O cantor e compositor gaúcho Marcelo Haar, desde a infância sempre teve interesse pela música mas, somente em 1985, aos 14 anos, come9ou a encarar os desafios ao participar do Festival de Calouros no Colégio Sinodal Barão do Rio Branco, dublando Julio Iglesias, sendo destaque nesse evento.
Em 1992, come9ou a cantar em entidades carentes, “dando canjas” em apresenta96es de artistas regionais; em 1995: estreou o show “Tribute ao Rei”, com can96es de Roberto Carlos; em 1996, gravou um álbum demonstrativo “Peito Machucado”, com can96es propr1as; em 1997, em São Paulo, realizou apresenta9ao no Programa “In Concert” do maestro Rafael Righini, na Rede Vida; em 1998, gravou um álbum independente de Músicas Sacras, com a participa9ao especial do Padre Antonio Maria, na faixa “Mãe Admirável”; em 2000, de volta ao Rio Grande do Sul, até 2002, participou de um grupo de musicas italianas.
Em 2008, fez apresentações de MPB e pop rock em Santa Cruz do Sul-RS, ao lado de Rafael Koehler; em 2016, após uma série de apresentações, lan9ou o EP – Marcelo Haar, com quatro canções, obtendo boa aceita9ao do publico; de 2017 a 2019, realizou varias apresenta96es em programas de TV on line; em 2020, lançou a canção “Foi Born Enquanto Durou”, de Gerson Alves, conseguindo uma boa repercussão e aceitação do publico; em 2025, após um certo período parado, retornou ao cenário artístico, lançando um EP com três músicas nas plataformas digitais, com destaque para a canção “No Rio do Amor”, composta por Marcelo Haar, em parceria com o cantor e compositor consagrado Lula Barbosa (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/lula-barbosa).
Segue abaixo entrevista exclusiva com Marcelo Haar para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 25/04/2025:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Marcelo Haar: Nasci no dia 20 de Novembro de 1970, em Cachoeira do Sul – RS. Registrado como Marcelo da Rosa Haar.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Marcelo Haar: Tinha 11 anos de idade (1981) e já era fã do Rei Roberto Carlos, mas foi assistindo o primeiro Especial de TV do Julio Iglesias no Brasil que decidi que um dia eu seria cantor.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Marcelo Haar: Estudei violão com um professor particular, estudei canto por um ano e tenho Curso Superior Incompleto de Educação Artística.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Marcelo Haar: Minhas principais influências até hoje são: Roberto Carlos, Julio Iglesias, Luis Miguel, Andrea Bocelli, ritmos latinos em geral. Todos os ritmos e influências foram importantes pois tive um grande aprendizado com todos eles.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Marcelo Haar: Em 1985, quando tinha de 14 pra 15 anos de idade, participei de um Festival de Calouros no colégio onde cursei o Ensino Fundamental, dublando Julio Iglesias e comecei a fazer apresentações de dublagem. Em 1992 comecei a cantar dando “canjas” em apresentações de artistas regionais.
06) RM: Quantos álbuns lançados?
Marcelo Haar: Dois álbuns lançados, o primeiro demonstrativo em 1996, o segundo de música sacra em 1999 e dois EPs, o primeiro em 2016 e o segundo lançado em abril de 2025.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Marcelo Haar: Estilo romântico latino, diversificando nos ritmos, mas mantendo o romantismo.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Marcelo Haar: Sim, estudei canto por um ano em Porto Alegre – RS em 1994, e tive experiência cantando em corais onde adquiri um grande aprendizado de técnica Vocal.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Marcelo Haar: O estudo de técnica vocal é extremamente importante. É necessário que haja uma combinação, um “casamento” entre técnica e emoção, pois ambos têm suma importância na qualidade do trabalho de um artista.
O cuidado da voz é imprescindível, é o meu instrumento de trabalho, então é extremamente necessário que haja sempre uma responsabilidade de uma natureza exigente, buscando sempre uma evolução para que o resultado chegue ao coração do público.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Marcelo Haar: Roberto Carlos, Julio Iglesias, Nat King Cole, Frank Sinatra, Elvis Presley, Johnny Mathis e cantoras Whitney Houston, Sarah Brightman, Angela Maria, Maria Bethania.
11) RM: Como é seu processo de compor?
