More Morgan Gil »"/>More Morgan Gil »" /> Morgan Gil - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Morgan Gil

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O psicólogo, guitarrista, compositor, violonista, tecladista, cantor gaúcho Morgan Gil.

Servidor Público e músico profissional. Em 1998 iniciou sua carreira musical. Em 2009 se associou a OMB/RS e saiu em 2014.

Atualmente toco nas bandas Mary and the Dudes, Soundlab, Alex Sollus & Banda, Fly Away Experience.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Morgan Gil para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 04.03.2024:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Morgan Gil: Nasci no dia 09/09/1982 em Nova Prata – RS. Registrado como Morgan Gil Carbonera.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Morgan Gil: Meu primeiro contato com a música foi aos 8 anos de idade, a mãe (Geny Loudes Carbonera) me deu uma gaita de criança chamada TROVADOR, minha avó italiana por parte de mãe (Augusta Carbonera) dizia que eu seria o SKITA CASA (algo como bagunceiro). E minha avó por parte de pai dizia para eu nunca abandonar a música como fez o restante de meus familiares.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Morgan Gil: Sou Psicólogo, especialista em Terapia de Casal e Família. Formei-me em 2010 pela PUCRS e em 2013 adquiri o título de Terapeuta de Casal e Família pelo Domus Centro de terapia de Casal e Família em Porto Alegre – RS. Em 2014 entrei, através de concurso público, no DETRAN/RS e estou lá até hoje.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Morgan Gil: Eu comecei na música ouvindo minha irmã (Jorgia Carbonera) tocar violão e teclado em casa. Lembro que via conhecidos meus tocando violão e guitarra e queria poder tocar também. Comecei ouvindo discos na casa de um amigo em Nova Prata – RS, o pai dele tocava em bandas da região e trazia discos de fora.

Ouvi Jehtro Tull, Led Zeppelin, Black Sabbath, The Doors, AC/DC, Pink Floyd (minha maior referência) entre outros. Nacionalmente comecei ouvindo Casa das Maquinas, Os Mutantes, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e as bandas gaúchas (TNT, Garotos de Rua, Engenheiros do Hawai, Nenhum de Nós, Cidadão Quem).

Na época de 90 o rock era comum entre meus amigos e próximos, então minha formação andou muito por ali. No presente eu diria que estamos vivendo um hiato sonoro, eu escuto algumas bandas e artistas pop para buscar referências de arranjo para uma banda que participo, mas escuto mais anos 80 e 90 mesmo.

Acho que o rock não tem mais o espaço que tinha com a juventude e acabo não ouvindo muita coisa atual. Diria que hoje em dia deixei de lado Legião Urbana, as bandas gaúchas e tenho mais focado no pop e no rock que as bandas me solicitam.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Morgan Gil: Eu comecei em 1998 a tocar guitarra inicialmente (minha falecida tia Maria me deu minha primeira guitarra, uma Epiphone Special Plus) e eu achava que seria o novo Lulu Santos ou Mark Knopfler (risos).Eu comecei estudar com professor de guitarra, fiquei um ano com ele e depois com mais outro, isso em meados de 99/2000. Lembro que saí dos professores e me tornei autodidata inclusive contribuindo para o Cifraclub com algumas tablaturas. Eu estava numa banda de surf music e não se tinha tablatura desse estilo. Lembro bem que o pessoal acessou bastante essas músicas.

Comecei em Porto Alegre – RS mesmo, com uma guitarra e depois comprei um violão de nylon, porém troquei as cordas pra aço e tive meu primeiro dissabor musical ao ver que as coisas não foram feitas para tamanha modificação. Eu queria imitar o som do acústico mtv Nirvana sem sucesso.

06) RM: Quantos CDs lançados? Cite os álbuns que atuou como guitarrista/violonista?

Morgan Gil: Não tenho nenhum álbum lançado e somente participei de álbuns para divulgação de bandas cover. Em 2000 registrei minhas letras como poesia na OMB – Ordem de Músico do Brasil, mas não transformei em álbum, quem sabe um dia? 

07) RM: Como você define o seu estilo musical?

