More Jôh Ras »"/>More Jôh Ras »" /> Jôh Ras - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Jôh Ras

Compartilhe conhecimento

Jôh Ras é uma talentosa cantora de reggae diretamente de Feira de Santana – BA, nasceu no berço do Reggae que é o Bairro da Rua Nova.

É cantora, compositora, baixista, mãe e mulher preta. Com uma voz marcante e uma presença de palco cativante, Jôh Ras se estabeleceu como uma figura importante na cena do reggae, trazendo em suas músicas uma combinação de tradição e inovação.

Seu estilo autêntico e envolvente reflete sua dedicação ao gênero, destacando-se por letras que transmitem mensagens de amor, paz e resistência. Ao longo de sua carreira, Jôh Ras tem se destacado por sua capacidade de conectar o público às raízes do reggae, enquanto explora novas direções sonoras que mantêm sua música sempre relevante e emocionante.

Recentemente, Jôh Ras uniu forças com a banda Terra Preta, uma colaboração que tem ampliado seus horizontes musicais e levado sua arte a novos públicos. Essa parceria marca uma nova fase em sua carreira, onde Jôh Ras continua a expandir sua influência e a deixar sua marca no cenário musical brasileiro. Jôh Ras é uma artista em constante evolução, comprometida em levar a mensagem do reggae adiante e em tocar o coração de todos que ouvem sua música.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Jôh Ras para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 18/08/2025:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Jôh Ras: Nasci no dia 21/03/1997 nascida em Feira de Santana – BA. Filha de Lindinalva Cruz de Souza e de Jackson Santiago de Araújo. Registrada como Jocilene Souza de Araújo.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Jôh Ras: Meu primeiro contato com a música foi aos sete anos de idade quando comecei a me apresentar na igreja onde congregava minha família.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Jôh Ras: Na música sou autodidata. Aprendi a fazer música sozinha. Ganhei um violão e um contrabaixo e aprendi a tocar. Conclui o Ensino Médio.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Jôh Ras: Além do meu pai (Jorge de Angélica) que foi uma referência gigante em minha vida. Minhas referências musicais vem das ilhas virgens americanas como: Midnite, Reemah, Dezarie, Tamera, Isayah. No Brasil: Danzi, Amani Kush, Daniel Profeta, Renata Bastos, Noêmi. Outros ritmos fazem parte de minhas referências: Carimbó, Samba, Afrobeat, Dancehall.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Jôh Ras: Aos 15 anos de idade (2012) comecei a participar de shows de calouros e cantar com meu pai (Jorge de Angélica) como beck vocal. Participei de muitas bandas como beck vocal: Monte Sião, JardaFire e a Profecia, Mont Zaion. Fui vocalista da banda Cacth a Fire Reggae de Santo Amaro – Ba, Raízes JahFire, Banda Terra Preta em que fui também baixista e agora atualmente estou construindo minha carreira solo. A minha banda Terra Preta é formada por: Gê Gimenes (guitarra base), Marcelo Calado (guitarra solo), Léo Batera (bateria), Santiago (teclado), Luann (trombone), Zé Maloca (percussão), Daniel da Quixabeira (violão, gaitas e kazoo), Talita Ataíde (beckvocal).

06) RM: Quantos álbuns lançados?

Jôh Ras: Meu primeiro trabalho lançado foi no álbum Pipoca Reggae do Brasil de Jorge de Angélica e Gabriel San, em que canto duas músicas de minha autoria, esse álbum está disponível em meu canal no YouTube.  Lancei os singles nas plataformas digitais: Sentir o Calor, Respeito o Reggae, Jah Jah Love, Jahvê, Situações.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Jôh Ras: Reggae Roots Frequency, um estilo com as bases nas ilhas virgens, na Jamaica e do reggae nordestino raiz.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Jôh Ras: Sim.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Jôh Ras: Muito bom o estudo de técnica vocal, saber usar o diafragma e fazer a respiração correta e o autocontrole de agudos, graves e médios. O estudo é bom para ter percepção vocal em todos os sentidos.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Jôh Ras: Talita Ataíde, Danzi, Renata Bastos, Noêmi, Mis Ivy, Pali, Riane Mascarenhas, Dona Onete, Carmen Costa, Eliana Pittman, Jorge de Angélica, Amani Kush, Daniel Profeta, Dionorina (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/dionorina), Raízes que tocam, Irmandade Brasmorra, Be Livin, Banda Cultivo, Nengo Vieira (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/nengo-vieira), Edson Gomes (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/edson-gomes), Roots Biocenose, JardaFire e a Profecia. King Yellowman, Cocoa Tea, Scof Savage, Oc Bestem, Tipo G.Ã.O, Pump Kila, Purple P, Jotaø, Mis Ivy, Red Lion, Kas Dub, Aln MC, Burna boy, Ayra Starr, Rema, Wizkid, Elvin Sena, Tems, Originally Tamera, Hempress Sativa, Rita Marley, Dezarie, Reemah, Hollie Cookie, Gregory Isaacs, Bob Marley, Akae Beka, Isayah, Israel Vibration, The Congos, Groundation, Alpha Blondy, Burning Spears e muito mais …

11) RM: Como é o seu processo de compor?