Marcelo Haar: Componho quando menos espero, pois a inspiração vem de forma inesperada. De um modo geral faço a letra e melodia de forma simultânea, embora as vezes posso ficar um bom tempo em uma mesma estrofe repetindo várias vezes até ter certeza que ficou boa. Mas cada composição tem suas particularidades, já houveram casos em que músicas ficaram prontas em meia hora e outras em dias, semanas e até meses.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Marcelo Haar: Lula Barbosa é o meu parceiro de composição mais frequente, já tive parceiros em outras composições, mas com Lula há um entendimento maior de ambas as partes quando trabalhamos juntos.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Marcelo Haar: Os prós, em uma palavra: liberdade. O artista independente tem a liberdade de desenvolver o seu trabalho de forma natural, em que ele trabalha mais à vontade com a sua essência e sua própria inspiração. Os contras é que sendo independente após a finalização da gravação e lançamento das músicas, muitas vezes o artista é o seu próprio divulgador.
Ele tem que correr atrás da repercussão do seu projeto recorrendo aos meios de comunicação e internet. E muitas vezes fazendo seus shows, também tem que ser seu próprio empresário. O resultado do trabalho em termos de repercussão é mais demorado. Enfim, há mais contras do que prós, mas existem artistas que se sentem mais satisfeitos e realizados trabalhando de forma independente.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Marcelo Haar: A minha principal estratégia é a minha emoção que tento passar para o público quando estou no palco. Mas se trata de algo natural, começando pelo repertório. Eu busco cantar canções que me emocionam para que assim o público também sinta a minha emoção e possa comigo “viajar” na mensagem de cada canção.
Fora do palco, principalmente após o trabalho realizado, não sei se é uma estratégia, mas interajo com algumas pessoas que assistiram a apresentação e procuro transmitir à elas a gratidão pelos momentos vividos entre artista e plateia. E digo com toda a sinceridade, pelo menos no meu caso, a minha maior alegria é ver a alegria, a emoção estampada nos rostos das pessoas após cada apresentação.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Marcelo Haar: As ações empreendedoras são sempre partindo do princípio que tenho de dar ao meu público sempre o melhor. Em termos de gravação, trabalhar no melhor estúdio, melhores músicos, melhores Arranjos, melhor figurino. Jamais proporcionarei ao meu público algo que não seja do nível de excelência.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Marcelo Haar: A Internet só tem me ajudado em todos os sentidos, pois ela chegou para abrir um leque infindável de divulgação. Inclusive foi através da Internet que comecei a me tornar conhecido, assim como acontece com tantos outros artistas.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Marcelo Haar: As vantagens giram em torno da facilidade de um resultado mais rápido. Mas a principal desvantagem é que muitas vezes quando a rapidez é excessiva, ela pode prejudicar o resultado do trabalho. Então mesmo que haja muitas opções de facilidades convém trabalhar minuciosamente, com calma, para que o artista não saia prejudicado.
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Marcelo Haar: Não me prendo às exigências do mercado musical. Eu tenho ouvido ao longo desses últimos anos muitas pessoas lamentando a falta de canções lindas, com sentimento. E eu nunca abri mão disso em meu trabalho, jamais deixei de cantar o meu estilo.
E muitos cantores românticos desistiram ao longo dos anos. Eu nunca desisti, sigo cantando no que eu acredito, que é a música romântica e creio que essa fidelidade que tenho com esse gênero é o meu principal diferencial.
19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Marcelo Haar: Tem muitos artistas talentosos espalhados pelo Brasil, mas infelizmente, são poucos os que têm oportunidade para mostrar um trabalho de qualidade na mídia aberta devido às exigências do mercado atual.
Nos últimos anos tivemos talentos maravilhosos como Tiago Yorc e também veteranos como Márcio Gomes. Sinto falta da boa música, antigamente ouvíamos no rádio nos finais de semana as canções campeãs de maior sucesso da semana e praticamente todas elas eram músicas de qualidade, o que quase não se vê mais hoje, infelizmente.
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?
Marcelo Haar: Ah…risos…tem muitas situações citadas na pergunta que passei ao longo da carreira musical.
Já cantei em lugares em que não recebi quase nada, já recebi cantadas de ambos os sexos, já recebi cheque sem fundos, me apresentei em lugares em que a aparelhagem de som não era satisfatória, enfim, muitas situações que são até comuns na vida da maioria dos artistas.
21) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Marcelo Haar: O que me deixa mais feliz na minha carreira musical é saber que ainda tem público que apreciar a música romântica e o que mais me deixa triste é a depreciação que muitos jovens têm com a música de qualidade.
22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Marcelo Haar: Existe o dom. O que pode acontecer, é que há casos que parece que a pessoa nasceu com o dom, desde a infância já demonstrado. E outras pessoas nascem com o dom, mas que ainda não sabem como usá-lo, aí precisam estudar, precisam lapidar.