Morgan Gil: Diria que sou eclético. Eu tive fases onde estudei bastante Bossa Nova, Samba, Músicas nacionais e internacionais para tocar violão por aí. Frequentei diversas bandas de forma amadora até realmente tocar na noite em 2012. Era uma banda que tocava 6 horas, o conhecido bailão, ali tive muita bagagem musical pois se tocava de tudo. Hoje sigo estudando um pouco de tudo, inclusive começando a estudar teclado.

08) RM: Como é o seu processo de compor?

Morgan Gil: Nas músicas em que participei, seja com solos ou nas minhas composições, eu nunca tive muita técnica de improviso então sempre fui muito pelo feeling, pelo sentimento de determinada frase ou motivo.

Fiz isso em alguns solos e me geraram bom retorno e nas letras usei de experiências que eu queria viver ou imaginava mentalmente, como uma moça saindo de dentro da água e o autor esperando-a do lado de fora ou imaginando a cena. Sempre deixei fluir mais o sentimento do que a harmonia ou melodia.

09) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Morgan Gil: Geralmente fiz sozinho minhas composições, mas alguns solos levei para meu professor de guitarra há mais de 6 anos, Guilherme Wallau. Sempre com boas ideias, me passou e passa diversos atalhos e por ser arranjador corrigiu algumas dissonâncias que coloquei em solos anteriores.

10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Morgan Gil: Acho que ser músico no Brasil é um grande desafio, ainda mais de forma independente. Mesmo para você ter uma boa agenda, ainda se observa muito o que chamo de “prostituição musical”, ou seja, você vende um primeiro show mais barato ou às vezes de graça para “talvez” obter novas datas.

Na carreira independente, um aliado é a internet. Rodrigo Suricato disse num post de Instagram que atualmente você não precisa ser bom músico e sim bom marqueteiro (não exatamente com essas palavras). Entendo que ele quis dizer que existem mais fatores para você ser visto e que não necessariamente a qualidade seja o primordial. Cabe aos músicos observarem essa questão e utilizar a rede a favor. Antes você precisaria de um grande aporte para gravar uma música.

Hoje, com um computador, um microfone e boas ideias você pode gravar um disco ou toda sua carreira. Em resumo, os prós seria a facilidade atualmente de gerir tua carreira com as ferramentas e o home studio mais barato; os contras são encontrar um mercado que talvez não aceite teu produto e esbarre em gente mais antiga não aberta a dividir o mesmo com você.

11) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Morgan Gil: Eu faço academia, fisioterapia, aulas de canto e teclado e de guitarra. Divido minha semana nessas atividades, fora dos ensaios e o estudo em casa. Sempre gostei de estar no palco então priorizo isso, desde novo. Sei que preciso me manter nessas atividades para desempenhar no palco todo meu potencial, então planejo desta forma para seguir na ativa até que seja possível.

12) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Morgan Gil: Somente compartilho e posto alguns vídeos meus tocando e compartilho o das bandas que participo. Se eu fosse somente músico, faria uma mentoria e buscaria aperfeiçoamento para aumentar o engajamento e fazer minha música alcançar mais pessoas.

13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?

Morgan Gil: A internet é uma terra sem lei, ou seja, as pessoas te amam, te odeiam ou não mostram exatamente o que elas sentem. De toda forma é preciso mostrar teu trabalho, expor à critica e acho que filtrando bem ela pode ser um incentivo a seguir estudando. A parte prejudicial é quando as pessoas passam do ponto da crítica para a agressividade, poucas vezes passei por isso, mas não é algo muito legal de receber.

14) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Morgan Gil: Acho que a vantagem, como disse antes, é você poder gravar e lançar tua música de forma totalmente independente, com pouco recurso e sem gastar horas em estúdio. Lembro quando não se tinha essa alternativa e você fechava pacotes com os estúdios, muitas vezes de valores altos, para ter uma ou duas músicas gravadas para daí colocar num álbum e levar para uma rádio ou bar. Hoje você cria 10 músicas em questão de horas e sem custo algum.

A desvantagem é que com a facilidade da gravação em casa, pode maquiar algumas falhas do processo do músico, tais como: desafinação (se coloca autotune e ninguém nem sabe), erros de digitação de notas (melody e outros plugins).