Jôh Ras: Meu processo de composição é bem natural, é mais sobre situações que passo no meu dia a dia, dores, amores, superações, resistência e resiliência. Digo que esse dom vem de Deus com a inspiração no Espírito Santo, ele sopra nos meus ouvidos cada palavra composta.

12) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Jôh Ras: Ser um artista independente exige muita coragem e resistência diante das inúmeras tentativas de boicote da grande mídia e dos grandes produtores que investem em músicas de baixa qualidade e com frequências sonoras que induz a pornografia infantil. Ser artista independente exige auto cuidado na vida pessoal, artística e é trabalho dobrado. Mas tudo isso é prazeroso diante de todos os momentos e esforços que plantamos sempre colhemos com alegria.

13) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Jôh Ras: A estratégia não é só nos palcos mas principalmente fora deles, é ter a vivência real na música. Vivenciá-la mutuamente todos os dias aprendendo pouco a pouco tudo em seu tempo.

14) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

Jôh Ras: Sou mãe e trabalho com produtos alimentícios como: salgados, sucos e bolos artesanais. Temos uma página chamada (@nazireussucosorganicos). É uma forma que tenho também de renda para ajudar em minha carreira independente. A nossa página oficial do Instagram @johrasoficial onde sempre postamos e compartilhamos momentos únicos de nossos trabalhos artísticos.

15) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Jôh Ras: A internet ajuda muito no alcance de nossas mensagens musicais, levando-as a muitas pessoas em diferentes países, ajudando e auxiliando no compartilhamento de nosso trabalho. A internet prejudica muitas vezes pela desinformação, quando não se tem uma pessoa consciente do outro lado fica difícil das coisas darem certo.

16) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Jôh Ras: As vantagens de gravar em casa como o home studio se tornou uma realidade mais viável e mais fácil, permitindo gravações de qualidade sem grandes investimentos financeiro. Mas quanto a sensação orgânica, muitos músicos ainda preferem o “calor” humano e a saturação natural de equipamentos analógicos, que podem parecer mais “orgânicos”. E ter uma sonoridade e identidade mais elevadas. A tecnologia trouxe democratização e controle ao processo de gravação, mas exige discernimento artístico para não perder o valor da performance humana e da criatividade sonora. O ideal é encontrar um equilíbrio entre as ferramentas tecnológicas e a musicalidade orgânica.

17) RM : No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Jôh Ras: Eu procuro sempre fazer o melhor e mais profissional possível para aprender sobre os valores tecnológicos e orgânicos, estudando pontos de vista diferentes, dentre eles, os estilos musicais a qual tenho referência, que são dos anos 60, 70 até a modernidade dos anos 2000. Procuro sempre inovar em meus shows e principalmente nos shows com a banda. Como eu toco contrabaixo e canto, já é um grande diferencial a ser trabalhado e aperfeiçoado.

18) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Jôh Ras: Primeiro meu pai (Jorge de Angélica – https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/jorge-de-angelica), ele viveu o reggae nas veias, viveu sob a opressão, o abandono, o desprezo da grade mídia. Ele foi um dos primeiros regueiros do Brasil e a grande mídia não o conhece tanto.

Quando ele começou a fazer Reggae, Bob Marley ainda era vivo, ele teve sua primeira banda em 1974 aos 15 anos de idade. Lutou e resistiu, ajudou muitas crianças, jovens, homens e mulheres. Eu tive inúmeras oportunidades de cantar junto com meu pai e vi como ele era forte, não só de estatura, mas de mente e coração. Ele é minha maior referência de qualidade sonora, artística e cultural. Ele tinha o projeto Associação Cultural Mão Angelical Jesus com a Gente. Em que tinham professores qualificados que ensinavam capoeira, balé, teatro, violão, de graça para muitas crianças, adolescentes, adultos e idosos.

19) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?

Jôh Ras: Já passei por muitas situações inusitadas citadas na pergunta e falta de respeito com a nossa música e nosso potencial como cantora e baixista.

Uma vez estava com a banda em um show, na passagem de som, eu estava com o contrabaixo e me preparando para passar a voz também. Então, um dos operadores de som me perguntou onde estava o baixista, pois estava esperando ele para passar o som e ele não tinha chegado, daí eu falei: “irmão, eu sou a baixista”. Ele me olhou com uma cara do tipo “como assim”. Ele ainda falou:
– mas você não é a cantora? Eu respondi: sou, também. Ele pediu desculpas, pois pensou que toda a banda estava no local, menos “o baixista”.

Quando eu estava aprendendo por vontade própria tocar o contrabaixo, ouvi de pessoas do próprio movimento do Reggae que eu tinha que focar mais na voz ao invés do baixo. Diziam que o instrumento era pesado, que eu não iria conseguir fazer um show inteiro o segurando ou que eu não tinha nenhuma vocação para tocar e cantar ao mesmo tempo, que isso era IMPOSSÍVEL para mim. Mas eu ouvi todos, filtrei as críticas construtivas, me apeguei a Jesus Cristo como meu mentor e guia no processo, aprendi muita coisa e ainda estou aprendendo com os processos e consegui fazer o que a maioria dizia que eu não seria capaz!

