More Lúcia Lopes – primeira baterista da “Sempre Livre” »"/>More Lúcia Lopes – primeira baterista da “Sempre Livre” »" /> Lúcia Lopes - primeira baterista da “Sempre Livre" - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Lúcia Lopes – primeira baterista da “Sempre Livre”

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Lúcia Lopes é uma baterista carioca de formação eclética e hábil em diversos ritmos musicais, iniciou a carreira em 1984, como baterista da formação original da “Sempre Livre”, banda formada por mulheres lançada pela gravadora CBS (atual Sony Music) e que revolucionou o cenário pop rock majoritariamente masculino na época.

Na época de boom do rock nacional, trabalhou com nomes como Mariozinho Rocha, Ricardo Feghali (Roupa Nova) e Patrícia Travassos – que compôs o maior sucesso da banda “Sempre Livre”, a música “Eu sou free”, junto com Ruban Barra.

Amante da arte nas mais diversas vertentes, também tocou em musicais produzidos para o teatro a partir de 1989. Neste ano, a convite de Tina Ferreira e Tadeu Aguiar, foi baterista na peça “Entre o Loiro e a Morena” ou “Um passeio pela Broadway”, sob a direção musical de Edson Frederico e direção geral de ninguém menos que Bibi Ferreira. Tendo pisado em alguns dos palcos mais renomados do Brasil ao longo de 35 anos de carreira, Lucia segue adiante com a simpatia de sempre e fôlego de iniciante.

Hoje, aos 63 anos, está realizando uma paixão antiga: os musicais! Seja idealizando, escrevendo ou tocando, Lucia está apaixonada e em breve nos trará estreias! Que venham!

Depois dessa passagem pelo teatro, sempre querendo aprender e evoluir na arte, Lucia resolveu experimentar um ritmo brasileiro que baterista nenhum pode deixar de tocar: samba! Em 1993 integrou o grupo feminino de pagode “Jogo de Cintura” liderado pela ex-presidente da Escola de Samba Cabuçu, Terezinha Monte. Novamente mostrando a sua versatilidade musical, Lucia Lopes assumiu o “surdo” na banda.

De 1999 a 2004, ainda tocando surdo, Lucia fez vários carnavais da RIOTUR (Empresa de Turismo Municipal do Rio de Janeiro). Integrando as bandas “Olelê Olalá” e “Carmem Miranda”, fez enorme sucesso em vários pontos turísticos da cidade, tais como: Sambódromo (praça da Apoteose), Arpoador, Paquetá, e praças da zona sul e norte.

Ainda no samba, de volta à bateria, comandou os batuques do grupo “Feijoada Completa”, com um repertório de Samba, MPB e Choro. “O Feijoada”, como era chamado, foi apadrinhado pelo cantor e compositor Marquinhos Santanna (ex-Marquinhos Sathan). Além de tocarem em vários eventos pelo Brasil, se apresentavam em casas de samba renomadas no Rio, tais como: Casa da Mãe Joana (Lapa), Sacrilégio (Lapa), Portelão (Madureira), entre outras.

“Não tenho preconceito de uma determinada categoria musical, gosto de música na sua totalidade! É uma profissão árdua, mas também abençoada, pois podemos nos comunicar universalmente; a mais pura linguagem entre os povos, pois vem do coração! ”, comenta Lúcia.

É com esse pensamento que Lúcia Lopes, hoje, acumula uma larga experiência em vários tipos de ritmos, músicas e shows, trabalhando sua dinâmica tanto para lugares pequenos em trios ou quartetos, quanto para grandes palcos em bandas com muitos componentes.

Sempre curiosa e querendo aprender coisas novas, em 2009, Lúcia formou-se em Desenho Industrial / Programação Visual, outra paixão no ramo das artes: o design editorial.

Tendo passado pelos melhores palcos do Brasil e trocando energia e conhecimento com os melhores músicos da noite carioca, Lúcia Lopes vem mostrando, através dos anos, que é perfeitamente capaz de tocar um instrumento que era considerado “masculino”. Mais uma vez, rompe barreiras e hoje, aos 63 anos, com muita energia, sem pensar em se aposentar, entra de cabeça, idealizando e escrevendo musicais. Lucia está realizando um sonho e está longe de parar de sonhar.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Lúcia Lopes para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 16.12.2022:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Lúcia Lopes: Nasci no dia 30 de abril de 1959 no Rio de Janeiro – RJ. Registrada como Lúcia Lopes Matos.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Lúcia Lopes: Fiz o meu “ginasial” no Colégio Rio de Janeiro, um colégio do bairro Ipanema na zona sul do Rio de Janeiro – RJ, considerado excelente. Esse colégio tinha festivais de música, onde comecei a dar as primeiras baquetadas na bateria. Minha primeira participação nesses festivais foi acompanhando Claudio Nucci, que se tornou um grande artista e claro que ganhamos o festival. Claudio já era, na juventude, um grande compositor. Desse colégio saíram grandes artistas: Lobão (João Luiz Woerdenbag Filho), Cristiane Torloni, entre outros.