O estudo musical na minha opinião deve ser eterno, muitas vezes as pessoas abandonam horas de estudo num instrumento em prol de estudar as ferramentas do home studio, acho que te torna um músico com falhas.

15) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Morgan Gil: Falo pela experiência de ter visto conhecidos gravarem seus discos. Essa questão é super complicada; te diria que para se diferenciar no nicho você tem de descobrir qual público quer teu som e ver de que forma você o atinge.

Quem gosta de Metallica, por exemplo, muitas vezes odeia Megadeath pelo fato das brigas dos integrantes e tudo que envolveu a criação das bandas. Os próprios vocalistas já fizeram shows junto mostrando que a relação dos dois não é tão estremecida como os fãs colocam.

Quero dizer que nesse caso você querer apresentar algo para um fã fervoroso de um lado ou outro pode gerar reações diferentes, ou seja, tem que saber para que público teu som se destina. Tenho visto bandas autorais que são super bem produzidas e não ter seguidores ao passo que outras terem muita gente, esse fenômeno mostra que para se diferenciar, tens de levar em conta que atingirá um determinado público, mas não todos. Acho que esse é o ponto principal.

 

16) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Morgan Gil: Eu acho que o Charlie Brown Jr, Os Raimundos e O Rappa foram nossas últimas bandas de rock as quais trouxeram alguma novidade. Eu poderia citar o Los Hermanos também, mas enxergo eles como bossa rock e não necessariamente rock. Os Racionais Mc’s (quando surgiram com o Sobrevivendo no Inferno foi um furor).

Após isso, outros estilos tomaram conta da mídia, lembro quando o sertanejo apareceu no Brasil com Victor & Leo, Luan Santana, Jorge e Mateus, Michel Teló e eu achava que esse estilo não se sustentaria, porém me enganei (risos).

Eu diria que de obra consistente temos Os Paralamas do Sucesso, Os Titãs (estão encerrando seu ciclo, mas deixam um legado do rock e uma legião de fãs), Capital Inicial, Jota Quest (não gosto, porém, devo citar pois estão na ativa até hoje), Lulu Santos, Roupa Nova, Djavan, Zé Ramalho; essas bandas e artistas se mantém em alta e atraem muita gente nos shows.

Quem regrediu, sem sombra de dúvidas o Toni Garrido quando saiu da banda Cidade Negra e foi tentar carreira solo e o Marcelo Falcão saindo fora do O Rappa. Poderia citar o Samuel Rosa da banda Skank, mas li uma entrevista onde ele se mostrou esgotado de seguir com a banda então entendo que ele será mais feliz buscando outros caminhos e não necessariamente vai regredir.

17) RM: Quais as principais diferenças das técnicas e estudo do Violão e a Guitarra?

 

Morgan Gil: Eu comecei tocando guitarra e depois fui para o violão, então posso dizer com toda a tranquilidade que são instrumentos TOTALMENTE DIFERENTES. A quem for optar por um ou outro tenha a noção que cada instrumento tem seu jeito de tocar e suas particularidades.

Vamos lá; o violão você estuda bastante dedilhado, formação de acordes mais complexos (se for tocar Bossa Nova, Samba enfim), você estuda ritmo e muitas vezes terá mais portas abertas tocando ele, pois é um instrumento de acompanhamento, um voz e violão é sempre bem vindo se a voz e o violão estiverem em sintonia (risos).

A guitarra é um instrumento que necessita outros instrumentos para ter sua função. Você estuda outros ritmos como o disco music, onde precisa de mais velocidade e muito ritmo de mão direita, estuda mais fraseados, geralmente com palheta e enfim, você não vai tocar um acorde de guitarra da mesma forma que toca violão, pois soam diferentes, faça o teste.

Diria que quem quer ser mais individual ou fazer projetos onde queira cantar, escolha o violão; quem quer ser mais solista, participar de bandas estude mais guitarra.

18) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?

Morgan Gil: Tenho diversas situações, colocarei algumas. Em 2015, num show de uma banda cover que eu participava, eu tinha um pedal chamado PROCO Rat (o pessoal deve conhecer), uma distorção.

Eu tinha lido que se deveria usar ele sozinho e não em cadeia de sinal então comprei uma fonte pra ele que vinha dos usa, porém ela veio em 220 volts e aqui em Porto Alegre a voltagem é 110v.