Quem nunca na vida artística independente não sofreu com quebra de contrato e shows não pagos? Já tive essa infeliz vivência de quebra de contrato que me deixou em situação complicada e também com shows em que participei e fiz o meu trabalho em que os acertos de cachê foram feitos, mas não pagaram meu cachê, é revoltante e injusto.

20) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Jôh Ras: A minha maior felicidade da carreira musical é ver a minha música tocar alguém de uma forma que a pessoa se emociona ao ouvir cada palavra, é o que faz sentido tudo que eu estou fazendo e me renova, é o combustível para me manter, principalmente, como artista independente.

E o que me deixa triste é ver tanto descaso e muita falta de consciência e até de respeito no próprio movimento do Reggae, em que pessoas querem ser melhores que as outras para alavancar a sua carreira. E esquecem que tudo tem um preço e o preço é caro no final, acaba se tornando amargo para quem usa de malandragem no meio musical. Ver também que o cenário do Reggae é um cenário mais masculino, principalmente, falando em instrumentista, não vemos na cena muitas mulheres tocando instrumentos devido ao machismo que rola dentro do movimento do Reggae! Precisamos mudar esse cenário.

21) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Jôh Ras: A muitas rádios comunitários de amigos parceiros que fortalecem a nossa música e tocam sem cobrar um centavo. Eu acredito que são essas verdadeiras rádios que a nossa música chega a determinadas pessoas que precisam ouvir essas mensagens. Mas claro que em grande escala para atingir mais você precisa impulsionar e daí vem os custos para entrar no “mercado musical”.

22) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Jôh Ras: Nunca desista dos seus sonhos, no início podem ser como uma pequena sementinha, pegue essa sementinha, plante, cuida bem regando um pouquinho todos os dias. E nesse processo um dia começará a colher os seus frutos com muita intensidade e dedicação. Só você pode acreditar em você! Ninguém irá fazer, o que só você pode e deve fazer para o seu crescimento espiritual, psicológica e físico! Nunca desista.

23) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Jôh Ras: A cena musical brasileira é diversa e isso é muito bom! A muitas músicas e muitos artistas memoráveis. A música brasileira é um poço de tesouros com diferentes culturas e muita diversidade, porém a cena musical atual da grande mídia tem causado muita desinformação, em que crianças ficam reféns e acabam acessando alguns hits que prejudicam seus futuros. São músicas pornográficas, de baixa frequência e qualidade, ensinado palavras, ações, induzindo a pornografia infantil. A música com consciência não tem espaço na grande mídia causando um risco para as futuras gerações.

24) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Jôh Ras: Já toquei no Sesc de Feira de Santana – BA e fui muito bem recebida, o público amou e teve total acesso e digo que é muito bom! Te incentiva a acreditar ainda mais no próprio trabalho.

25) RM: Como você analisa o cenário do reggae no Brasil. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Jôh Ras: Muitas pessoas novas estão surgindo no cenário do Reggae com muitas diversidades no estilo musical. O cenário é diverso e a cada dia nós temos essa oportunidade de ouvir, ver e vivência artistas nacionais e internacionais. Um exemplo: The Congos, Israel Vibration, King Yellowman, Clinton Feron, Don Carlos, são artistas que se superam a cada ano e desde os anos 70 fazem música Reggae sem cair no esquecimento e com muita resistência e autenticidade. No Reggae acredito que não há regressão e sim evolução, se você não mantém a ideia forte e o foco consequentemente a sua música pode ser considerada ultrapassada e cair no esquecimento.

26) RM: Você é Rastafári?

Jôh Ras: Não sou da cultura rastafári, me considero uma mulher preta com suas raízes ligadas na África mas mostrando a raiz brasileira e nordestina. Sou Dreadlock com o coração rasta. O Ras Tafari vem do imperador Haile Selassie que foi o rei da Etiópia e ensinou e libertou muitas pessoas da escravidão. O Ras Tafari tem uma vivência totalmente ligada a natureza e costumes tradicionais. Eu filtro tudo que é bom e que não é bom na minha vida pessoal e social buscando sempre o melhor para a mente e o corpo como um todo! Mas não sou do movimento rastafári.

27) RM: Alguns adeptos da religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa tal afirmação?

Jôh Ras: Discordo, se fossem assim Bob Marley não tinha se tornado o Rei do Reggae e todos sabem que Bob veio do gueto!
Os melhores talentos estão nas favelas, nos becos e vielas que não são assistidos. São massacrados pela grande mídia e descartados! O Reggae verdadeiro vem primeiramente do coração do “sentimento”. O Reggae não é um movimento “Rastafári”, é do sentimento que bate no coração de cada um, por isso existe diferentes sons de Reggae para cada tipo de público.

28) RM: Na sua opinião quais os motivos da cena reggae no Brasil não ter o mesmo prestígio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?

Jôh Ras: Acredito que pelo fato mesmo de diferentes países terem a sua forma e maneira de expandir o Reggae de forma geral, a facilidade de estar no exterior é expandir com rapidez a sua música e elevar a um nível mundial.

29) RM: Quais os pros e contras de se apresentar com o formato Sound System?

Jôh Ras: O Sound System tem uma facilidade enorme em muitas coisas! Desde a criação de uma música em cima de um “Riddim”(base instrumental) a ter uma convivência com DJs e ter uma experiência totalmente nova. A minha experiência com o formato Sound System junto com DJ Bomani é linda. Eu tive muitos momentos emocionantes, apresentações que julgamos boas ou ruins, mas sempre é uma sensação de liberdade.