Mas meu primeiro contato com música mesmo, foi na primeira infância vendo meu pai tocar um “pianinho”… na sua juventude, ele tocava piano nas noites de Itaúna – Minas Gerais. A genética musical não falha, né?

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Lúcia Lopes: Na música, estudei na Escola Villa-Lobos, com o mestre Bituca, onde fiquei três anos. De 2006 a 2009 cursei e me graduei em Desenho Industrial, na Faculdade da Cidade ou UniverCidade, com habilitação em Programação Visual. Hoje, tenho muita experiência na área de design editorial (livros e revistas) trabalhando em home office. Design gráfico, minha outra paixão além da música.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Lúcia Lopes: Sou cria dos anos 70, sou uma apaixonada por tudo que envolvia essa época, menos a Ditadura Militar, é claro! (risos). Nos outros países, ouvia os sucessos das bandas de ópera rock, pop-rock e rock, tais como: Rick Wakeman (assisti no Brasil – Maracanazinho), Gênesis (assisti no Brasil – Maracanazinho), Emerson, Lake and Palmer, Yes, Pink Floyd, entre outros ícones do rock. Eu era completamente apaixonada pela dancing music negra americana… Posso citar a icônica banda Earth, Wind and Fire, entre outros artistas da R&B.

Hoje, estou afastada do universo da ópera rock, mas já pensei em fazer algum projeto com o gênero. No Brasil, os festivais de música, a jovem guarda, tropicália etc. Adorava tudo isso… não só o rock, mas a MPB, muito rica da época, apesar da censura. Posso dizer que sou bastante eclética, mas o que me faz feliz é o Pop rock.

05) RM: Quando, como e onde você começou a banda Sempre Livre? Qual o significado do nome da banda?

Lúcia Lopes: Em 1982/83, o produtor da gravadora CBS (hoje Sony Music) Mariozinho Rocha, “jogou” para os produtores brasileiros que queria uma banda feminina de rock. Com o bum dos roqueiros brasileiros e a corrida para as gravadoras, as mulheres não poderiam ficar de fora. Mariozinho, sempre um visionário daquilo que pode virar sucesso, pediu e foi atendido.

A banda Sempre Livre foi montada para esse fim. Flavia Araújo, baixista da formação original, reuniu “a mulherada” para “disputar” esse mercado feminino. É incrível dizer que só uma banda feminina poderia ocupar esse Pantheon roqueiro, mas o pensamento da indústria da música era assim, será que ainda é? A formação escolhida foi: Dulce Quental (voz principal), Flávia Cavaca ou Flávia Araújo (baixo), Lelete Pantoja (teclados), Marcia Gonçalves (guitarra e violão) e Lucia Lopes (bateria).

Depois, nos reunimos na gravadora para “papear” com Mariozinho Rocha, que nos levou para um passeio no seu veleiro chamado “Geme Geme”, comprado após o sucesso da música homônima da Blitz. Faltava o nome… algum nome que traduzisse a feminilidade, a mulher. Num brainstorming na CBS foi sugerido alguns nomes: “As Blush”, mas corríamos o risco do Chacrinha (Aberlado Barbosa) falar no seu programa de TV, “As Bruxas”, então foi descartado.

Depois de muitas sugestões, já todos cansados, Flavia vira e fala: “Ô cambada de paquetes, vamo embora? Bora suas Sempre Livres…”Mariozinho escutou e determinou: “É isso! O nome da banda será Sempre Livre!” Nós olhamos e pensamos: “Esse homem é doido?” Rimos muito. E assim ficou. Mas a empresa Johnson & Johnson não ficou muito feliz com essa novidade.

Em 1985, nossa empresária Silvia Gardenberg da Dueto Produções Artísticas, mandou uma proposta para a empresa Johnson & Johnson e recebeu a seguinte resposta: “Desculpe, mas seu artista não traduz o perfil da nossa empresa. Cordialmente Johnson & Johnson“. E não éramos mesmo “meninas plácidas e virgens com vestidos brancos voando ao vento” (risos). 

06) RM: Quantos CDs lançados pela banda Sempre Livre?