Eu não vi isso e liguei ele na passagem de som e explodiu, deu fumaça uma zorra. Eu não me dei conta e com a pressão do vocalista discutimos muito feio e foi uma cena bem terrível. Lembro bem desse dia.

Outra situação foi num show em um bar, de forma voz e violão onde uma mulher gritou, “toca suculento” e minha namorada na época não gostou do “elogio” e foi tirar satisfações com a moça (risos). Depois ainda me acusou de dar bola para ela, o que não foi verdade.

Já aconteceu de tocar e não receber sim, um bar estava pra fechar as portas, mas nós tocamos igual achando que receberíamos. Um mês depois o dono disse: “querem o cache de vocês, vão buscar na justiça”. Esse bar nunca mais abriu e fez de mesma forma com os funcionários, infelizmente isso acontece.

Uma última não foi comigo, mas é uma situação triste: no bar onde iniciei a tocar na noite, um músico tinha comprado um equipamento novo, era um Meteoro GS300 acho, parecia o Fender Frontman 212R (aquele preto de dois falantes, pesadão de carregar).

Ele ligou o amplificador e ele explodiu, mas explodiu mesmo tiveram de pegar um extintor para apagar as chamas. Ele ficou muito triste, chorou foi uma cena bem terrível também e nesse mesmo bar um dado dia um cara subiu no palco pegou a guitarra do cantor que estava em seu intervalo e disse “vocês vão ver o que é rock ’n’ roll” e atirou a guitarra nos pratos da bateria quebrando o headstock dela. Detalhe: era uma Fender Stratocaster americana caríssima, enfim foi alta confusão, socos chutes e acho que foi a pior das situações.

19) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Morgan Gil: O que me deixa mais feliz é ver as pessoas se divertindo sabe. Ver que tua música tocou as pessoas, que tu fizeste aquela noite delas feliz. Ela saiu de casa e escolheu aquele lugar com o teu trabalho em prol de outros, você precisa dar o melhor pra ela. É uma troca gratificante.

O que me deixa triste é as estratégias dos bares nas contratações de bandas, a dificuldade de te darem uma chance, de não darem feedback seja positivo ou negativo e de músicos serem uma pessoa na tua frente e depois te queimarem pelas costas. Isso já me fez parar de querer tocar na noite com toda certeza.

20) RM: Você acredita que sem o pagamento do Jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Morgan Gil: As rádios hoje em dia não têm a mesma função de antes. Não são primordiais para se atingir o sucesso, vide spotify e outros aplicativos. Conheço muita gente que sequer ouve rádios, mas se pensarmos nesse ângulo sei que ainda existe esse jabá e a outra forma de você tocar é se tiver algum conhecido, o Q.I (quem indica). Esse ajuda e muito as coisas…

21) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Morgan Gil: Tenha tolerância à frustração, principalmente se você não se sente seguro no instrumento que está estudando. Não saia do foco, estude sempre, acredita no teu potencial e se percebe que tens um bom material, um bom produto, não esmoreça diante de alguns nãos. O não você já tem, não é?

A carreira musical é algo que vai te tirar de festas, de saídas, de convívio com pessoas e te trará o convívio com o instrumento. É quase um relacionamento entre você e tua guitarra, teu violão, baixo, o que for. Terá de ter esse tempo diário ou não para te aperfeiçoar e já digo: vai doer bastante, mas a recompensa é enorme.

E por último: as metas são de longo prazo e entenda longo prazo como anos. Eu iniciei a estudar piano ano passado e consigo tocar meia dúzia de músicas e sei que serão anos para atingir um bom patamar. É o preço que você paga e tem de estar disposto a pagar.

22) RM: Quais os guitarristas que você admira?

Morgan Gil: David Gilmour, Mark Knopfler, Eric Clapton, John Mayer, Jimmy Page, Johnny Marr, Lulu Santos, Herbert Vianna, Augusto Licks, Angus Young, Slash, Kirk Hammet, Joe Satriani, Van Halen e outros que não lembro, não necessariamente nesta ordem.

23) RM: Quais os compositores eruditos que você admira?