30) RM: Quais as diferenças de se apresentar com banda em relação ao formato com Sound System?

Jôh Ras: A banda de forma geral é maravilhosa. Mas tem seus prós e contra, como a banda é mais pessoas, temos de pensar em mais coisas envolvidas, as responsabilidades dobram, mas no geral é prazeroso fazer o som com 4 ou 5 ou até mais músicos, em que cada um coloca o seu sentimento no instrumento e o instrumento fala o que você está expressando e sentindo! É lindo demais.

31) RM : Como você analisa a relação que se faz do reggae e o uso da maconha?

Jôh Ras: Eu não digo maconha, eu digo a boaconha. A cannabis sativa é um remédio medicinal que já salvou e salva milhares de vida por ano. Eu acredito na erva que é santa, feita por Deus, o maior arquiteto do universo, que nos deu ervas, frutas e sementes para a cura de muitas enfermidades. Mas nem tudo é para todo mundo, então a remédios que para uns é bom e para outros é ruim e isso vai depender do corpo de cada um e também da consciência.

32) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a cultura Rastafári?

Jôh Ras: O Reggae veio da Jamaica e o Ras Tafari da Etiópia, a alguns sentidos diferentes entre ambas as vivências de cada cenário entre esses países. Eu não ponho como regra que quem faz Reggae seja rastafári. As vezes são pessoas que amam profundamente as músicas e suas referências musicais se inspiram e mostram de sua melhor forma seus talentos.

33) RM: Quando eu comecei a tocar o contrabaixo?

Jôh Ras: Em 2014, eu entrei na banda JardaFire e a Profecia como beckvocal. No decorrer dos ensaios, eu prestava atenção em tudo que acontecia na banda, desde a letra do cantor, como também os instrumentistas e vendo o baixista tocar linhas que eram simples, muitas vezes em cima de dois acordes, eu entendia que o contrabaixo não era assim um bicho de 7 cabeças.

E quando o baixista faltava, não tinha ensaio, eu comparecia ao ensaio, pois o cantor tinha todos os instrumentos em casa e facilitou muito meu desenvolvimento no instrumento. Eu aproveitava a falta do baixista para poder pegar no baixo e ver como era as suas cordas e seus tons. Eu pedia para o cantor soltar uma música dele no som para ver se eu conseguia encontrar a nota certa e acompanhar. E sem nenhum ensinamento de professor, eu conseguia encontrar as notas certas de ouvido e repetia no Baixo. Assim com muita paciência fui pegando as linhas do Baixo e quando o baixista faltava, eu ensaiava com a banda para pegar a marcação certa.

O baixista saiu da banda e tínhamos um show para fazer em uma semana, então o cantor olhou para mim e falou: – É Ras, você que tocará esse Baixo, viu. Daí eu falei: – De jeito nenhum, como eu vou fazer um show em menos de uma semana, eu não sei nada, só estou reproduzindo o que eu estou ouvindo e ainda com muita insegurança. JardaFire falou: – Não tem outro baixista terá que ser você, vou te dar o Baixolão e você estuda as músicas em casa e fazemos o show. Estudei as músicas e fizemos o show e eu não acreditando que eu estava fazendo meu primeiro show como baixista. Depois desse show nunca mais o cantor me tirou do contrabaixo.

Ele me deu um contrabaixo para eu estudar e praticar. Com o tempo eu fui pegando a prática ensaiando com a banda, como eu já era backvocal sabia as músicas e conseguir pegar as linhas do Baixo, cantar, fazer os becks vocais. Estudando e praticando em casa entendi que podia cantar e tocar ao mesmo tempo sem muita dificuldade. Agradeço imensamente a Deus e a JardaFire que foi uma referência muito grande em minha vida e uma escola que eu carregarei para a eternidade! Ele acreditou que eu podia tocar, acreditou que eu podia cantar e tocar ao mesmo tempo e me incentivou, se não fosse por JardaFire, hoje jamais eu seria a artista completa que me tornei.

34) RM: Quais os seus projetos futuros?

Jôh Ras: Estamos finalizando o primeiro Ep Jôh Ras Sonhar Alto com 7 músicas inéditas de minha autoria que será lançado ainda esse ano de 2025 pelo estúdio Via Sonora,
Estamos ansiosos pela por esse lançamento que vai alcançar muitos corações e de uma forma muito linda levar a mensagem de Jesus para todos!

35) RM : Quais seus contatos para show e para os fãs?

Jôh Ras: (75) 98226 – 9366 | [email protected] | https://www.instagram.com/johrasoficial

Canal Jôh Ras: https://www.youtube.com/@johrasoficial

Jôh Ras – Situações Videoclipe: https://www.youtube.com/watch?v=GYwDLseKhJo

Playlists: https://www.youtube.com/@johrasoficial/playlists

Canal Espaço Solar: https://www.youtube.com/@espacosolar16

https://open.spotify.com/intl-pt/artist/0R3N47OaogSqNf0a6qzSGS?si=LaMUesWXQs2RPdDVh2vyZg&nd=1&dlsi=36cc361054f546ba

 

Jôh Ras é uma talentosa cantora de reggae diretamente de Feira de Santana – BA, nasceu no berço do Reggae que é o Bairro da Rua Nova.