Lúcia Lopes: Como a banda foi contratada em meados de 1983, Mariozinho Rocha, diretor musical e produtor da CBS, determinou que queria um single que refletisse o conceito da banda. Lançaria esse single em dezembro 1983, aproveitando o começo do verão, principalmente no Rio de Janeiro. Enquanto esse single estava sendo apresentado ao público, a banda Sempre Livre estaria em estúdio gravando o LP – “Avião de Combate” (nome dado em alusão à gíria de que mulher bonita era avião, então seríamos as mulheres bonitas no combate).

Para ocupar a produção musical, Mariozinho chama Ricardo Feghali, tecladista da banda Roupa Nova. Ricardo foi muito importante para a profissionalização de todas nós. Eu, nunca tinha gravado em estúdio e precisava de muita paciência por parte dos produtores. O single escolhido e lançado foi “Eu Sou Free”, música encomendada para Patrícia Travassos e Ruban Barra, que tinha como mote a liberdade feminina, a mulher que escolhe com quem namorar e transar e o que hoje tão duramente conquistado que é: a mulher pode fazer o que ela quiser!

Veja a discografia a seguir: Pela gravadora CBS em 1983 e 1984: Compacto simples com as músicas “Eu sou Free” e “Amor Fatal”.  Com apenas sete meses de lançado, o compacto vendeu 35.000 cópias, no Brasil inteiro.

Em 1984 o álbum com 10 músicas – “Avião de Combate” Pela Gravadora RCA Vitor em 1986: LP com 4 músicas com direção artística de Miguel Plopschi, direção musical Guti e produção executiva de Ricardo Feghali.

A saída da CBS para a RCA, foi marcada pela saída da vocalista Dulce Quental no segundo ano de contrato com a CBS. Mas não foi só isso… éramos muito imaturas, muito jovens e não soubemos administrar o sucesso e a visão de finitude do mesmo. Chegar ao sucesso é menos difícil do que se manter nele. Acabamos por sair da CBS e nossa empresária Silvinha nos colocou na RCA, mas não conseguimos ficar muito tempo por lá. O EP da RCA marca uma fase de   composições da própria banda com nova formação.

Ao saímos da CBS, saíram também, junto com a Dulce, Lelete Pantoja (teclados), Marcia Gonçalves (guitarra e violão). Isso se tornou um hábito na banda Sempre Livre. Toda vez que não alcançávamos o “sucesso” esperado, saíam três componentes e ficavam eu (bateria) e Flavia (baixo). Pelo menos salvávamos a base, né? E entraram na banda: Tonia Schubert (Voz escolhida por Mariozinho Rocha numa audição feita em estúdio), Sonia Bonfá (teclados) e Rosana Piegaia (Guitarra).

Uma curiosidade é que a cantora Tonia Schubert, ao entrar na banda, cumpriu quase um ano de shows da agenda. Isso mostra o trabalho maravilhoso da gravadora CBS que levou a banda a um enorme sucesso em todo o Brasil. Quarenta anos depois, a banda Sempre Livre ainda é lembrada, isso muito se deve ao profissionalismo de diversas pessoas da indústria Fonográfica.

Pela Gravadora Polygram em 1991: álbum com 10 músicas. Produção de Denise Mastrangelo e Marcio Miranda. Uma nova formação da Sempre Livre. Desta vez entram: Denise Mastrangelo (voz e teclados), Cleo Boechat (teclados), Louise Rabello (guitarra) e Lucia Lopes (bateria). Esse LP é “quase” independente. Teve distribuição Polygram, porém o investimento foi feito pela tecladista Denise Mastrangelo. Denise não entrou na banda nessa formação, entrou em 1987 até os dias de hoje.

Esse álbum tem a cara dos anos 90, usando os eletrônicos de Marcio Miranda, hoje diretor da Globo Marcio Lomiranda. O LP traz, mais ainda, o lado compositor dessa formação. Se compararmos o LP – “Avião de Combate”, lançamento da Sempre Livre com esse LP – “Vícios de Cidade”, vemos a considerável evolução da banda tanto nas composições quanto como instrumentistas. Mas, infelizmente, ainda não foi o suficiente para manter “as meninas” no sucesso.

Em 2013 o álbum A Boa Moça, música de Mario de Castro e Antonio Duncan, o álbum foi gravado de forma independente. Mário de Castro faleceu e era da banda Neon.

07) RM: Quais os prós e contras da banda Sempre Livre ser formada só por mulheres?

Lúcia Lopes: Se formos analisar com a visão de hoje, uma banda feminina é igual a masculina. Musicalmente falando, a mulher tem tanta técnica quanto o homem. Mas na visão dos anos 80, era uma novidade. Mulheres não formavam bandas de rock, com algumas exceções que foram destaque nos anos 80: “As mercenárias”, grande expoente no punk rock paulistano, “Grupo Kali”, primeiro grupo de música instrumental jazzístico feminino da música brasileira. Apesar do grupo Kali ter o “crème de la crème” das instrumentistas femininas mais dedicadas ao estudo da música, entre elas a baterista Vera Figueiredo considerada umas das melhores bateristas do país, não “era o perfil” que Mariozinho Rocha procurava, ele queria uma banda mais pop e “menos estudiosa” (risos).