Logicamente que no primeiro caso, quando a pessoa parece ter nascido com o dom pronto, ela vai querer melhorar, se aperfeiçoar evitando assim a comodidade.
23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Marcelo Haar: Isso varia de pessoa pra pessoa. A improvisação por si só já diz, “se improvisa”. Já vi casos de improvisação que encantaram o público, inclusive uma vez, eu esqueci completamente a letra de uma música em plena apresentação. Mas como era em outro idioma, eu improvisei, criando outra letra na hora (risos).
24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Marcelo Haar: No meu caso, as poucas vezes que aconteceu, a improvisação foi somente na hora mesmo. Mas o próprio termo “improvisação” já denota que é algo que acontece na hora, pelo menos é o que eu penso.
25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Marcelo Haar: Os prós, creio eu, os métodos podem ajudar o artista a dominar uma situação, digamos, de “saia justa” onde ele pode dominar qualquer imprevisto.
Os contras, na minha concepção posso dizer que podem afetar a naturalidade do trabalho, pois o imprevisto acontece na hora, e tendo algo já estabelecido pode não fazer da improvisação algo que seja natural.
26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Marcelo Haar: Eu só vejo prós, não vejo contras no estudo da harmonia musical, pois creio que ela é fundamental na realização de um trabalho de qualidade.
27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Marcelo Haar: Não só creio, como sei que tem muitas rádios tocando minhas músicas sem pagamento do jabá. Eu nunca desembolsei um centavo sequer para que tocassem um trabalho meu.
Mas existem rádios que cobram jabá, infelizmente, e muitos artistas, principalmente jovens, ansiosos para verem seus trabalhos acontecer acabam pagando. Mas jabá não é garantia de sucesso. Se fosse, todo mundo pagaria e não caberia tantos artistas nas rádios e na mídia aberta.
28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Marcelo Haar: Em primeiro lugar tem que ter autenticidade. É importante que o artista seja autêntico. Que procure ter seu próprio estilo, não imite ninguém, tenha fé e perseverança e acredite em si mesmo, mas com humildade.
29) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Marcelo Haar: Sim, Festival de Música revela novos talentos. É uma boa forma do artista começar.
30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Marcelo Haar: Sinceramente? A grande mídia não analisa como deveria. Deveria analisar tendo como prioridade trabalhos de qualidade, com boas letras, boas interpretações, bons cantores e músicos, bons Arranjos, enfim, tudo o que um bom trabalho de qualidade precisa ter. E infelizmente quase não vejo nada do que acabei de dizer na mídia aberta.
31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Marcelo Haar: Esses espaços são a nossa esperança para que ainda consigam atingir um público que aprecia grandes talentos espalhados pelo Brasil que buscam uma oportunidade para mostrar seus trabalhos. Esses órgãos têm todo o meu respeito.
32) RM: Quais os seus projetos futuros?
Marcelo Haar: Acabei de lançar nas plataformas digitais meu EP – “No Rio do Amor” com três canções que estou começando a divulgar e devo visitar programas de Rádio e TV a partir de Maio de 2025, iniciando também os shows pelo Brasil.
33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Criador e Editor responsável pela revista digital RitmoMelodia desde 2001. Jornalista, músico, poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa, propaga a diversidade musical brasileira através de entrevistas e artigos. Formado pela Universidade Estadual da Paraíba - UEPB (1996 a 2000), lançou um livro de poesia em 1998 e seus poemas ganharam melodias e as canções foram gravadas na trilogia "reggae baseado em poesia" no seu projeto musical Reggaebelde e suas letras também ganharam melodias e as canções foram gravadas na trilogia Reggabelde Lovers. Na junção da sensibilidade do poeta, músico com o senso crítico do jornalista e pesquisador musical, Antonio Carlos coloca em prática essas três vertentes neste projeto de uma revista digital que Canta o Brasil. Conheça mais sobre a trajetória do jornalista acessando: https://ritmomelodia.mus.br/ritmo-melodia-recomenda/trajetoria-do-poeta-musico-e-jornalista-antonio-carlos/
Comments ·
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Muito bom que a Ritmo e Melodia conta a trajetória de artistas de todas as regiões do Brasil. Bela entrevista!
Muito bom que a Ritmo e Melodia conta a trajetória de artistas de todas as regiões do Brasil. Bela entrevista!
Uma bela trajetória musical, Marcelo Haar! Parabéns pela ótima entrevista! Muito sucesso sempre!