Além de, cantora é compositora, baixista, mãe e mulher preta. Com uma voz marcante e uma presença de palco cativante, Jôh Ras se estabeleceu como uma figura importante na cena do reggae, trazendo em suas músicas uma combinação de tradição e inovação.

Seu estilo autêntico e envolvente reflete sua dedicação ao gênero, destacando-se por letras que transmitem mensagens de amor, paz e resistência. Ao longo de sua carreira, Jôh Ras tem se destacado por sua capacidade de conectar o público às raízes do reggae, enquanto explora novas direções sonoras que mantêm sua música sempre relevante e emocionante.

Recentemente, Jôh Ras uniu forças com a banda Terra Preta, uma colaboração que tem ampliado seus horizontes musicais e levado sua arte a novos públicos. Essa parceria marca uma nova fase em sua carreira, onde Jôh Ras continua a expandir sua influência e a deixar sua marca no cenário musical brasileiro. Jôh Ras é uma artista em constante evolução, comprometida em levar a mensagem do reggae adiante e em tocar o coração de todos que ouvem sua música.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Jôh Ras para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 18/08/2025:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Jôh Ras: Nasci no dia 21/03/1997 nascida em Feira de Santana – BA. Filha de Lindinalva Cruz de Souza e de Jackson Santiago de Araújo. Registrada como Jocilene Souza de Araújo.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Jôh Ras: Meu primeiro contato com a música foi aos sete anos de idade quando comecei a me apresentar na igreja onde congregava minha família.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Jôh Ras: Na música sou autodidata. Aprendi a fazer música sozinha. Ganhei um violão e um contrabaixo e aprendi a tocar. Conclui o Ensino Médio.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Jôh Ras: Além do meu pai adotivo (Jorge de Angélica) que foi uma referência gigante em minha vida. Minhas referências musicais vem das ilhas virgens americanas como: Midnite, Reemah, Dezarie, Tamera, Isayah. No Brasil: Danzi, Amani Kush, Daniel Profeta, Renata Bastos, Noêmi. Outros ritmos fazem parte de minhas referências: Carimbó, Samba, Afrobeat, Dancehall.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Jôh Ras: Aos 15 anos de idade (2012) comecei a participar de shows de calouros e cantar com meu pai (Jorge de Angélica) como beck vocal. Participei de muitas bandas como beck vocal: Monte Sião, JardaFire e a Profecia, Mont Zaion. Fui vocalista da banda Cacth a Fire Reggae de Santo Amaro – Ba, Raízes JahFire, Banda Terra Preta em que fui também baixista e agora atualmente estou construindo minha carreira solo. A minha banda Terra Preta é formada por: Gê Gimenes (guitarra base), Marcelo Calado (guitarra solo), Léo Batera (bateria), Santiago (teclado), Luann (trombone), Zé Maloca (percussão), Daniel da Quixabeira (violão, gaitas e kazoo), Talita Ataíde (beckvocal).

06) RM: Quantos álbuns lançados?

Jôh Ras: Meu primeiro trabalho lançado foi no álbum Pipoca Reggae do Brasil de Jorge de Angélica e Gabriel San, em que canto duas músicas de minha autoria, esse álbum está disponível em meu canal no YouTube. Lancei os singles nas plataformas digitais: Sentir o Calor, Respeito o Reggae, Jah Jah Love, Jahvê, Situações.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Jôh Ras: Reggae Roots Frequency, um estilo com as bases nas ilhas virgens, na Jamaica e do reggae nordestino raiz.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Jôh Ras: Sim.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Jôh Ras: Muito bom o estudo de técnica vocal, saber usar o diafragma e fazer a respiração correta e o autocontrole de agudos, graves e médios. O estudo é bom para ter percepção vocal em todos os sentidos.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Jôh Ras: Talita Ataíde, Danzi, Renata Bastos, Noêmi, Mis Ivy, Pali, Riane Mascarenhas, Dona Onete, Carmen Costa, Eliana Pittman, Jorge de Angélica, Amani Kush, Daniel Profeta, Dionorina (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/dionorina), Raízes que tocam, Irmandade Brasmorra, Be Livin, Banda Cultivo, Nengo Vieira (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/nengo-vieira), Edson Gomes (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/edson-gomes), Roots Biocenose, JardaFire e a Profecia. King Yellowman, Cocoa Tea, Scof Savage, Oc Bestem, Tipo G.Ã.O, Pump Kila, Purple P, Jotaø, Mis Ivy, Red Lion, Kas Dub, Aln MC, Burna boy, Ayra Starr, Rema, Wizkid, Elvin Sena, Tems, Originally Tamera, Hempress Sativa, Rita Marley, Dezarie, Reemah, Hollie Cookie, Gregory Isaacs, Bob Marley, Akae Beka, Isayah, Israel Vibration, The Congos, Groundation, Alpha Blondy, Burning Spears e muito mais …

11) RM: Como é o seu processo de compor?

Jôh Ras: Meu processo de composição é bem natural, é mais sobre situações que passo no meu dia-a-dia, dores, amores, superações, resistência e resiliência. Digo que esse dom vem de Deus com a inspiração no Espírito Santo, ele sopra no meus ouvidos cada palavra composta.

12) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Jôh Ras: Ser um artista independente exige muita coragem e resistência diante das inúmeras tentativas de boicote da grande mídia e dos grandes produtores que investem em músicas de baixa qualidade e com frequências sonoras que induz a pornografia infantil. Ser artista independente exige auto cuidado na vida pessoal, artística e é trabalho dobrado. Mas tudo isso é prazeroso diante de todos os momentos e esforços que plantamos sempre colhemos com alegria.

13) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Jôh Ras: A estratégia não é só nos palcos mas principalmente fora deles, é ter a vivência real na música. Vivenciá-la mutuamente todos os dias aprendendo pouco a pouco tudo em seu tempo.

14) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

Jôh Ras: Sou mãe e trabalho com produtos alimentícios como: salgados, sucos e bolos artesanais. Temos uma página chamada (@nazireussucosorganicos). É uma forma que tenho também de renda para ajudar em minha carreira independente. A nossa página oficial do Instagram @johrasoficial onde sempre postamos e compartilhamos momentos únicos de nossos trabalhos artísticos.

15) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Jôh Ras: A internet ajuda muito no alcance de nossas mensagens musicais, levando-as a muitas pessoas em diferentes países, ajudando e auxiliando no compartilhamento de nosso trabalho. A internet prejudica muitas vezes pela desinformação, quando não se tem uma pessoa consciente do outro lado fica difícil das coisas darem certo.

16) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Jôh Ras: As vantagens de gravar em casa como o home studio se tornou uma realidade mais viável e mais fácil, permitindo gravações de qualidade sem grandes investimentos financeiro. Mas quanto a sensação orgânica, muitos músicos ainda preferem o “calor” humano e a saturação natural de equipamentos analógicos, que podem parecer mais “orgânicos”. E ter uma sonoridade e identidade mais elevadas. A tecnologia trouxe democratização e controle ao processo de gravação, mas exige discernimento artístico para não perder o valor da performance humana e da criatividade sonora. O ideal é encontrar um equilíbrio entre as ferramentas tecnológicas e a musicalidade orgânica.

17) RM : No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Jôh Ras: Eu procuro sempre fazer o melhor e mais profissional possível para aprender sobre os valores tecnológicos e orgânicos, estudando pontos de vista diferentes, dentre eles, os estilos musicais a qual tenho referência, que são dos anos 60, 70 até a modernidade dos anos 2000. Procuro sempre inovar em meus shows e principalmente nos shows com a banda. Como eu toco contrabaixo e canto, já é um grande diferencial a ser trabalhado e aperfeiçoado.

18) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Jôh Ras: Primeiro meu pai (Jorge de Angélica – https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/jorge-de-angelica), ele viveu o reggae nas veias, viveu sob a opressão, o abandono, o desprezo da grade mídia. Ele foi um dos primeiros regueiros do Brasil e a grande mídia não o conhece tanto.

Quando ele começou a fazer Reggae, Bob Marley ainda era vivo, ele teve sua primeira banda em 1974 aos 15 anos de idade. Lutou e resistiu, ajudou muitas crianças, jovens, homens e mulheres. Eu tive inúmeras oportunidades de cantar junto com meu pai e vi como ele era forte, não só de estatura, mas de mente e coração. Ele é minha maior referência de qualidade sonora, artística e cultural. Ele tinha o projeto Associação Cultural Mão Angelical Jesus com a Gente. Em que tinham professores qualificados que ensinavam capoeira, balé, teatro, violão, de graça para muitas crianças, adolescentes, adultos e idosos.

19) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?

Jôh Ras: Já passei por muitas situações inusitadas citadas na pergunta e falta de respeito com a nossa música e nosso potencial como cantora e baixista.

Uma vez estava com a banda em um show, na passagem de som, eu estava com o contrabaixo e me preparando para passar a voz também. Então, um dos operadores de som me perguntou onde estava o baixista, pois estava esperando-o para passar o som e ele não tinha chegado, daí eu falei: “irmão, eu sou a baixista”. Ele me olhou com uma cara do tipo “como assim”. Ele ainda falou: – mas você não é a cantora? Eu respondi: sou, também. Ele pediu desculpas, pois pensou que toda a banda estava no local, menos “o baixista”.

Quando eu estava aprendendo por vontade própria tocar o contrabaixo, ouvi de pessoas do próprio movimento do Reggae que eu tinha que focar mais na voz ao invés do baixo. Diziam que o instrumento era pesado, que eu não iria conseguir fazer um show inteiro o segurando ou que eu não tinha nenhuma vocação para tocar e cantar ao mesmo tempo, que isso era IMPOSSÍVEL para mim. Mas eu ouvi todos, filtrei as críticas construtivas, me apeguei a Jesus Cristo como meu mentor e guia no processo, aprendi muita coisa e ainda estou aprendendo com os processos e consegui fazer o que a maioria dizia que eu não seria capaz!

Quem nunca na vida artística independente não sofreu com quebra de contrato e shows não pagos? Já tive essa infeliz vivência de quebra de contrato que me deixou em situação complicada e também com shows em que participei e fiz o meu trabalho em que os acertos de cachê foram feitos, mas não pagaram meu cachê, é revoltante e injusto.

20) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Jôh Ras: A minha maior felicidade da carreira musical é ver a minha música tocar alguém de uma forma que a pessoa se emociona ao ouvir cada palavra, é o que faz sentido tudo que eu estou fazendo e me renova, é o combustível para me manter, principalmente, como artista independente.

E o que me deixa triste é ver tanto descaso e muita falta de consciência e até de respeito no próprio movimento do Reggae, em que pessoas querem ser melhores que as outras para alavancar a sua carreira. E esquecem que tudo tem um preço e o preço é caro no final, acaba se tornando amargo para quem usa de malandragem no meio musical. Ver também que o cenário do Reggae é um cenário mais masculino, principalmente, falando em instrumentista, não vemos na cena muitas mulheres tocando instrumentos devido ao machismo que rola dentro do movimento do Reggae! Precisamos mudar esse cenário.

21) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Jôh Ras: A muitas rádios comunitários de amigos parceiros que fortalecem a nossa música e tocam sem cobrar um centavo. Eu acredito que são essas verdadeiras rádios que a nossa música chega a determinadas pessoas que precisam ouvir essas mensagens. Mas claro que em grande escala para atingir mais você precisa impulsionar e daí vem os custos para entrar no “mercado musical”.

22) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Jôh Ras: Nunca desista dos seus sonhos, no início podem ser como uma pequena sementinha, pegue essa sementinha, plante, cuida bem regando um pouquinho todos os dias. E nesse processo um dia começará a colher os seus frutos com muita intensidade e dedicação. Só você pode acreditar em você! Ninguém irá fazer, o que só você pode e deve fazer para o seu crescimento espiritual, psicológica e físico! Nunca desista.

23) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Jôh Ras: A cena musical brasileira é diversa e isso é muito bom! A muitas músicas e muitos artistas memoráveis. A música brasileira é um poço de tesouros com diferentes culturas e muita diversidade, porém a cena musical atual da grande mídia tem causado muita desinformação, em que crianças ficam reféns e acabam acessando alguns hits que prejudicam seus futuros. São músicas pornográficas, de baixa frequência e qualidade, ensinado palavras, ações, induzindo a pornografia infantil. A música com consciência não tem espaço na grande mídia causando um risco para as futuras gerações.

24) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Jôh Ras: Já toquei no Sesc de Feira de Santana – BA e fui muito bem recebida, o público amou e teve total acesso e digo que é muito bom! Te incentiva a acreditar ainda mais no próprio trabalho.

25) RM: Como você analisa o cenário do reggae no Brasil. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Jôh Ras: Muitas pessoas novas estão surgindo no cenário do Reggae com muitas diversidades no estilo musical. O cenário é diverso e a cada dia nós temos essa oportunidade de ouvir, ver e vivência artistas nacionais e internacionais. Um exemplo: The Congos, Israel Vibration, King Yellowman, Clinton Feron, Don Carlos, são artistas que se superam a cada ano e desde os anos 70 fazem música Reggae sem cair no esquecimento e com muita resistência e autenticidade. No Reggae acredito que não há regressão e sim evolução, se você não mantém a ideia forte e o foco consequentemente a sua música pode ser considerada ultrapassada e cair no esquecimento.

26) RM: Você é Rastafári?

Jôh Ras: Não sou da cultura rastafári, me considero uma mulher preta com suas raízes ligadas na África mas mostrando a raiz brasileira e nordestina. Sou Dreadlock com o coração rasta. O Ras Tafari vem do imperador Haile Selassie que foi o rei da Etiópia e ensinou e libertou muitas pessoas da escravidão. O Ras Tafari tem uma vivência totalmente ligada a natureza e costumes tradicionais. Eu filtro tudo que é bom e que não é bom na minha vida pessoal e social buscando sempre o melhor para a mente e o corpo como um todo! Mas não sou do movimento rastafári.

27) RM: Alguns adeptos da religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa tal afirmação?

Jôh Ras: Discordo, se fossem assim Bob Marley não tinha se tornado o Rei do Reggae e todos sabem que Bob veio do gueto!
Os melhores talentos estão nas favelas, nos becos e vielas que não são assistidos. São massacrados pela grande mídia e descartados! O Reggae verdadeiro vem primeiramente do coração do “sentimento”. O Reggae não é um movimento “Rastafári”, é do sentimento que bate no coração de cada um, por isso existe diferentes sons de Reggae para cada tipo de público.

28) RM: Na sua opinião quais os motivos da cena reggae no Brasil não ter o mesmo prestígio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?

Jôh Ras: Acredito que pelo fato mesmo de diferentes países terem a sua forma e maneira de expandir o Reggae de forma geral, a facilidade de estar no exterior é expandir com rapidez a sua música e elevar a um nível mundial.

29) RM: Quais os pros e contras de se apresentar com o formato Sound System?

Jôh Ras: O Sound System tem uma facilidade enorme em muitas coisas! Desde a criação de uma música em cima de um “Riddim”(base instrumental) a ter uma convivência com DJs e ter uma experiência totalmente nova. A minha experiência com o formato Sound System junto com DJ Bomani é linda. Eu tive muitos momentos emocionantes, apresentações que julgamos boas ou ruins, mas sempre é uma sensação de liberdade.