Voltando ao assunto dos prós e contras… talvez o “contra” esteja no fato de que existiam poucas mulheres que pudessem ou quisessem integrar bandas de rock, quando alguém saía da banda Sempre Livre, era bem complicado acharmos outras pra contratar, principalmente as guitarristas, poucas escolhiam estudar guitarra e as feras tinham o seu próprio trabalho ou banda. Chegamos, em momentos de desespero, a contratar um guitarrista, para podermos cumprir alguns compromissos de agenda. Nada contra os homens, mas quebrava o conceito da banda que era mostrar as artistas femininas, dentro de um cenário ainda machista.

08) RM: Fale do antes e depois do sucesso da banda Sempre Livre. 

Lúcia Lopes: De dezembro de 1983 até meados de 1991, estivemos surfando no sucesso, mas depois, devido à falta de gravadora e empresário, a banda desanimou e ficamos bastante tempo fora das grandes mídias, mas não fora dos palcos. Mas os shows já não eram mais do nível de antes. Cada uma das integrantes seguiu seu próprio caminho até 2009, em que nos encontramos para uma nova formação.

Da primeira formação: Lucia Lopes (bateria), Flavia Araújo (baixo). Desde 1987: Denise Mastrangelo (teclados) e as estreantes Andrea Montezuma (voz), Ana Chris (guitarra). Não ouve gravação com essa formação, porém muitos shows foram feitos, entre eles a boate The Week em 2010, com a participação mais do que especial de Elba Ramalho, cantando Baioque e Chão de Giz.

Em 2013, trocamos a cantora e a vocalista Anne Duá, volta a integrar a Sempre Livre (já tinha participado da banda depois da saída da segunda cantora Tonia Schubert em 1987), gravamos um CD independente com arranjos da guitarrista Ana Chris que ousou nas releituras de “Eu Sou Free” (Patrícia Travassos e Ruban Barra), “Fui Eu” (Herbert Vianna), “Primeiros Erros” (sucesso de Kiko Zambianchi) e as inéditas “A Boa Moça” (Mario de Castro e Antonio Duncan) e “Todinha Sua” (Angela RoRô). Fizemos alguns shows com essa formação, destacando as Lonas Municipais. Mas infelizmente não foi suficiente para a volta da banda pro cenário musical.

Abaixo as formações até hoje: Formação original (1983-1985): Dulce Quental (voz), Lelete Pantoja (teclados), Marcia Gonçalves (guitarra e violão), Flavia Cavaca (Araújo) (baixo) e Lucia Lopes (bateria).

Segunda Formação (1986-1988): Tonia Schubert (voz), Sonia Bonfá (teclados), Rosana Piegaia (guitarra), Flavia Araújo (baixo) e Lucia Lopes (bateria). 

Terceira Formação (1989-1990): Anne Duá (voz), Denise Mastrangelo (teclados), Lory Finocchiaro (guitarra), Valéria de Souza (percussão), Flavia Araújo (baixo) e Lucia Lopes (bateria).

Quarta Formação (1989-1991): Denise Mastrangelo (voz), Cleo Boechat (teclados), Louise Rabello (guitarra) e Lucia Lopes (bateria). 

Quinta Formação (2000-2010): Andrea Montezuma (voz), Denise Mastrangelo (teclados), Ana Chris (guitarra), Flavia Araújo (baixo) e Lucia Lopes (bateria). 

Sexta Formação (2011-2015): Anne Duá (voz), Denise Mastrangelo (teclados), Renata Prieto (guitarra), Flavia Araújo (baixo) e Lucia Lopes (bateria).

Sétima Formação (2015 até hoje): Anne Duá (voz), Denise Mastrangelo (teclados), Renata Prieto (guitarra), Flavia Araújo (baixo) e Letícia Andrade (bateria).

09) RM: Qual a importância da banda Sempre Livre no cenário do rock brasileiro nos anos 80?

Lúcia Lopes: Acho importantíssimo! Mariozinho Rocha, sempre um visionário das questões das mulheres e das minorias. Num universo totalmente masculino, ter uma banda feminina é fazer com que algumas mulheres da época pudessem correr atrás dos seus sonhos, não é?

