

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Jerry Espíndola: Fora do palco é estar com tudo disponível nas plataformas e continuar lançando com frequência novidades, dentro do palco tentar retomar os espaços e tocar fora do Mato Grosso Sul, inclusive concorrendo com projetos em editais.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Jerry Espíndola: Todas as ações são empreendedoras, desde compor, produzir, até lançar as músicas, mas meu maior empreendimento é sempre a buscas das novas parcerias, a música não para. Participo das Feiras de Música que acontecem na minha cidade, sempre na intenção de aprender ou colaborar de alguma forma.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Jerry Espíndola: A Internet ajuda muito, o fato de podermos ter nossos próprios canais e páginas nos torna independentes, podemos fazer e crescer lá dentro. A internet tem o lado ruim que com certeza é a concorrência enorme e a dificuldade de lidar com os algoritmos, mas não vejo nada que prejudica o trabalho.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Jerry Espíndola: A vantagem do home estúdio é registrar a música e poder fazer uma pré-produção de arranjos sem sair de casa. A desvantagem é que é mais fácil de ser solucionado, no caso uma mixagem mais caprichada num estúdio profissional para se chegar numa melhor qualidade final da produção da música.

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Jerry Espíndola: Hoje a dificuldade continua a mesma, no meu caso que não sou produtor nem técnico, pago estúdio, músicos, direitos autorais, divulgação, continua igual, só que agora o artista é que paga tudo. Acho que o diferencial é relativo, o importante é manter e conquistar novos fãs para quem gosta de uma música mais autoral.

19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Jerry Espíndola: Acho que o cenário da MPB se divide em duas partes, uma com os milhares de artista novos ou antigos com trabalhos relevantes que lutam no dia a dia para divulgar e sobreviver de sua música. O outro cenário é o mercado do entretenimento muito forte hoje, com músicas mais descartáveis e “divertidas” e artistas com ótimos trabalhos também.

Dani Black é uma das revelações mais importante da música brasileira neste século XXI. Muitos artistas permanecem contribuindo com novas canções ou com suas obras já reconhecidas, outros tiveram um momento melhor e não há o porquê ter uma cobrança de continuidade, cada um no seu tempo e com sua contribuição.

20) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Jerry Espíndola: Mais feliz é o privilégio de ser compositor e cantor, mais difícil não ter o tempo que eu queria pra me dedicar à minha música.

21) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Jerry Espíndola: acho que existe o dom, a pessoa nasce pronta as vezes, o tamanho do dom também varia, uns tem que se aperfeiçoar.

22) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Jerry Espíndola: Eu não uso improvisação, mas as vezes num show podemos improvisar de várias formas, mas sou mais da linha da formatação. Limitar a improvisação.

23) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Jerry Espíndola: Existe de fato a improvisação, conheço músicos autodidatas que improvisam muito sem conhecimento de estudo, outros estudam muito e também improvisam.

24) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Jerry Espíndola: Os prós com certeza é a amplitude de conhecimento, o contra talvez seja te prender dentro dos conceitos que de alguma forma delimitam a improvisação.

25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Jerry Espíndola: Acredito que todo conhecimento só acrescenta, no caso da Harmonia é um estudo precioso e prazeroso.

26) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Jerry Espíndola: Nas rádios comerciais não tocara música sem pagar o jabá, mas as rádios educativas e universitárias deveriam tocar autores brasileiros de fora do mercado, e algumas já fazem isto, justiça seja feita.

27) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Jerry Espíndola: Seja persistente e depois seja persistente.

28) RM: Festival de Música revela novos talentos?

Jerry Espíndola: Revelar novos talentos sempre é um dos objetivos dos festivais de música.

29) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Jerry Espíndola: A grande mídia só cobre a música do mercado, e deixa de lado trabalhos relevantes, mas as vezes não muito populares. A audiência vem do capitalismo.

30) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Jerry Espíndola: São instituições que ajudam, e muito, a cultura brasileira, fundamentais na divulgação da música que está fora do mercado midiático.

31) RM: Quais os seus projetos futuros?

Jerry Espíndola: Em 2024 lançando cinco músicas em parceria com a Bela Rio, uma jovem artista do interior do Mato Grosso do Sul. Também estou estreando o show Fronteira Guarani, com meu trio Hermanos Irmãos, Marina Peralta, Alzira E, o grupo de RAP indígena Brô MCs. Fora isso um projeto de circulação com minha parceira Ju Souc, e com certeza vem muito mais coisa.

33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Jerry Espíndola: [email protected]  

| https://www.instagram.com/jerryespindola

| https://www.facebook.com/jerryespindolaoficial

Canal: https://www.youtube.com/user/espindolajerry 

Colisão – Jerry Espindola (40 anos de carreira): https://www.youtube.com/watch?v=xVUvuQBOWk0 

LIVE “JU SOUC E JERRY ESPÍNDOLA” – LEI ALDIR BLANC: https://www.youtube.com/watch?v=1hlsSgPmiFs 

Espíndola Canta – Documentário: https://www.youtube.com/watch?v=AEil03ezZ3U 

Playlist Jerry Espíndola & Croa – Abertura (Som do Mato – Polca Rock é Assim): https://www.youtube.com/watch?v=fDbHjjcv3oM&list=PL8zCXq6RgcqO2YHdPuRGevQpLHeezF0fv 

Jerry Espíndola – Aquele Grandão (Som do Mato – POP PANTANAL): https://www.youtube.com/watch?v=JBVNnW7oOi8&list=PL8zCXq6RgcqMm8pMJbwk_sqKGCrv9YKTe 

Playlist de participações: https://www.youtube.com/watch?v=1Q2lP1X_bU8&list=PL8zCXq6RgcqMeld8rJC73F5OsloDxo9rh

Violas, Versos & Prosas – Jerry Espíndola: https://www.youtube.com/watch?v=YcwFc_BJFSo

Ney Matogrosso e Alzira Ê celebram 20 anos de parceria: https://g1.globo.com/globonews/especial-de-domingo/video/ney-matogrosso-e-alzira-e-celebram-20-anos-de-parceria-12481059.ghtml


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.