30) RM: Quais as diferenças de se apresentar com banda em relação ao formato com Sound System?

Jôh Ras: A banda de forma geral é maravilhosa. Mas tem seus prós e contra, como a banda é mais pessoas, temos de pensar em mais coisas envolvidas, as responsabilidades dobram, mas no geral é prazeroso fazer o som com 4 ou 5 ou até mais músicos, em que cada um coloca o seu sentimento no instrumento e o instrumento fala o que você está expressando e sentindo! É lindo demais.

31) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae e o uso da maconha?

Jôh Ras: Eu não digo maconha, eu digo a boaconha. A cannabis sativa é um remédio medicinal que já salvou e salva milhares de vida por ano. Eu acredito na erva que é santa, feita por Deus, o maior arquiteto do universo, que nos deu ervas, frutas e sementes para a cura de muitas enfermidades. Mas nem tudo é para todo mundo, então a remédios que para uns é bom e para outros é ruim e isso vai depender do corpo de cada um e também da consciência.

32) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a cultura Rastafári?

Jôh Ras: O Reggae veio da Jamaica e o Ras Tafari da Etiópia, a alguns sentidos diferentes entre ambas as vivências de cada cenário entre esses países. Eu não ponho como regra que quem faz Reggae seja rastafári. As vezes são pessoas que amam profundamente as músicas e suas referências musicais se inspiram e mostram de sua melhor forma seus talentos.

33) RM: Quando eu comecei a tocar o contrabaixo?

Jôh Ras: Em 2014, eu entrei na banda JardaFire e a Profecia como beckvocal. No decorrer dos ensaios, eu prestava atenção em tudo que acontecia na banda, desde a letra do cantor, como também os instrumentistas e vendo o baixista tocar linhas que eram simples, muitas vezes em cima de dois acordes, eu entendia que o contrabaixo não era assim um bicho de 7 cabeças.

E quando o baixista faltava, não tinha ensaio, eu comparecia ao ensaio, pois o cantor tinha todos os instrumentos em casa e facilitou muito meu desenvolvimento no instrumento. Eu aproveitava a falta do baixista para poder pegar no baixo e ver como era as suas cordas e seus tons. Eu pedia para o cantor soltar uma música dele no som para ver se eu conseguia encontrar a nota certa e acompanhar. E sem nenhum ensinamento de professor, eu conseguia encontrar as notas certas de ouvido e repetia no Baixo. Assim com muita paciência fui pegando as linhas do Baixo e quando o baixista faltava, eu ensaiava com a banda para pegar a marcação certa.

O baixista saiu da banda e tínhamos um show para fazer em uma semana, então o cantor olhou para mim e falou: – É Ras, você que tocará esse Baixo, viu. Daí eu falei: – De jeito nenhum, como eu vou fazer um show em menos de uma semana, eu não sei nada, só estou reproduzindo o que eu estou ouvindo e ainda com muita insegurança. JardaFire falou: – Não tem outro baixista terá que ser você, vou te dar o Baixolão e você estuda as músicas em casa e fazemos o show. Estudei as músicas e fizemos o show e eu não acreditando que eu estava fazendo meu primeiro show como baixista. Depois desse show nunca mais o cantor me tirou do contrabaixo.

Ele me deu um contrabaixo para eu estudar e praticar. Com o tempo eu fui pegando a prática ensaiando com a banda, como eu já era backvocal sabia as músicas e conseguir pegar as linhas do Baixo, cantar, fazer os becks vocais. Estudando e praticando em casa entendi que podia cantar e tocar ao mesmo tempo sem muita dificuldade. Agradeço imensamente a Deus e a JardaFire que foi uma referência muito grande em minha vida e uma escola que eu carregarei para a eternidade! Ele acreditou que eu podia tocar, acreditou que eu podia cantar e tocar ao mesmo tempo e me incentivou, se não fosse por JardaFire, hoje jamais eu seria a artista completa que me tornei.

34) RM: Quais os seus projetos futuros?

Jôh Ras: Estamos finalizando o primeiro Ep Jôh Ras Sonhar Alto com 7 músicas inéditas de minha autoria que será lançado ainda esse ano de 2025 pelo estúdio Via Sonora,
Estamos ansiosos pela por esse lançamento que vai alcançar muitos corações e de uma forma muito linda levar a mensagem de Jesus para todos!

35) RM : Quais seus contatos para show e para os fãs?

Jôh Ras: (75) 98226 – 9366 | [email protected] | https://www.instagram.com/johrasoficial

Canal Jôh Ras: https://www.youtube.com/@johrasoficial

Jôh Ras – Situações Videoclipe: https://www.youtube.com/watch?v=GYwDLseKhJo

Playlists: https://www.youtube.com/@johrasoficial/playlists

Canal Espaço Solar: https://www.youtube.com/@espacosolar16

https://open.spotify.com/intl-pt/artist/0R3N47OaogSqNf0a6qzSGS?si=LaMUesWXQs2RPdDVh2vyZg&nd=1&dlsi=36cc361054f546ba


Compartilhe conhecimento

Comments · 1

  1. Mensagens de amor, paz e resistência refletem bem a trajetória pessoal e profissional da artista e de tantas outras pessoas. Aprecio isso.

Deixe um comentário

*

Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.
Revista Ritmo Melodia
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.