Lembro de uma coisa engraçada… quando íamos tocar em cidades pequenas, ao chegarmos, o contratante nos levava para entrevistas na rádio local e divulgação do show que faríamos à noite. A baixista Flávia tinha um texto que abalava essas cidades. Ela dizia: “Mulherada, larguem seus maridos, sua roupa no tanque, seu jantar sem fazer e venham assistir o show da banda Sempre Livre”. Em algumas cidades isso deu uma confusão danada, acho que os maridos não gostaram muito (risos).

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Lúcia Lopes:  Sou bastante eclética, mas tem algumas cantoras que eu fico bastante emocionada ao ouvir, posso citar: todas as divas do pop-rock dos anos 70/80, destaque para Tina Turner, Madonna, Whitney Houston, as grandes cantoras do R&B, todas elas! No Brasil, a cantora que mais admiro é Elis Regina e é claro, Rita Lee. Sou louca por essas duas, mas posso destacar também: Gal Costa, Fernanda Abreu, a diva pop Glória Groove. O The Voice Brasil vem mostrando que o Brasil tem muitos talentos na música, somos um país musical e nossa música não deve nada pra ninguém, né?

11) RM: Como era o processo de fazer música dentro da banda Sempre Livre? Quais os nomes das músicas que fizeram sucesso?

Lúcia Lopes:  Como foi uma banda criada para o sucesso, a gravadora não “deixava” que a gente compusesse, diziam que fazíamos “músicas de músicos”, isto é, músicas complexas que não eram tão populares. Mesmo assim, no primeiro álbum, contribuímos com a música “Volta pra mim” (Lelete Pantoja e Dulce Quental) e só de raiva, fizemos uma música ridiculamente simples e popular chamada “Ele e eu” (Marcinha – Lelete Pantoja – Flavia Cavaca – Dulce Quental – Lucia Lopes), que funcionava muito bem em shows.

As músicas que foram trabalhadas pela gravadora e fizeram muito sucesso e fazem até hoje, foram: “Eu sou Free (Patrícia Travassos e Ruban)”, “Esse seu jeito sexy de ser (Patrícia Travassos, Evandro Mesquita e Lui)”, “Fui Eu (Herbert Vianna), gravada depois pelo Paralamas do Sucesso. Todos os três sucessos fazem parte do álbum – Avião de Combate. 

12) RM: Quais os nomes dos compositores das músicas da banda Sempre Livre?

Lúcia Lopes: A maioria dos compositores faziam parte do núcleo Mariozinho Rocha, trabalhavam com ele para várias bandas, não só para banda Sempre Livre. Podemos destacar a Patrícia Travassos que também atuava na parte gráfica, a capa do compacto simples, a ideia é dela e acho genial, fazendo com que o figurino tenha a mesma estampa do fundo, valorizando os nossos rostos, valorizando a maquiagem com batom vermelho. Um conceito meio retrô, meio moderno, o moderno da época. Patrícia assina cinco músicas no álbum.

Outros compositores faziam parte desse núcleo: Evandro Mesquita, Lui e Joe Euthanázia e Ronaldo Santos são autores da “Avião de Combate” que dá nome ao álbum, entre outros. Esses compositores eram a nata da música e teatro, antenados com o pop da época.

13) RM: Quais os prós e contras para a banda Sempre Livre de ser contratada por uma gravadora?

Lúcia Lopes: Na época não tínhamos outra alternativa, não havia as redes sociais, então a indústria fonográfica era dominada pelas gravadoras, elas que tinham o dinheiro pra “construir” um artista como nós. Os prós é que tivemos do bom e do melhor em termos de gravação, produtores, estúdios, roupa, maquiagem, marketing e tudo mais que uma gravadora poderosa pudesse pagar. Os contras é que o dinheiro que nos cabia era muito, mas muito pouco. Tínhamos 5% da venda dos discos (dividido por 5) e 95% era da gravadora. Mas o que a gravadora investia em grande mídia (rádio e TV) nos gerava muitos shows. Com apenas uma aparição no programa do Chacrinha (Abelardo Barbosa), podíamos fechar em torno de dez shows, então valia a pena… acho uma troca justa!

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da banda Sempre Livre dentro e fora do palco?

Lúcia Lopes: Era simples, não tínhamos grandes produções, como vemos hoje. Nosso primeiro empresário foi a “Dueto Produções Artísticas”, nossa empresária Silvinha Gardenberg, hoje falecida. Vocês devem conhecer sua irmã Monique Gardenberg, hoje cineasta renomada. Na época, a Dueto também empresariava Djavan. A CBS divulgava o produto e as empresárias vendiam.

A Patrícia Travassos, nos primeiros shows, fazia nosso figurino. Tínhamos que estar sempre arrumadas e maquiadas nos programas de TV, cheguei a levar bronca porque entrei em um Programa do Chacrinha sem o batom. Cheguei atrasada e esqueci! Mas fora desses compromissos, éramos roqueiras normais: sexo, drogas e rock’n roll (risos).