Morgan Gil: Bach, Villa Lobos, Chopin, Mozart, Beethoven. Não conheço muito de música erudita, mas nas aulas de piano tenho me deparado com estes.

24) RM: Quais os compositores populares que você admira?

Morgan Gil: Zeca Baleiro, Zé Ramalho, Djavan, Caetano Veloso, Alceu Valença, Lulu Santos, Samuel Rosa, Nando Reis, Cassia Eller, João Bosco, Ana Carolina.

25) RM: Quais os compositores da Bossa Nova você admira?

Morgan Gil: Chico Buarque, Tom Jobim, Vinicius de Morais, Toquinho, Carlos Lyra, Roberto Menescal, João Donato, são os que me lembro agora. Estudei bastante Bossa Nova por três anos em 2014 acho quando tive apresentações com a mãe de um amigo meu, cantora de Bossa Nova e Samba em Porto Alegre – RS, chamada Marina Silva.

26) RM: Quais as principais técnicas que o aluno deve dominar para se tornar um bom Guitarrista/Violonista?

Morgan Gil: A paciência (risos). Acho que a pestana para você fazer acordes principalmente no violão, as escalas musicais, seus acidentes e suas digitações; aprender sobre as dissonâncias (9,6,4,13b,11, dim, entre outras).

Estudar dedilhados de acordes e escalas, conseguir abafar as cordas não tocadas se for guitarra. Estudar ritmo, principalmente se for tocar com banda, usar metrônomo se possível e a nível de guitarra estudar bem os bends, mas do que qualquer outra técnica. As pessoas torcem a cara se você errar um bend soa muito feio! Estude.

27) RM: Quais os principais vícios e erros que devem ser evitados pelo aluno de Guitarra/Violonista?

Morgan Gil: Falo por experiencia própria. Respeitar teu tempo, se você vai tirar solos rápidos começa devagar, isso vale pra qualquer música e qualquer frase. Eu não tive essa calma e hoje vejo como me faz falta. Não se apresse e não terá esse erro.

Outra coisa: se for se utilizar de métodos de internet, escolha um e siga nele. Ficar comprando 200 cursos como também já fiz, não vai te ajudar. Foca em 1 ou 2 e vá em frente. Se teu ritmo não está bom, estude devagar e avance aos poucos. Se apressar essas coisas, teu corpo capta errado e terá vícios bem difíceis de tirar em curto prazo e as vezes nem em longo.

28) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?

Morgan Gil: Não adaptar repertório ao que o aluno quer e impor assuntos os quais não vão trazer o que ele deseja.  O bom professor é aquele que capta o que o aluno precisa e desenvolve com ele essas habilidades.

Querer que um musico clássico se torne um blueseiro é desperdiçar todo um potencial e as vezes levar ao aluno desistir da música. É indispensável o acompanhamento de um professor na minha opinião. E de preferencia um que extraia o máximo do aluno no que ele almeja, sem impor nada.

29) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Morgan Gil: Existe o dom. Eu definiria como uma habilidade inata, ou seja, você entrega um instrumento para a pessoa e ela parece já estar familiarizada com ele. Comparando com o futebol, o Messi tem habilidades de nascença já comprovadas, mas o Cristiano Ronaldo treinou tanto e treina até hoje que se não tinha determinada habilidade adquiriu.

Com a música guardadas as proporções é a mesma coisa, você pode atingir altos patamares se estudar e se dedicar e desenvolver o dom. Sempre terá aquele que você admira e imagina que ele tenha um dom que você não tem, porém esse mesmo cara se te ver achará que você também tem um dom que ele não tem, entende?

30) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?  

Morgan Gil: Nunca fui bom improvisador, lhe diria que improvisação é fundamental para você ter sua própria marca, seu projeto autoral, seu som. Eu sou conhecido como músico de execução, eu ADORO tocar como você ouve nos CDS, mp3, entende? Igual, reproduzir o timbre, o detalhe ou as notas e acordes, os solos então eu sou mais um reprodutor do que improvisador.

Conheço amigos músicos que destroem na improvisação, mas você dá a ele uma música já existente, ele não consegue extrair o que a música precisa, ele rearmoniza ela, entende de outra forma.