Fazíamos alguns anúncios. Haviam algumas “trocas”, também chamadas de “jabá” (risos), como por exemplo o Programa do Chacrinha. Tínhamos que fazer alguns “playbacks” para ele. Não me lembro a quantidade exata, é mais ou menos assim: primeiro programa de TV fazíamos quatro apresentações sem cachê no Cassino Bangu. Se valia a pena? Muitooooo! Nos gerava muitos shows, Silvinha Gardenberg ficava só fechando contrato nos bastidores, todo mundo ficava feliz, né?

15) RM: Quais os motivos levaram para a sua saída da banda Sempre Livre?

Lúcia Lopes: Podemos dizer que fazer parte de uma banda é casar com várias pessoas, como se diz hoje, tínhamos um poliamor até a página três (risos). Com o meu olhar de hoje, no alto dos meus 63 anos de idade, faço a seguinte análise: a banda foi criada para o sucesso, não foram amigas que formaram uma banda na adolescência e ficaram juntas até o sucesso, que nem banda como Os Paralamas do Sucesso, Skank e outros.

Então, ao meu ver, o produto criado para o sucesso, quando este acaba ou diminui, a banda não se sustenta. É preciso ser uma família muito unida, que ralou muito pra chegar lá. E não foi isso que aconteceu com a gente, o sucesso, praticamente, caiu no nosso colo… sem a estrutura que o criou, não funciona. Aí começaram as brigas de ego!

O show que estávamos fazendo não fazia a minha cabeça, queria algo mais atual, sem aquele modelo “tocando na garagem” que os anos 80 carregava. A inocência de quando começamos, já não existia mais.  Eu demorei muito a sair, me arrependo um pouco disso, queria ter saído antes, pois não estava feliz. Minhas ideias eram criticadas, eu tinha vontade de fazer outros projetos. Mas também eu não era nenhuma santa, na época bebia muito e perdia a calma com muita facilidade.

Considero minha saída da banda Sempre Livre, apesar de ser a banda da minha vida, uma salvação. Quando saí, parei de beber, de fumar, emagreci um pouquinho (só um pouquinho, risos) e fui em busca daquilo que eu queria fazer, como produzir espetáculos multimídia, musicais ou shows teatralizados. Enfim, fui em busca da minha felicidade, mesmo que essa felicidade me fizesse sair do cenário musical, mas era minha… e aos 60 anos, comecei tudo de novo, com a paixão de uma adolescente!

16) RM: Qual sua relação pessoal e profissional com os membros da banda Sempre Livre?

Lúcia Lopes: Vou ser bastante sincera. Algumas pessoas eu não voltaria a trabalhar, mas não porque a pessoa seja ruim ou fique a desejar na ética, mas por incompatibilidade de trabalho mesmo. Cada um trabalha num ritmo, de um determinado jeito ou escolhe um determinado repertório. Então temos que escolher aquela pessoa que mais se afina conosco, se não o trabalho vira uma tortura. Em termos pessoais, fora do trabalho de música, não tenho nada contra ninguém, falo normalmente e gosto de todas as mulheres talentosas que passaram pela banda Sempre Livre. Tudo isso é experiência de vida!

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Lúcia Lopes: Acho muito bom! Abre oportunidade pra várias pessoas talentosas. Eu sou uma pessoa mais do palco, não sou músico de estúdio, que para bateria, requer um outro tipo de aprendizado. A única coisa que o home estúdio normalmente não tem, é justamente a bateria tocada por baterista. Entendo que ter a bateria dentro de estúdio, encarece demais o processo, mas pelo menos que a linha de bateria eletrônica seja criada por um baterista. Por melhor que a bateria eletrônica seja, jamais supera o instrumento tocado por um ser humano, com aquelas imperfeições que adoramos ouvir.

18) RM: Como você analisa o cenário do Rock Brasileiro nos anos 80. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Lúcia Lopes: O rock dos anos 80 foi necessário! Muitas bandas precisavam dessa oportunidade. As bandas que foram montadas por “amigos de infância”, tiveram mais energia para se manterem unidos, enfrentando as adversidades do sucesso e das “DRs” feitas durante vários anos. Como exemplo, os amigos da banda Os Paralamas do Sucesso, que enfrentaram juntos a situação após o acidente do Hebert Vianna. Através da grande amizade deles, a banda sobreviveu e está aí até hoje.

Outra banda incrível, são os Titãs, um exemplo de como manter uma banda unida e, paralelamente, cada um deles, gerenciar sua carreira individual. Isso alimenta a alma de cada músico, que ao longo dos anos, sente necessidade de ter seu próprio trabalho, sua própria voz, mas para isso, não é necessário sair da banda e fazer carreira solo, que foi o erro de muitas bandas dos anos 80, inclusive a banda Sempre Livre.

Acho que Dulce Quental foi prematura e imatura ao sair da banda no segundo ano de contrato com a gravadora nos anos 80. Destaco como revelação anos 90 em diante: Skank, Detonautas, CPM 22, LS Jack, O Rappa, Jota Quest, entre muitos.

19) RM: Como você analisa o cenário do Rock Brasileiro a partir de 2000. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas?  Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Lúcia Lopes: As revelações foram: Skank, Detonautas, CPM 22, LS Jack, O Rappa, Jota Quest. Mas a partir dos anos 2000, não houveram tantas revelações igual aos anos 80. Mesmo que hoje tenhamos uma narrativa que não existe mais gravadora, que a internet lança os artistas, acho que não é bem assim que acontece! Continuamos precisando do apoio logístico e financeiro da indústria musical, então sinto falta de um investimento maior em novas bandas de rock. Ah se tivéssemos uma união como a do sertanejo, né?

20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?

Lúcia Lopes: Tudo o que foi citado na pergunta junto e misturado aconteceu (risos). Nos anos 80 não tínhamos equipamentos como os de hoje, principalmente no Brasil profundo. Lembro de uma vez que cheguei para passar som e tinha uma bateria infantil (o corpo da bateria era dado pelo contratante) e espantada comentei: “Cara, eu não caibo nessa bateria”, achei que era uma brincadeira, só que não! O contratante saiu desesperado atrás de uma bateria profissional e no final tudo deu certo (riso). Microfones, vários, para todos os tambores, era um luxo que eu não tinha… até hoje (dizem) que tenho a mão pesada, pois tinha que fazer sair som (risos).

Nossas empresárias da Dueto Produções Artísticas, principalmente a produtora executiva Sonia Esper, que viajava com a gente, segurava muita barra. Fomos tocar uma vez numa fazenda, em Goiás, era aniversário de uma filha de fazendeiro rico e um pouco antes do show, um fotógrafo passa pelo teclado e o derruba e quebra quase metade das teclas. A tecladista Lelete Pantoja ficou “beje amarelada” (risos) e falou: “Como vou tocar agora?”. O fazendeiro balançou o braço, com o Mariozinho Rocha e falou: “Não quero nem saber, vocês vão tocar nem que seja debaixo de bala!”, e colocou a mão na cintura. Imediatamente, subimos no palco e tocamos alegremente para o deleite das debutantes presentes.

Raramente não recebíamos, graças ao excelente trabalho da Dueto Produções Artísticas e a forma que o contrato era assinado, mas tinham alguns contratantes que teimavam em contar com a bilheteria para pagar o artista. Se por algum motivo, alguma intempérie acontecesse, (chuva ou tempestades por exemplo), e não tivesse público, aí danou-se, vinham os choros e ranger de dentes para nos pagar. Tivemos alguns problemas desse tipo.

21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Lúcia Lopes: O que me deixa mais feliz é ter tido a oportunidade de viver essa experiência na música. Saber que o sucesso é uma faca de dois gumes, exige sagacidade para gerenciar uma carreira por muito tempo. Podemos curtir, afinal éramos jovens, mas temos que entender que se não cuida, o sucesso acaba… tem que ser profissional e responsável.

Consequentemente, o mais triste pra mim foi não ter cuidado bem da minha carreira de baterista, independente da banda, ter feito algum projeto, talvez paralelo à banda, com a minha cara. Isso me arrependo, mas não desisto! Comecei o sonho de escrever projetos musical teatral aos 60 anos de idade… nunca é tarde para realizar sonhos!

22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Lúcia Lopes: Sim, existe, mas mesmo os virtuoses, têm que se dedicar. Não fui uma estudiosa contumaz, mas estudei o básico, o método chamado “Stick control” ou “”Controle das baquetas”, na Escola de Música Villa Lobos, no Rio de Janeiro. O estudo dá a segurança necessária para o mercado de trabalho, com a leitura musical conseguimos trabalhar para as grandes empresas, como a Rede Globo, por exemplo… ou seguir as carreiras de produtor musical e/ou diretor musical. Além de trabalhar com música, sou formada em design gráfico / programação visual e trabalho home office.

23) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Lúcia Lopes: Eu diria aos jovens que tratem bem suas carreiras, observe atentamente como os profissionais trabalham, eles conhecem o caminho das pedras e encurtará o amadurecimento necessário a todo artista. Nada é por acaso, existe por trás do artista, pessoas responsáveis por trazer o sucesso, transformar o diamante bruto em uma joia, mesmo um artista carismático e talentoso, se não cuidar, não tem continuidade. E não fazer só a “receita de bolo”, a mesmice… procure colocar no seu show, coisas inusitadas. Hoje em dia, tem muita informação e para competir com isso tudo, tem que trazer boas ideias.

24) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Lúcia Lopes: A cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira acho restrita, eles cobrem aqueles artistas que ralaram na internet para ter algum lugar ao Sol. Se conseguem os likes, os seguidores, só aí as gravadoras e grande mídia se interessam. Não vejo mais o investimento deles para alguém que não tem grana. Mas vejo com alegria, os investimentos feitos aos artistas das comunidades. Muitos talentos em vários ramos da arte, mas vejo eles indo à luta e aparecendo por méritos próprios ou através daqueles que deram certo, como Anitta, Ludmilla, Iza, etc. Acredito nesses artistas e acho que a grande mudança brasileira, seja na arte ou na política, vêm das comunidades. É o novo Brasil surgindo e eles merecem muito!

25 RM: Quais os seus projetos futuros?

Lúcia Lopes: Hoje, estou com meu projeto musical “Porão da Rita”, sobre a vida da nossa rainha Rita Lee, em estágio de captação. Estamos no ISS-RJ e em 2023, estamos com muita esperança nas leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc e a recuperação da Lei Rouanet. Quem quiser conhecer o projeto, produtores, diretores etc., terei o maior prazer em mostrar.

Em outro projeto, toco bateria com a cantora e compositora Andrea Montezuma e, também, estamos aguardando a resposta de alguns editais. Ideias e energia não me faltam… tenho muita lenha pra queimar e voltar aos palcos é o meu grande objetivo.

26) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Lúcia Lopes: https://www.facebook.com/lucia.lopes.77920

| https://www.instagram.com/lucialopesmatos
| https://www.linkedin.com/in/lucia-lopes-a4173621a

| [email protected]

Quem tiver interesse em trabalhos gráficos, diagramação de livro e revista, me chame pelo whatsapp (21) 99822 – 0259

Canal: https://www.youtube.com/channel/UCeqMd-ZpIA1L9z07jzDTk5A

Banda Sempre Livre – 30 anos (06/02/2015): https://www.youtube.com/watch?v=u9R5JUpi_ac

Eu Sou Free – Banda Sempre Livre: https://www.youtube.com/watch?v=qi4FOtrLDJQ

Amor Fatal – Banda Sempre Livre: https://www.youtube.com/watch?v=tr6X5hPPFqA

Avião De Combate (Joe Euthanázia – Ronaldo Santos) – Banda Sempre Livre: https://www.youtube.com/watch?v=m1dq4ZvC0Uo 

Esse Seu Jeito Sexy De Ser – Banda Sempre Livre (Patrícia Travassos – Evandro Mesquita – Lui): https://www.youtube.com/watch?v=5z9AwdZ_0GQ

Fui Eu (Herbert Vianna) – Banda Sempre Livre: https://www.youtube.com/watch?v=5pLMxEEHVio 

Primeiros Erros (Kiko Zambianchi) – Banda Sempre Livre: https://www.youtube.com/watch?v=xvLc0UqLba0 

A Boa Moça (Mario de Castro e Antonio Duncan) – Banda Sempre Livre: https://www.youtube.com/watch?v=WM_rBVypZGA 

Todinha Sua (Angela RoRô) – Banda Sempre Livre: https://www.youtube.com/watch?v=4wMKva8L_CE 

Eu Sou Free (Patrícia Travassos e Ruban Barra) – Banda Sempre Livre: https://www.youtube.com/watch?v=XbteYsdRDSY 

Volta Pra Mim (Lelete Pantoja e Dulce Quental) – Banda Sempre Livre: https://www.youtube.com/watch?v=aO9GIjS86y8 

Ele E Eu (Marcinha – Lelete Pantoja – Flavia Cavaca – Dulce Quental – Lucia Lopes) – Banda Sempre Livre: https://www.youtube.com/watch?v=C9KopXjqmoE 

Playlist do álbum Avião de Combate – Banda Sempre Livre:https://www.youtube.com/watch?v=m1dq4ZvC0Uo&list=OLAK5uy_nJRDSkptRnJj1O3JQGdMxZ4hWOWIZ2Nd4 

Playlist álbum A boa Moça: https://www.youtube.com/watch?v=DWOmwpTQaEY&list=OLAK5uy_l6ECOyPizP0Jm_pgKxqjzKKdpZkAjwM0A

Mariozinho Rocha | Papo com Clê: https://www.youtube.com/watch?v=nIswQ5V31N0


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.