Acho que a improvisação é sentimento aliado a conhecimento alto de escalas, suas relações, enfim aquele domínio pleno do braço se for guitarra, violão, baixo ou das teclas do piano. Soa quase como intuitivo, é uma forma bem distinta de enxergar a música.

31) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Morgan Gil: Prós: Te dá um norteador, através de exemplos, de formas de pensar.
Contras: pode se viciar naquelas fórmulas que deram certo para o metodista e não desenvolver a liberdade sonora e a evolução no aluno.

32) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Morgan Gil: Se você achar que improvisação pode ter licenças poéticas como diz o meu professor “se você errar meio tom ajeita ali e diz que é jazz (risos)” acho que pode ser intuitivo. Mas para mim acho que tem que ser estudado e bem estudado para depois aplicar tuas ideias…

33) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Morgan Gil: Quando comecei a estudar Harmonia realmente, lá por 2014 com os dois livros do Almir Chediak (Harmonia e Improvisação vol. 1 e 2), que inclusive uma ex colega do curso de Psicologia vendo na minha mesa disse: “Lá vem o Morgan com esses livros tipicamente humanistas” sem nem saber de que se tratava.

Eu achava algo extremamente complexo. Parecia que a harmonia era só para gente muito culta, eu me sentia um grande idiota no sentido que já tocava muita música, mas não parava pra pensar em como foi feita, a concatenação das notas, acordes enfim.

Quando iniciei com meu professor Ghuilherme Wallau, aprendi muito sobre Harmonia ao passo que hoje consigo fazer correlações e apesar de ser mais guitarrista de banda cover, uso muito do conhecimento harmônico para o estudo do piano por exemplo.

Prós – existem métodos que não assustam o aluno, ensinam de forma mais básica diferente do Almir Chediak da época. A didática faz a diferença. Contras: métodos sem acompanhamento pode te causar duvidas se aquilo que está sendo colocado é verdadeiro, se é a única forma e se está correto.

34) RM: É mais importante tocar muitas notas por compassos ou tocar só o que a música pede?

Morgan Gil: Depende. Se falarmos de solos, tem sons que se você não tocar o que ela pede fica bem complicado. A introdução de Don´t Stop Believen do Journey, por exemplo, inicia com um ritmo e termina em sextina. Se você faz enjambrado, pela metade, te garanto que fica feio, é um desafio aquela frase.

Parece que foi escrita para ser daquela forma. Eu já recusei trabalhos por pedirem Sweet child o mine e eu saber que o terceiro solo tem duas frases que são lutas minhas. Sei que pode parecer preciosista demais, mas muitas vezes o músico escreve determinada canção para soar daquela forma.

Você pode simplificar sim, mas cabe observar quando e onde e isso só com o tempo. Se você cortar determinadas notas pode estragar todo um arranjo, melhor nem tocar essa música então na minha opinião…

35) RM: Quais os prós e contras de ser multi-instrumentista?

Morgan Gil: Prós – Você se sente mais completo como músico, te expande os horizontes, podes gravar toda uma música tendo o conhecimento do que está fazendo, é incrível!

Contras – dar a impressão que você só sabe um pouco de cada, não aprofundar e se sentir boiando com composições rasas, talvez mais focado em saber os instrumentos diversos, do que estudá-los.

36) RM: Quais os seus projetos futuros?

Morgan Gil: Meu projeto é simples: seguir tocando. Eu não tenho interesse de gravar um álbum autoral, de gravar coisas muito complexas. Meu objetivo é seguir tocando na noite com as bandas em que estou e as que me chamam e ter prazer em fazer as apresentações.

Como dizia o Chico Buarque “o dia em que eu perder o frio na barriga antes de um show é melhor parar”. Sempre tenho esse frio e sempre sei que será uma nova experiência e isso me faz prosseguir.

37) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Morgan Gil: https://www.instagram.com/morgangilsom

| https://www.instagram.com/maryandthedudes

| https://www.instagram.com/soundlab.banda

| https://www.instagram.com/flyaway.experience

Canal: https://www.youtube.com/@maryandthedudes1197 

Mary And The Dudes – Teaser: https://www.youtube.com/watch?v=lgKDHwiD3bM


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.